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COLEÇÃO JARDIM DAS FLORES 5 8 страница



— Quero ver meu pai.

— Ele lhe dará uma porç ã o de desculpas.

— Posso resolver isso. — Ela o olhou diretamente em desafio.

— Lamento, mas nã o posso concordar.

— O que isso tudo tem a ver com você? — Gwenna praticamente gritou, pura raiva dominando-a.

Angelo permaneceu silencioso.

— Você acha que vou perder o controle. Bem, nã o vou. Só perco o controle com você! — murmurou ela na defensiva.

Gwenna estava sentada na limusine, rí gida como uma pedra, mas por dentro suas emoç õ es estavam em turbilhã o. O veí culo parou diante da casa de seu pai.

— Você nã o precisa confrontá -lo. Por que nã o me deixa resolver a questã o? — ofereceu Angelo suave­mente.

— Ele é meu pai. — Pegando a pasta, Gwenna des­ceu. — E nã o ouse entrar!

 

 

CAPÍ TULO NOVE

 

Donald Hamilton folheou freneticamente os docu­mentos que Gwenna lhe apresentou. Finalmente, lar­gou-os sobre a mesa. Estava pá lido, o semblante de choque era quase palpá vel.

— Angelo Riccardi reuniu tudo isso para você?

— Sim. — Gwenna suspirou. — Por favor, nã o minta mais. Preciso ouvir a verdade.

— Parece muito pior do que é — defendeu-se Donald. — Vou lhe explicar como aconteceu...

— Nã o fale como se fosse uma coisa que simples­mente aconteceu, sobre a qual você nã o tinha contro­le — interrompeu ela. — Você forjou o testamento de minha mã e, de modo que fiquei sem nada!

— Nã o faç a tanto drama disso — argumentou seu pai. — Tudo começ ou inocentemente. Quando você era bebê, tentei persuadir sua mã e, Isabel, a fazer uma parceria de negó cios. Esperava que juntos pu­dé ssemos construir casas na propriedade Massey.

— Construir? — repetiu Gwenna. — Mas é contra a lei construir em um terreno considerado um patrimô nio histó rico.

— Isso foi há mais de vinte anos, e a propriedade nã o tinha valor histó rico na é poca. Eu queria ganhar dinheiro para todos nó s. Isabel era pobre, mas enlou­queceu quando sugeri o negó cio da propriedade. O casarã o, mesmo em ruí nas, era muito importante para sua mã e.

— Eu sei — reconheceu Gwenna relutante.

— Quando você nasceu, meu relacionamento com Isabel era só de amizade — continuou Donald.

Nã o era assim que Gwenna se lembrava das coi­sas. Eles brigavam e voltavam, de acordo com o hu­mor de seu pai. A amargura de sua mã e havia aumen­tado quando finalmente percebera que o homem que amara por tanto tempo nunca retornara os sentimen­tos da mesma maneira.

— Meu primeiro casamento foi um desastre e eu queria o divó rcio. Desenvolver um projeto para a propriedade Massey parecia minha ú nica saí da — prosseguiu ele com determinaç ã o. — Eu necessitava ganhar muito dinheiro. Tinha uma esposa para man­ter, você e sua mã e para sustentar e, na é poca, tam­bé m conheci uma outra mulher.

Gwenna nã o se surpreendeu com aquela reve­laç ã o.

— Isso acontecia frequentemente nã o? Trocar uma amante por outra nova?

Seu pai suspirou.

— Nã o espero que você entenda isso, mas Fiorella foi diferente. Ela era italiana, muito encantadora. Eu queria me casar com ela, mas nosso caso saiu de con­trole.

Gwenna franziu o cenho.

— Nã o entendo o que tudo isso tem a ver com o testamento de minha mã e.

— Estou tentando explicar os motivos pelos quais fiz aquilo.

Gwenna olhou para baixo da mesa, onde Piglet es­tava dormindo. Começ ava a se perguntar por que ti­nha ido ver o pai. Sentia-se vazia. Nada que ele pu­desse dizer iria fazê -la se sentir melhor em relaç ã o ao fato de ele ter roubado sua heranç a e de ela, por isso, ter vivido tantos anos à sua custa. Tinha se sentido tã o culpada pelo rompimento do primeiro casamento do pai. Ele a fizera acreditar que reconhecer a filha o levara ao divó rcio. E agora acabava de admitir que ele, na verdade, queria romper aquele casamento.

