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  CAPÍTULO III 8 страница



— Você não parece capaz de fazer coisa alguma — respondeu Geraldine secamente, e Maria recostou-se no sofá enquanto a ma­drasta desaparecia em direção à cozinha.

Voltou alguns minutos depois, carregando uma bandeja e co­locou-a sobre uma mesa baixa a seu lado.

— Agora — disse. — Creme e açúcar?

— Só açúcar, por favor — respondeu Maria, pegando a xícara que lhe era oferecida e agradeceu. O líquido quente fortaleceu-a; tomou duas aspirinas que trouxera do quarto.

Geraldine serviu-se de café, adicionou creme e açúcar, depois recostou-se confortavelmente na cadeira.

— Agora — disse em tom complacente —, podemos conversar

um pouco.

Maria tomou o café aos goles e sorriu, tentando parecer natural.

— O que a fez decidir surpreender-nos assim? — perguntou. Geraldine franziu a testa.

— Bem — disse ela —, você não tem sido uma correspondente prolífica desde que saiu de casa, e, para falar francamente, seu pai ficou preocupado com você. Então decidi vir passar alguns dias e ver pessoalmente como você e Adam estavam se portando.

— Sei. — Maria mordeu o lábio. — Sinto muito pelas cartas. Como sabe, detesto escrever.

Geraldine suspirou.

— É o que parece. De qualquer forma, agora estou aqui, então pode dizer-me pessoalmente o que está acontecendo. Começou o curso? Ou ainda está procurando?

— Oh, não, comecei o curso há mais de duas semanas. — Maria hesitou. — Estou gostando muito do curso e da Inglaterra — acabou por dizer com voz sumida.

Geraldine anuiu.

— Ótimo. Achei que gostaria. Em todo caso, têm sido como férias para você. — Franziu o cenho. — Claro, é uma pena que tenha começado o curso, mas não se incomode, deve haver algo parecido mais perto de casa.

Maria franziu o sobrolho.

— Desculpe-me, Geraldine, mas sobre o que está falando? Geraldine pôs a xícara sobre a mesa cuidadosamente.

— Ora, Maria, não vamos fazer rodeios a esse respeito. Sabe sobre o que estou falando tão bem quanto eu.

Maria pareceu preocupada.

— Mas eu não sei.

— Claro que sabe. Estou falando a respeito de você voltar para casa comigo.

— Para Kilcarney?

— E onde mais?

— Mas não quero voltar para Kilcarney. — Maria encarou a ma­drasta com ar de surpresa. — Adam disse que... que eu devia ir?

Geraldine alisou a saia.

— Adam e eu mal falamos sobre esse assunto. Recusou-se a discutir o que aconteceu a noite passada, e hoje de manhã foi apenas polido. Contudo, mesmo assim, não pode ficar aqui. Não agora.

Maria engoliu em seco,

— Por quê?

— Por Deus, Maria, está sendo deliberadamente obtusa! — Às vezes o sotaque de Geraldine era igual ao do marido. — Conti­nuaria vivendo aqui depois do que aconteceu ontem à noite?

Maria levantou-se, escondendo o rosto vermelho com as palmas das mãos.

— Não aconteceu nada ontem à noite.

— Não. Mas isso foi porque interrompi vocês. Maria respirou, ofegante.

— Não, você está errada. Adam... Adam não é assim.

— Todos os homens são "assim" — retrucou Geraldine com im­paciência. — Maria, não estou dizendo que o que aconteceu ontem à noite poderia acontecer de novo. Conhecendo meu filho como co­nheço, tenho certeza de que está se desprezando por ter permitido que seus impulsos físicos controlassem os mentais, no entanto isto não altera o fato de que você está chegando a uma idade em que as experiências sexuais são uma tentação. É natural, claro, mas eu de­testaria que alguma coisa... bem, infeliz acontecesse por causa disso.

Maria, que estivera caminhando pela sala, muito inquieta, pa­rou e voltou-se para encarar a madrasta.

