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CAPITULO III



 

Wilma atravessou o jardim em direç ã o ao pequeno cais, suspenso sobre o oceano. Ali, tudo estava vazio. Charmides tinha vendido o barco depois que seus filhos deixaram a mansã o. Agora, nã o havia mais ningué m que pudesse navegar naquelas á guas.

Uma brisa suave soprou no rosto de Wilma, fazendo seu cabelo balanç ar. Olhou o mar, sentindo que fazia parte dele. O oceano era como um grande coraç ã o vivo, abrindo caminho entre as pedras para chegar à areia.

Sentia-se agradavelmente segura, pois Charmides tinha dito que Daniel sairia para jantar. Portanto, quando voltasse para a mansã o, ele já teria ido com seu carro negro. Aquele carro parecia um condor que voava silenciosamente, por causa do motor de Rolls-Royce.

Wilma respirou fundo e fechou os olhos. Gostava de saborear a sensaç ã o de liberdade que sentia perto do oceano... Seus braç os abriam-se, como se quisessem abraç ar o mar. Ansiava por alguma coisa que nã o tinha nome, porque ela nã o ousava dar-lhe um nome.

Aquela hora da tarde, havia uma espé cie de né voa dourada envolvendo todas as coisas. O sol estava se pondo. Logo aquela bola dourada desapareceria, deixando o iní cio da escuridã o e o brilho das estrelas.

— Era exatamente assim que Dafne devia estar, quando o deus-sol se aproximou dela. — Uma voz soou repentinamente...

Wilma abriu os olhos e viu Daniel parado à sua frente. Ele usava paletó e uma gravata vinho, com uma camisa creme.

Wilma continuou em silê ncio. O olhar de Daniel percorreu o corpo dela, fazendo com que ela fechasse a saí da de banho rapidamente.

Depois, ele olhou para suas pernas e ela percebeu claramente o que se passava na cabeç a dele... De que cena ele estava se lembrando.

Como um eco ao tormento dela, as ondas bateram violentamente sobre as pedras. O sol brilhou como um fogo vivo, aumentando o brilho do olhar de Daniel. Wilma sentiu que corava.

— Você está mesmo contente de trabalhar aqui, como dama de companhia? — Daniel perguntou. — Afinal, minha mã e já tem idade e é bastante mimada e egoí sta. Nã o anseia pela liberdade que se sente aqui fora ao poente?

— Sua mã e me paga um bom salá rio... — Wilma respondeu ressentida. — O que você está insinuando é que uma mulher como eu nã o se contentaria em ser dama de companhia, depois de ter conhecido o brilho dos cassinos e da alta sociedade, nã o é? Mas nunca lhe ocorreu que este possa ser meu verdadeiro ambiente?

Daniel nã o respondeu. Naquele momento, um barco a vela flutuava no horizonte, perdendo-se depois nas sombras. As gaivotas sobrevoavam o oceano barulhentamente. Nada estava parado, exceto o rosto de Daniel, que parecia esculpido em pedra.

— Venha jantar comigo — ele convidou inesperadamente. — Sei que é sua noite de folga, pois nã o está de uniforme. E Charmides, quando fui a seu quarto, comia chocolates e assistia a um filme de Ronald Colman.

— Mas... eu pensei que você tinha um encontro esta noite.

— Garanto que nã o tenho nenhum encontro.

O coraç ã o de Wilma tinha disparado violentamente... A ú ltima coisa que esperava dele era um convite para jantar.

— Mas eu tenho realmente uma mesa reservada no Clube Dinarzade — ele continuou. — Reservei-a para as oito horas. Nó s poderí amos chegar a tempo, se você nã o for uma dessas mulheres que demoram uma hora para arrumar o cabelo e o rosto.

Wilma permaneceu em silê ncio, sem saber se aceitava ou recusava o convite. Estava magoada pelo que Daniel pensava dela, mas sabia que ambos tinham curiosidade, um em relaç ã o ao outro.

— Nã o responder nada é quase uma promessa — Daniel murmurou. — Você nã o confia em si mesma ou em mim?

— Nã o tenho certeza...

