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CAPÍTULO VII



 

 

Era sá bado à tarde e nã o fazia muito tempo que tinham acabado de almoç ar. Jessica estava deitada no sofá da varanda, usando um vestido colorido e bem fresquinho. Seus cabelos loiros. caí am soltos sobre o ombro. A perna esquerda havia sido enfaixada, no lugar da queimadura. A tarde estava quente, mesmo à sombra. Jessica tirou os olhos do livro que estava lendo, e admirou o lago, suas á guas calmas e tranqü ilas. Ao fundo erguiam-se as montanhas, uma presenç a constante, como se estivessem perpetuamente a observar as pessoas.

Já estava combinado que partiria no dia seguinte, com James, de volta para Calgary. Deviam ter viajado hoje, mas o mé dico que examinou sua perna no dia anterior disse que ela devia descansar mais um dia antes de viajar tanto tempo de carro. Disse també m que quando chegasse a Calgary, devia consultar outro medico, para ver como ia indo o machucado e trocar o curativo. Oh, como tinha sido ruim ter se deixado amparar pelos braç os de James... e que sensaç ã o horrí vel aquela, quando todos na sala a encaravam. Os olhos de James eram frios e hostis e Rhoda a olhava com ó dio.

Tom Crawley e Jan estavam espantados e apenas Molly e Cindy pareciam verdadeiramente preocupadas com ela. Explicar o que tinha acontecido foi tarefa difí cil. Ela teve que ser vaga e deixar muitas coisas de lado. Rhoda a escutava com um olhar malicioso e cé tico e, a certa altura, chamou Jan de lado e disse qualquer coisa para ele, que fez o rapaz erguer as sobrancelhas. Felizmente, James se controlou e deixou para depois todas as perguntas que tinha para fazer. A ú nica, coisa que quis saber foi onde havia um mé dico.

— Nã o pernoitaremos entã o em Lake Louise, como eu tinha planejado — ele começ ou a dizer, meio irritado, depois que voltaram para casa, com a notí cia de que Jessica nã o poderia viajar no dia seguinte.

— Sinto muito, James... Tenho lhe causado tantos problemas! Se nã o tivesse me assustado com aquele coelho escondido na rocha, nada disso teria acontecido!

— Será que nã o teria mesmo? Você tem certeza que o cavalo estava realmente machucado?

— Claro que sim. Ele mancava e Simon disse que tinha torcido o tornozelo, e eu nã o poderia voltar a montá -lo.

— E você acreditou nele?

— O que acha? Afinal, Snap lhe pertence e Simon conhece os animais muito melhor do que eu!

— Por isso mesmo! Como poderia ter certeza que ele estava sendo honesto? Poderia estar mentindo...

— Simon nã o mentiria sobre nada que tivesse a ver com os cavalos. Como pode dizer uma coisa dessas, James? Você nem o conhece!

— É verdade, mas Rhoda me contou coisas a respeito dele! E me disse que você s pareciam estar se dando muito bem, tinham sempre muito o que conversar e passaram o dia inteiro juntos em Eagle Lake.

Jessica nã o respondeu. James estava com ciú me mais uma vez e nã o queria nem imaginar como ele reagiria se soubesse que Simon e o homem que ela tinha conhecido em Edmonton eram a mesma pessoa!

— Nã o posso entender o que está acontecendo com você, Jessica — ele continuou. — Por duas vezes em poucos dias se envolveu com um tipo de homem que eu achava que passaria despercebido para você! Primeiro, aquele vaqueiro em Edmonton, e agora este tratador de cavalos... O que aconteceu com você?

— Acho que o que está acontecendo, James, é que finalmente consegui superar a morte de Steve e estou começ ando a me comportar de maneira normal outra vez. Ter vindo para o Canadá me ajudou bastante. Penso que nã o desejo voltar para a Inglaterra, pelo menos por enquanto.

— Nã o é possí vel! — James estava chocado. — Qual será a pró xima coisa que vai dizer? Você tem que voltar, é só uma visitante neste paí s!

— Eu sei disso. Mas poderia ficar se me oferecessem um emprego.

— Mas você nã o precisa de emprego pois já tem um! Trabalha para mim!

James ficou pá lido e Jessica sentiu pena, misturada com remorso. Ele tinha sido muito bom para ela desde a morte de Steve. James se levantou e começ ou a andar pela sala.

— Honestamente, Jessica, se você me abandonar, eu nã o sei o que vou fazer! — Sua expressã o era paté tica e ele parou na frente dela: — Você é de longe a melhor secretá ria que já tive e...

— Tenho certeza que poderá encontrar outra tã o boa quanto eu, e alé m disso...