As coisas que nã o quisera enxergar, comparaç õ es que doí am fazer, estavam vindo à tona agora. Suas meias-irmã s haviam crescido numa casa adorá vel com os pais, enquanto Gwenna fora enviada para um colé gio interno que detestava. Durante as fé rias, sua presenç a em casa era, no má ximo, tolerada. Ela tra­balhara meio-perí odo durante a faculdade e economi­zara. Entã o passara a morar num pequeno apartamen­to em cima de um viveiro de plantas, o qual dirigia por um salá rio miserá vel. Contudo, uma mera pala­vra de aprovaç ã o de seu pai a deixava feliz por dias.

— Gwenna — Hamilton falou com tom de urgê n­cia — você tem de me ouvir.

— Se quer que eu o ouç a, diga alguma coisa rele­vante. A sua histó ria com uma italiana encantadora nã o é — murmurou ela com tristeza.

— Neste caso, é — insistiu ele. — Um dia, trê s ho­mens entraram armados em meu escritó rio e disse­ram que eu estava me metendo com a filha de um ho­mem muito importante, que já tinha um marido. Fui avisado de que se quisesse continuar vivo e prospe­rar, eu teria de sair da vida de Fiorella.

— Verdade? — Gwenna só registrou que seu pai tivera um caso com uma mulher casada e achou que ele merecia isso, já que era um traidor. — Talvez minha mã e tivesse sido mais feliz se tivesse um pai ca­paz de fazer a mesma coisa.

— Pelo amor de Deus, Gwenna. Eles puseram uma arma na minha cabeç a. Pensei que fosse morrer! — protestou Donald furioso. — Eram criminosos.

— Tenho certeza que sim. — Ela suspirou, per­guntando-se aonde ele queria chegar com aquela his­tó ria.

— Eu estava gerenciando o dinheiro de Fiorella que era uma mulher rica. Os brutamontes do pai dela exigiram que eu devolvesse tudo. Escoltaram-me até o banco e esperaram enquanto eu fazia arranjos para retirar o dinheiro. Mas ela já tinha gastado uma boa parte, e os homens ameaç aram voltar se eu nã o co­brisse a quantia que tinha sido gasta. Tive de pagar. Eles me deixaram no zero. Desnecessá rio dizer que me afastei de Fiorella, mas eu estava financeiramente arruinado.

— Desculpe... nã o acredito em nada disso.

— Eu conhecia o advogado de sua mã e. Ele era idoso, e já devia estar aposentado. Foi fá cil pegar os papé is dele — admitiu Donald. — Fui a uma finan­ceira em Londres e fingi que era dono da propriedade Massey. Usando isso como garantia, consegui um bom empré stimo. Eu precisava cumprir minhas obrigaç õ es em casa. Você e sua mã e dependiam de mim na é poca.

Gwenna franziu o cenho, finalmente percebendo a conexã o, embora nã o acreditasse na histó ria prece­dente.

— Como pô de fazer isso com minha mã e? Ela era apenas mais uma pessoa para ser usada? Existe al­gué m que você nã o use?

— Quando sua mã e morreu, eu ainda precisava pa­gar o empré stimo, por isso forjei aquele testamento, mas fiz isso com a melhor das intenç õ es. Eu tinha planos tã o maravilhosos...

— Mamã e queria que a propriedade fosse minha, nã o sua!

— Eu lhe dei um lar — seu pai a relembrou sem he­sitaç ã o. — Esperava desenvolver a propriedade, e você se beneficiaria disso també m, se tivesse dado certo.

— Acho que nã o. Fui apenas um meio para que você alcanç asse um objetivo, e uma maneira barata de manter o viveiro funcionando. — Gwenna pegou os papé is e se levantou. — Vou levar o jipe. É meu.

— Você nã o pode ir embora assim. O que vai acontecer agora? — Levantando-se, Donald olhou apreensivo pela janela.