— Ora vamos, nã o precisa pensar muito para decidir jantar com um homem solitá rio.

— Solitá rio... Você?

— É. Solitá rio neste preciso momento. Nã o temos todos nossos momentos solitá rios?

— Estar solitá rio e estar sem companhia feminina sã o duas coisas diferentes.

— Possivelmente. Entã o digamos que eu gostaria de jantar com uma jovem solitá ria.

— Solitá ria... Eu? Quem já ouviu falar em uma mulher à toa solitá ria?

— Está bem, vamos nos dar uma tré gua? Vivemos na mesma casa e nã o podemos estar sempre brigando.

— Quanto tempo essa tré gua duraria? Até que você tivesse vontade de deturpar tudo o que eu digo, para ficar de acordo com o que quer acreditar? Uma tré gua seria bom, mas você é tã o imprevisí vel como aquela pantera que eu vi atrá s das grades. Os olhos dela brilhavam e o pê lo parecia macio... Dava muita vontade de acariciá -la, mas o aviso dizia que ela era perigosa.

— Eu sou um homem, Wilma. Nã o mordo a mã o de quem me acaricia.

— Eu... nã o sei se daria certo.

— Você nunca jogou nas roletas de Monte Carlo?

— Joguei duas vezes. Perdi nas duas, portanto nã o posso ser chamada de boa jogadora.

— Jogue só mais uma vez... Nesta terceira você poderia ter sorte.

— Nã o... Sua mã e pode precisar de mim!

— Mas eu també m preciso de você.

— Você precisa de mim como um garoto levado precisa de uma borboleta, quando vê uma. Deixe minhas asas em paz, Daniel. Elas já foram machucadas e eu... Nã o aguentaria isso de novo!

— O diabo, Wilma, é que eu nã o posso prometer ser um bom menino. Faz muito tempo que nã o tento ser assim. Mas será que nã o poderia me dar uma chance? O que eu poderia fazer para você num restaurante cheio de garç ons e pessoas danç ando essas mú sicas pouco româ nticas?

— Faz muito tempo que nã o vou a nenhum restaurante...

Wilma sentiu que estava fraquejando. Era jovem e muito feminina. Sabia que gostaria de ter um ombro masculino para se apoiar, mas tinha jurado que nunca mais confiaria num homem. Ela queria fugir dali, em direç ã o à seguranç a da Mansã o da Lua Cheia... Mas nã o conseguia.

— Vá se arrumar logo — disse Daniel suavemente. — E esqueç a aquele uniforme que Charmides faz você usar. Deve ter um vestido de noite, nã o tem?

— Tenho...

— Entã o vamos, vá se arrumar. Será bom para você sair daqui por algumas horas.

Daniel pegou a mã o dela para caminharem lado a lado pelo jardim. As flores estavam com um perfume intenso, agora que o sol já havia desaparecido. Wilma sentiu frio nas pernas, enquanto tentava acompanhar os passos largos de Daniel.

Seu corpo queria ir com ele ao restaurante mas seu pensamento reagia contra aquela vontade. Agora Daniel agia como a pantera, novamente, encostando-se nas grades e pedindo um carinho... Depois morderia com seus dentes brancos e a dor substituiria o prazer...

Mesmo assim caminhou com ele peio jardim até a porta lateral da casa. É, ela admitiu, queria jantar e danç ar, sem medo e sem perguntas. Sem olhar para ele, disse de uma vez só:

— Vou me arrumar. E nã o sou daquelas que demoram uma hora.

— Eu nã o pensei mesmo que fosse. Você nã o precisa disso.

Wilma correu para o quarto, assim que Daniel largou sua mã o.

Quando fechou a porta, teve de descansar por alguns momentos. Sabia que era loucura o que estava fazendo... mas de alguma forma, era inevitá vel.

Tomou um banho rá pido para tirar o sal do corpo. Ao colocar o sutiã, lembrou-se do olhar de Daniel, quando sua saí da de banho estava meio aberta. Será que era por isso que ele a tinha convidado para jantar fora? Porque tinha descoberto que ela, à s vezes, tomava banho nua?

