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CAPITULO IV



 

A mesa deles ficava ao lado da janela e de uma linda tapeç aria persa. Quando chegaram, Wilma sentiu um frio no estô mago, pois as pessoas viravam-se para olhá -los, como se formassem um par surpreendente. Daniel era alto, moreno e seguro, e ela contrastava por ser tã o miú da, clara e delicada.

Quando o garç om ajeitou a cadeira para ela, ficou aliviada, pois suas pernas estavam meio trê mulas. Há muito tempo nã o saí a para jantar com um homem. Alé m disso, por alguma razã o, Daniel a fazia sentir-se tanto alegre quanto insegura.

Mas ela sabia muito bem que nã o despertava inseguranç a em Daniel, pois aquilo era uma coisa que ele nunca tinha sentido. Agora mesmo discutia as bebidas com o garç om tranquilamente. Por fim, pediu um vinho branco e olhou para Wilma com um sorriso. Ela ficou bastante perturbada.

— Eu vou me repetir — ele murmurou. — Você tem uma pele e um cabelo lindos, sabe? E també m tem um lindo corpo. Sei que estou sendo invejado por quase todos os homens desta sala.

— Seus cumprimentos sã o sempre um pouco exagerados. Só pessoas muito ricas jantam aqui, nã o é? É um restaurante muito chique.

— Nã o se preocupe. Ningué m poderia imaginar que você é uma dama de companhia. Gosto do seu jeito de se vestir e acho que esta é a primeira vez que a vejo sem aquele uniforme... Nã o, nã o é exatamente a primeira vez!

— Que linda tapeç aria! — Ela mudou de assunto. — Essas figuras parecem brilhar com vida pró pria!

— Provavelmente foi feita por um grande artesã o.

Daniel tinha falado com sua voz levemente sensual e irô nica. Era como se soubesse que poderia ter Wilma quando quisesse, com a mesma facilidade com que acendia um charuto.

Wilma tremeu um pouco. Seria uma experiê ncia maravilhosa ser possuí da por Daniel. Mas embora seu corpo desejasse aquilo, pensava no que aconteceria depois... Ele a abandonaria para unir-se à moç a com quem estava comprometido.

Ela ficou contente quando o garç om chegou com as lagostas flambadas com rum. O vinho veio depois e foi servido sem o ritual de Daniel prová -lo primeiro. Ele já sabia que era de primeira qualidade. Daniel nã o era um homem esnobe e Wilma gostava muito disso. Ele era honesto com ela e com todo mundo, nunca escondia suas intenç õ es atrá s de uma má scara de falsidade... como Myler Sadlier fazia.

Ele nã o fingia que a amava... Desejava saboreá -la, como estava saboreando as lagostas flambadas. Wilma nã o se sentia enganada, e portanto nã o podia se ofender.

— Admita que você gostou de ter vindo ao Dinarzade — disse ele.

— Você queria mesmo que eu viesse, nã o é?

— É. Eu queria tê -la só para mim durante algum tempo. Principalmente sabendo o quanto ficaria bonita sem aquele uniforme puritano. Quando terminarmos de comer e beber nosso vinho, nó s vamos danç ar juntos no terraç o. Se ainda nã o adivinhou, isto aqui també m é um cassino. E eu vou provar que você pode ganhar, se se concentrar.

— Está tudo planejado até o ú ltimo detalhe?

— Na verdade, está, sim.

— Foi assim que Napoleã o foi derrotado. Ele planejava todas as batalhas antes, mas nã o levou em conta o inesperado.

— Significativo, nã o é? — ele perguntou, comendo mais lagosta.

— A lagosta está deliciosa, Daniel. E gostei do vinho e da mú sica que vem do terraç o. Vou jogar com você, se quiser... Mas aviso desde já que nã o vou deixar você parar o carro na volta. Sei que quer uma prova de que eu sou tudo o que pensa de mim. Você é um homem muito atraente, Daniel. Mas sei que pode ser bem cruel para conseguir o que quer. E acho que pretende fazer o que imagina que outro homem já fez.