— Eu sei, Jessica... Mas você é insubstituí vel para mim! Sabe, quero que fiquemos juntos, sempre juntos... Jessica, quero casar com você!

Ele tinha uma expressã o sé ria e aflita. Jessica sabia que precisava ser sincera naquele momento, deixar claro o que sentia. — James, você nã o precisa de fato de uma esposa... Quer casar comigo, pois assim terá uma secretá ria que nunca poderá abandonar o emprego. Seria um casamento de conveniê ncia.

— Talvez você tenha razã o... — Ele se interrompeu imediatamente, ao perceber que dizia uma tolice. — Jessica, sei que nossa uniã o nã o seria a satisfaç ã o de uma paixã o louca e selvagem, esse sonho dos jovens, mas acho que já passou por isso com Steve. Nosso casamento seria uma experiê ncia mais tranquila e está vel e tenho certeza que poderí amos ser felizes!

— Durou tã o pouco tempo... — Ela tinha o olhar distante.

— Do que está falando?

— De meus sonhos de amor, quando era jovem... Acho que ainda continuo jovem o suficiente para ver esse sonho se tornar realidade... James, você se importa se pararmos com esta conversa? Estou tã o cansada... Foi um dia muito cheio e eu gostaria de me deitar.

James estava consternado e parecia nã o ter mesmo mais o que dizer. Ele ia falar alguma coisa quando, felizmente, Rhoda entrou na sala. Com um olhar, percebeu o que acontecia, e ofereceu o braç o. para ajudar Jessica até o quarto. Na manhã seguinte, Rhoda já estava vestida quando Jessica acordou, e lhe trouxe uma xí cara de chá.

— Bom dia! — ela disse com um sorriso, enquanto depositava a xí cara sobre o criado-mudo. — Puxa, nem parece que faz apenas uma semana que fomos juntas até o rancho Lazy R, nã o é?

— Sim, o tempo passou depressa — Jessica respondeu, sentando-se e sentindo a perna doer no lugar da queimadura. Rhoda começ ou a dobrar suas roupas e guardá -las na mala.

— Você certamente aproveitou bem esta semana... — Suas palavras soaram num tom insinuante. — Como foi a noite com o dono do rancho? Correspondeu à s expectativas?

— Eu nã o tinha nenhuma expectativa — Jessica respondeu, depois de beber um gole do chá.

— Entã o, nã o poderia ficar desapontada, nã o é? Como eu... — Rhoda acrescentou acidamente.

— Rhoda, sinto muito que tenha se desapontado com seu reencontro com Simon. Sei que está machucada, mas tem que compreender que nã o é minha culpa. Nã o existe nada entre Simon e eu!

— Nã o? Nã o acredito em você, pois vi a maneira como ele a olhava quando pensava que ningué m estava observando... Alé m disso, vi Simon conversando com você de um jeito como nunca fez com ningué m, nem mesmo com Lou.

— Mas isso nã o lhe dava o direito de dizer para James que Simon e eu... bem, que é ramos mais do que amigos!

— Tudo que fiz foi responder à s perguntas dele sobre Simon. — Rhoda deu de ombros. — Nã o posso fazer nada se viu em minhas palavras mais do que de fato elas significavam.

Ela trancou o fecho da mala, já arrumada e caminhou até Jessica. Entã o, continuou falando:

— Admito que cheguei a ficar zangada com você, por ter surgido num momento que eu esperava há tanto tempo... Mas até começ o a achar que foi bom, no fim das contas!

— Verdade? Como assim...?

— Se você nã o estivesse aqui e se Simon nã o lhe falasse a respeito de Danny, entã o era prová vel que eu nã o tivesse nem coragem nem necessidade de lhe propor casamento. E se nã o tivesse feito isso, nã o teria descoberto o que ele realmente sente por mim. Acho que continuaria com esperanç a de que Simon se voltasse para mim numa hora de necessidade, uma esperanç a vã que alimentei durante anos. Teria perdido meu tempo e desistido de uma ó tima oportunidade que acabou de aparecer.

— Que oportunidade?

— Uma chance para fazer o doutorado na Universidade, para que depois eu possa ser professora universitá ria. Jan está fazendo o doutorado e sugeriu que eu tentasse també m. Estou partindo para Edmonton hoje, junto com ele, para saber mais a respeito do curso. Nã o voltarei mais, pelo menos durante este verã o.

Enquanto conversava, Rhoda pegou suas duas malas pequenas e caminhou até a porta. Entã o parou e se virou para Jessica.

— Você tinha toda razã o! Eu nã o seria feliz vivendo no rancho, tomando conta da casa e de Danny. Nã o conseguiria conviver com um tipo tã o dominador quanto Simon. Ele só é bom para mulheres submissas como você... Está bem, está bem, nã o precisa atirar a xí cara em mim! Você sabe que gosto de você, Jess!

