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CAPITULO XI
Quando se aproximava de Jamaica Hill, Kate questionava sua decisã o de levar Joanne consigo. Nã o falara com Alex desde a noite em que haviam feito amor e, por isso, nã o sabia se aquele seria um bom dia para sua filha visitar o haras. Bem, a verdade era que cedera aos pedidos de Joanne justamente por isso. Temia que, ao longo daqueles dois dias, Alex houvesse se arrependido do que acontecera entre eles. Kate por sua vez, fora obrigada a admitir, apesar da relutâ ncia em fazê -lo, que estava perdidamente apaixonada por Alex Kellerman. Uma vez assumida essa verdade, decidira contar a ele toda a verdade. O que era mais uma razã o para a presenç a de Joanne. Nã o havia dú vida de que Alex ficaria furioso, mas Kate acalentava a esperanç a de que ele seria mais controlado na presenç a de uma garota inocente. Pela manhã, Kate pedira a Susie que fizesse as contas necessá rias para que sua ligaç ã o com Henry Sawyer fosse interrompida. Se Alex a demitisse, ela teria de voltar à s investigaç õ es das companhias de seguros. Alé m de tentar esquecê -lo, é claro. Kate avistou dois homens e uma mulher, todos desconhecidos, diante da propriedade. Os portõ es estavam fechados, o que nã o era normal. Diminuiu a velocidade, apreensiva ao perceber que os dois homens carregavam câ mera. — Joanne, saia do carro e abra o portã o. Nã o responda a qualquer pergunta — ordenou. Poré m, assim que Joanne saiu do carro, os repó rteres correram para Kate. — Você trabalha para Alex Kellerman? — Qual é a sua opiniã o sobre a descoberta das malas da sra. Sawyer? Kate empalideceu, mas, embora fosse tomada por grande curiosidade, manteve-se calada. Fechou a porta e atravessou os portõ es, imediatamente fechados por Joanne, que voltou para o carro com expressã o ansiosa. — O que está acontecendo, mamã e? — Bem que eu gostaria de saber. Se haviam encontrado as malas de Alicia, Alex certamente já fora interrogado. Kate sentiu um calafrio ao imaginar o que ele poderia ter descoberto. O trabalho no haras parecia normal, exceto por uma certa tensã o que pairava no ar. Entrou em seu escritó rio, acompanhada por Joanne, e encontrou o aquecimento ligado e a correspondê ncia empilhada sobre sua mesa. O telefone tocou antes que ela tivesse tempo de verificar se Guthrie encontrava-se na sala ao lado. Kate ficou alarmada ao ouvir a voz de Susie, pois a secretá ria tinha instruç õ es para nunca telefonar para o haras. — O que foi? — inquiriu, aflita. — A polí cia esteve aqui! — Susie informou-a, agitada. — Queriam falar com você e tive de dizer a eles onde encontrá -la. — Aqui? — Kate perguntou com voz trê mula. — Sim. Eu nã o podia fazer nada, Kate. Nã o podia mentir. — Claro — Kate concordou, a mente girando em disparada. Tinha de conversar com Alex antes que a polí cia chegasse. — Encontraram as malas da mulher. — Susie continuou: — Jogadas em uma lixeira. — Uma lixeira! — ela repetiu, horrorizada. — Meu Deus! Encontraram o corpo? — Ainda nã o — Alex respondeu com voz irô nica, da porta da sala de Guthrie. — Mas tenho certeza de que estã o convencidos de que é apenas uma questã o de tempo. Kate ficou petrificada, sem saber como falar com Alex, enquanto Susie continuava a balbuciar, histé rica, ao telefone. Quem salvou a situaç ã o foi Joanne. — Olá, sr. Kellerman — cumprimentou-o com um sorriso largo. — Espero que nã o se importe por eu ter vindo. Mamã e está falando com... uma amiga. Enquanto isso, Kate conseguiu desligar. — Fez bem em ter vindo, Joanne — Alex dirigiu-se à menina com voz mais suave. — Por que nã o vai conhecer os está bulos, enquanto converso com sua mã e? Está vendo aquele rapaz? O nome dele é Billy Roach. Se disser a ele quem você é, ele lhe mostrará tudo, com prazer. Joanne hesitou, lanç ando um olhar ansioso para a mã e. — Tudo bem, mamã e? — Sim. Vai gostar de Billy. É um bom rapaz e sempre foi muito simpá tico comigo. Alex voltou para a sala de Guthrie. — Pode vir até aqui, srta. Hughes? — Mamã e... Joanne captara a tensã o reinante e continuava hesitando em sair, mas Kate sabia que nã o poderia envolvê -la em seus problemas. — Pode ir — garantiu. — Divirta-se. Ainda relutante, a menina saiu, e Kate entrou na sala de Guthrie, onde Alex olhava pela janela, como da ú ltima vez em