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CAPÍTULO III



CAPÍTULO III

 

As duas semanas que se seguiram foram pródigas de acontecimentos. O dr. Kemble viu-se às voltas com casos inesperados de sarampo e caxumba e Sophie ia com ele quase todas as manhãs para o consultório a fim de ajudar a sra. Lewis, sua enfermeira, a distribuir pílulas e remédios. Sentiu-se contente, pois aquela ocupação distraía seus pensamentos e permitia que ela passasse mais tempo na companhia do pai e menos na de seus meio-irmãos. Robert, ao que tudo indicava, tirara umas breves férias antes de voltar para seu trabalho no norte de Gales, mas raramente estava em casa e Sophie não tinha coragem de perguntar aonde ele ia ou o que estava fazendo. Simon, por outro lado, parecia satisfazer-se em não se ocupar com nada, feliz com as férias. Aparecia freqüentemente no consultório, na hora do café, com desculpas um tanto esfarrapadas, dizendo que gostava demais do jeito como a sra. Lewis preparava o café.

Mais para o fim da segunda semana, Simon teve de ir a Hereford para sua mãe e no final daquela manhã Sophie deixou o consultório mais cedo, voltando a pé para casa. Ainda não tivera muito tempo de procurar suas antigas amizades na aldeia e gostava de perambular pela praça principal, jogando migalhas de pão para os patos no lago. Conwynneth era um lugar agradabilíssimo, sobretudo naquelas manhãs quentes de verão. Os bangalôs ao redor do parque competiam um com o outro para ver qual era o mais colorido. Os jardins estavam repletos de rosas, lírios, ervilhas-de-cheiro e gerânios, trepadeiras a emoldurar portas e janelas, e girassóis enormes dando uma nota inesperadamente rústica àquela paisagem tão bem ordenada. Sophie não se lembrava de ter-se sentido tão bem ultimamente.

Caminhava pela estrada irregular que levava à sua casa quando um carro diminuiu a marcha e pôs-se a andar ao lado dela. Para sua grande surpresa reconheceu John Meredith ao volante.

— Olá, Sophie — ele disse, debruçando-se para fora da janela. Seus olhos demonstravam com bastante eloqüência o prazer que ele sentia ao contemplar seu corpo esbelto.

— Olá, sr. Meredith — ela respondeu, parando e cobrindo os olhos do sol. — Que linda manhã, não?

— Linda — ele concordou, mas não estava contemplando o dia...

Sophie sentiu-se pouco à vontade.

— Estava indo para casa. Faz calor e estou morta de vontade de tomar algo gelado.

— Até parece um convite! — ele observou, abrindo a porta. — Eu também gostaria muito de uma bebida gelada.

— Não tive a intenção de... isto é... Claro, se quiser uma cerveja, minha mãe terá o maior prazer em servi-lo.

John sacudiu a cabeça.

— Desculpe, Eu me exprimo mal. O que eu quis dizer na verdade é... Permite que eu a convide para beber algo?      

Sophie começou a sacudir a cabeça.

— Ainda não tenho dezoito anos... Ele sorriu.

— Minha casa não fica muito longe. Venha comigo, vamos tomar uma cerveja. — Fez uma pausa. — Não gostaria de nadar? Meu pai construiu uma piscina no ano passado.

Sophie não sabia o que dizer. Seu convite era tentador, mas ela mal o conhecia. O fato de Robert ser seu amigo não era suficiente recomendação.

— Terei... de consultar minha mãe — ela disse finalmente.

— Muito bem. — John não perdeu a gentileza. — Entre no carro e eu a levarei até sua casa. Chegando lá você pode pegar o maiô.

— Tem certeza de que ela me dará permissão, não é mesmo? — comentou Sophie secamente, entrando no carro.

John sorriu para ela.

— Por que não? Se meu convite fosse suspeito, eu não a levaria até em casa, não é mesmo?

Sophie teve de admitir que ele estava certo e dentro de alguns minutos saltou do Jaguar e entrou correndo em casa. A sra. Forrest, a diarista, estava arrumando o hall, e Sophie perguntou:

— Onde está mamãe, sra. Forrest?

— Foi até Hereford com o sr. Simon, senhorita. Não queria ir, mas acabou decidindo no último minuto. Por quê? É alguma coisa importante?