Olhou-se no espelho e penteou o cabelo brilhante. Depois, colocou um vestido azul-acinzentado, que tinha uma abertura lateral quase até a coxa. No pescoç o, uma corrente de ouro, o ú ltimo presente que havia recebido de seu pai. Fora em Paris, quando ela estava com dezoito anos e acabava de descobrir que seu pai nã o viveria muito.

Tocou a corrente e suspirou. Seu pai havia sido o ú nico homem que gostara dela como pessoa... Os outros só notavam que seu corpo tinha curvas bonitas e que seu cabelo era macio.

A imagem refletida no espelho era bastante bonita. Wilma estava com os olhos brilhantes... Olhos que queriam ser felizes... olhos que també m queriam chorar.

Sobre os ombros, ela jogou um xale de lã, que nã o era muito apropriado para um jantar fino. Mas, quando tinha decidido trabalhar nos Estados Unidos, havia vendido quase todas as suas roupas mais finas, pensando em levar uma vida simples, que nã o incluí a festas.

Pegou sua bolsinha e verificou se havia lenç o, pente e pó -de-arroz. També m nã o esqueceu de colocar dinheiro, para o caso de precisar voltar de tá xi!

Quando foi dar uma olhadinha no quarto de Charmides, nã o pô de deixar de sorrir. Ela estava no sofá cor-de-rosa, entretida com a televisã o enquanto fumava e comia chocolates suí ç os.

— Que filme mais bonito! — comentou, sem olhar para Wilma. — Que homem lindo é esse inglê s! E escute essa voz maravilhosa! Ele ama a garota, mas nã o sabe que ela é sua esposa. Perdeu a memó ria durante a guerra, num acidente de carro. Tã o triste! Eu até já chorei há pouco... Nã o se fazem mais filmes como esse hoje em dia!

Wilma saiu em silê ncio e fechou a porta, aliviada por Charmides nã o ter notado seu vestido longo. Sabia que ela iria assistir o filme todo, comer seu sanduí che de frango e depois pegar no sono. Só quando sentia dores é que pedia uma pí lula para dormir. Mas, estranhamente, nã o tinha sentido dores nas costas nos ú ltimos dias...

Wilma achava que era por causa da presenç a de Daniel na Mansã o da Lua Cheia. Ele mantinha a mã e distraí da com outras coisas... E també m a atormentava com aquele casamento que Charmides se recusava a aceitar.

Ainda na noite passada, Wilma tinha ouvido Charmides dizer a Daniel que Helios se viraria no tú mulo se ele se casasse com uma mulher " maculada". " Helios tinha tudo de primeira mã o", disse ela. " Desde uma passagem de aviã o até ura pedaç o de melancia! Você perdeu o juí zo, Daniel? Para que se casar com uma garota que nã o presta? Ela nã o está grá vida, nã o é? Isso seria o cú mulo da indignidade! "

Daniel tinha rido de um jeito estranho. Era uma risada baixa e profunda, cheia de significados.

Wilma lembrou da risada dele e també m sorriu. Quando chegou perto da escada, Daniel já esperava por ela. Carregava uma roupa brilhante, que contrastava com seu paletó vinho.

— Eu quero que use isto — ele disse, tirando o xale dos ombros dela. — Sabia que você nã o tinha vindo para a Mansã o da Lua Cheia preparada para sair à noite. Vire-se um pouquinho para que eu possa ajudá -la.

Era um casaco longo de veludo cinza-pé rola, ligeiramente perfumado. Tinha um capuz de pele da mesma cor.

— Minha mã e espalha roupas pela casa toda — continuou Daniel.

— Mulheres ricas tê m essas manias. Eu encontrei este casaco em um de seus guarda-roupas. Pelo tamanho, ela provavelmente o usava logo que se casou, mas ele ainda é muito bonito, nã o?

Era incrivelmente bonito e macio, e Wilma ficou contente. Daniel colocou o capuz delicadamente sobre a cabeç a dela, que sentiu uma sensaç ã o estranha no estô mago.