Ela seguiu-lhe o olhar. Angelo estava encostado contra o capo de seu carro luxuoso. Ela percebeu que nã o se importava com o que ele faria em relaç ã o à mais recente fraude de seu pai. Provavelmente, An­gelo o processaria. Sem problemas para Gwenna, mas isso també m significava que seu acordo com Angelo seria cancelado. Donald seria preso e enfren­taria um tribunal. E se ela nã o interferisse, isso sig­nificava que estava livre novamente, pensou ator­doada.

— Aquele é Angelo Riccardi? — perguntou seu pai? — Parece mais jovem do que nos jornais. E ele me lembra algué m. Por que nã o o convida para en­trar?

— Eu nã o quero — replicou ela sem se desculpar Gwenna se dirigiu para a cozinha, pegou as chaves do velho jipe e foi direto para a garagem de trá s. Di­rigiu ao redor da casa, parando ao lado da limusine antes que perdesse a coragem. Com dedos trê mulos abriu a janela do carro.

Com o semblante frio, Angelo arqueou a sobran­celha.

— Este veí culo está adequado para ser dirigido em rodovias?

— Nã o seja esnobe — respondeu ela. — Nosso acordo acabou.

Totalmente perturbado, ele a olhou.

— Acabou?

— Você pode processar meu pai. Nã o me importo mais.

Os olhos escuros se arregalaram.

— Você nã o está falando sé rio...

— Sim, estou. Ele é um homem horrí vel — mur­murou ela sem emoç ã o. — Nã o vou sacrificar minha vida para mantê -lo fora da prisã o. Entã o, vá em fren­te e processe-o.

— Eu nã o estava me referindo ao seu pai. Estou questionando sobre você e eu...

Gwenna olhou para o vidro dianteiro, o perfil pá li­do e tenso.

— Nã o existe você e eu — sussurrou ela. — Havia um acordo e agora acabou. Se o testamento foi forja­do, a propriedade Massey é minha, e assim que o processo legal for realizado e seu staff se mudar, vou to­mar posse novamente.

— Aqui nã o é o lugar para termos essa discussã o...

— Nã o há nada a discutir. Você pode ficar com as roupas e enviar o resto das minhas coisas para o vi­veiro. — Com isso, ela pisou no acelerador e partiu.

Angelo estava estupefato pela virada de eventos. Ela o pegara de surpresa. Por que nã o lhe ocorrera que Gwenna poderia partir uma vez que parasse de se importar com o que aconteceria com o pai? Ele tinha perdido a noç ã o de tudo?

Piglet apareceu na esquina da casa e correu frene­ticamente atrá s do carro de Gwenna. Deixado para trá s, o pequeno cã o colidiu com o gato que tinha fu­gido da cozinha de Hamilton para persegui-lo.

Por aproximadamente dez segundos, Angelo se­guiu o movimento do cachorro com os olhos, e entã o, vendo o animal ir para a estrada, entrou em aç ã o. Gri­tando para sua equipe, Franco o seguiu. Alcanç ou a estrada para ver seu patrã o abaixando-se para pegar Piglet, que estava correndo freneticamente no meio do trâ nsito. Angelo inclinou-se para jogar Piglet na extremidade da grama e perdeu o equilí brio, caiu na estrada e foi atropelado por um carro que passava a toda velocidade. Ficou deitado na rua, sangue escor­rendo da lateral da cabeç a. Tremendo de medo, Piglet procurou seguranç a no ú nico rosto familiar e aproxi­mou-se de Angelo para lamber-lhe a mã o.

 

Gwenna já tinha quase chegado ao vilarejo antes de perceber que nã o tinha idé ia para onde iria. Entã o, parou diante dos portõ es dos Jardins Massey. Aquela parte da propriedade estava fechada para o trá fego de veí culos e ela estacionou do lado de fora, descendo para andar ao longo do caminho que um dia fora a en­trada para a casa. Pela primeira vez, questionou se sua inabilidade de pensar e reagir estava relacionada ao choque. Choque pela traiç ã o e ganâ ncia de seu pai?

Choque pela revelaç ã o de que era, afinal, a dona de uma propriedade que fora de sua famí lia por gera­ç õ es? É claro que isso teria de ser ratificado pela lei antes de ser oficialmente sua, mas era uma boa notí ­cia. Ningué m mais poderia lhe tirar a propriedade, a qual estaria segura em suas mã os. O viveiro de plan­tas seria seu novamente, o poderia proporcionar um lucro razoá vel. Quando nã o precisasse mais passar os lucros para o pai, seria capaz de ampliar os negó cios e fazer planos mais ousados para o futuro.

