Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





CAPÍTULO III



CAPÍTULO III

 

 

O som da enorme marimba lembrava um xilofone. Era tão grande que precisava de cinco homens para que todo o teclado fosse alcançado. A música era agradável, se bem que um pouco pobre em variedade.

— Que tal uma dança? — Mike sugeriu.

Havia outros casais na pista montada sobre a piscina. Iluminados por três holofotes, os jardins da luxuosa residência se encontravam inundados de pessoas das mais variadas nacionalidades.

Karen não estava preparada para uma festa tão elegante e organizada. Vestida num prático conjunto de calça e camisa, ela se sentia em desvantagem diante das outras mulheres cuidadosamente trajadas em vestidos de festa.

Pouco à vontade, acompanhou o engenheiro de som. Ele a segurou com força de encontro ao corpo assim que se encontraram na pista de danças.

— Pare com isso, Mike — disse por entre os dentes, consciente de que eram alvo de olhares observadores.

Mike riu divertido e se afastou, relaxando o braço em volta da cintura de Karen.

— Não pode culpar um homem por tentar. Você é uma tentação!

— À qual você terá de resistir. Por favor, Mike, não arruine a pouca chance que tenho de fazer parte desse projeto.

— Pensei que essa questão já estivesse decidida. Não que eu concorde com Jake. Pode imaginar como serão os dias e noites sem uma companhia feminina para trocar idéias?

Karen decidiu ignorar as palavras de Mike. Talvez com seu silêncio ele parasse de ter idéias tolas.

— Ainda é tempo para uma mudança de opinião. O avião para Petan só parte daqui a algumas horas.

— A não ser que você esteja pensando em seduzir aquele homem, não vejo outra saída.

— Duvido que Jake Rothman pudesse ser comprado com esse tipo de atitude, mesmo que eu quisesse.

— Se fosse eu, não haveria o menor problema. Howard não aprovava muito a idéia, mas para mim estaria tudo bem.

Jake, esse era o alvo de Karen. De algum modo tinha de ficar a sós com ele e tentar resgatar aquele momento de excitação que acontecera no museu.

Nesse exato momento Jake estava dançando com a anfitriã. Morena e bela, a outra parecia uma perfeita espanhola, apesar do nome inglês, Elaine Sleeman. Apesar de usar um anel de ouro no anular da mão esquerda, Karen não vira ainda nenhum sinal do marido. Seria viúva ou divorciada? Fosse qual fosse o estado civil da jovem senhora, ela sem dúvida alguma parecia despertar alguma coisa em Jake, que trazia um sorriso indulgente nos lábios enquanto dançavam.

O tipo da indulgência da qual Karen tanto necessitava, pelo menos um pouco. Exceto que Elaine Sleeman não estava tentando derrubar os preconceitos machistas de Jake, estava? Imaginar aquela mulher fora do mundo civilizado era praticamente impossível. Ela era luxo e refinamento desde a cabeça até a ponta dos sapatos Gucci que usava. O vestido branco e impecável moldava-lhe o corpo com perfeição.

— Que mulher, hem? — Mike comentou ao notar o outro casal. — Muito rica também. O marido morreu no ano passado, quando mal haviam completado dois anos de casamento.

— Como você sabe disso? — Karen indagou.

— Andei perguntando. Há muita gente ansiosa por contar a vida de uma bela, rica e jovem viúva cinqüenta anos mais jovem que o marido — falou, exibindo um sorriso nada discreto. — Dizem por aí que pelo menos valeu alguma coisa para o falecido.

— Talvez ela o tenha amado, nada é impossível.

— Essa mulher é do tipo que ama só a si mesma, se bem que, pelo jeito como olha para Rothman de vez em quando... Parece que Jake já a conhecia antes do casamento com esse tal de Sleeman. A partir daí...

— Você está sugerindo que poderia ter havido algum tipo de acordo entre Elaine e Jake?

— Por que não? Já aconteceu outras vezes. Jovem e bela mulher se casa com senhor idoso e rico, levando-o rapidamente ao túmulo, de modo a poder desfrutar do dinheiro de maneira mais agradável, ao lado de seu também jovem e viril amante.