— Tenho de admitir... você é a mulher mais bonita que eu já levei a algum lugar. Você tem algo especial, Wilma Bird. Uma espé cie de magia a que mesmo meu temperamento cí nico nã o resiste. Algumas mulheres tê m rostos bonitos, mas má postura; outras tê m corpos perfeitos, mas rostos feios. O demô nio misturou todos os melhores ingredientes e surgiu você... Seus pais deviam adorá -la e mantê -la muito presa. E entã o, quando você se soltou... Há quanto tempo seu pai morreu?

— Há quase quatro anos...

— Entã o em Monte Carlo...

— Por favor... nã o fale mais nisso!

— Sua mã e, onde está ela?

— Em Provence, com seu segundo marido.

— Entã o, para todos os efeitos e necessidades, você está sozinha no mundo?

— Pode-se dizer que sim.

— Wilma Bird, à solta e à mercê dos tubarõ es... Eu tenho sido terrivelmente bruto com você, nã o?

— Tem.

— Meu Deus, mas você é tã o linda!

Wilma percebeu que estava perigosamente perto dele, mas nã o pô de afastar-se daqueles olhos cinzentos. O olhar de Daniel era tã o sensual, que era como se ele a tocasse.

— Você nã o devia dizer essas coisas. — Observou, pensando na garota com quem ele se casaria.

— E por que nã o? As mulheres nã o gostam de saber o quanto sã o desejá veis?

— Nã o está certo, quando um homem... Você nã o disse a sua mã e que estava pensando em casar? Nã o insinuou que havia uma razã o forte para nã o fazer isso?

— Ah, é. Obrigado por me lembrar. Mas isso só prova que talvez eu nã o seja um homem casadouro.

— Eu jamais pensei que o casamento tivesse muito significado para você.

— Um homem e uma mulher unidos, na alegria e na tristeza, nã o é?

— Você se sentiria exatamente como a pantera atrá s das grades, pronta para morder com seus dentes fortes.

— É. Admito que você tem razã o, mas acho que terei de casar com a garota, apesar de tudo. E terei mais problemas do que alegrias, daquelas alegrias verdadeiras, sem dú vidas e sem arrependimentos.

Ao ouvir aquelas palavras, Wilma sentiu um choque. Entã o o que a mã e dele tinha imaginado era verdade... Daniel havia colocado a garota em apuros. Agora, tendo um cará ter mais grego do que americano, ele ia dar um jeito na situaç ã o. E, como filho de um grego, provavelmente permaneceria casado por uma questã o de honra. Daniel nã o agiria como Myles Sadlier, que se livrara de uma esposa da qual estava cansado.

Daniel se casaria por obrigaç ã o, mas Wilma duvidava que seria um bom marido, se nã o amasse a esposa com paixã o... Para ele, o casamento seria apenas um meio de resolver um problema.

Wilma pensou em Charmides com pena... Ela nunca perdoaria Daniel quando descobrisse a verdade, pois nã o tinha idé ias evoluí das e seus conceitos morais ainda eram os que havia aprendido na infâ ncia. Um desses conceitos era o de que uma mulher nã o poderia ser tocada antes que o padre realizasse o casamento.

— Por que está tã o chocada, Wilma? — Daniel perguntou suavemente.

— Acha mesmo que deve me levar para jantar fora? Vamos esquecer isso...

— De jeito nenhum! Francamente, minha querida, nã o vejo nada de mais em oferecer um jantar à dama de companhia de minha mã e. Você tem a noite de folga, nã o é?

— Eu... só nã o quero mais problemas.

— Você está querendo dizer que nã o quer mais escâ ndalos? Mas eu ainda nã o sou casado!

— Mas vai se casar, nã o vai?

— Vou. Acho que fui laç ado e preciso aceitar meu destino. Poderia ser até uma coisa bem doce, se nã o fosse o que há de amargo no fundo do copo. Esse é o ú nico problema.

— Nã o julgue para nã o ser julgado.

— Em outras palavras, Wilma, você quer dizer " macaco, olha teu rabo", nã o é?

— Eu nã o atiraria a primeira pedra em ningué m, é só isso.

— Entã o, pode me dar um beijo em vez disso.