— Eu acredito no que vi. Laura Sadlier nã o arrancou uma boneca eletrô nica do quarto. Era uma garota bem viva, com um olhar apaixonado.

— É. Eu estava com os olhos brilhantes... Mas já contei por quê!

— Eu presenciei a cena, e pareceu um daqueles filmes de Lilian Gish... Como diabo se chamava? Eu vi um, uma vez em casa... ah, é, chamava-se Flores Partidas. Naquela é poca, as garotas choravam nos ombros de seus namorados por causa do filme. Mas eu nã o choro há anos.

— Você parou de chorar logo depois que nasceu, nã o é?

— També m nã o precisa ficar azeda, minha crianç a.

— Eu nã o sou sua crianç a!

— Ainda bem, nã o é? — Ele sorriu com ironia ao vê -la levantar o cá lice. — Nã o jogue seu vinho na minha cara, Wilma Bird. Meu terno foi comprado numa loja finí ssima.

Wilma olhou-o nos olhos e tentou desesperadamente odiá -lo. Mas era tarde demais... Daniel vencera a batalha: ela já gostava dele. Mas ele nã o teria o prazer de subjugá -la!

A raiva foi passando e levou consigo as palavras duras que Wilma havia pensado em dizer. Daniel continuava a olhá -la tranquilamente.

— Você deve ter sido um monstrinho, Daniel — disse Wilma. — Tenho pena da sua babá. O que ela nã o deve ter agü entado, cuidando de você.

— Eu nã o era sempre tã o mau. Pergunte a minha mã e. Ela vai jurar que eu era bem bonzinho, quando queria.

— Sei.

— Naquela é poca, quando Troy e eu é ramos pequenos, ela era realmente linda. Tinha um cabelo comprido e avermelhado, e vinha nos beijar antes de sair. Andava sempre vestida com seda ou veludo, com jó ias incrí veis e um perfume delicioso. Os lá bios dela eram como pé talas, quando ela nos beijava.

— E seu pai?

— À s vezes ele saí a com ela, mas sempre com aquela cara fechada e cheirando a charuto. Ele olhava para mim como se eu nã o tivesse minha pró pria individualidade, como se eu fosse uma parte dele... como a perna ou o braç o.

— Mas...

— Eu era o filho mais velho e meu destino estava totalmente planejado. Teria de seguir os passos de meu pai, fossem para onde fossem... Só que nã o funcionou! Ele é que era como Napoleã o. Fez seus planos sem levar em conta que eu era muito parecido com ele para ser puxado por uma coleira!

Daniel falava com ironia, mas havia qualquer coisa na sua voz que demonstrava seu sofrimento. Wilma ficou tocada pela emoç ã o. Sorria ao imaginar Daniel pequeno, brincando com trens. Imaginava també m olhando para a figura alta do pai e sentindo a severidade dele.

 Helios devia ter sido um pai que nã o brincava com as crianç as. Wilma duvidava que ele tivesse levado os filhos a algum parque.

A carne de carneiro com batatas assadas e ervilhas estava deliciosa A sobremesa foi cerejas em calda, com chantilly. Depois beberam um café bem forte. Há muito tempo Wilma nã o comia com tanto gosto Enquanto isso, Daniel contava mais algumas coisas sobre sua infâ ncia e perguntava sobre o pai de Wilma.

Ela nã o queria falar sobre o pai que tanto tinha amado. Mas quando Daniel acendeu o segundo cigarro, nã o pô de deixar de dizer:

— Você fuma demais. Deve saber que nã o é bom. Isso pode matar uma pessoa.

— Acho que nó s todos temos de morrer algum dia.

— Mas nã o desse jeito! Foi assim que meu pai morreu: de câ ncer do pulmã o! Eu o amava demais e tive de assistir à sua desintegraç ã o. De um homem maravilhoso e forte, ele se transformou num farrapo que mal conseguia levantar a cabeç a do travesseiro. Foi horrí vel...

