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CAPÍTULO VNo dia seguinte, Rachel nã o conseguiu falar com Roger. Nã o sabia se ele nã o queria atendê -la ou se realmente nã o estava no escritó rio. O ú nico telefonema que recebeu foi de seu pai, pedindo para se encontrar com ela à noite. Pela ansiedade dele, a moç a receou que estivesse com algum problema sé rio. — Você está em dificuldades, papai? — A gente se fala à noite, querida. Nã o é assunto para ser tratado ao telefone. Até mais tarde. A saí da do trabalho, caminhando para o ponto de ô nibus, Rachel sentiu-se mais deprimida que nunca. Sua vida estava tã o bem encaminhada e, de repente, surgiam tantas complicaç õ es. Fechou melhor o casaco, pois o vento estava muito frio, e continuou a andar. Estava absorvida em seus pensamentos, que quase esbarrou no homem alto, parado mais à frente. — Você? — ela exclamou, ao ver Alexis. — Você nã o parece feliz em me ver — ele falou, sorrindo. — E como poderia? Todos os meus problemas começ aram quando o conheci. Pensei que tivesse dito que. . . — Nã o queria mais me ver — ele completou, tranquilamente. — Eu tentei, mas você parecia tã o deprimida. .. O que houve? Seu noivo nã o acreditou em você? — Ainda nã o falei com ele. — Ela reparou como Alexis atraí a a atenç ã o das mulheres que passavam. — Roger ficou ocupado o dia inteiro. — Entendo. Posso levá -la em casa? — Nã o, obrigada, Prefiro o ô nibus. — Você gostaria que eu falasse com Roger? — ele perguntou, inesperadamente. http: //www. adororomances. com. br/ 19 — Você. . você faria isso? — Rachel nã o podia acreditar. — Por que nã o? Eu me interesso por você. Nã o quero que sofra. — Nã o sei o que dizer — ela falou hesitante. Que homem imprevisí vel! — Me dê o endereç o dele e prometo ir até Já. Como você vê, sou tã o mau assim. — Kimbel Square, nú mero 11. Foi onde nos encontramos a noite. — Tem certeza de que nã o quer uma carona? — Tenho. Boa noite. — Estava frí o e ela se sentia cansac infeliz. A oferta dele era quase irresistí vel. Mas nã o devia ace Será que ele falaria com Roger ainda naquela noite? Qual seria o resultado do encontro entre os dois? Esse pensamento fez com que ela tremesse mais ainda. Charles Fleming chegou à s seis horas, como combinado. — Você parece cansada, Rachel. Tá é tempo de tirar umas fé rias querida. — Ela olhou para o pai com ar de dú vida. Talvez fosse injustiç a, mas a preocupaç ã o dele seria sincera? Conhecendo-o como conhcecia era tentada a dizer que havia alguma coisa por trá s daquilo. — Papai, gostaria que você fosse direto ao assunto. Desculpe, mas tive um dia muito difí cil. . . — É claro. Bem. . . eu... eu preciso falar com você sobre dinheiro. — Nã o se preocupe, se nã o puder me devolver já o que emprestei. — O assunto é mais sé rio. — Você precisa de mais dinheiro? — Rachel perguntou, resignac — Preciso de mais dinheiro do que você imagina. Mas nã o que um empré stimo. Preciso de capital. Na verdade, quero oferecer uma sociedade a Roger. — Papai! Você sabe que ele nã o vai aceitar. — Ela se levante agitada. — Por que você nã o faz um empré stimo em um banco? — Nã o é tã o simples assim. Preciso de muito dinheiro. — Quanto, papai? — Cinquenta mil libras. — Ele percebeu que a filha levou um susto. — Isto é urna migalha para Roger e pode ser a minha salvaç ã o. Queria que você falasse com ele. — Ná o posso, papai. É muito dinheiro e alé m disso nó s. .. bem eu e ele nã o temos nos entendido nos ú ltimos dias. — Nã o me diga que ainda é por causa daquela bobagem sobre o casamento — ele falou, gesticulando exaltado. — Nã o. É um outro problema... Alé m disso, nem sei quando vou vê -lo outra vez. — Querida, faç a isso por mim. Procure Roger. — Papai, você nã o sabe o que está me pedindo! — Qual é o problema? Você o ama, nã o é? Entã o vá até lá e faç a as pazes. — Está bem. — Ele nã o parecia disposto a entender ou mesmo se interessar pela situaç ã o dela. Mas aquele era seu pai, pensou resignada. — Prometo que vou procurar Ró ger amanhã ou depois. — Faç a isso o mais rá pido possí vel, meu bem, lá vou indo, para deixá -la à vontade. Boa noite. No dia seguinte, embora fosse sá bado, Rachel levantou-se bem cedo, tomou um banho e saiu. Preferiu ir a pé até o apartamento de Roger, pois assim teria tempo para refletir. Estava frio e a malha azul que ela usava combinava muito bem com seus cabelos negros e brilhantes. http: //www. adororomances. com. br/ 20 Quando chegou, a empregada de Roger recebeu-a e disse que ele estava dormindo. — Nã o se preocupe, srta. Stuart. Eu mesma vou acordá -lo. A empregada parecia embaraç ada. — Bem, senhora, para falar a verdade eu tenho ordens de nã o recebê -la. Rachel ficou vermelha, mas nã o desistiu. — É que nó s tivemos uma pequena discussã o. Mas vou acordá -lo e tudo ficará bem. Nã o se preocupe. — Está bem. Se a senhora se responsabiliza... A moç a atravessou o elegante living, e dirigiu-se ao quarto de Roger. Ele ainda dormia e Rachel abriu as cortinas. — Mas o que é isso? — Roger resmungou, Quando viu a noiva, sentou-se na cama. — Rachel! O que faz