Antes que Wilma pudesse fugir, ele abaixou a cabeç a e beijou-a. Seus lá bios eram quentes e macios, com um cheiro suave de tabaco. Wilma sentiu um arrepio por todo o corpo. Aquilo era como um aviso de que, se houvesse uma aproximaç ã o maior, ela experimentaria todas as sensaç õ es de que sempre tinha ouvido falar, mas que nunca experimentado.

Afastou-se dele rapidamente. Implorava com os olhos para que nã o a tratasse como pensava que Myles Sadlier a tratara.

— Você tem razã o — disse ele. — Desse jeito vamos acabar nos atrasando e perdendo a reserva no Dinarzade.

Passou o braç o pelo ombro dela para conduzi-la até o carro. Wilma ficou pensando: Daniel Demonides era um homem tã o seguro, tã o bem-sucedido na carreira escolhida, tã o ciente das necessidades das mulheres... No entanto, havia sido laç ado exatamente pelo tipo de mulher que acreditava que ela fosse. Aquela ironia fez com que sorrisse... E seus lá bios ainda estavam com o gosto suave do tabaco de Daniel.

O carro dele era extremamente confortá vel. Quando Daniel entrou e fechou a porta, Wilma sentiu uma mistura de medo e excitaç ã o, como se tivesse bebido um cá lice de vinho forte.

Ele olhou-a nos lá bios. Era como se també m estivesse sentindo o sabor da boca de Wilma.

— Como você devia ser linda aos dezenove anos... — Daniel murmurou. — O destino nã o planejou muito bem nosso encontro, nã o é?

Deu a partida no carro, que arrancou silenciosamente. Entraram na estrada principal que levava a Key Laguda, uma pequena cidade a alguns quilô metros dali.

Aos dezenove anos, Wilma se lembrou, era uma garota solitá ria. Se a conhecesse naquela é poca, provavelmente Daniel teria sido menos insolente com ela. Talvez fosse até cuidadoso, por causa da fragilidade dela...

Mas agora era tarde demais! Ele nã o poderia apagar da memó ria aquela cena no Hotel Cyrano. E ela nã o poderia esquecer que, em algum lugar, havia uma garota que precisava se casar com ele. As lembranç as amargas perseguiam os dois enquanto corriam por aquela estrada linda à beira da praia, com uma lua de prata brilhando no cé u de veludo negro.

Wilma olhou para o rosto de Daniel. Ele parecia inteiramente concentrado na estrada e ela poderia examiná -lo sem ser notada... Pela primeira vez admitiu a si mesma que o achava atraente. Sabia, com todas as cé lulas de seu corpo, que se fosse incendiada por aquele fogo grego, nunca mais desejaria nenhum outro homem.

Ela afundou no banco macio, como se quisesse se proteger de seus pró prios pensamentos. Mas, como vespas teimosas, eles continuaram zumbindo na sua cabeç a. Amar Daniel seria terrivelmente excitante.

Mas, ao mesmo tempo, nã o levaria a nada e a deixaria novamente desamparada. Mesmo assim ela já estava apaixonada... Só aqueles pensamentos todos já provavam que estava a ponto de cair naqueles braç os poderosos... E aquilo nã o podia acontecer!

— Está muito quieta — Daniel observou, olhando-a. — Você se aconchegou no banco como um esquilo na toca e só posso ver seus olhos enormes e a ponta do seu nariz. Em que está pensando?

— Que eu estava certa sobre você. É tã o imprevisí vel como uma pantera... Primeiro me faz detestá -lo, depois joga seu charme sobre mim e cá estou eu no seu carro. Eu deveria estar na mansã o, para o caso de sua mã e precisar de alguma coisa.

— Inê s está lá e é uma pessoa muito competente. Alé m disso, você nã o deve trabalhar na sua noite de folga. Muito trabalho e nenhum descanso... — Ele parou e olhou-a novamente. — Por que você me dá vontade de protegê -la? Nã o tem sentido! Parece tã o inocente, como se nã o soubesse nada sobre a paixã o dos homens. Balzac tinha razã o quando disse que " a virtude de uma mulher é a maior invenç ã o do homem". Se eu nã o inventasse alguma virtude para você, poderia quebrar seu pescoç o por me fazer... desejá -la.