— Está querendo dizer que o que aconteceu foi por minha culpa? Geraldine suspirou.

— Bem, minha querida, você não o estava desencorajando, estava? Maria arregalou os olhos, incrédula, e Geraldine sentiu que

fora longe demais. Levantando-se, aproximou-se da jovem e segu­rou-a pelo ombro.

— Maria — começou em tom de súplica —, Adam é um homem atraente. Sei disso, sou sua mãe. E acredite-me, você não é a primeira a sentir-se atraída por ele.

Maria afastou as mãos de Geraldine.

— Então agora sou uma mulher — disse, controlando-se com

dificuldade.

Geraldine ficou impaciente.

— E apenas um modo de dizer, nada mais. Escute-me, Maria, está vivendo aqui com ele, há cerca de um mês. É natural que a proximidade...

— Então por que permitiu que eu viesse para cá? — perguntou ela. — Afinal, a idéia foi sua.

— Nunca pensei que isso pudesse acontecer, acredite em mim! Pensei que Adam fosse imune a... bem, pensei que tivesse mais juízo!

— Desculpe-me — disse. — Quero ir para o meu quarto.

— Ora, Maria. — Geraldine tentou de novo abraçá-la, mas Maria já ouvira o suficiente. Sem dizer palavra, saiu da sala e subiu para o quarto, atirando-se sobre a cama com abandono e desespero. Sempre pensara que Geraldine fosse sua amiga, no entanto, agora, até ela a abandonara. Claro que suas simpatias naturais eram para o filho, mesmo assim...

Ficou jogada na cama durante quase uma hora, depois levan­tou-se, lavou o rosto e penteou o cabelo. Não adiantava entregar-se a auto-comiseração e Adam ainda não lhe pedira para partir. Com toda a honestidade, devia admitir que continuar vivendo com Adam depois do que acontecera a noite passada seria muito difícil, para não dizer mais. Contudo, talvez pudessem esquecer o que acon­tecera e continuar como antes. Se Adam fosse capaz disso, ela também seria. A idéia de voltar para a Irlanda, pondo tanta dis­tância entre os dois, era a mais terrível. Passar-se-iam anos antes que o visse novamente, se o visse.

Com decisão, trocou o jeans e o suéter por um atraente vestido curto de popeline cor-de-rosa e desceu, depois de pintar os olhos para que não parecessem tão perturbados e marcados.

A sra. Lacey estava na cozinha, mas a sra. Sheridan não estava visível.

— Onde está a mãe de Adam? — perguntou à empregada que se virou para olhá-la.

Foi fazer compras — retrucou. Parece abatida. Qual é o problema?

Maria suspirou.

— Nada de importante. Escute, sabe a que hora Adam vai voltar? A sra. Lacey franziu a testa.

— Para o almoço, pensou eu. Não ouvi nada em contrário. Maria assentiu.

— Bem, vou sair por uma hora. São apenas onze meia. Preciso de um pouco de ar. Estou com uma terrível dor de cabeça.

A sra. Lacey sorriu de modo compreensivo. — A festa — comentou secamente. Maria esboçou um sorriso.

— Sim, isso mesmo — disso.

Fora, o céu estava carregado de nuvens, embora ainda estivesse muito quente, e Maria caminhou rapidamente por Virgínia Grave. Mas, ao chegar ao fim da viela onde morava, uma enorme limusine guiada por um motorista viroua esquina e Maria reconheceu Loren Griffiths em seu interior. Com uma sensação quase de pânico quis correr, mas Loren a vira e, inclinando-se para a frente, deu ordem ao motorista para que parasse, abrindo a janela para falar com ela.

— Bom dia, Maria — disse. — Que oportuno encontrá-la. Vim para falar com você.

— Comigo? — Maria estava incrédula. — Por que quer ver-me?

— Entre e vou dizer-lhe. Smithers pode levar-nos para dar uma volta. Será mais agradável do que ficar dentro de casa num dia como este.

