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CAPITULO I



CAPITULO I

 

E, então, ela tinha ficado grávida! Elizabeth saiu do consultório e ficou alguns segundos imóvel, sentindo a leve brisa da manhã de maio no rosto. Após dar um longo suspiro, apertou a bolsa junto ao pelo e começou a caminhar até onde havia deixado o carro, lira estranho. Pensara que se sentiria diferente quando nulo acontecesse, que ficaria feliz por seu plano ter dado certo. lira o que ela mais queria, com o que sempre sonhara. Mas, então, por que se sentia tão... deprimida?

Precisava comer alguma coisa. Notara que seu apetite au­mentara consideravelmente nos últimos dias e, apesar de não acreditar que precisasse comer por dois, sentira que quanto mais vezes comesse ao dia, menos as náuseas apareciam.

Sentou-se no banco do carro e examinou atentamente seu insto no espelho retrovisor. Não parecia diferente, pensou. Na realidade, o que havia mudado completamente sua vida tinha acontecido já havia oito semanas, quando saíra do apartamento em Londres, naquela manhã, deixando Alex Thorpe ainda dor­mindo, sem saber o que tinha acontecido.

Agora havia uma certa culpa em seus olhos, ainda mais azuis devido ao raios do sol.

Ela respirou profundamente. Não havia tirado nada de Alex Thorpe. Ao contrário, ele lhe tirara algo precioso.

Elizabeth ligou o carro. Não podia estar arrependida pelo que fizera... Ou podia?

Balançando a cabeça, como se pudesse espantar tais pen­samentos, entrou no tráfego intenso da Vitoria Road. Já era tarde demais para ir à universidade antes do almoço, por isso, em vez de ir para o centro, manobrou o carro e voltou para o oeste, na direção de Sullem Banks.

Aquele lado da cidade era seu preferido. Ali, o rio Swan era limpo e navegável e ela podia passar horas olhando os patos e os cisnes que habitavam suas águas.

Logo que se mudara para Sullem Cross, costumava se re­fugiar por lá para escapar da solidão em que vivia, e mesmo agora, que tinha uma confortável casa e alguns amigos, de vez em quando sentia vontade de passear por aqueles lados. Mas naquele dia seu estômago dera mostras de impaciência e ela preferiu parar antes numa lanchonete. Pediu um sanduíche duplo de hambúrguer com queijo e um copo grande de suco de laranja, os quais devorou com avidez. Ao terminar, pediu mais um suco de laranja duplo, para viagem, a fim de tomar enquanto descansava.

Sentada à beira do lago, com um pacote de biscoitos na mão, Elizabeth olhava uma família de patos deslizando sob a superfície da água cristalina. Jogou alguns biscoitos na direção deles e ficou encantada ao ver como eles brigavam entre si para comer.

Naquele instante, lembrou-se da notícia que recebera na­quela manhã e sentiu um friozinho no estômago. Ela ia ter um bebê!

Mais uma vez, ouvia uma voz interior dizer-lhe que aquele era somente seu bebê, e de mais ninguém. Mas... aquela criança era tão dela quanto de Alex Thorpe, e, ainda que ele não soubesse de nada, isso não modificava em nada a veracidade do fato.

Mas... e daí?, defendeu-se mentalmente. Não havia feito nada que ele não quisesse. Por Deus, ele não podia saber de nada. Mesmo se soubesse, ela tinha certeza de que Alex não ficaria feliz com a novidade. Seria apenas um contratempo, um azar na vida de um homem que evidentemente não queria responsabilidades. Alex devia estar por volta dos trinta e oito anos e, segundo ele, ainda era solteiro.

A revelação deixara-a um pouco perturbada. Depois, estivera tão preocupada em não lhe revelar nenhum detalhe sobre si mesma que aquilo não lhe pareceu uma desvantagem. Ao contrário, tudo o que ele lhe contara só servira para confirmar a imagem que ela sempre fizera do homem que escolheria para ser pai de seu filho.

Tinha consciência dos riscos que corria, por isso escolhera Alex Thorpe. Ele lhe parecera forte e saudável e era extrema­mente... envolvente.

É claro que ela também queria um homem a quem pudesse reduzir, e aquela tinha sido a parte mais difícil de tudo, uma vez que era completamente inexperiente.