que haviam conversado ali. — Sente-se — ele ordenou. — Quem a contratou? — Henry Sawyer — Kate conseguiu responder, apesar do tremor que a sacudia. — Espera que eu acredite nisso? — ele inquiriu, virando-se para ela com as feiç õ es contorcidas pelo ó dio. — E a verdade — ela insistiu, tentando disfarç ar o medo. — Ele me disse que a esposa havia desaparecido. Achei que seria uma investigaç ã o simples e rá pida. — Bem, nã o me parece que você tenha feito por merecer seus honorá rios. Imagino que ele tenha pago pelos seus serviç os. Sempre me perguntei como você sobrevivia com o que ganhava aqui. Kate suspirou. — É um trabalho como qualquer outro, Al... sr. Kellerman, sim, ele me pagou. — Nã o muito, imagino. Você nã o obteve grandes sucessos em sua... investigaç ã o. — Nã o. Eu disse ao sr. Sawyer que nã o sabia para onde a esposa dele foi, ao sair daqui, mas trabalhei para justificar o dinheiro que recebi. — Como? Seduzindo o se cliente? — Nã o! — Kate protestou, corando. — Cobro cem libras por dias, mais as despesas. Algumas pessoas gostam do meu trabalho. Alex franziu o cenho. — Está dizendo que Sawyer lhe pagou tudo isso, para procurar pela esposa dele? — Sim. É o preç o de mercado. Expliquei a ele, antes de aceitar o caso. — E ele pagou? — Sim. — Onde Sawyer conseguiu tanto dinheiro, se está desempregado? — O que está tentando dizer? Que algué m usou Sawyer e deu o dinheiro a ele? — O que você acha? — Alex inquiriu em tom rude, mas entã o curvou os lá bios com desdé m. — Ora, eu já ia me esquecendo que você també m faz parte do plano. Provavelmente, sabe muito bem quem financiou esta pequena conspiraç ã o. Mas sou obrigado a admitir que ningué m desconfiaria, depois de tê -la visto diante dele, na semana passada. Kate levantou-se de um pulo. — Acha que seu sogro está por trá s de tudo isso? — Quem mais? — Eu nunca tinha visto aquele homem antes! — Kate defendeu-se. — Eu nã o estava conseguindo nada com à investigaç ã o e Sawyer me mostrou o anú ncio do emprego aqui e sugeriu que eu me candidatasse. — Por quê? — Bem, ele disse que você e Alicia tiveram um caso. Disse que viviam felizes, até ela vir trabalhar aqui. — E você acreditou — Alex concluiu, sacudindo a cabeç a. — Eu nã o tinha motivos para nã o acreditar. Na ocasiã o, você era um estranho para mim. — Um estranho acusado de ter matado a pró pria esposa — ele lembrou com amargura. — Ah, imagino quanto você e Sawyer tenham se divertido, enquanto conversavam sobre o que acontecia aqui. — Nã o é verdade! Eu nunca disse nada sobre você. Provavelmente, foi por isso que ele ameaç ou pedir o dinheiro de volta. Alex, precisa acreditar em mim. Eu ia abandonar a investigaç ã o, hoje. Ele emitiu um som rude. — Como posso acreditar nisso? — E a pura verdade. Eu tinha esperanç a de que você me perdoasse. Depois do que aconteceu entre nó s... — Está falando do sexo que fizemos? — Alex interrompeu em tom cruel. — Por favor, nã o vá se comprometer por minha causa. Lembre-se de que tem apenas a minha palavra de que nã o tive um caso com Alicia. Talvez esteja mentindo. Talvez a tenha matado. — Segurou-lhe o queixo e beijou-a com violê ncia. — Encare os fatos, Kate. Você nunca vai saber a verdade. — Ah, eu nã o concordo — declarou uma voz masculina, extremamente desagradá vel. — Aqui estou eu de novo, sr. Kellerman, muito antes do que imaginei. Mas nã o precisa se preocupar, pois desta vez, vim para interrogar a srta. Hughes. — Tenho certeza de que nada que o senhor faç a, poderia me preocupar, inspetor — Alex replicou com insolê ncia. — E, se me der licenç a, tenho muito o que fazer. Uma sombra apareceu na porta do escritó rio, quando Kate recolhia seus pertences. Por um momento, desejou que fosse Alex, arrependido das acusaç õ es que fizera antes. Era difí cil aceitar que ele considerasse o que acontecera como sexo, simplesmente. Temia que ele fizesse alguma loucura, como procurar Conrad Wyatt e acusá -lo de estar envolvido no desaparecimento de Alicia. Nas atuais circunstâ ncias, Alex nã o poderia dar à polí cia qualquer motivo para que pensassem que ele era um homem violento. Infelizmente, nã o era Alex quem chegava, mas sim a sra.. Sheridan. — Se está procurando pelo sr. Kellerman, ele nã o está aqui, sra. Sheridan — Kate informou, sem preâ mbulos. — Eu sei. — Lacey entrou