Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





Capítulo III 10 страница



Mas ao enxergar Melanie, os olhos da moça se iluminaram e ela tentou levantar-se, apoiando-se num cotovelo.

— Melanie! — exclamou quase sem forças. — Veio me visitar! Que bom! Sente, sente. Naomi, traga uma cadeira para Melanie, por favor.

— Bom, não fale muito, Jennifer, ou vai começar a tossir de novo — disse a sra. Bothwell, atenciosa. — Vou buscar uma cadeira para srta. Ste-wart. Quer mais alguma coisa?

Jennifer fez que não com a cabeça e a sra. Bothwell tocou o braço de Melanie, indicando a cadeira que estava atrás dela. Então, com um olhar preocupado à doente, retirou-se do quarto, fechando a porta atrás de si.

— Como vai? — perguntou Melanie, curvando-se para a mocinha.

— Vou indo — disse Jennifer, encolhendo os ombros. — E você? Parece ótima. Fiquei surpresa e muito contente quando Sean me disse que ti­nha voltado. Veio para ficar em Monkshood?

— Não... não, estou no hotel — Melanie mordeu o lábio. — Eu... eu queria apenas ver se estava tudo bem por aqui.

— Sei. E seu noivo, veio junto?

— Não — respondeu depois de suspirar, hesitando quanto ao que res­ponder. — Não, Michael ficou em Londres. Nós... ahn... estamos tendo algumas dificuldades. Não... não sei mais se vamos nos casar. — Mela­nie sentia que era melhor parecer absolutamente indefinida do que provo­car muitas perguntas.

— Ah, que pena! — Jennifer apertou a mão dela, interessada. — Mas no fim há de dar tudo certo.

Melanie sorriu. Assim era melhor.

— Acha que vai ficar mesmo com Monkshood? — perguntou Jennifer, retomando o assunto que Meianie mais queria evitar. — Queria lhe falar a esse respeito.

— Acha que deve? Quer dizer, acha que deve falar tanto? Conte-me de você. O que é que tem feito?

— Nada importante. — Jennifer suspirou. — Melanie, por favor, eu preciso mesmo falar de Monkshood. Alguém tem de lhe falar sobre isso.

Melanie virou a cabeça, incapaz de desviar o assunto diante da insistên­cia da outra.

— Sean não vai contar nunca — prosseguiu a garota —, e Naomi, mes­mo que tente, não vai conseguir explicar direito.

— Eu sei... sei que meu tio-avó era pai de Sean.

— Sei que sabe disso. Sean me contou. Mas acho que não sabe os deta­lhes da história.

— Acha que deve me contar uma coisa que... bem, que não me diz res­peito? — perguntou Melanie, apesar de estar interessadíssima em saber mais.

— Mas lhe diz respeito, sim! — exclamou Jennifer. — Aí é que está. Antes de mais nada, a mãe de Sean não é essa que você conheceu.

— Como? — Meianie estava mais confusa que nunca.

— Naomi é mãe de Jeffrey e de Helen. Era a segunda mulher de An-drew Bothwell, que se divorciou da mãe de Sean depois que ele nasceu. Ela ainda está viva, mas não mora aqui. Mora em Edimburgo.

— Quer dizer que Andrew Bothwell se divorciou da mãe de Sean por causa do nascimento dele? — perguntou, absolutamente absorta pela histó­ria.

— Sim. Quer dizer, sim e não... — Jennifer tossiu um pouco e Mela­nie ajudou-a a tomar água. — Sabe, foi durante a guerra e Angus Cairney era oficial da Marinha. Ele só voltava para cá por curtos períodos, quando estava de licença, e uma dessas vezes ele e a mãe de Sean se conheceram e se apaixonaram. Mas ela era casada. É verdade que não tinha filhos, mas era esposa de Andrew Bothwell. Quando Angus voltou para o mar. Linda, Linda era o nome dela, descobriu que estava grávida. Acho que fi­cou apavorada, como qualquer mulher ficaria no lugar dela, sobretudo sen­do Andrew um homem tão austero. Ele não podia ter sido o pai, entende

o que quero dizer?

