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CAPÍTULO IV



CAPÍTULO IV

 

Diane acordou, sobressaltada, e reconheceu logo o cheiro de chá de menta. Esfregou os olhos, pestanejou e firmou a vista, esperando ver Achmed com a bandeja de chá, entretanto, para seu espanto, viu uma moça árabe que não usava véu.

A garota estava inclinada sobre Diane, analisando-a detalhadamente. Era de uma beleza selvagem. As sobrancelhas arquea­das e espessas ressaltavam os olhos grandes, castanhos e pro­fundos. Os cabelos negros estavam trançados e presos com rede, e alguns fios soltos emolduravam as maças salientes de seu rosto. O nariz era fino e bem-feito, e os lábios, vermelhos e carnudos. No pescoço, ela usava uma corrente de ouro com um pingente de meia-lua. As pálpebras estavam sombreadas com um pó escuro, usado pelas orientais, e Diane não pôde deixar de notar que isso tornava os olhos da moça mais profundos e sedutores. Subitamente, a garota sorriu, mas não amistosamente. — Então você é a estrangeira que meu amo trouxe para a tenda dele! — disse em francês, com forte sotaque. — Pensei que fosse encontrar uma mulher de beleza arrebatadora, pelo menos isso explicaria o interesse do sheik'. Ele nunca se inte­ressou por mulheres da sua raça, com essa pele branca feito leite. Porém, você não é nem bonita! Seus cabelos parecem de homem, e sua pele está descascando.

A garota deu um passo para trás, colocou as mãos nos qua­dris, ficou olhando para o divã e caiu na risada, caçoando de Diane. Os dentes dela eram alvos e perfeitos, contrastando com a pele cor de mel. Diane não pôde deixar de admirá-la. Ela já ouvira falar que as jovens árabes eram muito bonitas, e essa realmente fazia jus ao elogio. Só não podia entender como alguém com toda aquela beleza pudesse se sentir insegura a ponto de ter ciúme de outra mulher.

Diane sentou-se no divã e passou as mãos pelos cabelos, ciente de que estava com uma aparência horrorosa. O bule de chá estava na mesinha ao lado, junto com algumas xícaras e um prato com bolinhos de ameixa.

— Isso é para mim? — perguntou Diane, apontando para a bandeja, estranhamente nervosa diante da outra garota.

— Sim. Foi Achmed quem trouxe, não eu... Não sou uma serva.

— Ah, é claro... — Diane inclinou-se para frente para se servir. — Aceita tomar chá comigo?

— Foi meu amo Khasim quem pediu o chá... Uma mulher não pode se servir enquanto ele não chegar.

— Mas o chá esfriará! — Diane ergueu o bule e encheu a xícara com o líquido perfumado. — Por que não toma também para me fazer companhia? O sheik Khasim não pode pretender que eu me porte como uma mulher árabe... que espere pacien­temente até que ele se digne a aparecer!

— No entanto, sou árabe e vou esperar.

A garota sentou-se com graça nas almofadas, cruzando as pernas como uma odalisca. Diane ficou imaginando que ela deveria ser uma dançarina, devido ao corpo esguio e à forma graciosa de se movimentar. E, com aquela demonstração de ciúme, ficara claro que devia ser encarregada de divertir o sheik... talvez não apenas dançando, pensou, com cinismo.

Diane bebeu um gole do chá e apreciou o aroma e o sabor. Estava com sede. Afinal, ainda não se acostumara com o ar seco do deserto.

— Coma um bolinho, pelo menos — disse, tentando distrair a atenção da outra que não parava de examiná-la abertamente, com curiosidade.

— É falta de educação a mulher comer antes do homem — a jovem árabe respondeu, com suavidade, mantendo as mãos cruzadas.

Diane concluiu que ela tinha o jeito e as maneiras de uma garota que fora treinado especialmente para agradar ao homem. Havia algo nela que fazia com que se parecesse mais com uma boneca do que com um ser humano. Talvez a falta de esponta­neidade. Era incrivelmente bela e, ao mesmo tempo, sem vida.

Diane serviu-se de mais chá e começou a ficar nervosa com a demora de Khasim. Queria que ele chegasse logo. Intuitivamente, percebeu que a moça era como uma gueixa e devia estar se sentindo ameaçada com a presença de uma mulher estranha na tenda do amo que se sentia honrada em servir. -— Será que é da cor de sua pele que ele gosta? — perguntou de repente. — Yasmina me disse que sua pele é branca como leite, onde o sol não queimou.

— Disse, é?! — Diane não pôde deixar de achar graça. — Achei Yasmina muito boazinha.

— De que adianta isso? — a outra indagou, com desprezo.

— Ela se casará com um homem comum e será apenas a mulher que cuida da casa dele.