Elizabeth também tinha consciência de que levar um estra­nho a seu apartamento fora uma jogada arriscada. Mas, na ocasião, Alex se mostrara tão gentil e educado que ela chegou n se sentir... culpada? Com remorso? Arrependida?

Ela teve um calafrio. Seus planos incluíam somente levá-lo pura a cama e fazer com que ele a seduzisse. Não esperara que ele fosse tão... paciente e... carinhoso. Ou só agira amavelmente porque percebera que ela nunca havia estado com uni homem antes?

Elizabeth deu um sorriso amargo. Tudo por culpa de sua inexperiência, é claro. Durante toda a vida, tinha colocado um barreira invisível à sua volta e não permitira que nenhum homem se aproximasse demais. Seus amigos a conheciam muito bem e respeitavam sua privacidade.

Foi somente depois do ocorrido que passou a entender que tudo o que aprendera nos livros tinha sido apenas superficial e inútil.

Os homens não eram como máquinas de fazer sexo. Tinham seus desejos e fantasias que ela não soubera decifrar.

— Deus! O que está acontecendo comigo? — perguntou-se em voz alta, jogando o resto dos biscoitos na água.

Por que se sentia daquele jeito em relação a um homem que vira apenas uma única vez? Nunca sentira nada parecido antes. Mas, no minuto em que o vira na festa, soube que algo havia se modificado dentro dela.

Elizabeth levantou-se e começou a caminhar vagarosamente. Tinha conseguido seu objetivo, apesar de todos os prós e cen­tras. Havia feito sexo com um homem que não pretendia mais ver, um homem que não poderia localizá-la. Estava livre e grávida, da maneira que queria. E o quanto antes deixasse de pensar em Alex Thorpe, melhor seria.

Mas... não era tão simples quanto parecia. Uma vez mais, como já tinha feito inúmeras vezes durante aquelas últimas semanas, seus pensamentos voltaram ao que havia acontecido depois que deixara Alex Thorpe.

Em primeiro lugar, tratara de apagar todos os vestígios de sua identidade, preocupada com a possibilidade de que algum detalhe pudesse revelar seu paradeiro.

O apartamento havia sido alugado sob um nome falso, o mesmo que usara para alugar o carro. Sua aparência, na festa, era totalmente diferente da realidade e, se tivesse encontrado alguém conhecido, dificilmente poderia ser reconhecida.

Elizabeth ficara sabendo sobre a festa ao ouvir Tony Thiarchos, um de seus alunos, comentar que não poderia ir ao ani­versário do primo, Nick, pois tinha de estudar para as provas. Falara, também, que o primo namorava uma moça chamada Christina Lennox. Não havia como ligar Tony Thiarchos àquela desconhecida, que não tinha sido nem convidada. Elizabeth Ryan... Subitamente, sentiu um tremor. Não teria sido muito arriscado ter dado seu primeiro nome verdadeiro? Não!, res­pondeu mentalmente. Há centenas, milhares de mulheres com o mesmo nome em Londres.

Além do mais, desde que saíra de casa todos a chamavam de Elizabeth... Elizabeth Haley.

Mas, mesmo após ter se assegurado de que Alex não poderia localizá-la, Elizabeth ainda sentiu um certo receio.

Ninguém seria capaz de pensar que aquela professora da Universidade de Yorkshire, tão séria, vinda de uma pequena cidade do interior, fosse o tipo de mulher que iria para a cama com o primeiro homem que aparecesse.

Ela duvidava até mesmo de que seus alunos fossem capazes de reconhecer seu estado, mesmo que a gravidez já estivesse em estado adiantado e fosse impossível esconder.

Mesmo assim...

Elizabeth já havia planejado como justificaria sua ausência. Iria tirar a licença especial concedida a professores universi­tários para estudos e pesquisas, escreveria seu livro sobre li­teratura do século XVIII que há tanto tempo sonhara e, então, voltaria a trabalhar, deixando o bebê com uma boa empregada.

Aos vinte e nove anos, Elizabeth tinha consciência de que haveria alguma especulação com relação à criança que subitamente aparecera em sua vida. Mas, devido ao fato de ser sempre discreta e reservada, desencorajaria os mais curiosos.

Sentiu sede e, lembrando-se de que ainda não bebera o suco, levou o copo à boca, mas a ânsia foi imediata.