Daniel ficou em silê ncio durante alguns instantes. Depois, apagou o cigarro no cinzeiro.

— Sinto muito, Wilma, eu nã o sabia. Deve ter sido uma grande infelicidade para você.

— Foi quase insuportá vel. Nó s é ramos muito unidos. Ele e minha mã e nã o se davam muito bem, pois minha mã e nã o ligava para a mú sica que ele criava. Mas eu adorava. Viajei muitas vezes com ele e conheci muitas pessoas interessantes. Meu pai me levou para Nova Orleans e depois para Paris... — Ela tocou a corrente de ouro em seu pescoç o. — Mas adoeceu lá e tivemos de voltar para Londres. Nã o demorou muito para ele ficar pior.

— Sinto muito mesmo, Wilma.

— Ele tocava saxofone e chegou a gravar um ou dois discos. O tipo de mú sica que ele compunha nã o era clá ssico, mas era muito bonito. E foi por isso que me tornei cantora depois que ele morreu.

Wilma tomou um gole de café com dificuldade. Depois olhou para Daniel. Ele parecia mais pá lido e a observava com carinho. Ela teve e fazer forç a para conter as lá grimas.

— Ningué m tentou impedir você de ir sozinha para um lugar como Monte Carlo? — ele perguntou, por fim. — Ningué m a avisou para nã o se ligar à quele tipo de gente?

— É horrí vel falar sobre o passado... Nã o podemos esquecer tudo isso? Vamos para o terraç o? Estou sentindo um pouco de calor.

— É claro.

Ele se levantou prontamente e ajudou-a. Depois colocou a mã o no ombro dela. Wilma tremeu com aquele contato.

— Você sempre treme, quando está com calor?

— Eu... estava falando sobre meu pai. As pessoas boas nã o deviam sofrer tanto para morrer.

— Nã o. Meu pai, por exemplo, caiu como um tronco cortado sobre a mesa do escritó rio. Nã o é justo que as pessoas boas sofram, enquanto as outras...

— Ah, nã o fale assim, Daniel! Seu pai nã o era tã o mau... Muitos pais esperam que seus filhos sejam parecidos com eles. Ele era um grego, afinal.

Quando chegaram ao terraç o, ele a puxou para seus braç os.

— A esperanç a é a ú ltima que morre. Aqui temos uma orquestra que toca mú sica civilizada.

— É.

O coraç ã o de Wilma tinha disparado. Para nã o olhar para Daniel olhou para baixo e depois para a orquestra. Os mú sicos tocavam entre lindos arranjos de flores.

Teve um sobressalto ao ver o regente da orquestra. Nã o podia acreditar no que via. Era como se o passado tivesse renascido porque ela havia falado sobre ele. Lá estava Kenny Devine, o amigo que nã o via há tantos anos. Nã o dava para confundir aquele cabelo ruivo e olhos castanhos atrá s dos ó culos.

Kenny... seu amigo querido, dos tempos em que a vida tinha sido cor-de-rosa e havia mú sica de manhã à noite. Kenny... que a havia pedido em casamento e que tinha sido tí mido demais para insistir...

Quando Daniel e ela estavam danç ando mais perto da orquestra, Kenny arregalou os olhos de surpresa. Perdeu o ritmo da mú sica, mas por sorte a orquestra nã o o seguiu.

Entã o Kenny tinha sua pró pria orquestra agora, como há anos havia planejado, Wilma deduziu. Ele sempre dizia que algum dia as pessoas voltariam a gostar de mú sicas româ nticas.

— Para quem você está olhando? — Daniel perguntou com severidade.

— Eu... conheç o o regente da orquestra.

— É claro. Os homens que você conheceu quando era cantora devem estar por toda parte. Deve ter sido uma vida bem agitada. Nã o entendo por que decidiu tornar-se dama de companhia.

Daniel a olhava com dureza. Suas palavras estragaram a alegria de Wilma. Ele apertou a cintura dela com forç a.