— Isso é ridículo! Mesmo conhecendo-a antes do casamento, Jake é rico, e não acredito que lançasse mão desse tipo de subterfúgio.

Karen viu então o olhar zombeteiro de Mike e sorriu também.

— Você tem um estranho senso de humor!

— Só minha imaginação. Mas me diga, como sabe tanto sobre a situação financeira de Jake?

— Não sei — Karen confessou. — Eu simplesmente...

— Suposição, você quer dizer. Não quero dizer que você esteja errada. Ouvi dizer que Jake é um grande investidor.

— Não estou interessada. Vamos parar um pouco.

— Tudo bem. A música não faz mesmo o meu gênero.

Os outros membros do grupo haviam ido se servir num bufê armado em um dos salões. Karen apanhou um prato e se juntou a Roger na escolha das diferentes iguarias.

— Divertindo-se? — Roger perguntou.

— Estaria me sentindo melhor se tivesse meu trabalho.

— Você tem um trabalho. Vou mantê-la ocupada até a nossa volta. Não quero perdê-la, Karen.

O tom de voz de Roger soou íntimo demais, e Karen não queria nenhum envolvimento. Mas concluiu que estava vendo fantasmas em pleno dia. Roger se referia a um relacionamento de trabalho, nada mais.

— Se você tentar de novo, ainda há uma chance de convencer Jake de minha ida na excursão. Quem irá fazer a rotina chata de tomar notas, cronometrar e outras coisas assim se eu não estiver lá?

— Nigel, eu suponho. Não havia pensado nisso — Roger não parecia muito animado com o rumo da conversa. — Karen, Jake não vai mudar de idéia. Foi muito claro hoje de manhã. Se você for, ele não vai.

— Jake faria isso mesmo?

— Nunca se sabe qual será a reação de Jake Rothman. Acho que não deveria tê-la trazido.

— Não comece com essa conversa você também! Você me considerou apta antes dessa situação acontecer.

— Sim, mas deixei de adverti-la sobre outros aspectos.

— Uma mulher e cinco homens, você quer dizer?

— Mais ou menos.

— Pior seria se fosse um homem e uma mulher. Você tentaria outra vez, Roger, por favor?

— É tarde demais. Seu vôo já está marcado.

— Mas pode ser cancelado a qualquer hora.

— Seria perda de tempo.

— Bem, você tem alguma objeção se eu mesma fizer uma nova tentativa?

— Por mim, tudo bem. Vá em frente. Nossa próxima série sobre ilhas e arquipélagos não trará nenhum problema, acredite.

No momento Karen não estava interessada no próximo projeto. Seus esforços se concentravam no presente, em Petan.

Pequenas mesas redondas haviam sido dispostas ao longo salão, e Jake se sentara a uma delas, juntando-se a Howard, aparentemente nada interessado na comida. Karen tomou assento na cadeira ao lado, a primeira que estava em seu caminho, colocando o prato sobre a mesa com cuidado, sem prestar muita atenção ao conteúdo.

Jake devia ter deixado a bela sra. Sleeman pouco depois que ela e Mike saíram da pista de danças. Nervosa, Karen observou a mão bronzeada de Jake, os dedos longos e bem feitos girando o cálice de vinho.

Contrastando com a aparente displicência das mãos, o rosto dele parecia uma máscara de pedra, revestida da mais completa autoridade, exceto pela curva sensual do lábio inferior. A lembrança daqueles lábios fez Karen estremecer. Jake tinha carisma, era inegável. E de algum modo ele a afetava.

Do mesmo modo que, aparentemente, afetava Elaine Sleeman. Por um momento se lembrou da história absurda de Mike, descartando-a quase no mesmo instante. Qualquer coisa entre Elaine e Rothman não era de sua conta.

— Sem fome? — perguntou Jake, marcando assim o início da conversa. — Você já fez de tudo com essa comida, menos comê-la!

— Bem, é que...

— Se não pretende comer, talvez prefira dançar outra vez, quem sabe?

Essa era a chance pela qual Karen tanto esperava. Evitando o olhar de Roger, levantou-se com um sorriso.

— Por que não? Talvez eu recupere o apetite.

