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COLEÇÃO JARDIM DAS FLORES 5 8 страница— Quero ver meu pai. — Ele lhe dará uma porç ã o de desculpas. — Posso resolver isso. — Ela o olhou diretamente em desafio. — Lamento, mas nã o posso concordar. — O que isso tudo tem a ver com você? — Gwenna praticamente gritou, pura raiva dominando-a. Angelo permaneceu silencioso. — Você acha que vou perder o controle. Bem, nã o vou. Só perco o controle com você! — murmurou ela na defensiva. Gwenna estava sentada na limusine, rí gida como uma pedra, mas por dentro suas emoç õ es estavam em turbilhã o. O veí culo parou diante da casa de seu pai. — Você nã o precisa confrontá -lo. Por que nã o me deixa resolver a questã o? — ofereceu Angelo suavemente. — Ele é meu pai. — Pegando a pasta, Gwenna desceu. — E nã o ouse entrar!
CAPÍ TULO NOVE
Donald Hamilton folheou freneticamente os documentos que Gwenna lhe apresentou. Finalmente, largou-os sobre a mesa. Estava pá lido, o semblante de choque era quase palpá vel. — Angelo Riccardi reuniu tudo isso para você? — Sim. — Gwenna suspirou. — Por favor, nã o minta mais. Preciso ouvir a verdade. — Parece muito pior do que é — defendeu-se Donald. — Vou lhe explicar como aconteceu... — Nã o fale como se fosse uma coisa que simplesmente aconteceu, sobre a qual você nã o tinha controle — interrompeu ela. — Você forjou o testamento de minha mã e, de modo que fiquei sem nada! — Nã o faç a tanto drama disso — argumentou seu pai. — Tudo começ ou inocentemente. Quando você era bebê, tentei persuadir sua mã e, Isabel, a fazer uma parceria de negó cios. Esperava que juntos pudé ssemos construir casas na propriedade Massey. — Construir? — repetiu Gwenna. — Mas é contra a lei construir em um terreno considerado um patrimô nio histó rico. — Isso foi há mais de vinte anos, e a propriedade nã o tinha valor histó rico na é poca. Eu queria ganhar dinheiro para todos nó s. Isabel era pobre, mas enlouqueceu quando sugeri o negó cio da propriedade. O casarã o, mesmo em ruí nas, era muito importante para sua mã e. — Eu sei — reconheceu Gwenna relutante. — Quando você nasceu, meu relacionamento com Isabel era só de amizade — continuou Donald. Nã o era assim que Gwenna se lembrava das coisas. Eles brigavam e voltavam, de acordo com o humor de seu pai. A amargura de sua mã e havia aumentado quando finalmente percebera que o homem que amara por tanto tempo nunca retornara os sentimentos da mesma maneira. — Meu primeiro casamento foi um desastre e eu queria o divó rcio. Desenvolver um projeto para a propriedade Massey parecia minha ú nica saí da — prosseguiu ele com determinaç ã o. — Eu necessitava ganhar muito dinheiro. Tinha uma esposa para manter, você e sua mã e para sustentar e, na é poca, també m conheci uma outra mulher. Gwenna nã o se surpreendeu com aquela revelaç ã o. — Isso acontecia frequentemente nã o? Trocar uma amante por outra nova? Seu pai suspirou. — Nã o espero que você entenda isso, mas Fiorella foi diferente. Ela era italiana, muito encantadora. Eu queria me casar com ela, mas nosso caso saiu de controle. Gwenna franziu o cenho. — Nã o entendo o que tudo isso tem a ver com o testamento de minha mã e. — Estou tentando explicar os motivos pelos quais fiz aquilo. Gwenna olhou para baixo da mesa, onde Piglet estava dormindo. Começ ava a se perguntar por que tinha ido ver o pai. Sentia-se vazia. Nada que ele pudesse