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CAPÍTULO V



 

 

O vento frio da noite que começ ava a soprar, as formas estranhas que as sombras adquiriam e os ruí dos vagamente sinistros dos animais escondidos, fizeram com que Jessica tomasse uma decisã o: ia seguir riacho acima, a fim de encontrar a passagem para a floresta. Depois que Blackie matou a sede, pô s-se em marcha. O tempo passava rá pido e Jessica, à s vezes, olhava para trá s, esperando ver um certo homem, conduzindo dois cavalos pelas ré deas. Sentia-se muito sozinha e desorientada, tendo afinal que admitir que estava perdida. E, o que era pior, Blackie també m estava! Ao seguir riacho acima, ela tinha desorientado o animal. Jessica consultou o reló gio. Em menos de duas horas estaria completamente escuro e, se nã o encontrasse o caminho para a floresta antes disso, teria que passar a noite sozinha.

— Bem, você é quem deve saber o caminho, Blackie! — murmurou para o cavalo e soltou as ré deas. Para sua surpresa, tudo que ele fez foi voltar para o riacho e começ ar a beber mais á gua.

Jessica sabia que nã o poderia estar errada se cruzasse o riacho, pois estaria indo no rumo sul, onde ficava o rancho. Ela fez o cavalo avanç ar sobre o riacho, rezando para que nã o escorregasse numa pedra solta. A travessia acabou bem e logo chegaram à outra margem, já completamente escurecida na sombra de uma enorme rocha que se erguia à esquerda.

— E agora, Blackie? — ela disse e, como se pudesse compreendê -la, o cavalo começ ou a avanç ar lentamente. O brilho do sol atrá s das montanhas ia sumindo cada vez mais rá pido e Blackie escorregava constantemente, como se já nã o pudesse enxergar direito o chã o. A cada vez que isso acontecia, Jessica prendia a respiraç ã o, torcendo para que o animal nã o se machucasse.

Subitamente, Blackie parou e, depois de um instante, relinchou alto. De algum lugar escondido entre as sombras das rochas, um outro cavalo relinchou, e em seguida outro. Blackie pareceu se animar e recomeç ou a caminhar, mudando um pouco de direç ã o. Jessica nã o interferiu e, dali a pouco, podia sentir cheiro de fumaç a no ar e distinguir o brilho de uma fogueira em algum lugar mais distante.

A silhueta escura de Simon se aproximou dela: — Ainda está aqui? — ele perguntou, fingindo surpresa e afagando o pescoç o de Blackie. — Pensei que a esta altura você já tivesse cruzado a passagem e se aproximado dos limites da floresta, perto do rancho!

Ela nunca foi tã o grata por ouvir a voz de algué m e, como Blackie, gostaria de poder ter uma mã o confortadora que a afagasse depois de tanta tensã o. — Eu... eu me perdi e resolvi subir o riacho, achando que ia encontrar a trilha... Só me recordava de ter atravessado um riacho, na vinda!

— Na certa você estava tã o absorvida pela paisagem que nem notou — ele disse, divertido. — Bem, o jantar está quase pronto!

Depois do alí vio, Jessica notou que estava com o corpo duro e gelado. A blusa fina que usava nã o era proteç ã o alguma contra aquele vento frio. — Eu... eu... nã o consigo me mover!

— Devia ter parado para colocar seu agasalho! Ainda estamos bem no alto e a temperatura cai rapidamente depois que o sol se põ e.

—... Acho que nã o notei, estava muito preocupada. Oh, Simon, você nã o pode imaginar como estou feliz em encontrá -lo!

— Eu també m já me perdi por aqui, Jess, e sei como é. Venha, vou ajudá -la a desmontar.

Com mã os fortes ele a desceu rapidamente e Jessica sentiu que seus corpos se encontravam quando colocou os pé s no chã o. Ela tremia muito, de frio e do susto que passara por se sentir perdida, e Simon notou isso.

— Vamos para perto do fogo, o café já deve estar pronto. Isso vai reanimar você.

Nã o estava apenas gelada, mas també m dolorida e exausta. Foi com satisfaç ã o que aceitou o braç o de Simon para se amparar até chegar junto da fogueira. Sentou-se num toco de madeira, defronte ao fogo. Simon trouxe um cobertor e colocou sobre os ombros dela. Em seguida, lhe deu uma xí cara de café.

— Você colocou alguma coisa neste café? — Jessica perguntou, sentindo o lí quido mais forte e quente que de costume. Simon sorriu.