Na pista somente dois casais dançavam ao ritmo de uma música mais lenta. Um pouco mais alta do que a média das mulheres, Karen evitou encarar Jake assim que ele a enlaçou pela cintura de maneira suave e correta, ao contrário de Mike.

— Suponho que este não seja exatamente seu tipo preferido de diversão — Jake comentou, sem olhá-la.

— Não é o que eu esperava, confesso. Como conheceu a sra. Sleeman, Elaine?

— Elena — Jake corrigiu. — Você deve ter entendido mal. Conheço a família de Elena há anos. Sou amigo de seu irmão mais velho desde os tempos da universidade. Vim convidado pelos Domingos na minha primeira visita à Guatemala.

— Entendo. Conheceu o marido dela também?

— Não muito. Gostava da reclusão. — A voz de Jake se tornara brusca de repente. — Se esteve dando ouvidos às fofocas, é melhor que conheça a versão correta da história. Elena se casou com Sleeman para salvar o pai da bancarrota. Tudo o que tem é merecido. Seu sacrifício foi muito grande.

— Eu não estava julgando, eu... — Karen parou por um instante antes de continuar. — Desculpe, creio que estava, sim.

— Não deve desculpas a mim. Não que Elena as quisesse. Ela prefere ter os ouvidos surdos a tais maldades. Vamos mudar de assunto?

— O que você ia me dizer esta tarde no museu quando Roger me chamou?

Jake tentou mostrar que não sabia do que ela falava, mas não conseguiu.

— Uma fraqueza temporária. Não mudei de idéia. Não há lugar para você na expedição.

— Você comanda, não é isso? Nem que precise fazer chantagem para manter sua vontade!

A mão que Jake mantinha nas costas de Karen se tornou tensa, pressionando-a um pouco mais contra o peito forte.

— Chantagem?

— Não foi isso que você disse a Roger? Que se eu fosse você não iria? Pensei que o projeto fosse mais importante para você do que parece ser.

— O projeto é muito importante para ser colocado em risco por causa de uma bela e sensual mulher. Se você tivesse cinqüenta anos e fosse feia seria diferente.

— Se eu tivesse cinqüenta, com certeza não estaria mais preparada do que estou hoje — Karen retrucou com amargura. — Alguns dias nas condições mais precárias possíveis e você acha que alguém estará pensando em sexo.

— Claro que sim. E, pela última vez, a resposta é não! Agora, seja uma boa menina e aceite o fato com naturalidade.

Sim, pois sim, iria naquela expedição de qualquer maneira. A vila na qual encontrariam Luz Geava a duas horas de carro de San Samoza, o lugar onde o avião os deixaria, e Karen já havia checado no guia de informações que trouxera consigo que uma linha diária de ônibus até San Samoza e outros lugares saía no meio da manhã.

Levaria bastante tempo para chegar a seu destino e encontrar a equipe a tempo, mas nada, nada a deteria agora.

— Está bem, você ganhou.

— Bom. — O braço que a enlaçava pareceu relaxar um pouco. — Você é difícil de se convencer. Me diga, o que a fez escolher esse ramo de trabalho?

— Fizemos diferentes projetos e monografias de variadas áreas de trabalho na universidade, e a produção de programas televisionados foi o que me despertou maior interesse.

— Mas você não começou direto na televisão, não foi?

— Não, antes me graduei em História. Tinha a intenção de lecionar.

— Pressão familiar?

— Até certo ponto, sim. Meus pais não viam um futuro muito seguro na tevê.

— E que futuro espera para você?

— Quero estar ao menos na mesma posição que Roger ocupa hoje — respondeu com vivacidade. — Não que eu vá muito longe se todas as pessoas pensarem como você.

— Pensei que esse assunto estivesse terminado. Você parece um cachorro que não larga o osso por nada.

Não havia por que arruinar o resto da noite, Karen concluiu. O dia seguinte traria o início da concretização de seus desejos, não precisava se aborrecer.

— Desculpe. Chame isso de uma última e frustrada tentativa. Qualquer que fosse a resposta de Jake, ela se perdeu, pois um dos criados apareceu e se dirigiu a seu acompanhante em espanhol.