dizer iria fazê -la se sentir melhor em relaç ã o ao fato de ele ter roubado sua heranç a e de ela, por isso, ter vivido tantos anos à sua custa. Tinha se sentido tã o culpada pelo rompimento do primeiro casamento do pai. Ele a fizera acreditar que reconhecer a filha o levara ao divó rcio. E agora acabava de admitir que ele, na verdade, queria romper aquele casamento. As coisas que nã o quisera enxergar, comparaç õ es que doí am fazer, estavam vindo à tona agora. Suas meias-irmã s haviam crescido numa casa adorá vel com os pais, enquanto Gwenna fora enviada para um colé gio interno que detestava. Durante as fé rias, sua presenç a em casa era, no má ximo, tolerada. Ela trabalhara meio-perí odo durante a faculdade e economizara. Entã o passara a morar num pequeno apartamento em cima de um viveiro de plantas, o qual dirigia por um salá rio miserá vel. Contudo, uma mera palavra de aprovaç ã o de seu pai a deixava feliz por dias. — Gwenna — Hamilton falou com tom de urgê ncia — você tem de me ouvir. — Se quer que eu o ouç a, diga alguma coisa relevante. A sua histó ria com uma italiana encantadora nã o é — murmurou ela com tristeza. — Neste caso, é — insistiu ele. — Um dia, trê s homens entraram armados em meu escritó rio e disseram que eu estava me metendo com a filha de um homem muito importante, que já tinha um marido. Fui avisado de que se quisesse continuar vivo e prosperar, eu teria de sair da vida de Fiorella. — Verdade? — Gwenna só registrou que seu pai tivera um caso com uma mulher casada e achou que ele merecia isso, já que era um traidor. — Talvez minha mã e tivesse sido mais feliz se tivesse um pai capaz de fazer a mesma coisa. — Pelo amor de Deus, Gwenna. Eles puseram uma arma na minha cabeç a. Pensei que fosse morrer! — protestou Donald furioso. — Eram criminosos. — Tenho certeza que sim. — Ela suspirou, perguntando-se aonde ele queria chegar com aquela histó ria. — Eu estava gerenciando o dinheiro de Fiorella que era uma mulher rica. Os brutamontes do pai dela exigiram que eu devolvesse tudo. Escoltaram-me até o banco e esperaram enquanto eu fazia arranjos para retirar o dinheiro. Mas ela já tinha gastado uma boa parte, e os homens ameaç aram voltar se eu nã o cobrisse a quantia que tinha sido gasta. Tive de pagar. Eles me deixaram no zero. Desnecessá rio dizer que me afastei de Fiorella, mas eu estava financeiramente arruinado. — Desculpe... nã o acredito em nada disso. — Eu conhecia o advogado de sua mã e. Ele era idoso, e já devia estar aposentado. Foi fá cil pegar os papé is dele — admitiu Donald. — Fui a uma financeira em Londres e fingi que era dono da propriedade Massey. Usando isso como garantia, consegui um bom empré stimo. Eu precisava cumprir minhas obrigaç õ es em casa. Você e sua mã e dependiam de mim na é poca. Gwenna franziu o cenho, finalmente percebendo a conexã o, embora nã o acreditasse na histó ria precedente. — Como pô de fazer isso com minha mã e? Ela era apenas mais uma pessoa para ser usada? Existe algué m que você nã o use? — Quando sua mã e morreu, eu ainda precisava pagar o empré stimo, por isso forjei aquele testamento, mas fiz isso com a melhor das intenç õ es. Eu tinha planos tã o maravilhosos... — Mamã e queria que a propriedade fosse minha, nã o sua! — Eu lhe dei um lar — seu pai a relembrou sem hesitaç ã o. — Esperava desenvolver a propriedade, e você se beneficiaria disso també m, se