— Meu Deus! — Wilma, só naquele momento, se deu conta do que ele estava pensando. — Aquele é Kenny Devine, um amigo de meu pai. Eu nã o o vejo há muito tempo... Por favor, nã o pense que ele é como... como...

— Sadlier? Admito que este é mais jovem e um pouco mais apresentá vel. Mas os homens nã o a desejam como amiga, doç ura. Você acha que desperta sentimentos castos em algum homem normal e bem equilibrado?

— Pelo amor de Deus, Daniel!

De repente, o prazer de danç ar com ele transformou-se numa sensaç ã o de abandono e frio... Queria largá -lo e correr até Kenny, como tinha corrido no dia da morte do pai.

A mú sica parou naquele momento. Daniel forç ou-a a sair do terraç o. Wilma olhou desesperada para Kenny, que estava parado també m a olhá -la. Mas Kenny nã o se mexeu... Ele nã o viria ajudá -la desta vez.

Daniel estava agora de pé ssimo humor e segurava Wilma com forç a. Ela foi obrigada a acompanhá -lo pela escada até uma porta fechada. Daniel bateu na porta, sem largar o braç o dela. Um estranho abriu e olhou para o casal. Depois, deixou-os entrar e conduziu-os até outra porta. A sala em que entraram era enorme e elegante. Lá havia um bonito bar, onde homens e mulheres bebiam e fumavam enquanto conversavam.

— Quer um drinque, antes de entrarmos na sala de jogos? — Daniel olhou para ela. — Parece que... Beba alguma coisa! Mas eu vou torcer o seu pescoç o se pedir suco de tomate!

— Eu... nã o quero nada... exceto ir para casa...

— Nã o quer correr para os braç os de seu namorado bonitã o? Eu senti que queria... realmente senti! Queria me largar e correr para ele! Ele deve ter sido muito especial!

— Foi mesmo. Especial e gentil... Nunca foi como você! Nunca foi arrogante e maldoso como você é!

— Talvez ele nã o tenha visto a cena que vi. Você e Sadlier abraç ados! Meu Deus! Eu poderia estrangulá -la só porque teve a coragem de beijar aquele crá pula... Você, que parecia tã o doce e distante quando tocava violã o. Tã o pura, brilhando entre aquele monte de gente fingida da alta sociedade! Isso sim é que foi terrí vel: descobrir que era como eles... lixo em vez de ouro!

Daniel pediu gim e vodca. Wilma sentou-se no banquinho do bar, sabendo que seria inú til tentar fugir. Naquele estado de espí rito, ele seria capaz de tudo. Logo os dois foram para o salã o de jogos.

Quando entraram, já ouviram o som da roleta, da bolinha que pulava e pulava para depois cair no vermelho ou no preto.

Daniel comprou muitas fichas e virou-se para Wilma.

— Quer ir até a roleta?

— Eu nã o tenho dinheiro para jogar.

— Eu tenho. Vamos.

— Vou perder seu dinheiro. Troque as fichas de novo e vamos embora.

— Ainda nã o. Você gostaria de ganhar mais alguma coisa nã o é? Minha mã e nã o lhe paga tã o bem para que você possa jogar fora minha oferta.

Ele a conduziu até a roleta e deu-lhe seis fichas. Cada uma daquelas fichas, Wilma sabia, representava muitos dó lares. Por isso tremia ao colocá -las na cor preta...

A roleta começ ou a girar e a bolinha a pular. Quando a roleta parou, a bolinha estava no preto. Wilma olhou, surpresa, para Daniel. Ele indicou com a mã o que ela deveria deixar as fichas ganhas no mesmo lugar.

Wilma deixou e mais uma vez deu a cor preta. Ganhar era excitante e també m dava um pouco de medo.

— Deixe as fichas onde estã o — Daniel mandou. — Aposte mais uma vez e vamos embora.

Mas na terceira jogada Wilma perdeu e Daniel nã o sugeriu que ficassem para recuperar o dinheiro. Os dois foram até o caixa trocar as fichas que tinham sobrado. Quando saí am do salã o, ele pegou a bolsa dela e colocou o dinheiro dentro. Eram vá rias notas de cem dó lares.