— Minha vez de pedir desculpas — Jake falou apressado. — Surgiu algo que preciso resolver. De qualquer forma, partiremos logo. O trabalho começa cedo amanhã.

Educado, o professor a acompanhou até a mesa onde Howard e Roger se encontravam e seguiu o criado que o havia procurado. Karen observava os passos vigorosos de Jake em meio ao salão. Cabeças femininas se viravam para vê-lo passar. E se estivesse indo ao encontro de Elena? Ciúme por tê-lo visto dançando com outra mulher?

— Fizeram as pazes? — Roger perguntou. — Vocês dois pareciam estar se entendendo.

— As aparências enganam, não se esqueça — Karen falou, pensando na surpresa que seria sua chegada ao ponto de partida para a selva. Por uma fração de segundo se viu tentada a contar seu plano a Roger, mas, temerosa de que ele a julgasse imprudente, resolveu se calar.

Ao se retirarem, à meia-noite, a festa ainda estava animada. Elena acompanhou-os ate a saída, pousando as mãos possessivas nos braços de Jake, enquanto se despedia do grupo e desejava uma bem-sucedida empreitada a todos.

Os dois haviam estado fora das vistas dos convidados desde que Jake e Karen foram interrompidos em sua dança, há mais de uma hora. Fazendo amor, foi o que Karen pensou ao notar o brilho nos olhos e o ar satisfeito de Elena. Jake, como sempre, era difícil de se decifrar.

— Quero que todos me façam uma visita quando retornarem de Petan — falou com um forte sotaque espanhol em seu inglês, olhando displicente para Karen. — É uma pena você ter perdido essa jornada, mas há lugares impróprios para mulheres.

— Oh, concordo com você. De qualquer forma, obrigada por sua hospitalidade.

— De nada — Elena devolveu com um breve aceno de cabeça. Jake ainda conversou com Elena por alguns minutos antes de entrar no táxi que os esperava. Sentada no banco traseiro com Roger, Elena fingiu que cochilava durante o caminho. Por sua vez, os dois homens também se mantinham calados, provavelmente ocupados com seus pensamentos. Dentro de vinte e quatro horas, uma jovem persistente e decidida ocuparia a mente daquele machista e sua equipe. Ações falavam mais do que palavras.

Os últimos preparativos para a viagem foram feitos assim que chegaram à casa. Deveriam estar todos bem cedo no aeroporto.

— Irei com vocês para me despedir direito — disse Karen para Nigel antes de ir para seu quarto. — Depois darei uma volta pela cidade e farei algumas compras, pequenas lembranças, você sabe.

— Sim, mas tome cuidado com possíveis assaltantes, especialmente na área do mercado central, muito procurada pelos turistas. Vejo você amanhã.

— Sim. Boa noite a todos.

Segura em seu quarto, Karen aproveitou o tempo reorganizando sua prática bagagem e seu plano. O encontro com o guia seria em Fuentas Santos, onde se abasteceriam com provisões. Karen teria de calcular bem o tempo a fim de alcançá-los. Chegaria bem tarde ao ponto de encontro, talvez depois que todos até já tivessem se recolhido.

Jake já estivera no quarto arrumando suas coisas. A mochila a um canto parecia profissional e bem usada. Viver com bagagem às costas não se constituía uma novidade para ele. No ano passado estivera na trilha dos Incas, desde Cuzco até Bogotá, uma jornada de mais de três mil quilômetros. Karen lera toda a experiência na Revista Geográfica, e isso era um dos fatores que a fazia tão determinada.

Com a cabeça repleta dos desafios que viriam no dia seguinte, Karen constatou que não conciliaria o sono de imediato. Com sede, resolveu descer e tomar alguma coisa que a fizesse relaxar um pouco. A cozinha ao lado da sala de refeições era moderna e funcional. Abrindo a geladeira, encontrou uma jarra de suco de laranja do qual se serviu generosamente depois de pegar um copo em um dos inúmeros armários. Com o suco na mão, ela se dirigiu à varanda.