Sophie reprimiu um suspiro de impaciência.

— Oh, não, não é importante. — Mordeu o lábio. — E Robert? Ele está?

— Não, senhorita. Estou sozinha em casa. Já tomou café? Quer que eu lhe faça?

— Oh, não, não. Eu tomei café com meu pai, lá no consultório. Vim apenas para pegar o meu maiô.

— Seu maiô? — A sra. Forrest sacudiu a cabeça. — Vai tomar banho de sol? Tome cuidado para não se queimar demais.

Assim que tomou sua decisão, Sophie subiu para o quarto.

— Não se preocupe, sra. Forrest — gritou.

Quando entrou no carro, alguns minutos mais tarde, usava um biquíni sob a blusa e o jeans e carregava uma toalha.

— Tudo bem? — perguntou John. Sophie hesitou.

— Sim, tudo bem.

Nunca estivera no castelo e a perspectiva a deixava muito excitada. Já ouvira falar a respeito, claro. Os Meredith eram vistos como os fidalgos locais e tudo o que faziam era muito comentado. Visitar o castelo sozinha era uma grande novidade e olhou à sua volta, interessada.

O castelo era uma edificação de pedras amareladas e refletia os estilos arquitetônicos de diversos períodos. A planta original datava dos fins do século XVII, mas os sucessivos proprietários haviam modificado a tal ponto sua aparência que agora ele não se encaixava em nenhum período específico. Mesmo assim, era uma construção muito atraente, com numerosas janelas e balcões dando para o bosque que o rodeava.

John parou o carro ao lado da casa e quando Sophie desceu ele já estava ao lado dela.

— Por aqui — disse, guiando-a por uma pequena alameda que corria por entre arbustos e dava para os fundos da casa. — Ao que parece, Verônica e seus amigos já estão na piscina.

Sophie sentiu-se um tanto relutante. Nunca fora apresentada a Verônica Meredith, e a perspectiva de conhecer a irmã de Johm e um grupo de pessoas que jamais vira deixava-a pouco à vontade

— Talvez seja melhor eu ir embora... — gaguejou muito sem jeito, porém John voltou-se e segurou-lhe a mão.

— Por quê? — indagou em tom de desafio. — Você não está com medo de ficar conhecendo gente, não é?

— Não, mas... — Sophie fez um gesto de impotência. Era difícil explicar; não era sua namorada e não tinha o direito de estar em sua companhia. — E Joanna? — conseguiu dizer

John deu aquele seu sorriso tão característico. — Deixe que eu me preocupe com Joanna, está bem? — ele sugeriu, levando-a até um pátio iluminado de sol.

A piscina era toda revestida de azulejos azuis e o sol brilhava. Alguns jovens se divertiam na piscina e em redor dela havia numerosas espreguiçadeiras e mesinhas laqueadas de branco, dando ao ambiente uma aparência quase tropical. Todos chamaram por John, ao mesmo tempo que percorriam Sophie com o olhar.

— Primeiro um drinque — comentou John, soltando sua mão e dirigindo-se para uma mesa no terraço, que ocupava todo o fundo da casa. — O que quer tomar? Cerveja, uísque, refrigerante?

Sophie olhou a quantidade de garrafas que se espalhavam pela mesa.

— Oh... acho que um refrigerante.

John continuou a sorrir para ela enquanto abria a garrafa e a estendia para Sophie. — Quer copo ou canudinho?

— Pode deixar que eu me ajeito — respondeu Sophie, incapaz de resistir a seu sorriso. Ele abriu uma garrafa de cerveja, levando-a aos lábios e bebendo, cheio de sede.

Sophie estava copiando seu exemplo quando notou que uma garota, alguns anos mais velha que ela, saía da piscina e aproximava-se deles. Olhou curiosamente para Sophie, concedeu um breve sorriso de boas-vindas e voltou-se para John.

— E então? — interpelou-o. — Por onde foi que você andou? John jogou a garrafa vazia no cesto de lixo.

— Oi, Ronnie. Permita apresentar-lhe a irmã de Rob, Sophie. Sophie, está é minha irmã, Verônica.

Verônica estendeu a mão molhada mas retirou-a imediatamente. — Desculpe, estou encharcada. Olá, Sophie. Você acaba de sair da escola, não é mesmo?

—Terminei o colégio — declarou Sophie, sem muito entusiasmo.