Rhoda deu-lhe um grande e sincero sorriso e jogou um beijo, com a mã o.

— Foi ó timo conhecê -la, Jess. Quem sabe ainda nos encontramos qualquer dia desses, nã o é?

Jessica suspirou e sorriu ao se lembrar da despedida de Rhoda. Era bom estar agora na varanda, tranquila e sozinha. Cindy, Tom e James estavam pescando e Molly tinha ido visitar uns amigos, no outro lado do lago. A casa estava quieta, e tudo que Jessica desejava no momento era aquela serenidade.

A ú nica coisa que ainda a perturbava era a frustraç ã o de ir embora sem dizer adeus a Simon. Nã o que desejasse se despedir... Agora compreendia que desejava ficar, aceitar a proposta de Simon. Queria isto mais que qualquer outra coisa na vida, com tamanha intensidade que surpreendia a si mesma, pois nunca tinha se considerado capaz de desejar algo com tanta forç a. Será que só queria ficar porque estava prestes a partir? Será que assim que virasse as costas à quele lugar e tomasse a estrada para o sul, junto com James, o desejo passaria, afastado pela visã o de novas paisagens, outros lagos, outras montanhas?

Ou será que o desejo de ficar com Simon era fruto de um sentimento mais profundo? Será que era amor que sentia? O amor seria capaz de florescer em apenas duas semanas? Ou estava só sofrendo a angú stia do desejo sexual que fora despertado e nã o satisfeito? Jessica suspirou fundo. Quantas perguntas assaltavam sua mente e como era difí cil respondê -las! As montanhas ao longe estavam serenas, como sempre.

O ruí do de um veí culo se aproximando a fez olhar para a estrada. Um jipe barulhento chegava perto da casa de Molly, deixando atrá s de si uma nuvem de poeira. O carro diminuiu a marcha e parou, quase defronte da casa. Um homem vestindo calç a jeans, uma camisa aberta quase até a cintura e um grande chapé u branco, saltou do veí culo. Quando o viu, os olhos de Jessica se abriram em espanto: seria possí vel que fosse ele mesmo ou estaria apenas sonhando? Simon caminhou direto para a porta de entrada, subindo os degraus de madeira da varanda. Ele olhava para baixo e ainda nã o tinha percebido que Jessica estava ali. Tocou a campainha e ouviu-se o barulho dentro da casa.

— Nã o há ningué m lá dentro — Jessica falou.

Simon estava parado, olhando a porta. Quando virou-se para ela, seu movimento foi lento, como se relutasse em fazê -lo. — Pensei que você tivesse partido esta manhã — ele disse afinal, os olhos escondidos pelo chapé u.

— Eu... nó s... nã o pudemos partir pois o mé dico disse que eu precisava descansar a perna, por causa da queimadura. Nó s... nó s partiremos amanhã.

Sua voz foi abaixando e a frase terminou num sussurro. Gostaria de conseguir nã o olhar para ele, mas era como se os mú sculos de seus olhos tivessem vontade pró pria e nã o mais a obedecessem. Simon notou o curativo na perna dela.

— Como está seu machucado? — perguntou, gentilmente.

— Foi mais grave do que achei a princí pio. Dó i bastante e a dor me deixa muito cansada... Mas acho que você já sabe disso, deve ter sofrido ainda mais quando queimou as mã os.

Simon levantou um pouco a aba do chapé u e Jessica viu que seus olhos brilhavam estranhamente. Ele se encostou numa das colunas de madeira da varanda.

— Nenhuma dor é insuperá vel. Rhoda está por aqui?

— Nã o já partiu para Edmonton, junto com Jan.

— Quando partiram?

— Hoje de manhã, lá pelas dez horas.

— Você tem ideia de por que ela decidiu ir?

— Sim... Apareceu uma oportunidade de fazer um curso de doutorado na Universidade e ela foi até lá, se informar direito. Disse que nã o voltaria mais durante este verã o.

— Compreendo...

Simon olhava para o chã o e Jessica se perguntou se ele estaria triste porque Rhoda havia partido. Será que tinha mudado de ideia a respeito dela? Será que viera na esperanç a de encontrá -la e propor que ficasse no rancho? Afinal, agora nã o se interessava mais pela jovem viú va que, nessas alturas, ele acreditava que já teria partido para a Inglaterra. Simon se afastou da coluna e apoiou os braç os sobre a bancada de madeira da varanda. Ele fitava o lago e parecia consternado, como se um problema grave o afligisse.

