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CAPÍTULO XI



CAPÍTULO XI

 

Sophie sentou-se à beira da piscina, pondo os pés na água. Olhou suas pernas esguias e arrependeu-se de ter se pesado na balança de Harriet Tarrant naquela manhã. Até então conseguira se convencer de que sua perda de peso era insignificante, mas agora sabia que as coisas não eram exatamente assim. Suas roupas balançavam em seu corpo, porque ela havia emagrecido peio menos cinco quilos desde que regressara a Corfu, há menos de um mês.

Passou impacientemente as mãos nos cabelos. Aqueles últimos dias, desde que Harriet tinha viajado, se arrastavam. Não tinha com o que ocupar seu tempo. Acabara o trabalho que Harriet tinha deixado em dois dias, mesmo ao custo de trabalhar várias horas suplementares. Desde então, perambulava inquieta pela villa, incapaz de livrar-se dos pensamentos que a atormentavam.

Quando regressara a Corfu, após a atormentada entrevista com Robert e a descoberta da mentira de Emma, sentira-se entorpecida, mentalmente paralisada. Disse a Harriet que Robert iria sarar e entregou-se automaticamente a seu trabalho.

Harriet fora maravilhosa. Comportara-se como se nada houvesse acontecido, não fizera perguntas. Rodeada por uma atmosfera cálida e simpática, Sophie não conseguiu fugir muito mais tempo à realidade. A medida que os dias prosseguiam e que o gelo do seu coração derretia, novas reações desabrochavam. Tivera de confessar a Harriet a verdade do que realmente acontecera durante a sua visita a Conwynneth, e esta, pela primeira vez, não dissera nada de construtivo.

E assim aquela semana terrível transformara-se em duas, em seguida em três... Sophie percebia freqüentemente que Harriet a observava, mas sua compreensão da situação era tamanha que

Sophie não sentia necessidade de ocultar seus sentimentos.

No entanto, apesar de a mente ser capaz de absorver a dor que ela sentia, o corpo era menos resistente. Sophie tentava comer, mas seu apetite era praticamente inexistente. Mas viver era uma coisa e permanecer com saúde outra, completam ente diferente. As tensões a estavam privando de todo o vigor.

Com uma exclamação que beirava o autodesprezo, Sophie mergulhou na água morna da piscina. Se tivesse vivido um século antes, pensou com impaciência, diriam que ela estava definhando a olhos vistos. Será que ela, uma mulher emancipada do século vinte, deixaria semelhante coisa acontecer? O tempo curaria tudo. Já conseguia recapitular sem muita angústia as palavras que Robert lhe dissera. Se o espírito podia absorvê-las, por que deveria a carne ser tão fraca? Lembrava-se de um antigo provérbio espanhol: "Leva tudo o que quiseres, disse Deus. Leva, mas paga". Bem, era a sua vez de pagar.

Almoçou a sós no pátio e refugiou-se no frescor de seu quarto, para se abrigar do calor opressivo. Apesar de não ter o hábito de dormir àquela hora, era impossível suportar a temperatura elevada. Tinha freqüentes dores de cabeça e compreendeu que eram resultado da alimentação precária.

Estava deitada quando ouviu o barulho de um carro que se aproximava. Harriet estava de volta! Graças a Deus!

Levantou-se da cama e vestiu-se rapidamente. Escovou os cabelos às pressas e saiu correndo em direção à frente da casa, onde o carro de Harriet estacionava.

— Oh, que bom que a senhora voltou... — começou a dizer no momento em que Harriet saltava do carro, mas interrompeu-se ao ver que seu pai a acompanhava. — Papai! — Atônita, olhou para ambos. — Papai, aconteceu alguma coisa?

— Não, não, Sophie! — O dr. Kemble a abraçou. — Não aconteceu nada de grave, trate de se acalmar, — Beijou-a rapidamente e contemplou a villacom admiração. — Mas que lugar maravilhoso, não? A sra. Tarrant não exagerou.

— Vamos entrar? — Harriet sorriu para Sophie, ignorando a interrogação muda de seus olhos. — Lá dentro está mais fresco; vou pedir a Nana para nos preparar chá.