Maria hesitou. Não tinha vontade alguma de um tête-à-tête com Loren Griffíths, mas o que poderia fazer? Suspirando, entrou no luxuoso banco de trás, ao lado da atriz. Loren deu instruções a Smithers para dar uma volta peias proximidades, depois fechou o vidro que as separava do motorista.

— Agora estamos a sós — disse, quando o carro pôs-se a andar.

Maria sentia-se nervosa. Sabia que os motivos de Loren querer falar-lhe não eram agradáveis e não podia imaginar o que a outra mulher tinha para dizer-lhe.

— Por que quer falar comigo, srta. Griffiths? — perguntou edu­cadamente. — Depois de nossa última conversa em Fincham pensei que não tivéssemos mais nada para dizer uma a outra.

Loren acendeu um longo cigarro americano e aspirou profundamente.

— Pois é nisso que se engana, Maria. — Seu tom era suave. — Quero deixar bem clara sua posição aqui.

Maria franziu o cenho.

Não entendo.

— Oh, acho que entende sim, querida. Como sabe, Adam e eu estamos... noivos, há bastante tempo. — Observou a ponta acesa do cigarro. — No passado, quando Adam falava em casamento, sempre levantei objeções... minha carreira, sabe? E difícil para alguém na minha posição achar tempo para um casamento, lua-de-mel, as complicações que podem surgir. — Suspirou. — No entanto, devo confessar que, nas últimas semanas, Adam tem sido muito mais persuasivo e, nestas circunstâncias, ontem à noite, aceitei-o, aceitei marcar a data de nosso casamento, é isso.

Maria sentiu a cor do rosto desaparecer. Sabia a respeito do relacionamento deles, é claro, desde o começo. Mas descobrir que na noite passada ele marcara a data do casamento antes de voltar para casa e cortejá-la... Era demais para suportar.

Loren observou-lhe cuidadosamente sua expressão.

— Algo errado. Maria? — perguntou ironicamente. — Ele ainda não lhe contou?

Maria engoliu em seco, sua boca estava amarga.

— Não — disse com voz sufocada. — Não, não contou. Loren suspirou de novo, quase indulgente,

— Bem, isso é típico dos homens! — murmurou roucamente,

— Insistem e insistem com você para que se case com eles, depois esquecem de contar ã própria irmã sobre isso,

— Não sou irmã dele! — Maria mal conseguiu pronunciar as palavras.

— Bem, filha de seu padrasto, então. E quase a mesma coisa.

— Loren encolheu os ombros pequenos. —- De uma forma ou de outra, há de convir que isso torna as coisas meio difíceis para você. — Sacudiu a cabeça. — Oh, eu sei que Adam não vai dizer nada, como poderia?, sentir-se-ia ingrato. Mas você estando aqui... Naturalmente vê que é uma situação impossível. Foi por isso que quis falar com você sobre isso. Para explicar a posição de Adam de modo que você possa entender e fazer... bem, outros arranjos.

Maria sentia-se como se as forças tivessem abandonado seu corpo. Estava rígida como uma pedra, e cada palavra de Loren era como uma agulha de fogo em seu corpo entorpecido. Percebendo que deveria dizer algo, começou com voz fraca:

— Quando... quando esperam casar-se? Loren ergueu o cenho.

— Esse é o problema, querida. Adam pretende conseguir uma licença especial e fazê-lo o mais rapidamente possível.

Maria olhou pela janela do carro. Estavam passando por High Street e, a menos que Loren desse novas instruções a Smithers, só estariam de volta ao bosque dali a quinze minutos. Virando-se para a outra mulher, disse:

— A mãe de Adam chegou ontem à noite. Quer que volte com ela para a Irlanda. Irei.

Os lábios de Loren esboçaram um sorriso.

— Oh, querida, sabia que seria sensata — disse com ar de triunfo. — Tenho certeza de que é o melhor.

Maria olhou novamente pela janela do carro.

— Olhe, poderia deixar-me aqui? Eu ia fazer umas compras. Estaria étimo.