Melanie fez que sim com a cabeça, absolutamente interessada.

— Bom, talvez tenha sido bobagem dela, mas o fato é que Linda não escreveu contando para Angus. Quando Andrew descobriu, deixou todo mundo na aldeia pensar que era filho dele. Daí, Sean nasceu... — Jenni­fer sorriu suavemente, — Mas acho que quando ele viu aquela criança, que podia ser filho dele, o velho Andrew ficou meio louco. Acusou Linda de adultério da forma mais cruel do mundo e tirou a criança dela. Linda não podia provar que ele não era o pai. Só se envolvesse Angus, e ele esta­va a milhares de quilômetros de distância e podia até já ter morrido na

guerra.

— Então Andrew Bothwell ficou com o filho? — perguntou Melanie, olhando para Jennie.

— Ficou. — Ela mexeu os dedos, nervosa. — Qualquer tribunal teria feito a mesma coisa naquela época. Linda foi praticamente banida da cida­de.

— Mas quando Angus voltou da guerra, ele não descobriu?

— Angus só voltou seis anos depois — prosseguiu Jennifer, depois de suspirar. — E nessa época Linda já era enfermeira num hospital de Edim­burgo. Sean era filho de Andrew para todos os efeitos. Ele não sabia de nada, entende? Só foi descobrir muito tempo depois.

— Como?

— As pessoas começaram a notar a semelhança física — disse Jenni­fer, sorrindo tristemente. — Angus Cairney era igualzinho a Sean, o mes­mo corpo, o mesmo jeito. As pessoas começaram a murmurar, Andrew fi­cou possesso e contou tudo.

— Entendo. — Meianie sacudiu a cabeça. — E aí ele já tinha se casa­do de novo e tinha mais dois filhos.

— Isso. Pode imaginar o que Sean sentiu. Ficou absolutamente perple­xo. Foi procurar a mãe, claro, e, apesar de todos os anos que tinham se passado, deram-se muito bem.

— E Andrew Bothwell?

— Ele manteve Sean como filho legítimo e, ao morrer, há três anos, deixou-lhe sua herança. Mas aí, Angus e Sean já eram bons amigos e, ape­sar de não haver mais nenhuma possibilidade de Angus e Linda tornarem a se aproximar, havia enorme afinidade entre os três.

— Então foi por isso que Angus fez aquele testamento! Deve ter sido antes de ele descobrir.

— Isso mesmo. Melanie, você pode imaginar o sofrimento por que Lin­da passou? Ser privada do próprio filho dessa maneira, praticamente des­de que ele nasceu!

— Deve ter sido horrível — comentou Melanie, sacudindo a cabeça.

— Foi mesmo. E Sean compreendeu isso. — Jennifer arrumou melhor o travesseiro. — Por isso é que eu queria que você soubesse da história to­da. É para isso que Sean quer tanto Monkshood. Linda nunca quis voltar para cá, não enquanto Angus estava vivo. E, mesmo depois da morte de­le, ela se recusa a morar no hotel, que era de Andrew. Mas na casa de An­gus, a casa onde Sean foi concebido, isso muda tudo.

— Quer dizer que Sean quer Monkshood para a mãe dele? — Meanie pôs-se de pé, trêmula.

— Isso mesmo.

— Mas... mas se ele tivesse me contado...

— Ele nunca contaria. Eu sabia disso — respondeu Jennifer, muito fra­ca. — Ele não pede nunca, é o jeito dele. Queria forçá-la a uma decisão sem nenhuma pressão sentimental. Mas eu... eu não podia deixar isso acontecer. Tinha de tentar lhe explicar...

— Foi bom ter me contado. — Melanie estava perplexa. — Eu devia ter adivinhado que havia alguma razão mais forte para ele querer tanto aquela casa. Não se preocupe. A casa será dele.