Entretanto, nem mesmo tais perspectivas a confor­tavam. O que tinha descoberto sobre seu pai a deixara arrasada.

Caminhou pelo solo coberto de ervas e, de alguma maneira, conseguiu se acalmar. Talvez, admitiu, també m estivesse um pouco chocada com a idé ia de uma vida sem Angelo. Por que, de repente, nã o con­seguia imaginar um futuro sem ele? Entã o contem­plou a perspectiva de nã o vê -lo nunca mais e perce­beu que aquilo a abalara mais do que qualquer coisa naquele dia. Pondo as mã os no rosto, sentou-se nos degraus da casa velha e chorou.

Quando tinha parado de detestar Angelo? E por que nã o percebera que gostava dele há muito tempo? Em que ponto Toby passara a ser um amigo muito amado em vez de a fonte de seus sonhos nã o realizados? Como podia ter se apaixonado por Angelo? Que interesses ti­nham em comum? Mas todo esse questionamento era inú til, uma vez que acabara de dispensá -lo.

Poderia mudar de idé ia quanto a isso? Por que ti­nha deixado seu celular no carro? Angelo teria li­gado?

Foi naquele momento que Gwenna registrou a au­sê ncia de Piglet e percebeu que tinha deixado seu cã o em Old Rectory. Deveria estar muito nervosa mesmo para ter se esquecido de Piglet! Levantando-se, vol­tou à estrada e encontrou Toby rodeando seu carro e choramingando.

— Procurando por mim? — perguntou ela, abrin­do a porta do motorista e pegando seu celular.

— Fiquei surpreso em ver seu carro parado aqui. Gwenna virou-se para ver Toby.

— O que houve?

— Pensei que você estivesse no hospital. — Toby a estudou com atenç ã o. — Você ainda nã o sabe o que aconteceu? Angelo sofreu um acidente.

A cabeç a dela pareceu girar. Angelo... acidente. Olhou para Toby, horrorizada.

— Um acidente? Onde? Quando?

— Sua madrasta viu tudo. Estava indo para casa com sacolas de compras...

— Nã o importa de onde ela vinha. Fale-me sobre Angelo. Ele está bem?

— Vou levá -la para o hospital agora. — Toby a conduziu para o banco de passageiro de seu carro es­porte.

— Toby! — exclamou ela desesperada. — Diga-me!

Ele começ ou a dirigir.

— Eva falou que ele estava inconsciente. Foi atro­pelado por um carro...

— Você quer dizer que bateram no carro dele?

— Angelo nã o estava dentro do carro. Provavel­mente nã o é o momento de mencionar isso, mas Piglet está inteiro.

— O que Piglet tem a ver com isso?

Entã o Toby lhe contou que Angelo tinha salvado a vida do cachorro. Angelo, que nã o gostava de ani­mais por perto. Gwenna sentiu-se terrivelmente cul­pada.

— Já saiu até mesmo no noticiá rio...

— Onde ele está? — interrompeu ela.

— Eu a estou levando direto para lá.

O celular de Gwenna tocou. Era Franco. Parecia calmo, mas informou-a de que Angelo ainda nã o re­cuperara a consciê ncia. Avisando-a que a imprensa estava reunida na frente do hospital, combinou de en­contrá -la em um local menos pú blico.

— Eu disse a todos que você é a companheira do sr. Riccardi — confessou Franco no breve encontro dos dois.

Considerando que essa definiç ã o era uma mentira, Gwenna mordeu o lá bio.

— Nã o acho que...

— Essa é a ú nica forma que dará permissã o para vê -lo, sita. Hamilton. Os advogados já estã o a caminho.

Gwenna entrou no elevador. A ú nica forma que dará permissã o para vê -lo. O risco de ser impedida de ver Angelo foi o bastante para silenciar seus pro­testos.

— Advogados?

— Decisõ es sobre o tratamento mé dico do sr. Riccardi devem ser tomadas rapidamente. Confio em você para fazer a escolha certa. — Franco a fitou se­riamente. — Se você nã o assumir a responsabilidade, outros interesses poderiam interferir na tomada de uma decisã o.