— Simon... aconteceu alguma coisa? — ela nã o conseguiu deixar de perguntar. — Será que posso ajudar?

Ele virou-se para fitá -la e cruzou os braç os sobre o peito.

— Danny fugiu — Simon falou, com uma expressã o grave no rosto.

— Oh, nã o! Você tem certeza?

— Certeza absoluta! Ele vinha ameaç ando fazer isso. Ontem à noite ainda chegou a anunciar a decisã o. Fugiu hoje de manhã.

— E ele disse para onde pretendia ir?

— Ora, se você pretende fugir de algué m, vai contar justamente para esta pessoa onde pretende ir? — Seu tom de voz era zombeteiro. — Seria desejar que o plano falhasse!

— Sim, eu acho que sim... nã o tenho nenhuma experiê ncia em fugir de casa.

— Eu tenho — ele respondeu secamente. — Danny tentou me chantagear, ameaç ando fugir, mas nã o pensei que estivesse mesmo falando sé rio!

— O que ele queria de você?

— Queria que eu viesse até aqui.

— Para encontrar Rhoda?

— Nã o! — Como sempre, a rispidez com que ele falava nã o deixava transparecer muitas coisas sobre o que tinha acontecido.

— Entã o... eu nã o compreendo! — Jessica estava subitamente impaciente com o orgulho de Simon. — Por que perguntou por ela, entã o?

— Por que talvez ela saiba algo a respeito de Danny... Ontem ele mencionou qualquer coisa a respeito de " tia Rhoda" ajudá -lo. É possí vel que tenha partido com Rhoda e Jan.

— Mas ele nã o estava aqui quando os dois partiram... É claro que você nã o acha que... — Jessica se calou de repente, nã o conseguindo acreditar no que acabava de lhe ocorrer.

— Sim, eu acho! Eles podem tê -lo apanhado na estrada, num lugar combinado previamente. Ele teve bastante tempo para fazer esse arranjo com Rhoda e nã o me surpreenderia se ela aceitasse ajudá -lo para se vingar de mim. Quando Danny descobriu que eu nã o ia fazer o que ele me pedia, deve ter combinado de estar na estrada no momento em que Jan e Rhoda passassem!

— E por que ele queria que você viesse aqui, ontem à noite? — Jessica insistiu.

Simon nã o respondeu imediatamente. Pela expressã o de seu rosto, ela sabia que um enorme conflito se desenrolava dentro dele, entre responder ou nã o à quela pergunta, para nã o ferir seu amor-pró prio. Simon era um homem muito orgulhoso.

— Você pode me contar, Simon — Jessica falou com voz suave. — Pode confiar em mim e ter certeza que nã o direi a ningué m mais.

— Está bem, vou lhe contar. Ele queria que eu viesse aqui para pedir mais uma vez a você para ir morar lá em casa, cuidar de tudo! Assim que cheguei em casa ontem, ele nã o me largou, querendo saber se você tinha aceitado a oferta... parecia pensar que ter passado a noite junto com você, nas montanhas, havia sido um truque para tentar convencê -la!

— E o que você disse a ele? — Jessica sentiu que estava corando.

— Ora, contei tudo o que você me disse, que nã o queria o emprego e que partiria hoje. Nã o imaginei que ele fosse ficar tã o abalado. Chorou e gritou comigo, disse que era por minha culpa que você nã o ia ficar. — Simon deu de ombros. — Tive que admitir que a culpa era minha pois você nã o gostava de mim o suficiente para ficar.

— Mas nã o foi esta a razã o pela qual eu recusei o emprego!

— Nã o foi? Mas teria sido caso eu tivesse vindo ontem à noite pedir mais uma vez. Você recusaria, por causa do que aconteceu na barraca naquela noite. Assim, disse para Danny que nã o havia mais nada a fazer e que eu nã o viria até aqui, insistir com você. Daí ele me disse que se eu nã o viesse, ia fugir de casa. Recusei mais uma vez, ele correu para o quarto e trancou a porta. Achei que ia chorar bastante, na cama, e que pela manhã o desapontamento já teria desaparecido. Mas eu estava errado! Quando Mary foi chamá -lo para o café da manhã, Danny nã o estava no quarto e nã o me surpreenderia se já estivesse em Edmonton, a esta hora!

Fora da varanda, o sol continuava, forte, fazendo brilhar a á gua do lago. Ali na sombra, os dois se fitavam em silê ncio. Jessica queria falar, mas procurava desesperadamente as palavras certas pois reconhecia que aquela era talvez a ú ltima chance de ver realizado seu sonho de amor! Contudo, foi Simon quem falou primeiro:

— Suponho que deve estar achando tudo muito irô nico... Afinal, estou aqui, como Danny desejava, e você també m está. Parece que você tinha razã o: nã o importa o que faç amos, nã o conseguimos escapar um do outro!