— Quer dizer que... — Jennifer parecia esgotada.

— Não vou contar que você me contou, não. Fique sossegada, eu não vou trair sua confiança.

— Muito obrigada! — Jennifer parecia infinitamente aliviada.

— Mudando de assunto... — Melanie perguntou, meio sem jeito — por que é que a sra. Bothwell está aqui?

— A mãe de Jeffrey? Ela é governanta de papai. Quando Andrew mor­reu e Sean herdou o hotel, ela precisava de um lugar para morar. A gente precisava de uma governanta... foi a solução ideal.

— E ela...

— Se ela sabe da história? Ah, sabe, sim — disse Jennifer. — Ela e Linda são da mesma idade. Acho que às vezes ela se sente muito mal com essa história também.

De repenle a porta se abriu e Naomi Bothwell apareceu.

— Acho que já chega agora, Jennifer. Desculpe, srta. Stewart — disse ela gentilmente —, mas o médico pediu para limitar as visitas.

— Tudo bem, Naomi. — Jennifer sorriu, contente. — Melanie e eu já terminamos a nossa conversa, não é, Melanie?

— É. Claro. É melhor eu ir embora. Volto outro dia, Jennifer!

— Volte mesmo — respondeu a garota, cansada.

Melanie acompanhou a senhora escada abaixo, até o hall. Jeffrey esta­va esperando. Naomi parecia desapontada por não ter podido fazer mais perguntas à visitante, mas Melanie estava aliviada por isso. Não sentia ne­nhuma vontade de falar mais nada sobre Monkshood.

No carro, voltando para o hotel, Jeffrey a estudou durante algum tem­po.

— Parece... chocada — disse ele. — O que foi que aconteceu? Jenni­fer piorou? Acho que eu devia ter subido para visitá-la, mas não gosto muito dessas coisas.

— Não... não, Jennifer está na mesma — disse Melanie, procurando se controlar. — Acho que... estou com frio, só isso.

Depois do almoço, Meianie retirou-se para seu quarto. A conversa com os quatro hóspedes permanentes do hotel a tinha deixado cansada física e mentalmente. Precisava de tempo para pensar, também. Tempo para resol­ver o que ia fazer e para onde iria se saísse de Cairnside.

Ficou à janela, olhando para fora, concentrada. A única coisa a fazer, para não perder o respeito por si mesma para o resto da vida, era retornar a Londres. Qualquer outro lugar seria impossível. Tinha vindo até ali para escapar à insistência de Michael, mas, comparado com o clima que havia ali, a atitude de Michael parecia muito mais fácil de controlar.

Por vários motivos, era uma decisão que lhe agradava. Afinal, depois de ter descoberto a força de seus sentimentos por Sean Bothwell, não era justo para nenhum dos dois que ela continuasse ali. Mesmo que se mudas­se para Monkshood, estaria próxima demais. Qual seria o significado do que ele tinha dito, pedindo a ela que fosse embora imediatamente? Que não confiava em si mesmo por aquelas razoes? Ou estaria ele lançando mão de todos os meios disponíveis para se livrar dela e ficar com a casa?

Melanie não sabia. E não tinha como descobrir. E no momento, pelo menos, ele não poderia abandonar Jennifer.

Ao entardecer daquele dia terrível, Melanie telefonou para os advoga­dos em Fort William e marcou um encontro para a manhã seguinte. De­pois arrumou as malas, deixando de fora apenas coisas que iria precisar até o dia seguinte e desceu para jantar. Partiria logo de manhã, depois do café, evitando assim as explicações cansativas. Os advogados se encarre­gariam de dar as explicações.

Mal conseguiu comer e ficou à mesa, numa estranha letargia, até que a criada veio tirar os pratos. Sorriu para ela, levantou-se e foi para o hall. Sean estava entrando no hotel, vestindo um blusão grosso, azul, os cabe­los cheios de flocos de neve.

— Está nevando outra vez — disse ele, olhando Melanie de uma forma que a fez estremecer. — Quer guardar seu carro na garagem?