A noite estava fresca e perfumada, aliás, bem fria para se ficar fora de casa usando um fino pijama de algodão, mas cinco minutos não fariam mal nenhum. O clima de Petan seria bem diferente, Karen pensou. O calor e a umidade excessiva eram uma constante nas vinte e quatro horas do dia. Mas estava preparada para tudo.

— Você deveria estar usando algo nos pés, nunca se sabe no que poderá pisar — Jake falou, encostado à porta atrás dela.

Uma leve tensão tomara conta de Karen à primeira palavra, porém ela se esforçou para manter a calma.

— Você tem o péssimo hábito de chegar sem se fazer anunciar.

— Ninguém tem o monopólio da insônia nem do ar fresco — falou, aproximando-se e se debruçando no balaústre ao lado de Karen.

Jake usava somente um short. Karen não pôde deixar de olhar para a massa de músculos rijos do tórax perfeito. Um calor instantâneo invadiu-lhe o corpo, fazendo-a corar.

— Uma concessão às circunstâncias — Jake falou ao notar o olhar de Karen. — Prefiro dormir despido.

— Economiza a lavagem de roupas — ela retrucou. — Você sempre fica nervoso antes de iniciar uma nova aventura?

— Há outras razões para a falta de sono além de nervosismo. Frustração, por exemplo.

O comentário veio rápido, antes mesmo que Karen pudesse se aperceber.

— Imagino que tal frustração não seja por alguma coisa que você tenha sofrido na noite de hoje!

Jake virou o rosto para examiná-la melhor, uma das sobrancelhas ligeiramente levantada.

— Fale mais.

— Quero dizer... se tem alguém frustrado aqui, esse alguém sou eu.

— Não, não é isso. Você estava se referindo a Elena, e deixando de lado o fato de que nem você nem ninguém tem nada com isso, o que a faz tão segura de que está certa?

— A maioria das mulheres reconhece alguns sinais.

— Minha experiência diz que a maioria das mulheres vêm somente o que querem ver. Por que o interesse?

— Errado. Não me interesso pelos seus casos.

— Não foi essa a minha impressão. Não tenho tempo para muitos casos, mas se precisar de algum conselho, fique à vontade para pedir.

— Você seria a última pessoa a quem eu pediria alguma coisa — Karen disse por entre os dentes.

— Você fica magnífica quando está brava, sabia disso? Roger é um homem de sorte por ter uma gata de olhos verdes e brava como você. — Jake se divertia ao encará-la.

— Já lhe disse que não há nada entre mim e Roger.

— Eu quis dizer por ter você como assistente.

— Não, não foi isso! Você quis... — Karen se calou por um instante. — Pensei que você estivesse acima de pequenas retaliações.

Os olhos azuis de Jake se estreitaram ao percorrerem o corpo delgado de Karen, a pele alva à mostra.

— Se você acha essa uma atitude mesquinha... talvez prefira isso... O beijo da noite anterior havia sido uma advertência mais do que qualquer outra coisa, mas desta vez era diferente. Trazida de encontro àquele corpo nu e vigoroso, sentindo a pressão daqueles lábios que, insinuantes, separavam os seus, Karen perdeu a vontade de lutar. A mão de Jake era quente e deslizava atrevida por suas costas e pescoço, infiltrando-se por debaixo do fino tecido do pijama em busca do seio palpitante.

Como se fora uma pluma, o dedo macio circundou a aréola rosada e o mamilo ereto, fazendo Karen arquear o corpo de encontro ao dele. Ela queria mais, queria poder sentir toda a pressão daquelas mãos de encontro a si. Sentia vontade de guiá-lo, de trazê-lo de encontro à pele que parecia arder em chamas, sem pensar em nada a não ser nesse momento.

— Vamos entrar — Jake murmurou de encontro a sua boca.

A cabeça flutuando como se solta nas nuvens, Karen se deixou guiar para dentro da casa. O braço em seus ombros tinham um quê de posse. Alguma coisa em sua mente.a prevenia de que iria se arrepender se correspondesse ao que seu corpo ansiava com urgência. O sangue, tal e qual fogo líquido, corria célere por suas veias.