— Compre um casaco para sair quando seu amigo a convidar.

— Eu... nã o quero seu dinheiro, Daniel. Por favor, pegue de volta...

— Você vai ficar com ele. E fique sabendo de uma coisa: eu jogo de vez em quando porque me diverte, mas nã o sou um viciado. Acho que é um dinheiro ganho facilmente, quando se pá ra para pensar. Você já deve ter ganhado muito dinheiro fá cil, nã o é?

Wilma sabia a que Daniel estava se referindo. Nã o havia como provar que nã o tinha dormido com Myles Sadlier, mesmo que dormisse com ele para mostrar que era virgem. Nã o era tã o ingê nua a ponto de desconhecer que existiam outras maneiras de se fazer amor com um homem.

Sua virgindade nã o provaria nada a Daniel... Ele guardava uma lembranç a impossí vel de se apagar. Wilma tinha de conviver com aquilo, ou fugir de uma vez por todas.

Antes de saí rem do Dinarzade, ela foi até o banheiro. Precisava ficar sozinha por alguns minutos. Ao olhar-se no espelho, viu que estava bem, exceto pela falta de batom. Mas sentia-se insegura, sem saber o que fazer de sua vida.

A menos que Daniel fosse embora antes que as coisas piorassem entre os dois, ela teria de deixar a Mansã o da Lua Cheia. Nã o queria partir, mas até onde a convivê ncia com ele a levaria? Só a mais tormento e recriminaç ã o. E o que aconteceria se a mã e dele percebesse o que se passava? Poderia despedi-la sem qualquer referê ncia para que encontrasse um emprego parecido.

Apesar de ter reencontrado Kenny Devine, sabia que nã o queria voltar a ser cantora... As lembranç as dessa profissã o eram amargas demais. Havia muitos homens como Myles Sadlier no mundo, para quem o bem de uma garota nã o significava nada.

Sua sorte fora que, na é poca do escâ ndalo, estava usando o nome de Wilma Bird. Portanto, o nome de seu pai nã o tinha sido envolvido no sensacionalismo daquele caso de divó rcio. Talvez até Kenny nã o a tivesse ligado com aquilo tudo... Esperava que nã o, pois agora ele poderia tentar entrar em contato com ela.

Saiu do banheiro e encontrou Daniel esperando com o casaco de veludo na mã o. Desta vez, ele nã o a ajudou a vesti-lo e deixaram o restaurante em silê ncio.

Estavam mais ou menos na metade do caminho quando alguma coisa atravessou a estrada. Daniel brecou o carro violentamente, para nã o atropelar o que devia ser um coelho ou outro animalzinho que procurava comida.

Com a freada, Wilma foi jogada contra o corpo de Daniel, que estacionou o carro no acostamento. Nã o tinham atropelado o animal, pois nã o havia sangue nos pneus. Mas, com um sú bito gemido, Daniel olhou para Wilma e puxou-a para si com desembaraç o. Wilma ficou sem aç ã o, presa naqueles braç os fortes e determinados.

— Para o diabo! — ele exclamou. — Quero você desesperadamente!

Wilma entã o sentiu os lá bios dele sobre os seus e o mundo pareceu derreter pela forç a daquele beijo...

Logo ele começ ou a apertá -la ainda mais. Wilma nã o pô de deixar de abraç á -lo també m, acariciando-lhe a nuca. Por um momento, ele parou de beijar sua boca para percorrer o rosto, as orelhas, o pescoç o, até a corrente de ouro. Ele a acariciava e respirava com dificuldade. Wilma queria aqueles carinhos. Pelo menos, faziam com que Daniel parasse de pensar, parasse de torturá -la com perguntas que ele mesmo respondia.