Loren ergueu as sobrancelhas e por um instante Maria captou uma estranha expressão em seu belo rosto, depois inclinou-se e abriu o vidro, dizendo a Smithers que parasse.

Maria saiu do carro rapidamente antes que Loren pudesse dizer mais alguma coisa, e o grande carro partiu majestosamente. Ficou olhando ao redor, ainda tonta, depois procurou o relativo anoni- mato de um bar. Diante de uma xícara de café, tentou analisar seus pensamentos caóticos, mas o que mais sobressaía em sua mente era que Adam ia casar-se com Loren, e todo o tempo em que a abraçara, acariciara, beijara, o fizera sabendo que em menos de uma semana seria o marido de Loren.

Teve uma sensação de náusea e abriu a bolsa para tirar um lenço de pape], assoando o nariz numa tentativa de evitar as lágrimas quentes que lhe brotavam dos olhos. Dentro da bolsa estavam todos os documentos de viagem que usara para vir à Inglaterra; impulsi­vamente, tirou-os da bolsa e examinou-os, pensativa.

Kilcarney... Nunca lhe parecera tão cativante. Seu pai estava lá, seu próprio sangue e carne, precisamente agora não tinha mais ninguém a quem recorrer.

Decididamente, tevantou-se da cadeira. Não haveria mal em informar-se sobre os vôos para casa, não é? Saiu para a rua. Ante essa perspectiva, conseguiu uma fuga temporária da realidade...

                                 CAPITULO X

 

 

Adam estacionou o carro e entrou em casa. Pare­ceu-lhe muito quieta e pensou que a atmosfera carregada invadira a casa também. Levantou o bloco ao lado do telefone, à procura de algum recado que a sra. Lacey tivesse ano­tado, depois entrou na sala. Sua mãe estava sentada perto da janela, tricotando; olhou-o quando entrou e sorriu-lhe.

— Olá, Adam — disse. — Passou bem a manhã?

Adam olhou-a por alguns instantes, depois encolheu os ombros.

— Razoavelmente — retrucou com bastante frieza. — E você? Geraldine suspirou.

— Fui fazer algumas compras. Patrick precisava de camisas, então comprei-lhe duas para levar de surpresa.

Adam assentiu e olhou ao redor da sala.

— Alguém sabe onde está Maria? — perguntou, mantendo o tom casual deliberadamente.

Geraldine passou a língua pelos lábios.

— Não sei. Acho que ela saiu. Adam enrugou a testa.

— Não perguntou onde ia?

— Eu também não estava em casa. As rugas de Adam acentuaram-se.

— Por acaso viu-a hoje de manhã? Geraldine enrubesceu levemente.

— Sim, claro. Nós tomamos café juntas.

— Sei. — Adam não estava satisfeito. Pegou a caixa de charutos, tirou um deles e colocou-o na boca. Depois de acendê-lo, caminhou até a porta. — Vou falar com a sra. Lacey. Talvez saiba onde Maria foi.

Geraldine suspirou com impaciência.

— É importante, Adam? Voltará direto para o almoço. Não quer sentar-se e conversar comigo?

Adam parou, próximo à porta, flexionando os músculos dos ombros.

— Sobre o que temos de falar? Geraldine fitou-o zangada.

— Sabe a resposta tão bem quanto eu.

— É mesmo? Presumo que se refira a Maria e ao que aconteceu ontem à noite.

— É claro que me refiro a Maria. Vou levá-la para casa comigo.

— Não! — Subitamente a voz de Adam tornou-se áspera. — Não, mamãe, não vai levar Maria de volta à Irlanda.

Geraldine olhou-o com expressão de incredulidade.

— O que está querendo dizer? Adam, você perdeu o juízo? Maria não pode continuar aqui depois... depois do que aconteceu à noite.

Os olhos de Adam escureceram.

— Oh, ela pode, sim. Se quiser ficar, vai ficar, está entendido?

— Mas, Adam — começou Geraldine, percebendo logo que falava sozinha. Ele já saíra da sala.