tivesse dado certo. — Acho que nã o. Fui apenas um meio para que você alcanç asse um objetivo, e uma maneira barata de manter o viveiro funcionando. — Gwenna pegou os papé is e se levantou. — Vou levar o jipe. É meu. — Você nã o pode ir embora assim. O que vai acontecer agora? — Levantando-se, Donald olhou apreensivo pela janela. Ela seguiu-lhe o olhar. Angelo estava encostado contra o capo de seu carro luxuoso. Ela percebeu que nã o se importava com o que ele faria em relaç ã o à mais recente fraude de seu pai. Provavelmente, Angelo o processaria. Sem problemas para Gwenna, mas isso també m significava que seu acordo com Angelo seria cancelado. Donald seria preso e enfrentaria um tribunal. E se ela nã o interferisse, isso significava que estava livre novamente, pensou atordoada. — Aquele é Angelo Riccardi? — perguntou seu pai? — Parece mais jovem do que nos jornais. E ele me lembra algué m. Por que nã o o convida para entrar? — Eu nã o quero — replicou ela sem se desculpar Gwenna se dirigiu para a cozinha, pegou as chaves do velho jipe e foi direto para a garagem de trá s. Dirigiu ao redor da casa, parando ao lado da limusine antes que perdesse a coragem. Com dedos trê mulos abriu a janela do carro. Com o semblante frio, Angelo arqueou a sobrancelha. — Este veí culo está adequado para ser dirigido em rodovias? — Nã o seja esnobe — respondeu ela. — Nosso acordo acabou. Totalmente perturbado, ele a olhou. — Acabou? — Você pode processar meu pai. Nã o me importo mais. Os olhos escuros se arregalaram. — Você nã o está falando sé rio... — Sim, estou. Ele é um homem horrí vel — murmurou ela sem emoç ã o. — Nã o vou sacrificar minha vida para mantê -lo fora da prisã o. Entã o, vá em frente e processe-o. — Eu nã o estava me referindo ao seu pai. Estou questionando sobre você e eu... Gwenna olhou para o vidro dianteiro, o perfil pá lido e tenso. — Nã o existe você e eu — sussurrou ela. — Havia um acordo e agora acabou. Se o testamento foi forjado, a propriedade Massey é minha, e assim que o processo legal for realizado e seu staff se mudar, vou tomar posse novamente. — Aqui nã o é o lugar para termos essa discussã o... — Nã o há nada a discutir. Você pode ficar com as roupas e enviar o resto das minhas coisas para o viveiro. — Com isso, ela pisou no acelerador e partiu. Angelo estava estupefato pela virada de eventos. Ela o pegara de surpresa. Por que nã o lhe ocorrera que Gwenna poderia partir uma vez que parasse de se importar com o que aconteceria com o pai? Ele tinha perdido a noç ã o de tudo? Piglet apareceu na esquina da casa e correu freneticamente atrá s do carro de Gwenna. Deixado para trá s, o pequeno cã o colidiu com o gato que tinha fugido da cozinha de Hamilton para persegui-lo. Por aproximadamente dez segundos, Angelo seguiu o movimento do cachorro com os olhos, e entã o, vendo o animal ir para a estrada, entrou em aç ã o. Gritando para sua equipe, Franco o seguiu. Alcanç ou a estrada para ver seu patrã o abaixando-se para pegar Piglet, que estava correndo freneticamente no meio do trâ nsito. Angelo inclinou-se para jogar Piglet na extremidade da grama e perdeu o equilí brio, caiu na estrada e foi atropelado por um carro que passava a toda velocidade. Ficou deitado na rua, sangue escorrendo da lateral da cabeç a. Tremendo de medo, Piglet procurou seguranç a no ú nico rosto familiar e aproximou-se de Angelo para lamber-lhe a mã o.