— E nó s dois tentamos tã o arduamente — ela murmurou.

— Talvez devê ssemos parar de tentar... Talvez devê ssemos deixar as coisas tomarem seu curso natural — Simon disse.

— E qual é o curso natural delas?

— Pensei que soubesse — ele zombou. — É você quem está sempre falando que nossos encontros sã o organizados pelo destino... Este encontro de hoje, realmente parece planejado por alguma forç a sobrenatural! Ontem nó s dissemos adeus...

— Nã o, nã o dissemos. Você me deu as costas e se afastou. Oh, você foi tã o frio e orgulhoso ontem, Simon. Eu queria lhe falar, mas você estava inacessí vel.

— Nã o sei. — Os olhos de Simon brilhavam e ele passou as costas da mã o sobre a testa, limpando o suor, como se fosse muito doloroso dizer aquelas coisas. — Se eu parecia orgulhoso e frio, você me parecia arrogante, se fazendo de superior. E imaginei que tinha razã o de ser assim, depois do que aconteceu na noite anterior. Sei que me comportei de maneira horrí vel.

— Devia ter alguma razã o — Jessica disse, percebendo que haviam dado um grande salto na relaç ã o deles. Agora, ambos eram capazes de mostrar o que estavam sentindo!

— Sim, havia uma razã o — Simon respondeu com um riso seco. — A maneira como se comportava comigo na barraca era propositalmente tentadora e estava ficando difí cil resistir. As palavras nã o pareciam ter efeito sobre você e, portanto, eu tinha que assustá -la. Funcionou, mas me senti muito mal depois!

— Mas, por que tinha de resistir?

— Sei lá, minha eterna tendê ncia de lutar contra o curso natural das coisas, suponho. Sabe, desde que você entrou no meu quarto em Edmonton eu a tenho desejado e lutado para nã o me apaixonar. Tenho estado o tempo todo me protegendo de você!

— Por quê?

— Porque imaginava que tudo isto era apenas uma diversã o para você. E entã o, na quinta-feira, Rhoda disse que...

— Oh, sempre Rhoda! Por que ela tem de interferir?

— Nã o sei, mas quando recusei a oferta que ela me fez, de ser a mã e adotiva de Danny, Rhoda falou que sabia que existia alguma coisa entre você e eu, e me preveniu, dizendo aquilo que eu mesmo me dizia o tempo todo: que você estava pronta para uma aventura e qualquer homem serviria. — Ele fez uma pausa, seus olhos enchendo-se dê orgulho. — Eu nã o queria ser apenas mais um homem para você!

— Mas nã o é, Simon, nunca foi! Eu me apaixonei por você em Edmonton, mas desde entã o tenho lutado contra este sentimento porque sempre me pareceu tã o absurdo, tã o ridí culo se apaixonar à primeira vista por um estranho!

Simon se aproximou, tirou o chapé u e sentou-se no sofá, perto dela. — Como fomos tolos! — disse, com suavidade. — Se deixá ssemos as coisas acontecerem naturalmente, você nã o teria dormido perto do fogo e o acidente nã o teria ocorrido. Nã o teria voltado para cá ontem, teria ficado no rancho e Danny nã o teria motivo para fugir! Ir contra o rumo das coisas é procurar problemas!

— Deve ser outro dos ditados de seu avô! — Jessica brincou com ele. — Mas de certa forma, fico grata por Danny ter fugido. Se nã o tivesse feito isto, você nã o teria vindo aqui esta tarde e eu partiria amanhã sem que nenhum dos dois soubesse como o outro se sentia! — Jessica falava, sentindo que a proximidade de Simon já começ ava a despertar-lhe os sentidos.

— Cuidado, Jess. — Ele a alertou com voz suave. — Quando você sorri assim, tenho um desejo enorme de beijá -la!

— Entã o, por que lutar contra o rumo natural das coisas? — Jessica sorriu e se inclinou para a frente, oferecendo-lhe os lá bios.

Simon nã o hesitou. Beijou-a com seus lá bios quentes e gentis. Jessica tinha os olhos fechados, sentindo que todo seu ser desejava aquele homem, era necessá rio estar com ele, fazer amor com ele... Pela camisa entreaberta, ela acariciava o peito dele, tocando os pelos grossos e a musculatura forte. Quase sem respiraç ã o, pela paixã o que queimava dentro dos dois simultaneamente, eles se separaram um pouco, somente para se abraç arem ainda com mais forç a depois. O velho sofá da varanda reclamava, com ruí dos altos e estridentes.