Foi preciso a visão da enorme cama no quarto para que ela recuperasse o bom senso. Se se permitisse fazer amor com Jake por pura atração física, estaria traindo todo e qualquer vestígio do autorrespeito que ainda possuía. Mesmo querendo muito, tinha de encontrar forças para dizer não.

— Acho que é um pouco tarde para você resistir — Jake falou assim que ela tentou afastá-lo. — Não faço esse tipo de jogo.

— Eu cometi um erro — disse, desesperada, ao sentir que ele começava a desabotoar a blusa de seu pijama. Karen segurou-lhe os punhos, determinada.

— Não, Jake! Eu não quero!

— Você é uma mentirosa — ele murmurou com raiva. — E uma mentirosa vulgar. Qual será a próxima frase, hem? Me leve com você e então tudo estará bem?

A ira suplantou todos os outros sentimentos de Karen. Com os olhos faiscantes, ela levantou a mão espalmada, descendo-a de forma violenta no rosto bronzeado de Jake. Por um segundo ele pareceu gelar sob o impacto daquele tapa, virando-se então lentamente para fitá-la.

— Isso não é somente uma reação estudada, como também o tipo de atitude que merece um revide.

— Então me bata, vamos, devolva a bofetada — Karen falou, oferecendo o rosto.

O sorriso que apareceu no rosto marcado de Jake não tinha nada de humor.

— Se assim fosse, não seria seu rosto que eu escolheria. Acredite! De qualquer forma, mudei de idéia. Prefiro outro tipo de troco.

Estavam de volta à luta, pois Jake, ainda segurando-lhe o pijama, a puxou fortemente de encontro ao corpo, sem dar a Karen a menor chance de reação. Então ela se viu envolta naqueles braços poderosos, à mercê de beijos profundos e furiosos. O desejo entre os dois era patente, apesar de tudo, e Karen não duvidava.

Então, por que resistia? Perguntou-se ainda uma vez mais. Não havia escolha. Seu corpo correspondia inteiro ao toque de Jake, amoldando-se a ele, exigindo mais. Seus lábios se abriam, vorazes, e permitiam o desvendar saboroso daquela aventura. Suas mãos deslizavam nervosas pelos cabelos sedosos de Jake. Seu pijama estava agora totalmente aberto, e Jake a colocara na cama, beijando-lhe os seios.

— Lindos — disse nesse instante, levantando-se. — Um prazer entretanto do qual vou abdicar. Cubra-se antes que pegue um resfriado.

Sem entender o que se passava, Karen se sentou na cama, trazendo as partes da leve blusa sobre o peito. De repente compreendeu a intenção de Jake.

— Mente perigosa a sua!

— É mesmo? — perguntou, irônico. — Um dos maiores sacrifícios que já fiz, mas que valerá a pena se lhe servir como lição.

— Que lição espera que eu aprenda?

— A definir frustração. Você veria muitas se viesse nessa viagem, pelo menos de dois membros da equipe, com certeza. — A voz de Jake cortava como uma lâmina. — Talvez não haja mesmo nada entre você e Roger, como não há com Mike, mas ambos têm esperanças secretas. Pelo modo como correspondeu, vejo que você não resistiria a uma investida, isso é claro.

— Isso foi só...

— Só o quê? Desejo sexual? — Jake completou. — Sei muito bem que as mulheres também são capazes de querer sexo pelo sexo, o que não quero é ver esse elemento introduzido em minha expedição.

— Quer dizer que essa é a verdadeira razão pela qual você não quer me levar?

— A razão principal. Como já disse, se você fosse velha e feia, não haveria problema. — Dirigindo-se ao banheiro, ele falou: — Preciso de uma ducha fria. Um aspecto no qual as mulheres levam vantagem.

Uma sensação de medo se apoderou da mente de Karen. Jake havia despertado uma parte até agora adormecida de seu ser, porém eia nunca lhe confessaria isso. Que aquele machista pensasse o que bem entendesse. Ela o detestava!

Mas isso não iria detê-la, prometeu em pensamento assim que Jake fechou a porta do banheiro. O episódio daquela noite só havia fortalecido sua vontade. Seria maravilhoso ver o rosto daquele homem, quando na noite seguinte ela aparecesse para se juntar ao resto da turma.

 



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.