Gwenna já tinha quase chegado ao vilarejo antes de perceber que nã o tinha idé ia para onde iria. Entã o, parou diante dos portõ es dos Jardins Massey. Aquela parte da propriedade estava fechada para o trá fego de veí culos e ela estacionou do lado de fora, descendo para andar ao longo do caminho que um dia fora a entrada para a casa. Pela primeira vez, questionou se sua inabilidade de pensar e reagir estava relacionada ao choque. Choque pela traiç ã o e ganâ ncia de seu pai? Choque pela revelaç ã o de que era, afinal, a dona de uma propriedade que fora de sua famí lia por geraç õ es? É claro que isso teria de ser ratificado pela lei antes de ser oficialmente sua, mas era uma boa notí cia. Ningué m mais poderia lhe tirar a propriedade, a qual estaria segura em suas mã os. O viveiro de plantas seria seu novamente, o poderia proporcionar um lucro razoá vel. Quando nã o precisasse mais passar os lucros para o pai, seria capaz de ampliar os negó cios e fazer planos mais ousados para o futuro. Entretanto, nem mesmo tais perspectivas a confortavam. O que tinha descoberto sobre seu pai a deixara arrasada. Caminhou pelo solo coberto de ervas e, de alguma maneira, conseguiu se acalmar. Talvez, admitiu, també m estivesse um pouco chocada com a idé ia de uma vida sem Angelo. Por que, de repente, nã o conseguia imaginar um futuro sem ele? Entã o contemplou a perspectiva de nã o vê -lo nunca mais e percebeu que aquilo a abalara mais do que qualquer coisa naquele dia. Pondo as mã os no rosto, sentou-se nos degraus da casa velha e chorou. Quando tinha parado de detestar Angelo? E por que nã o percebera que gostava dele há muito tempo? Em que ponto Toby passara a ser um amigo muito amado em vez de a fonte de seus sonhos nã o realizados? Como podia ter se apaixonado por Angelo? Que interesses tinham em comum? Mas todo esse questionamento era inú til, uma vez que acabara de dispensá -lo. Poderia mudar de idé ia quanto a isso? Por que tinha deixado seu celular no carro? Angelo teria ligado? Foi naquele momento que Gwenna registrou a ausê ncia de Piglet e percebeu que tinha deixado seu cã o em Old Rectory. Deveria estar muito nervosa mesmo para ter se esquecido de Piglet! Levantando-se, voltou à estrada e encontrou Toby rodeando seu carro e choramingando. — Procurando por mim? — perguntou ela, abrindo a porta do motorista e pegando seu celular. — Fiquei surpreso em ver seu carro parado aqui. Gwenna virou-se para ver Toby. — O que houve? — Pensei que você estivesse no hospital. — Toby a estudou com atenç ã o. — Você ainda nã o sabe o que aconteceu? Angelo sofreu um acidente. A cabeç a dela pareceu girar. Angelo... acidente. Olhou para Toby, horrorizada. — Um acidente? Onde? Quando? — Sua madrasta viu tudo. Estava indo para casa com sacolas de compras... — Nã o importa de onde ela vinha. Fale-me sobre Angelo. Ele está bem? — Vou levá -la para o hospital agora. — Toby a conduziu para o banco de passageiro de seu carro esporte. — Toby! — exclamou ela desesperada. — Diga-me! Ele começ ou a dirigir. — Eva falou que ele estava inconsciente. Foi atropelado por um carro... — Você quer dizer que bateram no carro dele? — Angelo nã o estava dentro do carro. Provavelmente nã o é o momento de mencionar isso, mas Piglet está inteiro. — O que Piglet tem a ver com isso? Entã o Toby lhe contou que Angelo tinha salvado a vida do cachorro. Angelo, que nã o gostava de animais por perto. Gwenna sentiu-se terrivelmente culpada. — Já saiu até mesmo no noticiá rio... — Onde ele está? — interrompeu ela. — Eu a estou levando direto para lá. O celular de Gwenna tocou. Era Franco. Parecia calmo, mas informou-a de que Angelo ainda nã o recuperara a consciê ncia. Avisando-a que a imprensa estava reunida na frente do hospital, combinou de encontrá -la em um local menos pú blico. — Eu disse a todos que você é a companheira do sr. Riccardi — confessou Franco no breve encontro dos dois. Considerando que essa definiç ã o era uma mentira, Gwenna mordeu o lá bio. — Nã o acho que... — Essa é a ú nica forma que dará permissã o para vê -lo, sita. Hamilton. Os advogados já estã o a caminho. Gwenna entrou no elevador. A ú nica forma que dará permissã o para vê -lo. O risco de ser impedida de ver Angelo foi o bastante para silenciar seus protestos. — Advogados? — Decisõ es sobre o tratamento mé dico do sr. Riccardi devem ser tomadas rapidamente. Confio em você para fazer a escolha certa. — Franco a fitou seriamente. — Se você nã o assumir a responsabilidade, outros interesses poderiam interferir na tomada de uma decisã o. Gwenna assustou-se, mas respeitava a franqueza de ir direto ao ponto. Na ausê ncia da famí lia, os advogados de Angelo seriam os responsá veis, e obviamente Franco nã o confiava neles. Angelo era muito rico. Isso poderia influenciar a qualidade das escolhas feitas em nome dele? Angelo confiava plenamente em seu chefe de seguranç a. Gwenna nã o entendia por que Franco estava tã o preocupado, mas reconheceu a sinceridade do homem e assentiu em concordâ ncia. Franco levou-a até um mé dico, que estava ansioso para fornecer um relató rio das condiç õ es fí sicas de Angelo. Ele achava que o ferimento na cabeç a de Angelo deveria ser investigado, o que significava transferi-lo de hospital. Mas os advogados estavam discutindo se isso deveria ser feito ou nã o. O tempo passava e o mé dico estava preocupado com a demora. — Pode transferi-lo — instruiu Gwenna. — Você assume a responsabilidade? — Sim. Posso vê -lo agora? Angelo estava pá lido, a lateral do rosto cortada e arranhada, e estava muito, muito imó vel. Engolindo em seco, ela sentou-se na beira da cama e segurou-lhe a mã o. Angelo apenas tolerava Piglet, mas tinha se arriscado para impedir que o cachorrinho fosse atropelado. E provavelmente fizera isso por ela. Secando os olhos, Gwenna respirou fundo e começ ou a rezar. Muitos minutos se passaram antes que os enfermeiros entrassem a fim de prepará -lo para levá -lo ao hospital de uma cidade grande.
Angelo acordou, sentindo como se tivesse a pior ressaca de sua vida, com uma terrí vel dor de cabeç a. Entã o percebeu que um homem estava falando em tom autoritá rio, e que algué m apertava a sua mã o como se ele fosse uma corda de salvamento. — Lamento, mas, querendo ou nã o, você vai ouvir minha opiniã o, srta. Hamilton — disse o advogado. — A transferê ncia de hospital foi uma perda de tempo. Você permitiu que um mé dico inexperiente tomasse uma decisã o que pode prejudicar seriamente a recuperaç ã o de Riccardi. — Aquele hospital nã o possuí a os equipamentos necessá rios para um diagnó stico mé dico apropriado. Senti que nã o havia tempo a perder. — Gwenna se perguntou quantas horas fazia desde a ú ltima vez que dormira, uma vez que a cabeç a parecia pesada demais para sustentar o pescoç o. A luz da manhã se infiltrava pelas cortinas. — Você agiu sem autoridade e com meu desacordo expresso. Quem é você? Companheira dele? — zombou o advogado. — Nã o me faç a rir! Você é filha de um criminoso, e apenas mais uma na longa lista de pequenas... As pá lpebras de Angelo se ergueram para revelar os olhos furiosos. — Dio mio! Pare agora mesmo se quiser continuar empregado — disse ele. — Trate a srta. Hamilton com respeito. Está claro? O homem pediu desculpas e saiu. Gwenna ficou radiante ao ver que Angelo recobrara a consciê ncia. Seus olhos encheram-se de lá grimas de alí vio. — Tive medo de que você nunca mais acordasse. Vou chamar a enfermeira. — Ainda nã o. — Angelo a estudou. Os cabelos loiros desalinhados, os olhos borrados pela maquiagem, as faces pá lidas. Nunca a vira menos atraente, no entanto, apesar de nã o compreender por que, ela parecia maravilhosa. — Quanto tempo fiquei inconsciente? — Quase 18 horas. Ela