—É mesmo? — Verônica não se exprimia com muito calor.

olhou à sua volta. — Você conhece toda a turma, não é mesmo, John? Apresente Sophie a todos. — Fez uma pausa. — Antes que eu me esqueça, Joanna telefonou. Acho que ela esperava que você a levasse para almoçar.

Os lábios de John se comprimiram.

— Tem certeza, Ron?

Para grande surpresa de Sophie, Verônica ficou rubra.

— Bem, ela telefonou — declarou irritada. — Espero que volte a telefonar.

— Espero que sim — concordou John em tom amistoso. Olhou para Sophie com firmeza e perguntou: — Está com vontade de nadar ou quer mais uma bebida?

Sophie olhou muito sem jeito para Verônica e com uma exclamação de impaciência esta se afastou.

— Acho que sua irmã não está gostando muito — murmurou, pouco à vontade.

John estendeu a mão e ajeitou uma mecha do seu cabelo sedoso.

— Quer saber de uma coisa? — perguntou. — Estou pouco ligando.

Os demais convidados não estavam tão preocupados com o comportamento de John. Era divertido brincar na piscina e, apesar de inicialmente a água estar fria como gelo, Sophie acostumou-se rapidamente. As pessoas se chamavam pelos nomes e de vez em quando Sophie notava que os jovens faziam comentários a seu respeito. Ela estava gostando da brincadeira e não se importava. Sempre vivera entre rapazes e moças e não sentia a menor dificuldade em comunicar-se com o sexo oposto.

Seu cabelo gotejava e ela não tinha a menor idéia de que horas seriam quando notou aquela figura no meio do pátio, fitando-os. Era um homem alto e esguio, usava um elegante terno cinza e seus traços eram firmes. Era Robert e, no mesmo instante, a autoconfiança dela desapareceu. John também o vira, pois saía da piscina e caminhava em sua direção.

— Olá, Rob!

— Entre na piscina, vamos!

todos o cumprimentaram, mas ele não respondeu. Estava falando com John, e Sophie sentiu o mesmo clima de agressividade que ocorrera entre ele e Simon.

— Acho que seu irmão não aprovou o fato de John tê-la trazido aqui — comentou uma voz irônica a seu ouvido. Ao voltar-se, Sophie deu com Verônica bem atrás dela.

Ela deu de ombros, pois achava que tudo aquilo não passava de uma casualidade.

— Não posso imaginar por quê.

— Não mesmo? — Verônica lançou-lhe um olhar penetrante.

— Você sabe que John é noivo, não é mesmo? Você gostaria que seu noivo saísse com mais alguém?

Sophie respirou fundo.

— John e eu... não é nada do que você está pensando!

— Conheço meu irmão melhor do que você, Sophie. Vi o modo como ele a encarava. Acredite em mim, John está interessado em você. — Sorriu. — Talvez eu não devesse ter-lhe dito, mas... bem, acho que você não é o tipo de pessoa que tiraria vantagem de um fato desses.

Sophie saiu da piscina.

— Obrigada — conseguiu dizer com voz trêmula, encaminhando-se para o lugar onde tinha deixado a toalha, sem olhar na direção de Robert. John viu-a, porém, e chamou-a. Cobrindo os ombros com a toalha, Sophie aproximou-se dos dois. Concentrou toda sua atenção em John e tentou não se sentir intimidada pela expressão zangada de Robert.

— Sinto muito, mas acho que você vai ter de partir, Sophie

— disse John, pesaroso. — Seu irmão veio buscá-la. Estava tentando convencê-lo de que não pretendia raptá-la. Ele disse que você não comunicou a ninguém aonde ia.

— Oh! — Desta vez Sophie teve de olhar para Robert e estremeceu, ao notar a frieza de seu olhar. — Não havia a quem eu pudesse avisar. Mamãe tinha ido a Hereford com Simon e papai ainda estava no consultório.

— Você podia ter comunicado seu paradeiro a sra. Forrest

— retrucou Robert. — Imagine que estou à sua procura há pelo menos meia hora! Seu pai está morto de preocupação. Felizmente minha mãe e Simon ainda não voltaram, caso contrário teriam ficado muito ansiosos. Você realmente é a pessoa menos cheia de consideração que já tive o azar de conhecer!

