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CAPÍTULO III 5 страницаOlhou para ele cautelosamente, percebendo que começava a sentir sua presença intensamente. Com um terno escuro e camisa e gravata creme, ele estava perturbadoramente atraente. Olhou para Maria com surpresa, sentou-se à frente dela e respondeu a seu murmurado bom-dia com indiferença. Maria suspirou e pôs o jornal de lado, decidindo que era melhor começar logo. — Quero falar com você, Adam — disse com voz tensa. Adam, que ia pegar o jornal que ela abandonara, franziu a testa. — Oh, é mesmo? — Sim. Maria apertou as mãos no colo, para esconder o nervosismo. Não havia mais sinal da marca lívida que ela deixara no rosto dele e ela se perguntou se tudo desaparecera tão completamente de sua memória também. — Não era possível! Parecia-lhe estar sentada diante de um estranho, e perguntava-se como isso tinha acontecido. Buscando as palavras para começar, viu um ar de impaciência passar pelo rosto de Adam, ele levantou o jornal e passou os olhos pelas manchetes. A sra. Lacey trouxe o creme de aveia e sorriu para Maria. Adam agradeceu e começou a comer, enquanto Maria recusava, exceto algumas torradas, como era costume. No entanto, a sra. Lacey colocou a cafeteira elétrica ao lado de Maria e a jovem começou a servir o café com alguma relutância. — Você quer nata e açúcar? — arriscou ela, enquanto a sra. Lacey retirava-se. — Só açúcar, obrigado — retrucou com frieza e Maria colocou dois cubinhos e passou-lhe a xícara. Ele a pegou, colocando-a sobre a mesa, e continuou a ler o jornal. — Oh, pelo amor de Deus! — Maria ficou impaciente. — Você não tem nada para dizer-me? — Eu acho que você é que tem algo para me dizer. — Eu tinha. Eu tenho! Mas, sobre ontem... — É melhor esquecermos o que aconteceu ontem. — Mas você não esqueceu. Oh, Adam, não podemos continuar assim, discutindo o tempo todo. — Concordo. — Você espera que eu diga que vou embora? — Não seria tão otimista — observou Adam com sarcasmo e ela precisou controlar-se para não fazer um comentário vingativo. — Vai permitir que eu fique e faça o curso, então? — Tenho outra escolha? — Ora, pare de falar comigo assim! Sabe que tem a última palavra. Você só precisa escrever a meu pai contando o que tenho feito e ele exigirá que eu volte para casa. Especialmente se você usar as palavras que eu sei que usaria. — Você deve admitir, Maria, que procura me irritar deliberadamente. — Não é verdade! — Então por que usou aquele biquini ontem? Maria abaixou a cabeça. Agora tudo parecia tão tolo. — Não sei — disse finalmente. — Nunca o havia usado antes e parecia uma boa idéia. Adam soltou uma exclamação impaciente e ela o olhou cautelosamente. — Você é uma ingênua! — disse Adam. — Você tem a idéia boba de que só por causa de suas roupas serem sofisticadas, você é sofisticada também. As roupas nada fazem a não ser cobrir você! — Acho que você não teria feito tantas objeções se Loren Grif-fiths estivesse usando o biquini — resmungou ela com expressão de rebeldia. A expressão de Adam tornou-se rígida. — Vou ignorar essa observação, Maria. Maria bateu nos dentes com a unha. — Vai mandar-me de volta para Kilcarney, Adam? — perguntou, implorando. — O que há de tão ruim em Kilcarney? — Você não sabe como é, como a vida pode ser tão restrita! Tudo o que as pessoas fazem lá é casar, ter filhos, criá-los. Adam lançou-lhe um olhar irônico. — É uma existência bastante comum. — Mas não para mim! — Vá direto ao assunto, Maria. Por que você não quer voltar? — Meu pai acha que já tenho idade suficiente para assentar minha vida. — Você quer dizer, casar? — É... Adam franziu a testa. — Sei. E ele tem alguém em mente? — Sim, Matthew Hurley. — O nome não me é estranho. Não tenho bem certeza, mas não é o nome