e fechou a porta atrá s de si. — Era com você que eu queria falar. Alex saiu e a sra. Muir nã o sabe a que horas ele vai voltar. Alex saí ra! Teria ido a Wyvern Hall? Kate mal pô de conter a afliç ã o. Notou que Lacey olhava em volta, examinando cada detalhe do escritó rio. Era uma mulher bonita, mas bem mais velha do que tentava parecer. — Você vai embora? — Lacey perguntou, apontando para a caixa onde Kate guardava seus pertences. — Exatamente — Kate respondeu, impaciente. — Por que nã o diz o que quer? Como vê, estou muito ocupada, no momento. — Imagino que Alex tenha demitido você. — Nã o exatamente — Kate corrigiu, corando. — Está tentando dizer que está saindo por livre e espontâ nea vontade? Acho difí cil acreditar, depois do que ele me disse, ontem à noite. Era evidente que Lacey esperava que Kate perguntasse o que Alex dissera, mas ela nã o daria tamanha satisfaç ã o à outra. — Que diferenç a faz? — indagou. — Foi para isso que veio, sra. Sheridan? Para se certificar de que estou deixando o haras? — Nã o. Vim lhe dar um aviso. Se você se importa com Alex, aceite o meu conselho e fique longe dele. — Está me ameaç ando? — Kate inquiriu, empinando o queixo. i — Nã o, só estou avisando. Alex e eu nos conhecemos há muito tempo e nã o tenho a menor intenç ã o de permitir que uma secretariazinha se coloque entre nó s. Estou dizendo, srta. Hughes, que Alex e eu somos amantes. Para alí vio de Kate, Joanne entrou naquele exato momento. — Olá, mamã e! — cumprimentou-a, animada. — Você nã o imagina o que Billy disse... Parou de falar ao perceber que a mã e nã o estava sozinha. Lacey lanç ou-lhe um olhar irritado. — Nã o a ensinaram a bater na porta, antes de entrar? — inquiriu. Por um momento, Joanne mostrou-se hesitante, mas ao perceber a expressã o tensa da mã e, assumiu uma postura insolente e, pousando as mã os na cintura, respondeu: — Nã o, ningué m me ensinou isso. E este escritó rio é do sr. Kellerman, nã o seu. Portanto, nã o tem o direito de me dizer o que fazer. Kate chegou na agê ncia na hora do almoç o. Susie fora encontrar o namorado e foi um alí vio poder ficar sozinha, em sua sala. Que dia! Que pesadelo! A ú nica coisa boa fora a resposta de Joanne a Lacey Sheridan. Embora houvesse reprovado a atitude da filha, fora bom ter algué m para defendê -la, depois de tudo o que Kate ouvira de Alex. O pior fora ouvir Lacey Sheridan declarar que era amante de Alex, pois isso significava que ele nã o descrevera a noite de amor que haviam partilhado, como sendo apenas sexo apenas pela raiva que sentia no momento. Fora a mais pura verdade. Ofendida pelas palavras de Joanne, Lacey se fora, ameaç ando contar tudo a Alex, mas isso nã o importava, agora. Kate perguntou-se se a amante de Alex havia ameaç ado Alicia, també m. Isso explicaria a partida precipitada da secretá ria, sem nem deixar um endereç o para contato. O interrogató rio do inspetor Rivers també m nã o fora nada agradá vel. Kate nã o gostara dele, nem das perguntas que ele fizera. Por outro lado, nã o o ajudara, pois tudo o que tinha a dizer era o que já dissera a Alex. Desanimada, abriu a gaveta e retirou a pasta onde guardava todas as informaç õ es referentes ao caso de Alicia. Quando mexia nos papé is, a fotografia de Alicia caiu no chã o. Kate abaixou-se para apanhá -la e já voltava a guardá -la, quando algo a intrigou. Examinou a foto de perto. Era antiga e um tanto borrada, dando apenas uma idé ia da aparê ncia da mulher. Voltou a abrir a gaveta e apanhou a lente de aumento que seu pai costumava guardar ali. Entã o, voltou a examinar a fotografia, agora mais clara a seus olhos. Imediatamente, foi tomada pela sensaç ã o de que já vira aquele rosto, em outro lugar. Estaria imaginando coisas? Estaria sua memó ria apenas lhe pregando uma peç a, depois de tanto examinar a fotografia, ao longo das ú ltimas semanas? Nã o. Aquele rosto era familiar. Kate o vira recentemente, embora só conseguisse lembrar-se da ida ao supermercado, quando encontrara a sra. Muir, e do dia em que acompanhara Alex até Wyvern Hall, para apanhar Rachel. Wyvern Hall! Kate prendeu a respiraç ã o, atô nita. Fora lá que vira Alicia. A mulher que a observara da janela, com expressã o hostil, nã o fora a sra. Wyatt, mas sim, Alicia Sawyer!
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