Wilma engasgou e sentiu a cabeç a atordoada... A tortura mental era enorme, mas, ao mesmo tempo, o prazer fí sico era irresistí vel. Daniel tinha dito em palavras e com o olhar que a queria!

E sentia as mesmas emoç õ es que ela e precisava de grande esforç o para controlar todos os sentimentos. Wilma percebeu isso e teve uma sensaç ã o de poder estranhamente agradá vel... Ela poderia feri-lo, se quisesse, assim como ele era capaz de feri-la. Ela poderia jogar-lhe na cara que ele nã o era melhor do que Myles Sadlier... Que, como outros homens, estava à mercê de seus desejos masculinos, apesar de estar comprometido com outra mulher.

Se fosse só ela que o desejasse, seria terrí vel. Mas Daniel també m a desejava e, por isso, ela sentia-se mais viva do que nunca. També m sentiu que o perigo tinha aumentado, pois Daniel nã o era homem de conter seus impulsos.

Por fim, Wilma disse friamente:

— O que queremos e o que conseguimos sã o duas coisas totalmente diferentes. Eu sou a dama de companhia de sua mã e e gosto muito do meu emprego para arriscá -lo tendo um caso com você. Nã o quero ser deixada, como os restos de seus charutos, quando você partir da mansã o. Aprendi minha liç ã o a duras penas e nã o pretendo cair pela segunda vez na armadilha de um homem cruel.

Tinha escolhido as palavras com cuidado e sabia que nã o estava sendo injusta. Podia ver pelo rosto de Daniel que ele era um homem muito exigente. Qualquer mulher que nã o correspondesse à s suas expectativas sofreria grandes tormentos emocionais. Ele a achava bonita e desejava seu corpo... Mas, depois, partiria seu coraç ã o e a deixaria por causa do que tinha acontecido em Monte Carlo. O escâ ndalo era uma coisa que Daniel nunca esqueceria nem perdoaria...

— É — ele respondeu. — Estamos num impasse. Eu gostaria de parar este carro agora, levá -la para a praia e fazer amor apaixonadamente. E nã o seria seduç ã o, minha querida. Sei muito bem que eu a perturbo tanto quanto você me perturba.

— É ó bvio que você sabe o quanto é atraente. Tenho certeza de que houve mulheres por toda parte do mundo que o desejaram.

— També m já provou que atrai os homens, nã o é? O que significa um homem a mais para você?

— Isto é o que você chama de tré gua? Eu sabia que nunca funcionaria conosco.

— Meu Deus, você tem razã o! Nó s brigamos feito cã o e gato. Poderí amos dar o paraí so um ao outro e preferimos o inferno. Mais parece uma tragé dia grega! Eu a desejo e meu orgulho me faz feri-la com palavras imperdoá veis. A paixã o e o orgulho nos unem, assim como nos separam!

— Me leve para casa, Daniel.

— Nã o. Estamos chegando no Dinarzade e quero jantar. — Naquele momento, ele entrou no estacionamento de um belo restaurante. — Prometo que esta será uma noite calma e agradá vel. Nenhum de nó s tem culpa de ser como é... Todos temos de lutar, trabalhar e amar do nosso pró prio jeito.

Saí ram do carro e caminharam até o elevador da garagem. O elevador era todo de vidro, permitindo que vissem a lua prateada e as palmeiras da praia.

— Bonita vista, nã o é? — comentou Daniel.

— Maravilhosa.

Tinha a sensaç ã o de estar sendo suspensa em direç ã o à s estrelas. Por fim, o elevador parou no ú ltimo andar, onde era o restaurante.

Wilma nunca tinha ido ali e agora percebia que devia ser um dos restaurantes mais finos da cidade. De repente, desconfiou que Daniel nã o havia reservado uma mesa para jantar sozinho.

Ela o olhou, intrigada... Será que ele tinha planejado trazê -la desde o iní cio? Será que tinha tanta certeza de que ela concordaria?

 

 



  

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