Gwenna assustou-se, mas respeitava a franqueza de ir direto ao ponto. Na ausê ncia da famí lia, os ad­vogados de Angelo seriam os responsá veis, e obvia­mente Franco nã o confiava neles. Angelo era muito rico. Isso poderia influenciar a qualidade das esco­lhas feitas em nome dele? Angelo confiava plena­mente em seu chefe de seguranç a. Gwenna nã o en­tendia por que Franco estava tã o preocupado, mas re­conheceu a sinceridade do homem e assentiu em con­cordâ ncia.

Franco levou-a até um mé dico, que estava ansioso para fornecer um relató rio das condiç õ es fí sicas de Angelo. Ele achava que o ferimento na cabeç a de An­gelo deveria ser investigado, o que significava trans­feri-lo de hospital. Mas os advogados estavam discu­tindo se isso deveria ser feito ou nã o. O tempo passa­va e o mé dico estava preocupado com a demora.

— Pode transferi-lo — instruiu Gwenna.

— Você assume a responsabilidade?

— Sim. Posso vê -lo agora?

Angelo estava pá lido, a lateral do rosto cortada e arranhada, e estava muito, muito imó vel. Engolindo em seco, ela sentou-se na beira da cama e segurou-lhe a mã o. Angelo apenas tolerava Piglet, mas tinha se arriscado para impedir que o cachorrinho fosse atropelado. E provavelmente fizera isso por ela. Se­cando os olhos, Gwenna respirou fundo e começ ou a rezar. Muitos minutos se passaram antes que os en­fermeiros entrassem a fim de prepará -lo para levá -lo ao hospital de uma cidade grande.

 

Angelo acordou, sentindo como se tivesse a pior res­saca de sua vida, com uma terrí vel dor de cabeç a. En­tã o percebeu que um homem estava falando em tom autoritá rio, e que algué m apertava a sua mã o como se ele fosse uma corda de salvamento.

— Lamento, mas, querendo ou nã o, você vai ouvir minha opiniã o, srta. Hamilton — disse o advogado. — A transferê ncia de hospital foi uma perda de tem­po. Você permitiu que um mé dico inexperiente to­masse uma decisã o que pode prejudicar seriamente a recuperaç ã o de Riccardi.

— Aquele hospital nã o possuí a os equipamentos necessá rios para um diagnó stico mé dico apropriado. Senti que nã o havia tempo a perder. — Gwenna se perguntou quantas horas fazia desde a ú ltima vez que dormira, uma vez que a cabeç a parecia pesada de­mais para sustentar o pescoç o. A luz da manhã se in­filtrava pelas cortinas.

— Você agiu sem autoridade e com meu desacor­do expresso. Quem é você? Companheira dele? — zombou o advogado. — Nã o me faç a rir! Você é filha de um criminoso, e apenas mais uma na longa lista de pequenas...

As pá lpebras de Angelo se ergueram para revelar os olhos furiosos.

— Dio mio! Pare agora mesmo se quiser continuar empregado — disse ele. — Trate a srta. Hamilton com respeito. Está claro?

O homem pediu desculpas e saiu. Gwenna ficou radiante ao ver que Angelo recobrara a consciê ncia. Seus olhos encheram-se de lá grimas de alí vio.

— Tive medo de que você nunca mais acordasse. Vou chamar a enfermeira.

— Ainda nã o. — Angelo a estudou. Os cabelos loiros desalinhados, os olhos borrados pela maquiagem, as faces pá lidas. Nunca a vira menos atraente, no entanto, apesar de nã o compreender por que, ela parecia maravilhosa. — Quanto tempo fiquei incons­ciente?

— Quase 18 horas.

Ela ainda estava usando as mesmas roupas. Prova­velmente, refletiu, nem mesmo se olhara no espelho.

— Ficou comigo esse tempo todo?

— Sim, é claro.

Gwenna nã o saí ra do seu lado. Passara a noite in­teira sentada. Ele nã o podia imaginar uma mulher que se preocupasse menos com a pró pria aparê ncia ou conforto, e ficou emocionado.

— Você brigou com meus advogados em meu nome. Foi tanta coragem da sua parte — murmurou ele, apertando-lhe a mã o. — Gritou com eles?