ainda estava usando as mesmas roupas. Provavelmente, refletiu, nem mesmo se olhara no espelho. — Ficou comigo esse tempo todo? — Sim, é claro. Gwenna nã o saí ra do seu lado. Passara a noite inteira sentada. Ele nã o podia imaginar uma mulher que se preocupasse menos com a pró pria aparê ncia ou conforto, e ficou emocionado. — Você brigou com meus advogados em meu nome. Foi tanta coragem da sua parte — murmurou ele, apertando-lhe a mã o. — Gritou com eles? — Nã o. — Entã o, é só comigo que você grita. Com lá grimas prontas para escorrerem, ela meneou a cabeç a e nã o disse nada. — Essa é uma distinç ã o que faz com que eu me sinta especial, bellezza mia — declarou Angelo, perguntando-se por que gostava do fato de Gwenna estar chorando por ele. Ela deu-lhe um olhar sem graç a, entã o baixou os cí lios. — Depois do que eu lhe disse, você deve estar se perguntando o que estou fazendo aqui. — Você está aqui agora — disse ele. — Vai continuar comigo? Gwenna suspirou. Pensara que poderia morrer se Angelo nã o acordasse mais. Agora, sentia-se viva novamente, e a decisã o estava em suas mã os. Se dissesse sim à quela pergunta, significaria abandonar os medos e deixar-se guiar pelo coraç ã o. Se seguisse o bom senso, diria nã o. Ela nã o sabia se um dia poderia perdoá -lo pela forma com que as coisas tinham começ ado. Mas a alternativa seria deixá -lo, e nã o podia encarar isso. O amor, estava descobrindo, era muito mais complexo do que um dia acreditara, e roubara-lhe a liberdade de escolha. — Ainda quero que você vá comigo para a Sardenha — sussurrou Angelo. — Mas nã o estou pressionando-a. Você nã o me deve nada. Mas ela tinha apenas de fitar o rosto magní fico para sentir a pressã o magné tica que ele exercia sem nem mesmo tentar. Ele lhe dizia que ela nã o lhe devia nada, o que significava que estava ciente de tê -la obrigado a aceitar um acordo imoral. Mas nã o estava se desculpando por isso, e provavelmente nunca se desculparia. Poré m, Gwenna ainda precisava de Angelo, ainda o queria, admitiu. Naquele momento, nada mais importava. Houve uma leve batida à porta antes que o mé dico e os advogados entrassem. Ela levantou-se para dar-lhes espaç o, mas sentiu os olhos de Angelo ainda presos nos seus. — Estou esperando por uma resposta — disse ele como se ainda estivessem sozinhos. E Gwenna deu a ú nica resposta que podia. Passaram-se oito dias antes de eles chegarem à Sardenha. Uma greve na companhia á rea que Angelo possuí a resultou num caos para diversos viajantes, ele, entã o, deixou o hospital e voou direto para Paris, a fim de resolver a crise. Como resultado, Gwenna nã o o viu mais até chegar em Olbia, na Costa Smeralda. Piglet, equipado com seu passaporte oficial de animais de estimaç ã o, viajou no compartimento de cargas do mesmo aviã o. Vestida de calç a branca e uma blusa de renda també m branca, Gwenna chamou atenç ã o no aeroporto. Com olhos brilhantes, entrou no assento de passageiro da Range Rover de Angelo. — Você está linda — elogiou ele antes de puxá -la para um beijo tã o sensual que a deixou tremendo. O palacete dele ficava situado num penhasco de pedras calcá rias do Golfo di Orosei. A propriedade era cercada de jardins tropicais incrivelmente coloridos. Um caminho secreto e ladeado por vegetaç ã o levava a uma praia particular de areia branca. A casa era absolutamente magní fica. Tetos altos, paredes de pedras naturais e pisos de madeira mantinham o interior arejado, enquanto os mó veis confortá veis tornavam o lugar aconchegante e convidativo. — E este é o quarto principal — disse Angelo quando concluí ram o tour pela casa. Com a pressã o de um botã o, a parede de vidro que dava vista para a varanda de pedra ensolarada se abriu em duas. Uma brisa suave foi sentida no cô modo esplê ndido. Gwenna saiu na varanda para apreciar a vista estonteante do Mediterrâ neo. À