Na cozinha, a sra. Lacey estava tirando um pedaço de carne do forno; sorriu para o patrão quando ele entrou.

— Pontual por uma vez — disse com petulância, mas Adam não respondeu como fazia habitualmente.

— Sabe onde Maria foi? — perguntou secamente. A sra. Lacey franziu o cenho.

— Acho que está em High Street ou talvez no parque. Disse que precisava de ar, pois estava com dor de cabeça.

Adam apertou os lábios.

— Ah. — Olhou para o relógio. — Deve voltar para o almoço. A sra. Lacey franziu novamente o cenho.

— Acho que sim. Teria avisado se pretendesse almoçar fora. Adam concordou:

— É isso mesmo. — Passou a mão no cabeio. — Alguma alguma coisa a perturbou ontem à noite, sra. Lacey?

A sra. Lacey olhou-o com ar de dúvida.

— Não, sr. Adam.

— Está bem, está bem. Obrigado. Estarei na saleta se precisar de mim.

Voltou com relutância para a sala e encontrou a mãe que andava nervosamente de um lado para o outro. Entrou e sentou-se numa poltrona. Geraldine disse:

— Quer um drinque, Adam? Um sherry?

— Uísque — respondeu Adam secamente.

Geraldine derramou um pouco de uísque num copo e entregou-o ao filho; seus olhos encontraram o olhar de desafio dele.

— Tem encontrado frequentemente Loren Griffiths? Adam estreitou os olhos.

— Algumas vezes, por quê?

— Vai casar-se com ela?

— Não.

— Não vai? — Geraldine ficou claramente chocada. — Eu pensei que fosse.

— Eu também, antes — comentou ele, tomando a bebida. — No entanto, como muitos homens, sou bastante arrogante a ponto de esperar castidade da mulher com quem pretendo casar-me, mesmo que eu não seja casto também! — Ergueu o copo até os olhos, ob­servando atentamente o conteúdo. — Preciso ser mais claro? — Seu tom era irônico, e Geraldine torceu as mãos com ar de infelicidade.

— Mas, Adam...

— Mais tarde, mamãe. — Adam levantou-se bruscamente, ter­minando a bebida de um só gole. — Vou tomar um banho antes do almoço.

Geraldine viu-o deixar a sala de má vontade e Adam olhou-a de forma zombeteira antes de subir os degraus.

Almoçaram à uma e meia, quando ficou claro que Maria não ia voltar para o almoço. Nem Adam nem a mãe fizeram justiça ao delicioso assado de carneiro da sra. Lacey, e o suflê que se seguiu voltou quase inteiro. Adam estava inquieto e, ao terminar o almoço, seu humor não havia melhorado.

Geraldine também estava preocupada com Maria. Não podia deixar de lembrar a maneira como a jovem reagira ao que dissera e qualquer justificativa que encontrasse não era suficiente para aplacar a dúvida que sentia. Talvez não devesse ter falado com Maria como falara; no entanto, na noite passada, ao vê-la nos braços de Adam, sentira despertar todo seu instinto maternal e algo muito próximo do ciúme apoderara-se dela. Não podia aceitar que Adam não mais estivesse sob seu domínio e, embora gostasse muito de Maria, ao vê-los juntos, seu coração endurecera. Observando a expressão da mãe, Adam disse: — O que está pensando, mamãe? Sabe por que Maria não voltou para o almoço?

A expressão de Geraldine mudou.

— Como poderia saber?

Adam enfiou as mãos nos bolsos da calça azul-marinho.

— O que disse a ela ? — perguntou rudemente. — É óbvio que lhe disse alguma coisa. O que foi? Quero saber.

— Adam! Sobre ontem à noite...

— Esqueça ontem à noite e pense em hoje de manhã — disso asperamente. — O que aconteceu?

Geraldine suspirou.

— Nada. Simplesmente disse a Maria que deveria voltar a Kilcarney.

— Você fez o quê? — Adam estava furioso. — Por que disse isso? O que tem a ver com isso, afinal?