— Sim, um pouco de uí sque. Acho que nó s dois merecemos um trago, depois de tudo que aconteceu hoje... Será que vai gostar da carne de bú falo?

— Nessas alturas, acho que posso gostar de qualquer coisa!

E de fato, os dois comeram com grande apetite, aquecidos pelo fogo. O café tinha confortado bastante e, depois do jantar, sentia-se relaxada, o corpo cansado, quase nã o conseguindo resistir ao desejo de deixar a cabeç a repousar sobre o ombro de Simon.

— A carne estava ó tima — ela comentou.

— Carne enlatada...

— O quê? Entã o nã o era Pemmican?

— Nã o nesta viagem... O que prefere de sobremesa: pê ssegos em calda ou pê ssegos cristalizados?

— Claro que prefiro pê ssegos em calda! — ela respondeu, rindo.

Depois de saborearem a nutritiva sobremesa, Simon cuidou de lavar os pratos sujos no riacho, em seguida, colocou mais lenha na fogueira e tornou a se sentar. — Joe deixou o cavalo extra aqui, e por isso parei para acampar. Nã o havia sinal de que você tivesse passado e fiquei preocupado, pensando que talvez estivesse perdida. Só podia ter esperanç a de que deixasse Blackie descobrir o caminho!

— Oh, se tivesse feito isso mais cedo, talvez nem tivesse me perdido — ela admitiu. — Tive tanto medo... Acho que ouvi ruí dos dos animais escondidos!

— E certamente ouviu. Por aqui existem muitas cabras selvagens, que ficam espiando a gente de cima de alguma rocha mais alta... Você é inacreditá vel, Jess!

— O que quer dizer com isso? Nã o acredita em mim?

— Nã o, nã o é isso. É que à s vezes acho difí cil admitir que seja uma mulher!

— Ora, Simon. O que pensa que sou, entã o?

— Sei lá... O que quero dizer é que você é diferente de todas as outras mulheres que já conheci na vida!

— E o que me torna tã o diferente delas? Sempre me considerei uma pessoa comum, sem nada de especial a me distinguir — ela falava em tom casual, decidida a nã o deixar que aquela conversa se tornasse muito í ntima.

— Quando lhe disse que teria de caminhar para o rancho, você nã o começ ou a reclamar ou pediu que lhe desse meu cavalo. Nã o acho que esse seja um comportamento muito natural nas mulheres...

— Será que teria adiantado alguma coisa se eu tivesse feito isso? — ela perguntou e Simon sorriu.

— Nã o, você sabe que nã o... Mas, fiquei impressionado porque aceitou a situaç ã o como um fato e nã o teve medo de enfrentá -la.

— Você me tratou como algué m que tinha capacidade para fazer isso e eu també m achava que tinha! Foi só quando começ ou a escurecer e eu nã o sabia onde estava, que comecei a perceber como era fá cil se perder por aqui, principalmente para quem nunca esteve nas montanhas. E entã o... fiquei com muito medo.

— O medo nã o é uma coisa da qual devemos nos envergonhar. — Simon parecia estar falando com Danny. — Todos sentimos medo, numa ou noutra ocasiã o.

— Nã o consigo imaginar você com medo de alguma coisa...

— O que está tentando fazer agora? Valorizar meu ego? — Ele sorriu. — Já tive medo, em muitas ocasiõ es. Lembro-me da primeira vez que meu pai me fez montar um cavalo selvagem! Eu estava perdido de medo!

— Mas isso nã o o impediu de fazer o que ele queria?

— Nã o, porque eu ainda tinha mais medo de desobedecer meu pai!

— Sei como é, por causa da minha pró pria infâ ncia. Nunca ousava desobedecer a meu pai!

— Grant Benson era um grande homem. — Simon parecia feliz em recordar. — Ensinou-me tudo que sei a respeito dos animais e da terra. Estava passando para mim o que seus avó s lhe haviam ensinado!

— Uma heranç a que você gostaria de passar para Danny, nã o é?

— Eu gostaria, se fosse capaz... Mas parece que nã o estou conseguindo. Você falou com Rhoda sobre Danny, nã o falou?

— Sim, espero que nã o se importe. Como ficou sabendo?

— Ela ofereceu seus serviç os esta manhã, depois que você partiu. — Ele tinha um sorriso sarcá stico. — Como adivinhei, seu preç o era alto demais.

— Como assim?

— Ela queria se mudar para casa, definitivamente... e acertar o casamento! Ao contrá rio de você, aspira ao papel de mã e adotiva de Danny!

— E você recusou? — Jessica lembrou-se de quando Rhoda se aproximara dela, a face ainda vermelha de raiva!