luz do sol, o mar estava brilhante e azul-turquesa. — Estou no paraí so. — Ela suspirou, deleitando-se com o calor do sol em sua pele. — Adoro o som das ondas. E tã o relaxante. Uma amiga de mamã e tinha uma casa na praia, e à s vezes í amos para lá. Eu costumava adormecer com o som das ondas. — Você sabe nadar? — Como uma sereia. Por que você nunca menciona a sua famí lia? — perguntou Gwenna abruptamente. O corpo esbelto de Angelo ficou tenso quando a abraç ou por trá s. — O que há para dizer? Depois que minha mã e morreu, eu ficava em orfanatos nos perí odos de fé rias escolares. Nunca conheci meu pai. — Isso é uma pena. — Pense no sofrimento que seu pai lhe causou, cara mia. — Isso é verdade. Angelo a virou para si. Com o olhar intenso, deu-lhe um beijo terno no topo da cabeç a. — Linda — murmurou ele com voz rouca. Entã o começ ou a desabotoar-lhe a blusa de renda. Gwenna excitou-se imediatamente, sentindo os seios pesarem e os mamilos enrijecerem sob o tecido. — Está sem sutiã — sussurrou ele com apreciaç ã o, abrindo a blusa como se ela fosse seu presente precioso e nã o tivesse pressa de desvendar o conteú do. Quando os seios perfeitos foram revelados, Angelo ofegou levemente. Abrindo-lhe o zí per da calç a, deslizou-a vagarosamente pela cintura até removê -la por completo. Os olhos ardentes fixos em sua nudez fizeram o corpo de Gwenna formigar. Uma sensaç ã o de calor instalou-se entre suas coxas e ela respondeu com um pequeno gemido. — Você gosta de ser despida. — Angelo a puxou para si e brincou com os mamilos rijos. Uma sensaç ã o deliciosa percorreu o corpo dela. — Sim. — Gwenna sentiu-se tanto envergonhada quanto excitada por aquele novo conhecimento sobre si mesma. Apoiando-a, ele tocou-lhe um dos seios com a boca, enquanto usava a mã o para provocar o lugar ú mido e secreto entre as pernas de Gwenna. Ela nã o pô de conter alguns gemidos sucessivos. Suas pernas fraquejaram e Angelo a carregou para a cama. — Você está tã o pronta para mim — sussurrou ele, removendo as pró prias roupas. Foi a vez de Gwenna conduzir sua pró pria exploraç ã o. Puxando-o para si, usou toda a sensualidade que tinha aprendido para lhe dar prazer. — Eu quero mais... quero estar dentro de você — murmurou ele, tombando-a gentilmente contra os travesseiros. Quando Angelo abriu-lhe as pernas, cada fibra do corpo de Gwenna foi envolvida na mais louca excitaç ã o. Ela angulou os quadris numa sú plica por sua possessã o. Ele a penetrou, rá pido e com desespero Atormentada de prazer, as respostas de Gwenna tornaram-se cada vez mais selvagens, até que perdeu o controle total e atingiu um clí max explosivo. Ouvindo-o murmurar seu nome quando o orgasmo de Angelo se seguiu, ela se sentiu plena. — Peç o desculpas... isso foi um pouco rude e rá pido, bellezza mia. Gwenna sorriu docemente sob ele e o abraç ou forte. Se aquilo tinha sido rude e rá pido, só podia esperar ansiosamente por uma pró xima vez. Angelo ergueu-lhe o rosto. — Falo sé rio. Eu planejava um banquete maior. Notando que os arranhõ es estavam desaparecendo rapidamente do rosto dele, ela sorriu. — Você é sempre tã o ambicioso. — Quero que saiba o quanto eu... — Sentiu minha falta? — complementou ela. — Quanto gosto de você — corrigiu Angelo, os lindos olhos reservados, como se aquela fosse uma grande declaraç ã o de amor. Bocejando, Gwenna fechou os olhos. — Estou com tanto sono. Ele a fitou frustrado. — Eu realmente gosto de você. — Que bom — murmurou ela já meio adormecida.
CAPITULO DEZ
Gwenna jogou uma vareta para que Piglet fosse buscar enquanto andava ao longo da praia. Quatro semanas de total relaxamento na Sardenha tinham colocado um brilho saudá vel em suas faces e um sorriso em seus lá bios. Possuí a paz mental novamente, e as coisas mais tolas a faziam sorrir, refletiu contente.
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