— Ahn... não, obrigada — gaguejou ela, pensando que não poderia partir em segredo na manhã seguinte se o carro ficasse trancado.

— É melhor — insistiu Sean, curioso. — Se ficar ao relento pode não funcionar amanhã.

— Não se preocupe, sr. Bothwell. — Melanie torcia as mãos. — Eu sempre o deixo fora em Londres e nunca acontece nada.

— Melanie! — Sean chamou, quando ela já caminhava para os de­graus.

— Que foi?

— Foi ver Jennifer hoje de manhã?

— Fui. Jeffrey me levou.

— Eu sabia, fui eu que pedi. — O rosto de Sean estava tenso, os mús­culos todos aparentes. — Que foi que achou dela?

— Fiquei... chocada com a aparência dela. — Melanie sentiu-se enru­bescer.

— Ela falou alguma coisa de Monkshood?

— Falou. — Melanie ficou ainda mais vermelha.

— E você? O que disse?

— Disse que tinha vindo dar uma olhada na casa. — Melanie suspirou. — Conforme você pediu.

— Contou que rompeu com o seu noivo?

— Não exatamente. — Melanie agarrou-se ao corrimão. — Olhe, pode ficar descansado. Não disse nada que não devia.

— Venha. Vamos tomar um drinque. — Sean tirou o casaco.

— Não, obrigada. — Melanie engoliu em seco.

— Por quê? — Ele foi até ela. — Não tenho segundas intenções. Já es­tou renunciando a tantas coisas. Tenho sempre de implorar por aquilo que quero?

— Tenho umas coisas para fazer — disse Melanie, voltando-se para o outro lado.

— Foi visitar a casa hoje?

— Não! — A palavra saiu como que arrancada de dentro dela.

— Não está interessada?

— Oh, Sean, por favor! — Melanie não podia mais suportar aquilo sem revelar a ele que sabia de tudo, sem revelar quanto o amava. E se per­mitisse que Sean soubesse de tudo, cairia para sempre no conceito dele.

Sem nada dizer, voltou-se e subiu a escada depressa, deixando-o para­do, olhando para ela.

Na manhã seguinte, naquelas horas frias que precedem o amanhecer.

Melanie deixou o hotel. Para seu grande alívio o carro deu partida sem ne­nhuma dificuldade. Bem devagar deu a volta ao hotel e foi embora sem olhar para trás, quase sufocada pelo aperto que sentia no coração.

De volta a Londres, mergulhou no trabalho tentando esquecer as ten­sões emocionais que às vezes ameaçavam destruí-la.

Mas mesmo assim, no silêncio de seu apartamento, era impossível es­quecer e ela sabia que só o tempo apagaria a intolerável solidão que a en­volvia.

Depois de ter deixado a Escócia não tinha mais tido notícias de Cairnsi-de. A caminho de Londres tinha parado para ver os advogados em Fort William, tratando da transferência de Monkshood para o nome de Sean Bothwell. Tinha certeza de que eles deviam ter achado que estava louca, dando assim de presente uma propriedade tão valiosa para alguém que não era nem parente, mas nada disseram.

Por algumas semanas Melanie esperou que Sean mandasse uma carta, ao saber o que tinha feito, mas como ele não escreveu ela disse a si mes­ma que era melhor assim. Dessa forma, nada restaria do passado e seria mais fácil conviver apenas com lembranças.

Michael ela viu pouco. Desmond a levava para jantar fora de vez em quando. Numa dessas vezes, ela o encontrou no mesmo restaurante com um cliente, e tempos depois, de novo, acompanhado de Virgínia Bradbury.

Depois disso ele a esperou um dia à saída do trabalho e foram tomar um drinque. Michael queria explicar por que estava acompanhado de ou­tra mulher. Foi então que Melanie deixou absolutamente claro, com sua in­diferença, que não havia mais nada entre eles. Michael entendeu.