— Sim, recusei. Nã o quero me envolver mais uma vez nesta guerra que é o casamento!

— Mas nã o tem que ser assim, necessariamente! Nã o foi o meu caso, junto com Steve...

— Mas foi para mim e para meu pai!

— E seus avó s? — Jessica desafiou, decidida a encontrar um exemplo de casamento feliz.

— Com eles era diferente. Minha avó era uma mulher especial, e nã o havia como deixar de gostar dela.

— Para um casamento, nã o é suficiente que um dos parceiros seja apaixonado pelo outro — Jessica insistiu. — Ela també m devia amar seu avô!

— Se continuar assim, vou acabar pensando que quer me converter. — Simon tomou-lhe a mã o esquerda e examinou sua alianç a. — O que aconteceu com Steve Howard? Nã o se incomoda de me contar?

Aquela maneira gentil de perguntar e o aconchego da fogueira que brilhava calmamente, tornaram Jessica capaz de relatar tudo que aconteceu entre ela e Steve, sem se sentir imensamente triste, como das outras vezes. Contou como conheceu Steve e se casou com ele dois anos depois, quando completava vinte e um anos. Contou també m como foi duro receber a notí cia de que ele havia morrido quando trabalhava num edifí cio em construç ã o sob sua responsabilidade.

— Steve deve ter sido uma ó tima pessoa! — Simon comentou quando ela parou de falar.

— Sim, ele era — Jessica replicou, pensando que finalmente conseguia falar de Steve como algué m que conheceu e amou por algum tempo, e que agora pertencia ao passado. Talvez seria esta a maneira como se lembraria de Simon quando já tivesse voltado para a Inglaterra.

Sentiu-se confusa: como poderia dizer que amava Simon Benson e colocá -lo na mesma categoria de Steve? Ela nem o conhecia direito, mas esse amor parecia algo tã o natural, agora que olhavam o fogo, Simon com o braç o sobre o ombro de Jessica, e ela com a cabeç a recostada nele.

— Ele tinha muita sorte, també m. — A voz de Simon era suave.

— Por que diz isso? — ela perguntou, surpresa, pois afinal Steve tinha morrido muito moç o e Simon estava ali, cheio de vida.

— Ele teve você — foi o que respondeu e Jessica sentiu-se subitamente fascinada pelo movimento daqueles lá bios que atraí am os seus. O contato entre eles foi hesitante, como se Simon tivesse medo de ser rejeitado... Seu rosto cheirava um pouco como a fumaç a da fogueira, e sua barba era á spera contra a pele dela.

Por um momento, ela se deixou ficar paralisada, sem reagir. Sabia que esperava aquele momento desde que colocou os olhos em Simon pela primeira vez, no hotel em Edmonton. O fato de nã o reagir, agora, era como um desafio para ele e os lá bios de Simon foram se tornando mais urgentes e possessivos, dispostos a vencer aquela resistê ncia até que ela nã o pensou em mais nada, a sua boca se abriu. Os dedos de Simon abriram caminho sobre o cobertor que ela ainda tinha nos ombros, procurando seu corpo, sua pele. Logo, aqueles dedos lhe acariciavam as costas, um pouco frios por causa do ar lá fora.

A paixã o que Jessica tentava esconder de si mesma, aflorou repentinamente. Com abandono, puxou Simon para mais perto, acariciando-lhe a nuca e as costas, até onde suas mã os alcanç avam. Seus corpos se procuravam loucamente, e por vá rios minutos eles se beijaram e se acariciaram com uma intensidade alé m de qualquer razã o, tentando saciar a fome que existia dentro deles. Contudo, repentinamente Simon se afastou, com violê ncia. Ele tinha um olhar estranho.

— Isso nã o devia ter acontecido! — ele falou, e Jessica se manteve calada. —... Deus sabe como tentei evitar, como tentei me convencer de que nã o a desejava! Será que acredita em mim?

— Sim — ela disse, sua voz soando estranha aos pró prios ouvidos. — Acredito, pois també m lutei muito para nã o desejá -lo, Simon.

Ele a encarou com um olhar espantado, os olhos brilhando. — Será que... será que o choquei? — ela continuou, puxando o cobertor de forma a cobrir-se mais, pois o ar da noite era muito frio, agora que nã o tinha o calor das mã os e do corpo de Simon.

— De certa maneira... Nunca tinha ouvido uma mulher admitir isto com tanta franqueza. Em geral, elas encobrem o desejo com alguma mentira a respeito de estarem apaixonadas! — Sua voz era amarga e Jessica pensou que, com certeza, se lembrava de Lou.