Sophie entrou na sala ladrilhada de mármore. Cerrou os punhos e indagou:

— Mamãe... veio com você?

— Não, Sophie, ela ficou em Penn Warren. Simon voltou para a escola e alguém tinha de ficar tomando conta de Robert.

— Não entendo, papai...

— Você não está com boa aparência, Sophie — comentou.

— A sra. Tarrant me disse que você não está comendo.

— Por que foi que você veio, papai?

— Fui eu quem o convidou. — Harriet voltara da cozinha.

— Não quer sentar-se, Sophie?

Sophie acomodou-se, olhando-os com expectativa.

— Por favor, fale — suplicou. — Não havia razão para você vir.

Harriet fez um gesto com a cabeça.

— Havia, sim. Seu pai tem algo a lhe comunicar.

— Mas de que se trata, afinal?

O dr. Kemble inclinou-se para ela.

— Vim... vim lhe dizer que acho que sua madrasta e eu nos enganamos. Talvez não deveríamos ter proibido... Robert de ligar-se a você.

Sophie ficou atônita.

— O quê?

Seu pai suspirou.

— Sophie, não torne as coisas mais difíceis. Eu... acabo de reconhecer que talvez nos tenhamos enganado. É difícil saber o que mais posso dizer.

Sophie levantou-se.

— Agora é tarde demais para dizer o que quer que seja, não? O dr. Kemble olhou para Harriet e esta sacudiu a cabeça.

— Nunca é tarde, Sophie.

— É tarde, sim! Você... sabe como Robert se sente.

— Sei, sim. E você? Sophie prendeu a respiração.

— Que quer dizer?

— Sophie... — Seu pai voltou a falar. — Sophie, depois que você deixou a Inglaterra, Robert pediu para vê-la.

— O quê? — Sophie encarou-o.

— É verdade.

Sophie tentava compreender.

— Mas... por quê?

O dr. Kemble mudou de posição.

— Sua madrasta lhe contou que você havia voltado para a Grécia.

— Mas por que ele haveria de querer me ver? Seu pai voltou a suspirar.

— Não me compete dizer.

— E quando... quando ela disse que eu tinha partido? Qual foi a reação?

— Ele imaginou... ele imaginou...

— Ele imaginou que você não queria mais vê-lo — informou Harriet.

Sophie arfou, olhando seu pai sem poder acreditar no que estava ouvindo.

— E você deixou que ele pensasse isso?

— Foi a solução mais fácil. — Seu pai enxugou a fronte com o lenço. — Sophie, você bem sabe como eu e sua madrasta sempre nos sentimos em relação a você e a Robert...

— Oh, papai! — Sophie sentia-se fisicamente mal. Enchia-a de horror imaginar as reações de Robert no momento em que descobriu que ela regressara a Corfu sem fazer qualquer outra tentativa de ir vê-lo. O que mais agravava o fato era que ninguém tomara a iniciativa de explicar-lhe as razões de seu comportamento. Teria pensado que ela ficara horrorizada com sua aparência? — Oh, papai, como foi fazer uma coisa dessa?

— Sophie, Robert estava no hospital, enfraquecido e apático. Laura achava que quando ele levantasse e pudesse reavaliar...

Sophie levantou-se de repente e afastou-se de seu pai.

— E então por que você veio até aqui? — perguntou inquieta. — Para eximir-se de qualquer culpa, caso tudo isto venha a ser esclarecido mais tarde?

O dr. Kemble parecia derrotado.

— Não, Sophie, não foram estas as razões. Vim porque a sra. Tarrant esteve em Penn Warren e contou a verdade a Robert. Ele não tinha a menor condição de fazer esta viagem sozinho.

— O quê? — Sophie mal conseguia respirar. Sentiu um aperto na garganta. Olhou incredulamente para seu pai e em seguida voltou-se para Harriet. — Quer... quer dizer... que Robert está aqui? Em Corfu? Na villa?

— Não, Sophie — disse Harriet. — Ele está na cidade, em um hotel. Se quiser vê-lo, terá de ir até lá.