O rosto de Sophie ficou lívido e John contemplou a ambos com evidente constrangimento.

— Puxa, Rob — murmurou —, isto é um bocado forte, não? Se alguém merece a culpa, esse alguém sou eu. Fui eu quem convidou Sophie para vir aqui.

Robert respirou fundo, fazendo o possível para se controlar.

— Ponha sua roupa, Sophie — disse. — Vamos para casa. Sophie hesitou durante um momento e saiu correndo para

os vestiários do outro lado da piscina. Havia deixado as roupas lá e, cheia de pressa, enxugou o corpo e vestiu-se. Torceu o biquíni minúsculo e encaminhou-se para Robert, que ainda falava com John.

— Estou pronta — disse, muito tensa.

— Bom. — Robert acenou para John e encaminhou-se para onde o carro estava estacionado, mas John tomou Sophie pelo braço, detendo-a por um momento.

— Sinto muito — ele disse, encarando-a.

— Não é culpa sua.

— Talvez não, mas quem haveria de pensar que Robert ficaria tão incomodado? — Deu de ombros. — Quando posso vê-la novamente?

Sophie percebeu que Robert detivera-se mais adiante e os olhava.

— Você não está falando sério! — ela murmurou.

— Por que não?

E na verdade, por que não? Sophie balançou a cabeça.

— Tenho de ir andando. — Desvencilhou-se dele. — Posso lhe telefonar? — ele insistiu.

Sophie lançou-lhe um olhar perturbado.

— Eu... bem, acho que sim — assentiu, caminhando em direção a Robert.

O carro de Robert estava estacionado ao lado do Jaguar e ele já estava sentado quando Sophie o alcançou. Ela abriu a porta e entrou rapidamente. Ele deu a partida e saiu a toda, fazendo os pneus rangerem ao deslizar sobre a alameda coberta de cascalho. Não disse uma palavra até chegarem ao portão do parque, e então pediu:

— Quer fazer o favor de abrir o portão? — A frase foi dita com o máximo de controle.

— Abra-o você mesmo! — retrucou Sophie, olhando furiosamente para fora da janela.

Robert brecou violentamente e ela foi projetada para a frente, quase batendo com a cabeça. Recompôs-se e olhou-o indignada enquanto ele abria a porta e saía. Atravessou o portão, desceu novamente e trancou-o.

Aquela altura a agressividade de Sophie diminuíra e ela quase se arrependeu por não ter aberto o portão para ele. Afinal de contas, seu pai deveria estar muito preocupado...

— Sinto muito por estar lhe dando todo esse trabalho — ela disse, bastante tensa. — E sinto também que papai tenha ficado preocupado. Mas isto não lhe dá o direito de falar assim comigo na frente de... de um estranho!

Robert não disse nada. Encaminhou-se para a estrada estreita que atravessava os campos e acelerou em direção à aldeia. Sophie encarou-o, revoltada. Ele parecia tão calmo, tão atraente, enquanto ela estava rubra de indignação e toda desarrumada. Sentiu quanto era jovem e imatura e admirou-se por ter ousado provocá-lo há duas semanas, quando ele a recebera na estação.

— O que você quer que eu diga? — ela explodiu finalmente, incapaz de suportar aquele silêncio tenso por mais tempo.

Robert olhou para ela. Suas pestanas eram longas e espessas e velavam o frio de seu olhar. Ele parecia desligado e distante. Seria mesmo possível que ela tivesse compartilhado sua cama, em uma noite de tempestade? Procurado refúgio em seu corpo rijo e quente, pleno de amor e afeto? Não era possível, sobretudo pelo modo como ele a encarava naquele momento.

Ele voltara sua atenção para a estrada e os arredores da aldeia surgiam diante deles.

— Eu, particularmente, não quero que você diga nada — ele falou, afinal, com severidade. — Apenas não desapareça dessa forma, sem dizer aonde é que você vai! Sophie deu de ombros.

— Que estardalhaço!

— E no seu lugar eu não me envolveria com John Meredith — prosseguiu Robert, como se ela não tivesse dite nada. — Ele tem uma noiva e é bem provável que ela crie um caso.

— Sei disso. Não sou criança! — ela declarou ressentida. Robert lançou-lhe um olhar carregado de significação e ela

sentiu vontade de chorar.