Adam! — Geraldine estava horrorizada. — Lembre-se com quem está falando.

— É difícil de esquecer — vociferou ele. — Continue. O que mais disse?

— Muito pouco. — Geraldine mexeu-se inquieta. — Adam, pen­sei no seu interesse, no interesse de ambos. Não seria bom para Maria continuar aqui, não agora.

— Por quê? — O olhar de Adam era penetrante. Geraldine esticou as mãos.

— Adam. Maria não é como Loren Griffiths.

— Sei disso! — O tom de Adam era apenas polido. Geraldine pôs a mão na testa.

— Sinto-me mal — murmurou debilmente.

Adam aproximou-se dela, colocando-lhe a mão na testa..

— Que oportuno! — resmungou, tomando-lhe o pulso. — Ma­mãe, se Maria fizer alguma coisa por sua causa...

— Oh, pare com isso, pare com isso! — Geraldine afundou numa cadeira. — Nunca pensei que pudesse tratar sua mãe com tanta crueldade!

De repente ouviu-se a campainha da porta; Adam deixou a mãe e precipitou-se até a porta. Ao abri-la, retrocedeu surpreso ao ver Loren.

Loren aproveitou a oportunidade para entrar e sorriu para ele com reprovação.

— Querido, esperei o dia todo que viesse pedir desculpas... Adam passou a mão pelo cabelo com impaciência.

— Por que está aqui, Loren? Não temos nada a dizer um ao outro.

— Claro que temos, querido. Não poderíamos — olhou em volta — ir a algum lugar para conversar?

Adam hesitou, depois precedeu-a até o escritório, uma pequena sala cheia de livros que dava para o saguão. Fechou a porta e, ao mesmo tempo gentil e firmemente, soltou-se das mãos que que-riam abraçá-lo.

Loren enrijeceu, mas tentou sorrir e murmurou:

— Você é um porco, Adam. Não sei por que o amo, mas eu o amo. Adam ficou de pé, perto da janela, olhando para o gramado na

frente da casa.

— Diga o que tem a dizer, mas fale logo e acabe com isto — disse rapidamente.

Loren suspirou.

— Vim para dizer-lhe que aceito sua proposta — disse. Adam virou-se.

— Minha o quê? — Olhou-a com ar incrédulo. Loron ruborizou-se um pouco.

— Vou casar-me com você, Adam. Viverei aqui. Deixarei até que continue com sua clínica, se é isso o que quer.

A expressão de Adam era de espanto.

— Loren — disse asperamente —, disse-lhe ontem à noite que estava tudo acabado, terminado! Não fui bastante claro?

Loren apertou as luvas.

— Adam — disse cuidadosamente —, não está entendendo. Estou pronta para fazer o que quiser, se disser a palavra.

Adam olhou-a exasperado,

— Pelo amor de Deus, Loren, vá embora antes de dizer mais alguma coisa. Não adianta. Já lhe disse, não amo você.

Loren estava tremendo visivelmente agora.

— Adam, não é isso que quer dizer.

— É isso sim. — Adam ergueu os olhos para o céu.

— Não permitirei que me faça isso. — Seus lábios estavam finos.

— E como vai impedir-me? — Adam estava muito nervoso, muito tenso, para preocupar-se com os sentimentos dela.

Loren respirou profundamente.

— Todos sabem que estávamos noivos, senão oficialmente, pelo menos extra-oficialmente. — Eu poderia processá-lo.

Adam olhou-a ironicamente.

— Oh, Loren, não diga essas coisas. Sabe muito bem que figura patética faria; seu público não aguentaria isso.

Loren apertou os lábios amargamente.

— Por que está me tratando assim? — gritou. — Pensei que me amasse.

— Eu também pensava assim, há muito tempo — respondeu ele. — Escute, Loren, pedi-lhe que se casasse comigo dezenas de vezes quando estava fascinado o bastante para querê-la. Agora chega. Esperou demais, Loren. Eu perdi o interesse. Não sabeque

a intimidade leva ao desprezo? Loren ficou furiosa.