— Bem, acho que seria inú til eu dizer que o amava, pois nã o acreditaria em mim, nã o é? Afinal, somos só dois estranhos um para o outro.

— Nada disto teria acontecido se você nã o tivesse se perdido, se tivesse chegado ao rancho, como pretendia... O estranho é que, de certa forma, eu tinha esperanç a de que acontecesse! Cheguei a tentar atrasá -la lá atrá s... Mas logo percebi que estava sendo tolo, procurando uma situaç ã o pela qual já passei e que nã o foi nada agradá vel. Foi por perceber isso que ofereci meu cavalo, para que partisse e nos separá ssemos! — Simon fez uma pausa e continuou, com um sorriso cí nico: — Mas, no fim de tudo, aqui estamos nesta noite fria, tendo somente uma barraca e um saco de dormir, prisioneiros os dois da mesma â nsia de saciar nossos desejos!

Aquela atitude cí nica irritou Jessica e a fez tomar uma decisã o. Endireitou as costas e resolveu enfrentar Simon.

— De quem é o saco de dormir? — perguntou com voz fria.

— É meu.

— E onde está o meu?

— Pensei que você é quem fosse capaz de me dizer — Simon replicou secamente.

— Nã o está com o resto da bagagem no cavalo de carga?

— Você sabe muito bem que nã o estou.

— Ora, nã o seja ridí culo! Eu nã o perguntaria se soubesse! A continuar assim, daqui a pouco vai afirmar que machuquei Snap intencionalmente e depois me perdi de propó sito, apenas para passar a noite aqui com você!

— Entã o, nã o foi isso que aconteceu?

— Claro que nã o! Tudo foi um grande acidente. Aliá s, desde que cheguei em Alberta, tudo que acontece sã o grandes coincidê ncias!

— Ditados pelo destino, nã o é? — ele zombou. — Está bem, como poderia me provar que nã o planejou este encontro nas montanhas?

— Vou dormir enrolada no cobertor, Simon. Aqui fora.

— Vai ficar gelada...

— Dormirei bem perto do fogo. — Uma profunda e incompreensí vel dor substituiu a irritaç ã o, e seu senso de independê ncia e autoconfianç a ganharam forç a. — Nã o quero que ache que eu estava jogando com você, para colocá -lo nesta situaç ã o. Você faz o que pode para estragar uma linda experiê ncia, nã o é, Simon?

— Nã o pode estar se referindo aos beijos que trocamos há pouco...

— Nã o, claro que nã o... Estou falando desta viagem para Eagle Lake, de meu sonho de vir até aqui, conhecer estas montanhas, as noites passadas ao lado do fogo, as canç õ es de Jan, as flores, os animais, o brilho da á gua do lago... Foram dias maravilhosos e gostaria de poder lembrar deles... sem amargura! Mas você estragou tudo, Simon, nã o por ter me beijado, mas pelo que disse depois.

Simon estava calado, parecia distante. Tremendo, Jessica arrumou mais; uma vez o cobertor sobre si e reconheceu, infeliz, que era uma noite pé ssima para se passar fora da barraca.

— Estava tentando esfriar essa situaç ã o explosiva que tinha se criado entre nó s... No meio daquelas carí cias, foi quase impossí vel nã o se deixar dominar por elas. — Simon já nã o era tã o cí nico.

— E pode ter certeza que conseguiu — Jessica respondeu, fazendo forç a para esconder as lá grimas que queriam escapar. — Nã o dormiria com você naquela tenda por nada no mundo!

Simon se levantou, arrumou o chapé u na cabeç a e virou-se. Cada movimento denunciava a extrema irritaç ã o que sentia.

— Está bem, pode ficar com esta maldita barraca e o saco de dormir! Eu durmo aqui fora.

— Nã o, Simon, nã o quero que faç a isto. É por minha culpa que estou aqui. Fui eu que me perdi e vou enfrentar as consequê ncias. Você nã o precisa fazer essas cenas de sacrifí cios por minha causa!

— Cenas de sacrifí cio? — ele replicou, furioso. — Isso é o bastante para mim! — Dando-lhe as costas, começ ou a caminhar em direç ã o à escuridã o.

— Aonde você vai? — Jessica perguntou, ansiosa.

— Pegar sua sela! — A voz dele era á spera, seu orgulho estava ferido. — Logo vai descobrir que é um ó timo travesseiro, já que escolheu dormir do lado de fora!

 

 



  

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