— Você sobe à minha cabeç a como uma bebida forte, que me faz perder o controle — Simon murmurou, passando o rosto na suave maciez dos cabelos de Jessica. — Você sabe o que vem a seguir, no curso natural das coisas... Tem certeza de que é isso que deseja, Jessica, certeza absoluta?

— Sim, é o que eu quero! — ela sussurrou.

— Entã o, voltará comigo para o rancho?

— Para tomar conta da casa? — Jessica brincou.

— Para... para ser minha amante, minha esposa e... será que me atrevo a dize-lo? Para ser a mã e de Danny!

Jessica se afastou um pouco e colocou as mã os sobre o braç o de Simon. Estudou o rosto dele com atenç ã o e ele nã o desviou o olhar. — Tem certeza do que acaba de dizer, Simon? Você nã o precisa casar comigo... eu ficaria mesmo que nã o houvesse a uniã o formal.

— Nã o! Eu nã o quero que seja nestes termos. Imagino que deva parecer estranho, depois de tudo que afirmei a respeito do casamento, mas disse aquilo por uma questã o de autodefesa! Casei uma vez porque achava que tinha de casar mais cedo ou mais tarde, e só depois descobri como estava errado. Jurei entã o que nunca mais casaria outra vez. Agora tudo isto é passado, Jessica. Quero pedi-la em casamento antes que nos entreguemos de corpo e alma um ao outro... Sinto que nossa relaç ã o vai durar muito tempo, é muito forte, e desejo começ á -la honestamente.

— Compreendo, Simon. — Parecia um sonho estar ouvindo aquelas coisas que jamais saí ram da boca de Simon um dia antes.

— Você vai casar comigo, Jess? Na igreja de Clinton, onde seu avô era o pastor e onde meus avó s casaram?

— Sim, meu amor, claro que sim! — Jessica estava emocionada e se jogou nos braç os de Simon. Eles se abraç aram com forç a e em seguida se beijaram. Estavam tã o envolvidos na pró pria paixã o que nã o ouviram o ruí do de vozes se aproximando e dos passos subindo os degraus da varanda.

— Jessica! O que está fazendo agora? — James nã o podia acreditar em seus olhos.

Vagarosamente, Simon levantou a cabeç a. Ele e Jessica se fitaram um momento antes de virarem para as trê s pessoas que haviam chegado e estavam paradas na entrada da varanda. Havia Cindy, segurando numa mã o a vara de pesca e na outra uma fileira de pequenos peixes. Ao lado dela, Tom Crawley tinha o rosto vermelho e parecia visivelmente embaraç ado.

À frente deles estava James, tã o diferente de seu jeito habitual, vestindo bermudas, camiseta e um boné verde sobre a cabeç a.

— Olá, Cindy, Tom... — Simon cumprimentou, já se levantando.

— Nã o é possí vel! — James explodiu. — Você é aquele vaqueiro que andava atrá s de Jessica em Edmonton! O que está fazendo aqui? E por que, a estava beijando? Jessica, se este homem a obrigou a alguma coisa, nó s tomaremos as providê ncias legais imediatamente!

— Ei, espere um pouco... — Simon se aproximou de James, mais ameaç ador do que nunca. — Que direito tem você de ficar dizendo para Jessica o que ela deve ou nã o deve fazer?

— Sou James Marshall e sou o patrã o dela! Quem é você?

— Sou Simon Benson, proprietá rio de um rancho perto daqui. Acabei de fazer uma viagem com Jessica e vou casar com ela. Você deixou de ser seu patrã o há dez minutos!

— Oh, que maravilha! — Cindy exclamou, feliz. — Felicidades, Jess, Simon!

— Bem, també m lhes desejo felicidades... — Tom tirou o lenç o do bolso e enxugou o suor da testa. — Você s, jovens, trabalham depressa nos dias de hoje!

— Jessica, isto é verdade? — James quis saber.

— Sim, James. Imagino que seja uma surpresa para você...

— Surpresa? É muito mais do que isso, é um choque! — Ele a interrompeu. — Sabia que havia alguma coisa acontecendo mas... — Levou as mã os à cabeç a, num gesto de quem estava desnorteado, e deixou-se cair pesadamente no sofá, bem em cima do chapé u de Simon. — Você nã o pode fazer isso. Você s acabaram de se conhecer!

— Sr. Marshall... — Simon começ ou, num tom conciliató rio —... pode lhe parecer estranho, mas sinto-me como se conhecesse Jessica há muito tempo, muito mais do que essas duas semanas. Sei o bastante sobre ela para desejar ficar a seu lado á vida inteira. E casar com ela é a maneira mais natural de conseguir isto, pelo menos do meu ponto de vista.