Lançou o copo no cesto de lixo e, resignada com aqueles transtornos provocados pela gravidez, caminhou em direção ao carro.

Elizabeth saía do prédio da universidade quando um dos professores atravessou na sua frente.

— Elizabeth! — gritou Nigel Horner. — Fico feliz por ter conseguido alcançá-la. Vou dar uma pequena recepção amanhã à noite, no salão de festas dos estudantes, e quero saber se gostaria de ir. É uma reunião informal. Uma chance de os professores e os alunos estarem juntos e se conhecerem melhor antes dos exames finais. O que acha?

Nigel tinha cerca de quarenta anos e, apesar de viver fazendo ginástica, estava um pouco acima do peso considerado normal.

— Acho que não poderia ir, Nigel. Acabei de pegar esta pilha de papéis e prometi ao David entregar-lhe na terça-feira à tarde, para o seminário. Tenho de preparar...

— Ah, Elizabeth... — o professor murmurou, visivelmente decepcionado. — Tinha quase certeza de que iria. Estamos perto do final do ano letivo e achei que poderia tirar pelo menos uma noite para se divertir.

Elizabeth mordeu o lábio inferior, perguntando-se, mais uma vez, por que Nigel insistia em pensar que ela precisava de algum tipo de diversão. Desde que falara que não estava in­teressada era ter nenhum tipo de relacionamento com os ho­mens mais jovens da universidade, Nigel, que era divorciado, e Andrew Holroyd, um pouco mais jovem do que Nigel, pas­saram a lhe fazer constantes convites para sair e se divertir. Era como se eles não acreditassem que ela pudesse viver sem uma companhia masculina e se convenceram de que ela preferia homens mais velhos.

— Olhe, Nigel — ela disse, não querendo ferir os sentimentos do amigo. — Não aprecio muito reuniões estudantis. Só compareço quando é mesmo indispensável. Além do mais, tenho muito trabalho e quero que tudo esteja pronto antes de as férias começarem.

— Fico preocupado com você, Elizabeth — falou Nigel, olhando-a nos olhos. — Vive sozinha naquela casa velha, tendo por companhia os fantasmas, e se não fosse pelo trabalho du­vido que tivesse algum tipo de vida social.

Elizabeth soltou um suspiro.

— Acho que isso não lhe diz respeito, Nigel. A maneira como prefiro passar meu tempo é da minha conta e...

— É claro que sim! Deus sabe que não quero me intrometer! Se quisesse, poderia sair todas as noites da semana. Eu sei disso. Mas... você sabe o que eles dizem... sobre muito trabalho e pouca diversão.

— Está bem, Nigel. Para que horas está marcada a reunião? — ela concordou por fim, querendo dar o assunto por encer­rado.

Nigel não pôde acreditar no que ouvia.

— Quer dizer... que você...? — balbuciou. — Oito e meia está bem para você? — indagou, ajudando Elizabeth a carregar os papéis, para demonstrar como ficara entusiasmado. — Quer dizer... que você vai? Fico imensamente feliz.

— Sim, eu vou — ela respondeu, chegando ao carro. — Te vejo amanhã, Nigel.

Nigel não tirava os olhos de Elizabeth enquanto ela colocava os papéis no banco de trás do carro. Quando seus olhares se encontraram, ela se perguntou se teria agido certo aceitando o convite, pois não queria que Nigel alimentasse um sentimento que ela estava longe de sentir.

Ainda pensava no assunto quando chegou em casa. Tinha comprado aquela propriedade havia quatro anos, e a casa va­lorizara muito acima do que havia imaginado. Era em estilo vitoriano e ficava em Albert Square, nome dado em homena­gem ao príncipe inglês.

Elizabeth fizera algumas reformas, restaurando a fachada externa. Sabia que era uma casa muito grande para uma só pessoa, mas nunca pretendera morar sozinha por muito tempo.

O telefone começou a tocar assim que entrou na sala.

— Alô, aqui é Elizabeth Haley — disse.

— Olá, Elizabeth. Aqui é Justine Sawyer.

Justine era uma das professoras da Universidade de Yorkshire, com quem Elizabeth mais tinha afinidade. Estava casada com Mike havia dez anos, mas eles nunca haviam tido filhos. Elizabeth nem sequer imaginava como Justine reagiria diante da sua gravidez, pois sabia que a amiga não gostava de crianças.