— Se... eu quiser... vê-lo! — As lágrimas afloraram aos olhos de Sophie. — Meu Deus, é claro que quero vê-lo!

— Foi o que eu lhe disse — observou Harriet com toda calma— mas receio que ele ainda esteja um tanto suscetível em relação à sua aparência...

— Levem-me até ele! — Sophie não fez o menor esforço por disfarçar a violência de seus sentimentos. — Oh, por favor, levem-me agora!

O dr. Kemble estava a ponto de levantar-se, mas Harriet impediu-o.

— Eu a levarei — declarou com firmeza. — Voltarei em seguida e tomaremos chá.

O percurso da villa até a cidade jamais parecera tão interminável para Sophie. Sentia-se tensa diante das emoções há tempo reprimidas e Harriet foi suficientemente sensata para não obrigá-la a falar. Entretanto, assim que pararam diante do hotel, Sophie voltou-se para ela e agarrou-Lhe a mão.

— Obrigada — disse, em meio às lágrimas. — Não sei como, mas algum dia haverei de retribuir tudo isto.

— Limite-se a ser feliz, minha querida — disse Harriet com ternura, um tanto emocionada. — E lembre-se, seus pais a amam de verdade, por mais que lhe custe acreditar.

Sophie assentiu, beijou-lhe impulsivamente o rosto e saiu do carro. Indagou na recepção onde era o quarto de Robert e subiu apressadamente as escadas até o segundo andar. Bateu à porta. Não tinha coragem de girar a maçaneta e entrar. Finalmente a porta se abriu. Bastou olhar para o rosto cansado de Robert para entender o porquê da demora. Ele obviamente estivera repousando e tirara a roupa, para refrescar-se no chuveiro. Seu cabelo ainda estava molhado e amarrara uma toalha em volta da cintura. Os pontos haviam sido removidos do rosto e apenas as cicatrizes permaneciam.

— Alô, Robert — cumprimentou, muito sem jeito. — Será... será que o incomodei?

Robert a olhava, como se não pudesse despregar os olhos dela. Fez um gesto, indicando que ela entrasse. Não havia tapetes no assoalho coberto de lajotas e o quarto era mobiliado apenas com uma cama antiga e um guarda-roupa. As roupas de Robert estavam espalhadas pela cama e no chão estava a mala meio aberta. Sophie percebeu tudo isto ao mesmo tempo que sentia intensamente a presença de Robert atrás dela.

Voltou-se. Ele estava diante da porta, que fechara, e ela sentiu que ele estava igualmente tenso.

— Como é que você vai, Robert? — indagou com voz trêmula.

— Muito melhor, obrigado — disse ele tocando as cicatrizes. — Como vê, isto ainda está uma lástima.

— Não é importante, contanto que você esteja bem.

— E você? Parece pálida. Esperava encontrá-la bem disposta, cheia de saúde.

— Oh, estou bem. Eu... estive trabalhando...

— É mesmo? — Amarrou a toalha com mais firmeza em volta da cintura. — Devo ir para o Canadá em seis semanas.

— Então não rescindiram seu contrato?

— Não.

Pareciam dois estranhos trocando notícias. Sophie cerrou os punhos.

— Meu... pai disse... que você queria me ver.

— Sim. — Robert passou a mão pelo cabelo. Sophie demonstrava inquietação.

— Bem... cá estou.

— Eu sei. — Mesmo assim Robert não fez o menor gesto de aproximação. — Queria conversar com você sobre Emma.

— Não é preciso.

— É preciso, sim. — A voz de Robert ficou tensa. — Ela lhe disse que nós dois vivíamos juntos em Londres? — Sophie fez que sim e ele sacudiu a cabeça. — Não é verdade. Ela dividia um apartamento com mais duas amigas.

— Não tem importância.

— Claro que tem. — Robert cerrou os punhos. — Também devo lhe dizer que jamais fomos para a cama. — Sophie prendeu a respiração e virou o rosto. — Oh... ela bem que queria. Mas eu sabia que não seria o primeiro e certamente não seria o último. Não a amava; só conseguia pensar em você. Sabia que ela não podia estar grávida de mim, mas você acreditou nela. Foi isso que me magoou e me deixou desiludido.