— Por que... por que é que você precisa se comportar desse jeito tão horrível comigo o tempo todo? — ela exclamou em atitude de defesa. — Nós... nós costumávamos ser amigos!

Robert entrou pelo portão e parou diante da casa. Sophie estava ofegante e forçou a porta para sair imediatamente e colocar entre ambos a maior distância possível. A porta, entretanto, não cedia, e ela forçou-a, estremecendo no momento em que ele disse lacônica mente:

— Está trancada.

Ela então voltou-se e o encarou.

— Quer fazer o favor de abrir?

— Só um minuto. — Robert respirou fundo e, esforçando-se visivelmente, disse: — Peço-lhe desculpas, Sophie. Não devia ter falado com você naqueles termos diante de John. Atribua isso a... uma reação exagerada, se quiser. Sinto muito.

Sophie sentiu-se tão aliviada que imediatamente a alegria voltou.

— Está bem, Robert — ela o desculpou, tomada de insegurança, desejando que ele a encarasse.

Ele voltou-se, apoiando a mão no encosto de seu banco. Não sorria, mas seu rosto já não estava mais sombrio.

— Tenho de ir a Gloucester hoje à tarde. Gostaria de ir também? A boca de Sophie secou.

— Você quer que eu vá? Seus lábios se comprimiram.

— Eu não a teria convidado se não quisesse, não é mesmo? Ela baixou a cabeça e os cabelos encharcados cobriram-lhe

o rosto.

— Devo estar com uma aparência deplorável — disse, sem saber exatamente por que falara daquele jeito.

— Você não quer ir? — ele perguntou brevemente.

Ela então o olhou e havia luminosidade em seus olhos verdes.

— Você sabe que quero.

Robert contemplou-a por um longo momento e então abriu a porta.

— Pois então sugiro que você pare de dizer tolices e vá se aprontar. Sairemos logo depois do almoço.

O pai de Sophie ficou surpreendido ao saber que ela estivera no castelo mas, para seu grande alívio, pareceu pensar que ela tinha sido suficientemente castigada. Disse simplesmente

que ela deveria sempre comunicar aonde ia e foi tomar um aperitivo antes do almoço.

Simon e a madrasta chegaram quando ela estava secando o cabelo. Ela apressou-se, vestiu uma blusa de jérsei e a saia longa de algodão que comprara em Hereford.

Robert comunicou à família durante o almoço que ele e Sophie iam a Glemcester naquela tarde e a notícia foi recebida com sentimentos contraditórios. Laura demonstrou um entusiasmo moderado, seu pai exprimiu claramente suas objeções e Simon opôs-se decididamente à idéia.

— Ia sugerir a Sophie que fosse comigo à praia, pois o dia está quente demais — comentou, irritado. — O que ela vai fazer em Gloucester? As cidades não são o melhor lugar para se passar uma tarde como esta! Ela se divertiria muito mais se fosse à praia e nadasse, não é mesmo, Sophie? Antes que Sophie pudesse replicar, Robert disse:

— Já que Sophie foi nadar hoje de manhã, ela até que gostaria de mudar de cenário, não é mesmo? — Havia frieza e ironia em sua voz.

— Sophie... foi nadar...

Simon ficou nitidamente confuso e até mesmo Laura parecia surpreendida.

— Fui até o castelo — disse ela apressadamente. — Encontrei-me com John Meredith quando voltava do consultório. Ele me convidou...

Simon estava atônito.

— Você não me disse.

— Não tive a oportunidade.

— Mas por que John haveria de convidar você para ir ao castelo? — perguntou Laura.

Robert encarou sua mãe,

— Você não precisa de uma resposta para isso, não é mesmo? Laura estremeceu e olhou para o marido.

— Mas Sophie... é tão jovem!

— Ela fará dezoito anos em novembro — comentou Simon com impaciência. — Não se pode considerar um bebê alguém que já tem idade suficiente para votar, não é mesmo?

— Mesmo assim... — Laura sacudiu a cabeça. — E de qualquer maneira John é noivo.

— O fato de ser noivo não priva necessariamente alguém da visão, Laura — comentou o dr. Kemble, lançando um olhar penetrante sobre Robert. Em seguida afastou a cadeira da mesa. — Agora vocês vão me dar licença, tomarei o café no escritório. Quero tirar uma soneca antes de ir a High Apsdale. Prometi a Martin Evans que ia dar uma olhada em Doris. Ela não gosta de vir ao consultório e ele está novamente preocupado com sua pressão.