— Talvez Yasmina prefira essa vida, em vez da honra, meio dúbia, de ser a kadine de um homem rico. Afinal, uma kadine fica com o homem só enquanto ele a achar interessante. Se ele perder o interesse, simplesmente a ignora ou a passa para outro homem, não é assim?

O rosto moreno assumiu uma expressão quase selvagem, e os olhos brilhavam.

— Uma kadine pode conseguir tudo o que quiser e ficar muito bem de vida se for bonita e esperta, se tiver à habilidade de saber agradar sempre e souber destruir suas rivais!

As palavras ficaram pesando no ar entre as duas garotas. Uma loira, a outra morena, uma ansiosa para fugir dos braços do sheik, e a outra ansiosa para continuar nesses braços.

Diane sentia o coração bater, descompassado. Estava pouco à vontade. Estendeu a mão e pegou um bolinho, disfarçando o nervosismo. Precisava se mostrar forte!

— Qual é seu nome?

— Hiriz... quer dizer "aquela que encanta", em árabe. — Ela analisou mais uma vez a figura de Diane. — Não entendo como meu amo foi se encantar com você. Parece um rapaz!

— Antes fosse! Pelo menos estaria fora de perigo — Diane falou secamente.

Em seguida, ficou observando o jeito da moça e, de repente, percebeu que, ali no douar, Hiriz era a única pessoa que poderia ajudá-la a rugir, pois gostaria de vê-la longe. Ela era bem diferente de Yasmina, não era tímida nem dominada pelo ir­mão. Era, isso sim, dominada por uma paixão em nome da qual faria qualquer coisa.

Diane inclinou-se para frente, fitando Hiriz nos olhos, com firmeza. Lembrou-se do que o sheik dissera sobre a cor de seus olhos e sobre a superstição do povo.

— Hiriz, quero fugir do sheik Khasim. Será que pode me ajudar a fazer isso? Será que conseguem me arranjar um cavalo e algumas coisinhas de que precisarei para atravessar o de­serto? Se eu sair desse acampamento, você voltará a ser o único interesse do sheik, não é mesmo? Enquanto eu estiver aqui, serei uma rival, e você sabe disso.

Hiriz ficou pasma, observando-a de olhos arregalados, sem ação, por alguns instantes. Depois, olhou de relance para a entrada da tenda que estava aberta.

— Quer mesmo ir embora do douaríl — perguntou, incré­dula, em voz baixa. — Não deseja ficar com meu amo Khasim?

— Quero ir embora, voltar para casa, para minha família... É claro que só tem a lucrar se me ajudar, Hiriz.

— Não vou lucrar nada se o sheik Khasim descobrir que a ajudei a fugir dele. — Ela passou de leve o dedo pela sobran­celha, e as pulseiras tilintaram em seu braço.

Diane sentiu o perfume que emanava dela, um misto de essência de rosa e de almíscar.

— Ele ficaria furioso e poderia até torcer o meu pescoço, afinal, sou apenas uma mulher... — a jovem árabe acrescentou. — Será que você vale o risco?

— Se eu ficar aqui —■ provocou-a Diane —, ele a esquecerá enquanto se diverte comigo. Se você o ama, Hiriz, não vai suportar saber que há outra nos braços dele, sendo beijada e acariciada.

Hiriz respirou fundo e lançou um olhar cético, abrangendo Diane da cabeça aos pés.

— Sei que você não me acha bonita — continuou Diane —-, mas, se o sheik não me achasse atraente, não iria me manter aqui, na tenda dele, não é? Talvez ele goste da minha pele clara e dos meus cabelos... Quem sabe já está enjoado de pele morena e cabelos escuros, sem falar na submissão das mulheres que se entregam a ele só porque é o poderoso cádi de Beni-Haran. Ele deve estar com vontade de variar um pouco. Porque comigo é diferente, Hiriz, não sou submissa, ele tem de me subjugar e gosta disso.

— E você não gosta de ser subjugada por ele?

— É claro que não! Não sou desse tipo de mulher que se oferece a um homem só porque ele é um pouco importante.

Estou pouco me importando com o fato de ele ser o todo-poderoso neste pedaço de deserto!

— Mas não é só isso, o sheik é um homem e tanto! E alto, forte, sabe cavalgar como ninguém, atira com precisão, luta com qualquer homem e nunca perde... Sabe caçar melhor do que todos e tornou-se o líder de Beni-Haran aos vinte anos, quando o pai morreu de tifo. Outros homens mais velhos quiseram assumir a liderança, mas o amo Khasim não cedeu e conseguiu se fazer respeitar como chefe. Ele tem sabedoria e firmeza de caráter, por isso uma mulher se sente honrada quando é desejada por ele!

— No meu país, nenhum homem escolhe uma mulher e toma posse dela, como se fosse um pêssego numa árvore — explicou Diane. Sei que é costume entre seu povo, mas com o meu é diferente. As mulheres são mais independentes, e os homens não podem dominá-las ou se apossar delas, sem que tenham consentido. É contra a lei!