— Mas ela disse que...

— Posso imaginar. Ela achava que se conseguisse provocar um conflito entre nós, eu voltaria para ela.

— Entre... nós?

— Oh, meu Deus! Claro, entre nós — murmurou, tomando-a no braços. — Não sei se é por isto que você está aqui! — prosseguiu, enterrando o rosto na curva suave de seu pescoço.

— Meu Deus, não consigo suportar mais, Sophie...

Sophie estremeceu no momento em que seus braços rodearam-lhe a cintura. Seu corpo era rijo e estava ligeiramente úmido e ela abandonou-se a ele completamente.

— Pensei que nunca chegaríamos a isto — ela cochichou provocativamente.

Ele a conduziu para a cama. A toalha deslizou e não havia mais nada entre ela e aquela carne que a solicitava. Era maravilhoso, depois de toda a dor e humilhação, sentir aquele peso sobre seu corpo, aquela boca que lhe explorava o rosto, lhe percorria os seios, acariciando-a com sensualidade.

Em determinado momento ele a afastou e ficou deitado de costas, apoiado no cotovelo, olhando-a com malícia.

— Oh, Sophie — murmurou —, veja só o que você está fazendo comigo!

Sophie deitou-se a seu lado, pressionando a musculatura de seu estômago.

— E que atitude você pretende tomar?

— Que atitude você quer que eu tome? — Voltou-se para ela.

— Você suportará ver meu rosto neste estado a cada manhã, quando acordar? Ou devo deixá-la cursar a universidade, como seu pai esperava, e fazer uma cirurgia plástica em sua ausência?

Sophie abraçou-o.

—Você... não está querendo forçar uma situação, não é mesmo?

— Sophie, tudo o que quero é você. Eu a amo.

— Mas você me mandou embora quando fui vê-lo no hospital

— relembrou ela, acariciando suas cicatrizes com os lábios.

— Não me faça lembrar disso! — Ele suspirou. — Sophie, aquela noite em seu quarto, quando seu pai contou aquela história absurda e você acreditou, eu... eu quase perdi a cabeça. Então... quando voltei no outro fim de semana e vi que você ia viajar para Corfu, eu só queria era fugir.

— Fugir da vida? — perguntou ela.

— Sim. — Sacudiu a cabeça, — Reconheço que o acidente aconteceu por culpa minha. Só mais tarde compreendi que tolice teria sido eu me suicidar. Então, quando você foi me ver e disse que casaria comigo qualquer que fosse o estado de Emma, fiquei zangado, furioso. Queria perguntar por que você não tinha dito isto antes, por que não me deu a oportunidade de explicar... Mas depois que você partiu, comecei a me lembrar de como nossos pais podiam ser convincentes. Recordei-me de como tinha me comportado quando você voltou do internato. Foi por isso que pedi para vê-la novamente. Quando me disseram que você tinha voltado para cá, perdi todas as esperanças.

— Oh, Robert! — Enterrou o rosto em seu pescoço. — E agora?

— Agora? Agora estou aqui...

— Graças à sra. Tarrant.

— Sim, graças à sra. Tarrant. Sophie franziu o cenho.

— O que foi que ela disse a meu respeito? Robert sorriu.

— Você bem que gostaria de saber, não é?

— Diga-me!

Ele olhou-a nos olhos.

— Ela disse que você estava se consumindo de amor por mim! — Ele falava em tom de brincadeira, mas havia seriedade em seus olhos. — Era verdade?

— E você não sabe?

Ele deu um amplo sorriso.

— Sim, agora acho que sei.

— Posso ir para o Canadá com você?

— Primeiro casará comigo.

Sophie, entusiasmada, fez que sim e suspirou.

— Sua mãe... é capaz que ela ainda não concorde. Queria que você casasse com Emma.

— Emma perdeu todo cartaz há algumas semanas, como você, aliás, deve saber. — Robert tomou-a novamente nos braços. — Ela acabará se acostumando. Os meses que passaremos no Canadá darão a ela tempo de adaptar-se. E sempre há o recurso de darmos a ela um neto, o que a manterá bastante ocupada...

 

 

F I M

 



  

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