— Como ousa dizer-me isso?                                                  

— Porque é verdade. Loren, não vamos fingir que eu sou o primeiro homem que amou.

— Mas nenhum dos outros significou coisa alguma.

— Sinto muito, Loren, sinto muito. Mas não adianta...

— Então, há alguém mais, não é? Sei que há. Adam apertou os olhos.

— Sim, há outra pessoa.                                                         

— Quem é? Aquela desajeitada, filha de seu padrasto? — Loren observou-o atentamente. — É ela, não é? Está apaixonado por ela.

— Não pretendo discutir sobre Maria com você — disse ele, friamente.

— Por quê? É apenas uma mulher como outra qualquer. — Loren falou com tom de desprezo. — Não sabia que se interessava por jovenzinhas, Adam!

Adam agarrou-lhe o pulso com força.

— Estou avisando, Loren — murmurou enfaticamente —, não diga mais nada, ou posso esquecer que você é uma dama!

Loren estava agitada pela violência que ele demonstrara.

— Bem, de qualquer forma — disse, ao pegar a maçaneta da porta —, duvido que ela ainda o queira depois do que lhe contei hoje de manhã.

Num segundo, Adam estava ao lado dela, segurando a porta para que não a abrisse.

— Você viu Maria hoje de manhã? Onde? Loren fez-lhe uma careta.

— Gostaria de saber, não é? Adam fitou-a penetrantemente.

— É melhor dizer-me, Loren, a menos que queira outra de­monstração de violência física!

Loren encolheu os ombros, com pouco caso forçado.

— Oh, então está bem. Estava saindo daqui quando lhe dei uma carona até High Street.

— A que horas? Loren deu de ombros.

— Mais ou menos ao meio-dia, acho.

— E o que lhe disse?

— Ora, isto e aquilo — respondeu com indiferença.

— Loren! — O tom dele era ameaçador. Ela suspirou zangada.

— Ora, nada de importante. Disse-lhe que íamos nos casar.

— Meu Deus! — Adam olhou-a com expressão selvagem. Loren mordeu o lábio.

— Bem, pensei que íamos — protestou.

— Depois de ontem à noite? — Adam balançou a cabeça com

desprezo.

— Ontem você estava furioso comigo. Pensei que fosse mudar

de idéia.

— Bem, como pode ver, não mudei. — Adam escancarou a porta. — Oh, suma daqui antes que a estrangule com minhas próprias mãos!

Após Loren ter saldo, Adam apoiou-se à porta da frente, fechando os olhos, preocupado. Onde estaria Maria? Por que não voltara? Pen­sou na outra vez em que ela se atrasara. Lembrou-se da mulher do parque e como Maria fora ingênua. Naturalmente agora teria mais juízo a ponte de não envolver-se com esse tipo de pessoa.

Voltou à sala onde a mãe ainda estava sentada. Olhou-o quando entrou e disse:

— Era Loren Griffiths, não? O que ela queria? Adam hesitou, depois deu de ombros.

— Ela viu Maria hoje de manhã e falou com ela.

— Está fazendo uma tempestade num copo d'água, se quer saber — exclamou Geraldine. — Céus, a moça está apenas atrasada algumas horas. Vai voltar, tenho certeza.

Adam olhou-a de maneira penetrante.

— Precisa voltar — disse sem expressão.

Por volta das sete horas, Adam estava desesperado, certo de que algo acontecera a Maria. Telefonou para diversos hospitais na região, tentando descobrir se alguém correspondendo à descrição que deu fora internado. Até que entrou no carro e foi procurá-la pessoalmente.

Geraldine ficou sozinha e começou a andar pela casa, sentindo-se inquieta. Também estava preocupada, à sua maneira; no entanto, parte de sua ansiedade era em relação ao filho. Estava ficando claro que seus motivos para achar Maria eram muito mais íntimos do que que os de um irmão procurando o outro, e essa certeza abalou-a.



  

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