— Sim, para você está tudo muito bem. — James tirou o boné da cabeç a e passou a mã o entre os cabelos, que começ avam a ficar acinzentados. — O que parecem nã o compreender é que, de certa maneira, me sinto responsá vel por Jessica. Fui eu quem a trouxe aqui. O que direi à sua famí lia quando contar que ela decidiu ficar morando no Canadá, casada com um homem que acabou de conhecer?

— Você nã o precisará falar com meus pais. — Jessica tinha a voz calma e tranquila. — Eu mesma farei isso. Vou telefonar daqui. De qualquer maneira, nã o é problema deles se eu decidir me casar outra vez... nem seu, James. Portanto, nã o há razã o para se sentir responsá vel. Sou uma mulher adulta e posso resolver o que é melhor para mim.

— Ela tem razã o, James — Tom disse, se aproximando. — Por que ficar tã o preocupado? Você nã o é o pai dela!

James olhou o amigo irritado e resmungou:

— Sei disso, Tom, mas me sinto como se perdesse uma filha! E você, nã o precisa parecer tã o compreensivo. Sua vez vai chegar, quando Cindy decidir que outro homem é mais importante para ela do que você! E, de qualquer maneira, é inevitá vel que os pais de Jessica me procurem: eles vã o querer saber o má ximo possí vel a respeito de você! — James olhou diretamente para Simon.

— Ora, James... — Simon começ ou a dizer, com um sorriso que desarmava James. — Dê boas referê ncias a meu respeito. Diga-lhes que sou um fazendeiro honesto e criador de cavalos, e poderei dar a Jessica uma vida confortá vel, como ela merece.

— Bem, eu posso dar-lhe as melhores referê ncias de Simon. — Tom virou-se para James. — Sei que é ó tima pessoa, um pouco quieto mas muito educado. Pode dizer aos pais de Jessica que nada vai lhe faltar.

— Eu mesmo desejo ir para a Inglaterra, junto de Jessica, para poder conhecê -los. Mas isto só será possí vel depois que terminar a estaç ã o de caç a, no Natal.

— Está bem, está bem, você s venceram — James suspirou. Ele se virou para Jessica com um sorriso meio envergonhado. — Sinto muito, querida. Eu avisei que ia acabar me comportando como um pai preocupado... Você sabe por quê, nã o sabe?

— Sim, James, eu sei. — Ela sorriu, gentil. — Espero que nã o esteja muito magoado.

— Bem, sei que vou acabar esquecendo — James replicou, os olhos já brilhando um pouco, voltando a seu bom humor natural.

— O que está acontecendo aqui? — Molly entrava també m na varanda, surpresa com aquela reuniã o. Atrá s dela vinha um pequeno garoto, uma carinha matreira, suja de terra, assim como as mã os.

— Danny! — Simon exclamou, dando um passo adiante. — Onde foi que você andou?

— Oh, nã o fique bravo comigo, papai. — Ele se escondia atrá s de Molly. — Queria vir aqui antes de Jessica ir embora, para lhe pedir que ficasse, mas acabei me perdendo no caminho.

— Agora, acho que já pode parar de olhar o garoto com essa cara tã o ameaç adora, Simon. — Molly colocou o braç o sobre os ombros de Danny, protetora. — Ele está morrendo de fome, o que nã o é de se admirar. Fugiu de casa sem tomar o café da manhã, à s seis horas, e está andando desde entã o. Eu o encontrei do outro lado do lago, perto da casa dos Turnbull!

— Com os diabos, como é que pode ter se perdido no caminho de Lazy R para cá? — Simon estava muito zangado. — Vamos, Danny, conte a verdade. Onde esteve desde as seis horas da manhã?

— Vim pelos campos e atravessei a floresta — o garoto começ ou a explicar. — Pensei que seria mais perto do que se viesse pela estrada. — Ele deu de ombros e soltou um profundo suspiro. — Acho que estava enganado! — terminou, sacudindo a cabeç a.

— Estava mesmo! — Tom falou. — Deve ter andado umas dez milhas, o que é uma distâ ncia bem grande para um garoto de sua idade! Que tal tomar um banho, enquanto Molly lhe prepara alguns sanduí ches?

— Ó timo! — Danny aceitou, sorrindo. Entã o, olhou para Simon com cautela. — O senhor ainda está zangado comigo, papai?

— Bem, nã o estou tã o zangado quanto estava — Simon admitiu. — Pensei que tinha fugido para Edmonton e fiquei muito preocupado. E entã o, agora que chegou, nã o vai pedir para Jessica isso que deseja tanto e que o fez caminhar até aqui?

Danny ficou subitamente tí mido, abaixando um pouco os olhos.