do homem cujas terras confinavam com as de seu pai? Lembro-me vagamente de ter conhecido alguém com esse nome quando seu pai me levou à estalagem. Maria abaixou a cabeça. — Isso mesmo. Você provavelmente conheceu o pai de Matt. Mas ele morreu há dois anos e a fazenda é de Matt. — Ah! E seu pai pensa que, se você se casar com Matthew Hurley, ele terá o controle de ambas as fazendas. — É mais ou menos isso. — E como conseguiu persuadi-lo a deixá-la vir à Inglaterra? — Não fui eu. Foi Geraldine. Ela disse que não era certo que uma moça da minha idade saísse da escola e fosse logo empurrada para um casamento com um homem que mal conhecia. Disse que eu precisaria de alguns meses de liberdade para decidir o que queria fazer e persuadiu meu pai a deixar-me vir à Inglaterra fazer esse curso, de modo que eu teria oportunidade para algo além de criar filhos! — Ficou intensamente vermelha. — Sei. E típico de minha mãe, claro, usar você para os objetivos dela assim como para os seus próprios. — Não sei nada sobre isso. Só sei que não quero voltar e ser praticamente forçada a casar com Matt. — Suponho que não o ama. — Não! — O tom de Maria era decisivo. — Ele é um bom rapaz, mas não há nada entre nós, nenhuma faísca... nada! — Acho que minha mãe encheu sua cabeça de idéias românticas e pouco práticas — comentou ele secamente. — Casar-se, ter filhos. Não são coisas para serem desprezadas. — Eu não as desprezo. Quero casar-me, quero ter filhos! — Enrubesceu novamente. — Mas com o homem certo, não simplesmente com o mais conveniente! Adam encolheu os ombros, enquanto a sra. Lacey voltava, trazendo ovos com bacon. Maria ocupou-se passando manteiga e a deliciosa marmelada caseira da sra. Lacey numa fatia de torrada, enquanto Adam comia sua refeição. De vez em quando ela arriscava uma olhada para ele. Ele não dissera nada para fazê-la pensar que se sentia mais tolerante a seu respeito, mas Maria sentia que uma parte do antagonismo desaparecera. Quando ele começou a passar manteiga numa torrada, ela não pode mais conter-se e perguntou sem jeito: __Vai escrever a meu pai, Adam? Antes de falar, ele estendeu-lhe a xícara e Maria encheu-a de café. Depois ele a olhou severamente. — Se eu disser que não farei isso, você deixará de comportar-se como uma estudante em férias? — Não usarei o biquini, se é isso que quer dizer. — Não é isso que quero dizer, embora isso também esteja incluído. É esse comportamento infantil toda vez que procuro impor um pouco de disciplina. Está bem, concordo que seu pai tenha sido muito severo com você no passado e que você queira sua independência, mas não perdoarei atos irresponsáveis. Estou sendo claro? Maria olhou para o prato. Sentia que isso era uma astuta chantagem e que iria arrepender-se mais tarde se aceitasse. Mas o que podia fazer? Ele tinha todos os trunfos. — Está bem — falou com voz fraca. — Tentarei fazer o que você quer. — Muito bem. — Adam limpou a boca no guardanapo e levantou-se da mesa. — Agora preciso ir. Quanto à sua intenção de fazer o curso comercial, gostaria que pedisse a Janet para informar-se sobre isso? — Quem é Janet? — Minha recepcionista. — Ah. Está bem, se é isso que você quer. Adam controlou sua impaciência. — E o que você quer, não é? Maria levantou os ombros e depois abaixou-os. — Eu acho que sim. Adam virou-se para não demonstrar sua exasperação e Maria viu-o, com certa apreensão, deixar a sala. Ela sabia que vencera uma batalha menor; isto, na verdade, era muito pouco. Ele praticamente a forçara a aceitar suas condições e agora conseguira um meio de tirar de suas mãos até a escolha do que pretendia fazer. Talvez fosse até bom, uma vez. frequentando o colégio, as coisas seriam diferentes.
CAPÍTULO V
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