Assim que seu pai se retirou da mesa, Sophie empilhou os pratos sujos.

— Pode deixar que eu lavo — se ofereceu, mas Laura recusou.

— Não, não se incomode, a sra. Forrest pode me ajudar mais tarde. — Fitou seu filho mais velho. — Vocês já vão?

— Sim, em cinco minutos — declarou Robert, levantando-se e saindo da sala. Em seguida Simon levantou-se também e seguiu-o. Sophie olhou para a madrasta, meio desarvorada.

— O que devo fazer? Laura deu de ombros.

— Ir com Robert, claro. Você disse que iria, não é mesmo?

— Sim, mas...

— Lembre-se de que Emma existe — interrompeu-a Laura, levando os pratos para a cozinha.

Assim que ela saiu, Sophie contemplou a mesa, pensativa. O que sua madrasta queria dizer? Comprimiu os lábios. Robert estaria seriamente comprometido com Emma Norton?

Ela se levantou da mesa e atravessou a sala, contemplando pensativa o gramado através da janela. Simon lhe dissera que Robert e Emma tinham saído com John Meredith e sua namorada. Ele estaria querendo dizer que Robert também estava pensando em ficar noivo? Fora por esta razão que Robert a repelira tão cruelmente quando ela lhe revelou suas tolas fantasias? Sentiu um aperto na garganta. Não era possível que Robert estivesse pensando em se casar com Emma Norton! Ela absolutamente não era seu tipo! — Você está pronta?

O tom calmo de Robert colheu-a de surpresa e ela voltou-se rapidamente, tomada de um sentimento de culpa. As calças dele, apertadas, moldavam seu corpo esguio e os músculos poderosos das coxas saltavam sob o tecido fino. Ele estava bronzeado e perturbadoramente atraente. Seu rosto moreno a atraía poderosamente e ela tornou-se intensamente consciente de sua presença. Olhou muito sem jeito para a saia longa de algodão e a blusa de jérsei. Diante daquela sua elegância tão pouco estudada sentia-se penosamente consciente de suas limitações. Suspirando, disse:

— Estou bem vestida? Robert sorriu ligeiramente.

— Claro.

Sophie interrogou-o:

— Tem certeza? Aonde vamos? Será que devo pôr uma roupa mais formal?

— Deixe disso, Sophie! — Havia uma nota de impaciência em sua voz. — Não temos o dia inteiro à nossa disposição.

— Então talvez seja melhor você ir sozinho! — retrucou Sophie, molestada por sua indiferença.

Robert atravessou a sala e cingiu-lhe a cintura.

— Você está muito bem — disse com firmeza. — Gosto desta saia. Ela lhe cai bem. E agora, vamos?

Sophie sorriu para ele ao perceber que Simon estava parado diante da porta da entrada. Seu rosto estava soturno e ele, em um gesto de desagrado, enterrou as mãos nos bolsos.

— Então você vai mesmo? — ele disse. Era mais uma afirmativa do que uma pergunta.

— Sim, nós vamos — disse Robert, segurando Sophie pelo braço. — Se você não tiver objeções, claro.

— Tenho muitas — retrucou Simon, bloqueando a porta. — Que tipo de brincadeira é essa que você está fazendo?

— Oh, Simon, por favor...

Sophie sentiu-se mal. Pela segunda vez em um único dia ela se tornava o pomo de discórdia entre Robert e outro homem. Nunca lhe passara pela cabeça que a vida pudesse ser tão complicada.

— Deixe-me passar, Simon.

— E se eu não deixar? — Simon mostrava-se agressivo.

— O que está acontecendo por aqui? — A voz suave de Laura nunca fora ouvida com tanto prazer por Sophie. Ela afastou Simon e disse: — Você já vai, Robert? Os Page virão para o jantar. Não viram Sophie desde que ela voltou.

Sophie pensou por um momento que Robert iria continuar discutindo com o irmão. Subitamente, seus dedos, que lhe comprimiam violentamente o pulso, relaxaram e ela sentiu o sangue refluir à sua mão quase adormecida.

— Não nos atrasaremos — ele prometeu. — Até mais! — Indicou a Sophie que passasse diante dele e saíram da sala.


 



  

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