—.Mesmo assim... — Sorriu Hiriz, com malícia. — Acho que é muito mais excitante quando o homem não respeita as leis. Aqui, é proibido o homem olhar com paixão para a esposa, a irmã ou a filha de outro homem, porém isso acontece, e há muitos encontros clandestinos. A paixão no deserto é forte, ardente e impetuosa. Todos em Beni-Haran sabem que meu amo Khasim não pune os amantes com a mesma severidade dos outros chefes. É proibido açoitar, a não ser no caso de violência contra menores ou de pessoas que maltratam animais. O homem que comete adultério é condenado a dar um carneiro, uma cabra e um cavalo ao marido da mulher em questão.

— E que punição recebe a mulher que prevarica?

— O sheik fala com ela e a avisa de que, se tornar a errar, será expulsa da tribo. Isso é o pior que pode acontecer a qualquer um de nós. Beni-Haran é uma das tribos mais antigas e mais nobres da Arábia. Estabeleceu-se no deserto quando os três reis magos seguiram a estrela indicando Belém. E uma honra per­tencer a essa tribo. Vencemos vários inimigos e, em uma das batalhas, fizemos parte do Exército comandado por Lawrence da Arábia. — De repente, Hiriz inclinou-se para Diane e disse, em tom confidencial: — Sabe, há um certo mistério em torno da mãe de meu amo Khasim. Dizem que ela veio de um país distante, chamado Eússia. O pai dele encontrou-a no deserto de Dismashk, onde ela estava sendo vendida como escrava. Ela se chamava Barishnaya... No acampamento, há um quadro dela e de Mor-gana, irmã do sheik, que é muito parecida com a mãe.

Diane estava curiosa, mas não queria se afastar de seu objetivo principal, que era conquistar Hiriz como aliada para sua fuga de Beni-Haran. Se ela fosse apenas uma hóspede ali, então seria interessantíssimo ouvir as histórias desse povo que parecia viver nos tempos bíblicos.

— Hiriz, tudo o que tem a fazer é me arranjar um cavalo, um cantil com água e roupa apropriada. Tenho certeza de que não vai querer dividir o sheik comigo... E é isso que vai acontecer se eu não conseguir escapar dentro de vinte e quatro horas, pelo menos. Por enquanto, ele ainda não fez nada porque estou muito queimada. Preciso fugir antes que ele... — Diane mordeu o lábio — não sou como você, Hiriz. Não estou apaixonada por ele!

— Você tem um homem no seu país?

— Tenho meu avô — Diane respondeu candidamente. — Sou tudo o que ele tem. Sem mim, ele vai ficar muito infeliz...

— Não sei se terei coragem de ajudá-la. — Hiriz inclinou a cabeça, parecia uma criança com medo.

— Ajude-me, por favor. O sheik não irá puni-la, você é bonita demais e sabe como lhe agradar. Você é a namorada dele, não é? É assim que se diz no meu país.

— Toco cítara para ele e danço... E o amo assim. Fico sentada em seu colo, olhando o rosto dele e ouvindo-o falar... Logo ele vai ter de escolher uma esposa, e eu daria a vida para ser escolhida!

— Então não vai deixar que eu atrapalhe seus planos — insistiu Diane. — Sabe que posso, não é?

— Você? — Hiriz olhou-a, enciumada. — Meu amo Khasim nunca se casaria com uma estrangeira!

— O pai dele se casou, não foi? — Diane alimentava o ciúme da outra propositalmente.

— Sim, mas a mãe dele era bonita. Tinha cabelos escuros e ondulados e olhos negros com longos cílios. Você não é bonita, não é do tipo que nossos homens gostam! — Hiriz apontou o dedo para ela, tilintando as pulseiras. — Você tem olhos de feiticeira, sua pele descasca e tem corpo de rapaz, parece um pastor de cabras!

— Apesar de tudo isso, estou aqui, na tenda de seu sheik. Ele me deu a cama dele para dormir e disse que vai me levar para o palácio das sete fontes.

— Só se for para varrer o pátio! — Hiriz riu, mas já não estava tão segura. — Acho que posso lhe arranjar um cavalo, estrangeira, e água também. Você deve ter posto feitiço no meu amo Khasim, com esses olhos de feiticeira. Só pode ser por isso que ele a quer.

— E claro que sim! — Diane suspirou, aliviada. — Olhe, preciso de um cavalo veloz e com sela.

— E você sabe o caminho? Para que lado ir? O deserto é muito grande! Já se perdeu uma vez e teria morrido se meu amo não a tivesse encontrado.

Eu sei...