 

 

                                       CAPITULO XII

 

 

Por volta das seis horas Melanie chegou em casa. Estava subindo os degraus, procurando as chaves na bolsa, quando um ruído chamou a sua atenção. Olhou para cima e viu um vulto escuro no alto da escada. Achou que estava tendo uma alucinação e estacou.

— Quem está aí? Quem é?

A sombra saiu da penumbra dos degraus e entrou na área iluminada. Os olhos de Melanie se arregalaram. Só podia ser uma alucinação. Não podia ser Sean, não podia!

Voltou-se, sem fôlego, e desceu correndo, o ruído de passos chegando cada vez mais perto.

Já estava novamente no primeiro degrau quando ele a segurou fortemente pelo pulso.

— Pelo amor de Deus, Melanie — disse ele, também sem fôlego —, o que está fazendo?

Melanie recuou, libertando o braço, ainda sem acreditar que aquilo estivesse acontecendo de fato e não apenas em sua mente.

Mas ao olhar para ele percebeu imediatamente que aquele não era o Sean Bothwell que ela conhecera. Seu rosto e seu corpo estavam muito mais magros e havia rugas em torno dos olhos, que pareciam encovados. Os cabelos estavam longos e mal cuidados como se ele só tivesse tempo de penteá-los com os dedos. Alguns fios brancos brilhavam aqui e ali, onde não existiam antes.

E, no entanto, continuava o mesmo homem, capaz de, com sua mera presença, reduzi-la a uma massa trêmula de nervos, emoções e desejo...

— Sean... — disse ela finalmente, olhando dentro daqueles olhos que pareciam mais amargos que nunca — Sean, o que está fazendo aqui?

— Vim vê-la — disse, soltando seu braço e enfiando as mãos nos bolsos do sobretudo. — Quero respostas para algumas perguntas.

— Parece tão amargo. Tente entender o que eu senti agora há pouco. Pensei que você fosse uma alucinação. Não podia acreditar que estivesse aqui, nos degraus.

— Espera que eu acredite nisso?

— É verdade, Sean, acredite! — Ela tocou a manga dele. — O que é que quer perguntar?

— Talvez seja melhor falar com os seus advogados — respondeu, passando a mão pelos cabelos.

— Sei. — Melanie sentiu um frio na barriga. — Não quer entrar? Acho... acho que precisa de um drinque.

— Não sei — disse ele. — Talvez não seja boa idéia. Você está bem? Trabalhando muito?

— Estou. — Melanie odiava aquelas observações curtas e secas. — Oh, Sean, por favor, entre! Desculpe se pensou que eu... bem, que eu estava sendo boba. Mas eu tive um dia difícil. Estou cansada, é só isso.

— Então é melhor eu ir embora, não é?

— Sean, por favor! Não fale assim comigo. — A voz de Melanie tornou-se incerta. — Por favor, estou pedindo, não vá embora...

Sean olhou para ela por longos momentos e então foi como se o autocontrole ferrenho que ele tinha se imposto por tanto tempo quebrasse de repente. Ele a puxou para si e buscou os lábios dela, apaixonadamente.

Melanie agarrou-se a ele, correspondendo sem pensar nem um segundo em nada que não fosse Sean e naquela urgência que sentia dele.

Mas então, através de sua mente tortuosa e torturada, surgiu claramente a idéia de que Sean devia estar se contendo por causa de Jennifer e sentiu remorso. Com um soluço, afastou-se dele.

— Oh, Sean — disse ela, passando as mãos no rosto para enxugar as lágrimas que não tinha conseguido conter. — Não podemos fazer isso! Por que é que você veio?

— Melanie, pelo amor de Deus! — exclamou ele, respirando pesadamente. — Não brinque comigo, não agora!

Melanie engoliu em seco. Era o momento da verdade e ela não conseguia encará-lo. Não podia permitir que ele fizesse uma coisa da qual a culparia pelo resto da vida. Desejava-o, oh, como desejava aquele homem. Queria toma-lo entre os braços, alisar todas aquelas rugas de cansaço do rosto de Sean, sentir a paixão urgente do desejo dele e satisfazê-lo, entregando-se inteiramente. Queria tudo isso, mas não às custas de Jennifer.