— Nã o.

— Entã o, é só comigo que você grita.

Com lá grimas prontas para escorrerem, ela me­neou a cabeç a e nã o disse nada.

— Essa é uma distinç ã o que faz com que eu me sinta especial, bellezza mia — declarou Angelo, per­guntando-se por que gostava do fato de Gwenna estar chorando por ele.

Ela deu-lhe um olhar sem graç a, entã o baixou os cí lios.

— Depois do que eu lhe disse, você deve estar se perguntando o que estou fazendo aqui.

— Você está aqui agora — disse ele. — Vai conti­nuar comigo?

Gwenna suspirou. Pensara que poderia morrer se Angelo nã o acordasse mais. Agora, sentia-se viva novamente, e a decisã o estava em suas mã os. Se dis­sesse sim à quela pergunta, significaria abandonar os medos e deixar-se guiar pelo coraç ã o. Se seguisse o bom senso, diria nã o. Ela nã o sabia se um dia poderia perdoá -lo pela forma com que as coisas tinham co­meç ado. Mas a alternativa seria deixá -lo, e nã o podia encarar isso. O amor, estava descobrindo, era muito mais complexo do que um dia acreditara, e roubara-lhe a liberdade de escolha.

— Ainda quero que você vá comigo para a Sarde­nha — sussurrou Angelo. — Mas nã o estou pressio­nando-a. Você nã o me deve nada.

Mas ela tinha apenas de fitar o rosto magní fico para sentir a pressã o magné tica que ele exercia sem nem mesmo tentar. Ele lhe dizia que ela nã o lhe devia nada, o que significava que estava ciente de tê -la obrigado a aceitar um acordo imoral. Mas nã o estava se desculpando por isso, e provavelmente nunca se desculparia. Poré m, Gwenna ainda precisava de Angelo, ainda o queria, admitiu. Naquele momento, nada mais importava.

Houve uma leve batida à porta antes que o mé dico e os advogados entrassem. Ela levantou-se para dar-lhes espaç o, mas sentiu os olhos de Angelo ainda pre­sos nos seus.

— Estou esperando por uma resposta — disse ele como se ainda estivessem sozinhos.

E Gwenna deu a ú nica resposta que podia.

Passaram-se oito dias antes de eles chegarem à Sardenha. Uma greve na companhia á rea que Angelo possuí a resultou num caos para diversos viajantes, ele, entã o, deixou o hospital e voou direto para Paris, a fim de resolver a crise. Como resultado, Gwenna nã o o viu mais até chegar em Olbia, na Costa Smeralda. Piglet, equipado com seu passaporte oficial de animais de estimaç ã o, viajou no compartimento de cargas do mesmo aviã o. Vestida de calç a branca e uma blusa de renda també m branca, Gwenna chamou atenç ã o no aeroporto. Com olhos brilhantes, entrou no assento de passageiro da Range Rover de Angelo.

— Você está linda — elogiou ele antes de puxá -la para um beijo tã o sensual que a deixou tremendo.

O palacete dele ficava situado num penhasco de pedras calcá rias do Golfo di Orosei. A propriedade era cercada de jardins tropicais incrivelmente colori­dos. Um caminho secreto e ladeado por vegetaç ã o le­vava a uma praia particular de areia branca. A casa era absolutamente magní fica. Tetos altos, paredes de pedras naturais e pisos de madeira mantinham o inte­rior arejado, enquanto os mó veis confortá veis torna­vam o lugar aconchegante e convidativo.

— E este é o quarto principal — disse Angelo quando concluí ram o tour pela casa.

Com a pressã o de um botã o, a parede de vidro que dava vista para a varanda de pedra ensolarada se abriu em duas. Uma brisa suave foi sentida no cô modo esplê ndido. Gwenna saiu na varanda para apreciar a vista estonteante do Mediterrâ neo. À luz do sol, o mar estava brilhante e azul-turquesa.

— Estou no paraí so. — Ela suspirou, deleitando-se com o calor do sol em sua pele. — Adoro o som das ondas. E tã o relaxante. Uma amiga de mamã e ti­nha uma casa na praia, e à s vezes í amos para lá. Eu costumava adormecer com o som das ondas.