aqui? Dei ordens expressas para. . . — Sim, eu sei. Mas estou aqui para lhe explicar tudo. — Explicar o quê? Que você prefere Alexis Roche? — perguntou sarcá stico. Ele nã o significa nada para mim. — Você s dois me fizeram passar por idiota ontem. Como vo pô de, Rachel? Nunca pensei que você fosse capaz de me trair, — Nã o seja tolo! Me encontro com você quase todas as noitt Durante o dia estou trabalhando e quase nunca saio para aimoç í Como poderia encontrar outra pessoa? — Quem é ele, entã o? — Eu o conheci na semana passada, quando saí do seu apart mento. Pensei que eie estivesse se sentindo mal e ofereci ajuda. Roger parecia nã o acreditar. — Vamos, continue — falou. — Desde entã o ele nã o me deí xa em paz. Manda-me flores, telefona, me espera à saí da do escritó rio. Ele é muito insistente. — Você tem algum interesse nele? — Roger perguntou, em dú vida. — Claro que nã o! — A resposta tinha saí do meio sem convicç ã c mas Roger nã o percebeu. — Por que você foi embora ontem? — Você me deixou sozinha, no meio da festa, e se afastou con Vicky Young. — Mas Vicky e eu somos apenas amigos. — Eu acredito, Roger — E, fazendo um grande esforç o, ela con í inuou: — Você é capaz de me perdoar? — Acho que sim. — Ele estendeu a mã o para ela. — Venha cá, vamos fazer as pazes de verdade. — Beijou-a e ela se esforç ou para retribuir. — Meu amor, que saudades! — ele murmurou, conduzindo a mã o dela para o seu corpo. — Aqui, querida. Assim, isso é tã o bom! Algum tempo depois, Rachel foi para a sala onde estava arrumada a mesa para o café. Apesar da reconciliaç ã o, nã o eslava totalmente feliz. Depois de tantos meses de convivê ncia, a intimidade entre ela e o noivo continuava no mesmo ponto, o que a deixava insatisfeita sexualmente. Contra a vontade, reconheceu que Alexis tinha razã o: ela era inexperiente demais no amor. E Roger parecia querer que ela continuasse assim até o casamento. Quando ele apareceu, estava de ó timo humor e nã o notou que o mesmo nã o acontecia com ela. — falou, servindo-se de café, — Tudo estaria perfeito se você e mamã e pudessem chegar a um acordo. http: //www. adororomances. com. br/ 21 — Nã o se preocupe com isso. Pensei muito e resolvi aceitar a orientaç ã o de sua mã e. — Oue ó timo, Rachel! Por que nã o vamos até a casa dela par lhe dar a boa notí cia? — Como quiser — ela concordou, abatida. Terminaram o café e foram para a sala de estar. — Papai esteve comigo ontem — ela começ ou a falar, relutante. — Soube que você emprestou dinheiro a ele. Por que nã o me contou? — Nã o houve oportunidade. Mas como você descobriu? — Ele me falou, quando esteve no meu escritó rio quinta-feira. Você acredita que ele chegou a me pedir dinheiro? É claro que recusei. — Meus Deus! — Ela estava espantada,. — Papai deve estar em dificuldades mesmo. — O que é comum na vida de um jogador — Roger falou, com desdé m. — jogador? Você quer dizer que. . . — Tenho ouvido uns comentá rios a respeito. Dizem que ele tem jogado muito nos ú ltimos tempos. E perdido muito també m. — Pensei que ele estivesse precisando de dinheiro para resolver problemas na companhia. — Duvido. A falê ncia é praticamente inevitá vel. — Por que você nã o me contou? Nó s precisamos ajudá -lo. — Nã o quis deixar você preocupada e de qualquer modo, nã o podemos fazer nada. — Ele queria propor a você uma. . . sociedade. — Era só o que faltava! Ele deve estar louco! — Ou desesperado. Papai precisa de cinquenta mil libras para sair desse apuro. — Estava cada vez mais nervosa. — Ele me pediu que falasse com você. — Foi por isso que você veio? — Roger! È claro que nã o e você sabe disso. — É claro que sei, meu amor. — Ele a abraç ou com carinho. — Desculpe, é que tudo isso me deixa irritado, — Eu nunca me dei muito bem com ele, mas é meu pai! Nã o posso deixar que vá para a prisã o. — Os olhos dela transmitiam a afliç ã o que estava sentindo. — Nó s podí amos lhe emprestar o dinheiro. Que ideia absurda! — Roger perdeu o controle. — Ele é meu pai! — Rachel falou, suplicante. — E tenho o dever de fazer alguma coisa por ele. — Sinto muito, mas eu nã o posso fazer nada. Nã o era possí vel existir tanta falta de generosidade em seu noivo. — Vamos, querida — Roger tentava amenizar a dureza de suas palavras. — Vamos ver mamã e e cuidar de nossa vida, Talvez possamos decidir sobre a recepç ã o hoje mesmo. — Nã o! — Rachel, nã o me faç a perder a paciê ncia. — Sabe, à s vezes tenho a impressã o de que nã o o conheç o de verdade. Nunca imaginei que você desse tã o pouca importâ ncia aos meus sentimentos — falou magoada. Foram interrompidos pela entrada da empregada. — Com licenç a, sr. Roger. Está aí um certo sr, Alexis Roche. — Bom dia! — Alexis falou entrando logo atrá s dela. — Perdoe-me a invasã o, mas http: //www. adororomances. com. br/ 22 prometi a Rachel que viria. Por que tinha escolhido justamente aquele momento para ir até lá? — Pensei que tivé ssemos combinado que eu é que deveria falar com Roger — disse ele sem ligar para o desespero que havia nos olhos azuis dela.
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