— Olá, Justine. Acabei de chegar em casa.

— Que bom! Começava a pensar que algum aluno a tivesse retido por mais tempo. Já está sabendo da notícia? É terrível, não? Ele era um rapaz tão jovem...

— Que rapaz, Justine? Do que está falando? — Elizabeth perguntou, assustada. — Parei por uns instantes para conversar com Nigel, por isso cheguei agora. Ele queria me convidar para a festa de amanhã à noite.

— Bem... creio que não vai mais haver nenhuma festa — declarou Justine. — Tony Thiarchos morreu e Mike acha que ele cometeu suicídio.

— Oh, não!

Elizabeth sentiu as pernas ficarem bambas. Não que fosse amiga de Tony. Ele nem sequer era seu aluno, mas sua na­morada era e, através dela, conhecera o rapaz. E por causa de Tony ficara sabendo sobre a festa na casa de Nick.

— Pensei que fosse ficar triste — disse Justine. — A na­morada dele, Linda, é sua aluna, não?

— Sim... sim... — ela murmurou, completamente abalada com a notícia. Sempre ficava daquela maneira quando sabia que alguém tão jovem tinha morrido.

Tony Thiarchos parecia ter muita vida pela frente. Era bonito e muito popular na universidade. Elizabeth não conseguia acre­ditar que estivesse morto. E, muito menos, que houvesse co­metido o suicídio.

— Mike acha que ele estava muito preocupado com as pro­vas finais —: continuou Justine. — Tony chegou a comentar que havia muita pressão da família para que tirasse as melhores notas. Creio que ficarão constrangidos quando souberem desse detalhe. Talvez não consigam evitar que os jornais explorem esse assunto.

Elizabeth piscou várias vezes seguidas, a fim de dissipar a nuvem que aparecera em seus olhos. Ela estava se deixando envolver pelos acontecimentos, o que não era normal, uma vez. que Tony não significava nada para ela.

— E por que eles fariam isso? — perguntou.

— Porque ele é um Thiarchos. É óbvio que já ouviu falar de Constantine Thiarchos! Azeite... navios... e Deus sabe o que mais!

— Eu... eu... não sabia — murmurou, confusa. — Mas como... aconteceu?

— Ele bateu o carro numa árvore.

— E por que... pensam que...?

— Ele estava sozinho no carro, Elizabeth — Justine expli­cou, impaciente. — E, pelo amor de Deus, está um dia lindo... ensolarado! Ele era um bom motorista e, segundo Mike, dirigia aquele carro esporte com cuidado e atenção.

— E então...

— Eu sei que isso será tratado como um acidente, mas Mike viu o que aconteceu, e ele não...

— Mike viu!

— Sim. Aconteceu uma hora atrás, perto de Founder's Hall. Por isso é que pensei... Elizabeth, você está bem?

— Sim... sim... continue.

— Bem, com certeza haverá um inquérito e a família dele terá de ser informada de tudo. Parece que o pai dele mora em Londres e virá para cá a fim de providenciar tudo.

— Pobre Linda — Elizabeth balbuciou.

— Sim. Acho que está sendo muito triste para ela, pois eram muito unidos. Não que a família dele aprovasse o rela­cionamento. Pessoas da família Thiarchos não se envolvem com garotas como ela.

— Por quê? — Elizabeth indagou, sem entender.

— Querida, nós já passamos da idade de acreditar nessa história de amor. Vamos encarar os fatos: o que sentiam um pelo outro era somente uma atração entre colegas de classe. Tony se formaria neste verão, e eles nunca mais se encontra­riam novamente.

— Acho,., que está certa.

— É claro que sim. — Após uma pequena pausa, Justine acrescentou: —E, agora, que tal você se encontrar comigo e o Mike para um jantar?

Elizabeth hesitou, mas ao mesmo tempo não estava com a mínima vontade de preparar uma refeição só para ela. Não queria pensar em Tony Thiarchos. Não queria se lembrar de que, se não fosse por ele, não ficaria sabendo sobre a festa. Tony era indiretamente responsável pelo seu estado, por ela ter conhecido Alex Thorpe... e aquilo era mais uma coisa na qual não queria pensar.



  

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