— Você sabe nadar?

— Como uma sereia. Por que você nunca men­ciona a sua famí lia? — perguntou Gwenna abrupta­mente.

O corpo esbelto de Angelo ficou tenso quando a abraç ou por trá s.

— O que há para dizer? Depois que minha mã e morreu, eu ficava em orfanatos nos perí odos de fé rias escolares. Nunca conheci meu pai.

— Isso é uma pena.

— Pense no sofrimento que seu pai lhe causou, cara mia.

— Isso é verdade.

Angelo a virou para si. Com o olhar intenso, deu-lhe um beijo terno no topo da cabeç a.

— Linda — murmurou ele com voz rouca. Entã o começ ou a desabotoar-lhe a blusa de renda.

Gwenna excitou-se imediatamente, sentindo os seios pesarem e os mamilos enrijecerem sob o tecido.

— Está sem sutiã — sussurrou ele com aprecia­ç ã o, abrindo a blusa como se ela fosse seu presente precioso e nã o tivesse pressa de desvendar o conteú ­do. Quando os seios perfeitos foram revelados, An­gelo ofegou levemente. Abrindo-lhe o zí per da calç a, deslizou-a vagarosamente pela cintura até removê -la por completo.

Os olhos ardentes fixos em sua nudez fizeram o corpo de Gwenna formigar. Uma sensaç ã o de calor instalou-se entre suas coxas e ela respondeu com um pequeno gemido.

— Você gosta de ser despida. — Angelo a puxou para si e brincou com os mamilos rijos. Uma sensa­ç ã o deliciosa percorreu o corpo dela.

— Sim. — Gwenna sentiu-se tanto envergonhada quanto excitada por aquele novo conhecimento sobre si mesma. Apoiando-a, ele tocou-lhe um dos seios com a boca, enquanto usava a mã o para provocar o lugar ú mido e secreto entre as pernas de Gwenna. Ela nã o pô de conter alguns gemidos sucessivos. Suas pernas fraquejaram e Angelo a carregou para a cama.

— Você está tã o pronta para mim — sussurrou ele, removendo as pró prias roupas.

Foi a vez de Gwenna conduzir sua pró pria explo­raç ã o. Puxando-o para si, usou toda a sensualidade que tinha aprendido para lhe dar prazer.

— Eu quero mais... quero estar dentro de você — murmurou ele, tombando-a gentilmente contra os travesseiros.

Quando Angelo abriu-lhe as pernas, cada fibra do corpo de Gwenna foi envolvida na mais louca excita­ç ã o. Ela angulou os quadris numa sú plica por sua possessã o. Ele a penetrou, rá pido e com desespero Atormentada de prazer, as respostas de Gwenna tor­naram-se cada vez mais selvagens, até que perdeu o controle total e atingiu um clí max explosivo. Ouvin­do-o murmurar seu nome quando o orgasmo de An­gelo se seguiu, ela se sentiu plena.

— Peç o desculpas... isso foi um pouco rude e rá pi­do, bellezza mia.

Gwenna sorriu docemente sob ele e o abraç ou for­te. Se aquilo tinha sido rude e rá pido, só podia espe­rar ansiosamente por uma pró xima vez.

Angelo ergueu-lhe o rosto.

— Falo sé rio. Eu planejava um banquete maior. Notando que os arranhõ es estavam desaparecendo rapidamente do rosto dele, ela sorriu.

— Você é sempre tã o ambicioso.

— Quero que saiba o quanto eu...

— Sentiu minha falta? — complementou ela.

— Quanto gosto de você — corrigiu Angelo, os lindos olhos reservados, como se aquela fosse uma grande declaraç ã o de amor.

Bocejando, Gwenna fechou os olhos.

— Estou com tanto sono. Ele a fitou frustrado.

— Eu realmente gosto de você.

— Que bom — murmurou ela já meio adormecida.

 

 

CAPITULO DEZ

 

Gwenna jogou uma vareta para que Piglet fosse bus­car enquanto andava ao longo da praia. Quatro sema­nas de total relaxamento na Sardenha tinham coloca­do um brilho saudá vel em suas faces e um sorriso em seus lá bios. Possuí a paz mental novamente, e as coi­sas mais tolas a faziam sorrir, refletiu contente.



  

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