E como era covarde, fugiu de novo, subiu correndo as escadas para o seu apartamento e parou no meio da sala, odiando a si mesma.

Mas Sean a seguiu desta vez e, quando fechou a porta, ela entendeu imediatamente que não poderia mais fugir.

— Melanie... — perguntou ele, muito tenso — Melanie, por que você transferiu Monkshood para o meu nome?

— Isso imporia? É sua agora... — Metanie eslava entrando em pânico. — Eu não a quero. Não a quero nem um pouco.

— Acha que eu podia aceitar, assim, sem mais nem menos?

— O que quer dizer?

— Por que você fugiu?

— Tantas perguntas! — exclamou Melanie, amarga. — Sean, você não tem o direito de estar aqui.

— Por quê? — A expressão dele era sombria ao atravessar a sala, parando a apenas alguns centímetros do corpo dela. — Diga-me, por quê? Diga que o que aconteceu agora, ali embaixo nos degraus, era só brincadeira, e eu lhe provo que não era.

Ele deslizou a mão pelo ombro dela, repousando-a em seu pescoço.

— Que pele macia! — murmurou, rouco. — Sabe que quase fiquei louco de tanto pensar em você todas estas semanas?

— Sean! — ela implorou, voltando o rosto.

— O que foi? — Os olhos dele se apertaram, perscrutadores. — Croxley de novo?

— Não, não! — Melanie estava desesperada, torcia os dedos presos entre os dele, incapaz de resistir por muito tempo mais. — Eu... eu não sou o tipo de mulher que você imagina. Quero que vá embora.

— E que tipo de mulher é que eu imagino que você seja? — ele perguntou baixinho. — Oh, Melanie, estou começando a achar que não pode ser verdade. Diga-me só uma coisa... Por que você fugiu? Foi porque ia me dar Monkshood de presente? Ou foi porque, depois de tudo o que tinha acontecido entre nós, você não queria mais saber de mim?

— Sean — Melanie franziu a testa, torturada —, você tem de saber que foi Jennifer que...

— Foi Jennifer — ele disse pesadamente, a expressão se abrandando subitamente. — Melanie, Jennifer morreu.

— O quê?!

— Jennifer morreu. Há seis semanas.

— Então é por isso... — Ela mordeu o lábio. — Você emagreceu... essas rugas... eu pensei...

— Melanie, se eu emagreci, se tenho rugas no rosto, isso não é só por causa de Jennifer — disse ele, segurando-a pelos ombros e olhando-a com intensidade. — Faz seis semanas que ela morreu. Seis semanas em que eu sofri mais que qualquer outro homem no mundo. Você tem idéia do que fez quando fugiu de mim? Me fez perceber todas as coisas maldosas e egoístas que eu tinha feito e dito a você. E isso iria me atormentar pelo resto da minha vida e eu nunca poderia lhe dizer... É como você diz. Havia Jennifer e eu não podia abandoná-la.

— Sean....

— Espere um pouco. Tem mais ainda. As razões do meu envolvimento com Jennifer não eram inteiramente pessoais. Há poucos dias eu descobri que você sabia de minha mãe, de toda aquela história. Por causa disso tudo eu sentia que tinha uma dívida com os Craig. Quando minha mãe foi ultrajada por meu... por Andrew Bothwell, foram Adrian Craig e a mulher dele que a ajudaram. Foram eles que arranjaram uma casa para ela em Edimburgo e eles que a sustentaram até que pudesse ganhar a vida sozinha. Sentia que tinha uma dívida de gratidão para com eles. Eu era responsável. Oh, eu entendo agora que eu não era moralmente responsável pelo que tinha acontecido, mas sem mim a vida de minha mãe teria sido muito mais fácil. Jennifer Craig e eu sempre nos demos bem, e, quando eu descobri que era filho de Angus, fiquei achando que nenhuma garota decente haveria de querer se casar comigo. Eu era apenas um menino naquela época e foi muito importante saber que Jennifer me dava seu carinho e afeição. Dá para entender? Eu não podia nunca trair esse amor.