— Por que você ainda está aqui? — ele perguntou. — Papai disse que ia embora para Calgary esta manhã.

— É porque machuquei a perna e tive que descansar — Jessica explicou, com um sorriso e Danny pareceu se animar. Ele fitou o pai, ainda hesitante.

— Peç a para ela, papai — ele disse, envergonhado.

— Eu já pedi! — Simon sorriu. — Jess vai ficar conosco.

— Viva! — Danny deu um pulo, perdendo toda a timidez. — Agora nã o vou precisar mais fugir! Será que posso tomar aquele banho para comer os sanduí ches, sra. Crawley?

— Claro que sim!

— Será que nã o temos um pouco de champanhe escondida em algum lugar no armá rio, Molly? — Tom perguntou.

— Champanhe? — Molly repetiu, fitando os outros, sem compreender. — Por quê? O que vamos celebrar? O casamento de algué m?

— É a primeira vez que você acerta, mamã e! — Cindy disse com um largo sorriso. — Jess e Simon! Nã o é fantá stico?

— É mais do que fantá stico! — Molly exclamou. — Eles acabaram de se conhecer!

— É verdade, papai? — Era Danny quem perguntava.

— Sim, é verdade — Simon confessou, sorrindo para o garoto.

— Oh! Posso tomar champanhe també m?

— Nã o antes de tomar banho! — Simon falou, fingindo-se de zangado. — Agora, vá se limpar!

Danny nã o cabia em si de satisfaç ã o. Deu um grande pulo e, em seguida, saiu correndo para dentro da casa, logo seguido por Tom e Molly.

— Acho que vou ajudar a procurar o champanhe — Cindy disse, para ningué m em particular, e entrou na casa també m.

James se levantou, olhou em volta e entã o descobriu que havia sentado sobre o chapé u de Simon.

— Eu... bem... parece que amassei o seu chapé u!

— Nã o há problema! — Simon replicou bem-humorado. Ele estava de novo encostado à coluna da varanda, os polegares enfiados no cinto da calç a. Algo em seus olhos sorria, lá no fundo.

— També m desejo a você e a Jessica toda a felicidade do mundo — James falou, com seu jeito meio atrapalhado. Estendeu a mã o para Simon, que aceitou o cumprimento sorrindo, amigá vel. — Espero que seja muito feliz, minha querida! — Ele se aproximou de Jessica e a beijou no rosto.

— E serei, James, tenho certeza! E obrigada por ser tã o gentil!

— Acho que eu també m vou ajudar a procurar o champanhe — James disse, antes de sorrir mais uma vez e sumir dentro da casa.

— Até que nã o foi tã o difí cil contar para ele, nã o é? — Simon perguntou, afastando-se da coluna e vindo sentar-se ao lado de Jessica.

— De qualquer maneira, fiquei mais aliviada por você estar a meu lado nesse momento. Gosto muito de James e nã o queria magoá -lo... Devo muito a ele!

Simon tomou a mã o dela.

— Eu també m devo a James algo muito importante! Ele estava certo quando disse que se nã o a tivesse trazido para a conferê ncia, nó s nunca terí amos nos encontrado! — Simon sorriu. — Será que ele é o destino, de quem você tanto fala?

— Ei, você está brincando comigo, Simon!

— Você se importa? — ele sussurrou, acariciando-lhe a nuca com dedos leves e suaves. — Tenha certeza que só costumo brincar com pessoas que gosto muito... Agora, onde é que está vamos quando nos interromperam?

— Exatamente aqui! — ela disse, acariciando-lhe os cabelos. — Oh, Simon, como é que vou conseguir esperar pelo casamento? Eu o amo tanto e o desejo como nada no mundo!

— Nó s esperaremos porque tenho certeza de que vai valer a pena. Você confia em mim?

— Sim, eu confio em você — Jessica murmurou, enfiando a mã o entre os cabelos dele e fazendo Simon aproximar a cabeç a, até que seus lá bios se encontrassem.

Fora da varanda, o lago continuava brilhando, sob a luz do. sol. Aqui e ali alguns pá ssaros cantavam e vindo de longe, ouvia-se o barulho de crianç as brincando alegres na á gua. Vagamente consciente daqueles sons de verã o, Jessica sentia a felicidade dentro de si, agora que abraç ava Simon e sabia que ia ver o outono e o inverno chegarem, e ainda estaria ali quando a primavera voltasse. O espí rito do lugar havia falado com ela!

 

FIM

 

 

Barbara, Sabrina, Julia e Bianca. Estes sã o os livros que trazem na capa o coraç ã o, sí mbolo das mais emocionantes histó rias de amor.

 

 



  

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