Wilma podia senti-lo cheirando seu cabelo, sua pele, e tremia toda com aquele contato. Pela primeira vez em sua vida, descobria o que era desejar um homem. Era como uma dor, um grito, um desejo alé m das palavras. Wilma beijou todo aquele rosto arrogante. O que mais tinha importâ ncia, se eles estavam juntos? O que mais importava, se havia aquele calor real e maravilhoso?

E entã o ele parou para olhá -la. Wilma nã o escondeu o que estava sentindo. Nã o queria pensar em mais nada.

— Você tem olhos que parecem violetas dos Alpes — ele murmurou.

Depois beijou-a novamente, até que o coraç ã o dela quase parasse... E, em seguida, afastou-a com relutâ ncia. Wilma foi colocada cuidadosamente em seu banco.

— Você me faz perder a cabeç a, menina — Daniel murmurou, pondo o carro em movimento. — Mas só Deus sabe o que eu faria com você depois. Nã o confio em mim mesmo ao seu lado, Wilma. Eu a desejo, mas nã o assumiria um compromisso com você.

— Você nã o pode mesmo. Ambos sabemos que está comprometido com outra.

— O quê?

— Aquela garota... com quem você precisa se casar...

— Ah, é.

Ele pareceu desconcertado e Wilma mordeu o lá bio. Talvez nã o devesse ter mencionado a garota, nã o depois do que os dois haviam feito juntos. Tinham sentido tanto desejo, que era difí cil voltar ao mundo real. Tinham se entregado ao puro prazer dos sentidos e Wilma sabia que teria feito amor com Daniel, se ele quisesse.

Mas ele nã o quis, apesar de tudo... era um grego forte o suficiente para conter seus desejos no momento crí tico. Agora Wilma o amava ainda mais por isso... É, ela o amava, apesar de ele ter sido tã o cruel com ela.

Ficou aliviada quando chegaram à Mansã o da Lua Cheia. Quando ele estacionou o carro em frente à casa, Wilma saiu. Nã o havia mais nada a dizer... Nenhuma palavra diminuiria sua sensaç ã o de perda ao afastar-se de Daniel. Rezava para que ele nã o a seguisse ou a tocasse mais uma vez naquela noite. Sentia que nã o poderia resistir a ele, pois era muito fá cil esquecer que era comprometido com outra.

" Eu nã o assumiria um compromisso com você ", ele havia dito. E o significado daquelas palavras era muito claro. Daniel tinha um envolvimento e nã o queria começ ar outro, nã o importa o quanto Wilma fosse desejá vel.

Como ele teria interpretado a reaç ã o dela à queles beijos? Teria pensado que ela desejava um homem, apó s todos aqueles meses sozinha na mansã o?

Wilma quase arrastou-se escada, acima, segurando o corrimã o como se pudesse cair para trá s a qualquer momento. Era impressionante tudo o que tinha sentido nos braç os de Daniel. Parecia que todas as cé lulas de seu corpo vibravam. Nã o sabia que o amor podia ser, ao mesmo tempo, tã o excitante e tã o cruel.

Antes de chegar a seu quarto, ela já estava chorando. Ao entrar, jogou o casaco sobre uma cadeira e caiu na cama. Entã o chorou à vontade, emocionada com a solidã o do amor nã o correspondido.

" Ambos sabemos que você está comprometido com outra", ela havia dito. E Daniel nã o tinha negado o compromisso. Mesmo que negasse, Wilma sabia que, para ele, seria sempre a garota do Hotel Cyrano, envolvida num escâ ndalo de divó rcio.

Daniel a tinha beijado como se quisesse beijar todo seu corpo. Mas, mesmo assim, havia raiva na atitude dele e uma ponta de selvageria quando ele acariciava seu pescoç o.

Por fim, Wilma conseguiu parar de chorar e ficou olhando o teto... Nunca poderia esquecer aquela noite nos braç os de Daniel. Ainda podia sentir as mã os dele em seu corpo e os beijos ardentes.

Segurou os lenç ó is e soltou um gemido. O que ia fazer? Teria forç as para deixar a Mansã o da Lua Cheia sem olhar para trá s?

 

 



  

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