Melanie sacudiu a cabeça sem nada dizer.

— Mas depois da sua chegada e de toda a história com Monkshood, comecei a entender que meus sentimentos por você eram motivados não por ódio, mas por aquela outra emoção que pode tão facilmente ser confundida com ódio: o amor!

— Mas... mas... você esperou todo este tempo. Você... não podia ter me contado que Jennifer tinha morrido? Seria uma coisa que eu podia repartir com você. Gostava muito de Jennifer, apesar de  conhecê-la pouco.

É. Foi uma tragédia. Apesar de ela nunca ter sido forte, e dessa ultima doença tê-la enfraquecido muito, sua morte foi um choque para todos nós. Eu me senti culpado também. Por causa da enorme necessidade que tinha de você. Só fiquei mais tranquilo quando os médicos explicaram, depois, que ela sofria de uma insuficiência pulmonar incurável.

Melanie sacudiu a cabeça pensando um momento na suave intensidade da moça que conhecera.

— Jennifer lhe contou sobre minha mãe, não? — perguntou Sean. — Se eu soubesse! Pensei... ah, nem sei mais o que eu pensei. Acho que no momento em que descobri que você tinha me abandonado, eu realmente a odiei.

— Mas como foi que descobriu que eu sabia de tudo? — Melanie estava intrigada.

— Naomi me contou. Jennifer disse a ela que tinha lhe contado, depois que você saiu. Mas ela tinha jurado segredo e foi só por acaso que eu ouvi Jeffrey falando com a mãe dele sobre o assunto. Eles estavam preocupados comigo, acho, pela minha reação ao saber que você tinha passado a casa para o meu nome.

— Como foi?

— Como você acha? Eu não podia aceitar, você devia saber disso.

— Mas por quê? — Melanie arregalou os olhos curiosos e perturbados.

— A casa é muito valiosa. Não tão valiosa quanto Croxley queria me fazer acreditar que fosse, mas mesmo assim... E, como já disse antes, eu quero comprar a casa de você. É por isso que estou aqui.

— Só por isso?

— O resto depende de você. — Sean estava controlado.

— Como?

— Pelo amor de Deus, Melanie, quer que lhe implore de joelhos? Que diga que a adoro, que a amo, que não posso viver sem você?

Melanie sentiu os lábios tremerem ao imaginar a cena. Aquele escocês arrogante de joelhos diante dela, implorando, quando na verdade tudo o que tinha de fazer era ordenar.

— Oh, Sean... — murmurou ela, rouca. — Só me pegue entre os braços e me ame. Não sei como pôde pensar que eu sentiria diferente.

Sean olhou para ela um instante mais e então pressionou-a contra si, as mãos nos quadris de Melanie, a boca procurando a dela, explorando-a com enorme intensidade.

— Melanie — disse ele, afastando-se um pouco dela depois do beijo terminado —, eu sou apenas um homem. E a quero muito, muito. Mas não aqui... não assim. Quero que se case comigo!

— E se eu recusar?

— Você não vai recusar. — Os olhos dele brilharam.

— Eu faço uma troca — murmurou ela. — É sobre a nossa propriedade mútua. Se você...

— Oh, Melanie! — Ele pousou a testa na dela. — Está bem, está bem. Minha mãe irá morar em Monkshood, exatamente como eu tinha planejado. Acha que consegue morar no Black Bull até podermos comprar a nossa casinha?

— Acho que sim — ela respondeu, sentindo um arrepio de satisfação, tocando o rosto dele com as mãos.

Era como Desmond tinha dito uma vez. Quando a gente se casa com a pessoa que ama, todo o resto parece sem importância...

 

                  

                        F I M

 



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.