Diane não queria nem pensar nesse problema. Esperava achar um meio de encontrar o caminho para Dar-Arisi. Talvez encontrasse uma tribo de nômades amistosos que lhe indicasse a direção a seguir. A única coisa que queria no momento era escapar das garras do sheik. Não queria ser usada, humilhada e espezinhada até ele se sentir vingado. Não era por ele ser árabe que queria fugir, e sim porque era movido apenas pelo ódio. Não suportava a idéia de estar nos braços de um homem que odiava o avô que ela tanto amava.

— Você é corajosa, estrangeira! Eu me entregaria a qualquer homem para não ter de enfrentar os perigos do deserto. Acho que tem medo de homens, não é?

— Nunca os temi, até conhecer o sheik. — Diane interrom­peu-se bruscamente, ao perceber a cortina da entrada ser afastada.

Khasim entrou e, enquanto tirava o manto, ficou parado, olhando para as duas alternadamente.

— Meu amo fez boa viagem? — Hiriz indagou, com olhar de veneração.

— Fomos examinar um dos poços — explicou ele, sério. ■— Estragaram a água, jogando sal no poço, mas já desconfio de quem fez isso. A tribo Ab-Asha tem protestado há muito tempo, dizendo-se dona do poço, porém conheço muitos bem os direitos territoriais de Beni-Haran. Não gostei dessa atitude e já deixei homens de guarda lá. Ninguém deve usar aquela água en­quanto não for purificada. Essa é boa... Sal! A pior coisa que pode haver no deserto é beber água salgada! Mas os Ab-Asha vão pagar por isso! — Ele olhou para a bandeja e perguntou a Diane: ■— Esse chã ainda está quente?

Diane tocou o bule, constatou que estava morno e negou com um movimento de cabeça.

— Não faz mal. Sirva-me uma xícara, por favor.

— Posso ajudar meu amo a tirar as botas? — Hiriz ques­tionou, com voz sedutora.

Ele deu de ombros e espalhou-se no divã, enquanto a garota ajoelhou-se aos pés dele para descalçá-lo.

— Cuidado com as esporas — ele a avisou. — Não quero que se machuque.

— Meu amo é sempre atencioso com Hiriz. — Ela sorriu, provocante.

Diane observava a cena sem saber se achava graça ou se sentia desprezo pelo modo como ele aceitava a dedicação da moça. Estendeu para ele uma xícara de chá, que bebeu quase num gole só.

— Fui obrigado a experimentar aquela água salgada... Eu gostaria de tomar mais chá, Diane.

Hiriz fitou Diane com um olhar enciumado ao ouvir o sheik pronunciar o nome dela, depois colocou a mão possessivamente no joelho dele. Khasim olhou para a moça, com indulgência. Diane resolveu provocar o ciúme de Hiriz para fazê-la cumprir a promessa o mais depressa possível, por isso atraiu a atenção do sheik.

— O que vai fazer com o homem que salgou a água do poço, sheik Khasim? — Diane indagou, enquanto lhe entregava a segunda xícara de chá. — Sem dúvida, ele vai ser punido pelo crime, não vai?

— Sim. Tomei alguns goles daquela água, portanto ele terá de beber um pouco mais do que eu e depois será mandado de volta para Ab-Asha, sem cantil com água. Isso o ensinará a não brincar com a coisa mais preciosa do deserto.

Diane estendeu o prato com bolinhos de ameixa para que o sheik se servisse. Ela sabia muito bem quão preciosa era a água! Lembrou-se de como Khasim a tratara com gentileza quando a encontrara e ainda não sabia que era uma Ronay.

Enquanto mordia o bolinho, ele lançou um olhar insinuante a Diane, fazendo-a corar. Hiriz fulminou-a com um olhar.

— Meu amo vai querer que ela dance também? O sheik riu e pegou outro bolinho.

— A moça inglesa não tem as mesmas habilidades que você, Hiriz — respondeu ele. — Duvido que ela consiga usar um rubi no umbigo ou mover os quadris ao som dos tambores do deserto, mas ela sabe usar uma arma e cavalga bem.

— Essas são habilidades de um rapaz! — exclamou Hiriz, com desprezo. — Admira-me que meu amo aprecie essas qua­lidades numa mulher, se é que ela é uma mulher!

Ele olhou para Diane com ar divertido enquanto passava a mão pelos ombros de Hiriz.

— O que tem a dizer? — ele perguntou a Diane. — E uma mulher... No verdadeiro sentido da palavra? Quero dizer, não só por possuir um corpo de mulher, embora esguio?

Diane mordeu o lábio, procurando não perder a calma. Não queria se descontrolar diante de Hiriz, e sim deixá-la enciumada.

— Tenho certeza, sheik Khasim, que, com o conhecimento que tem das mulheres, deve saber muito bem se desperto ou não sua virilidade.

— Ah, quer dizer que possui senso de humor?

— Estou começando a recuperá-lo.

— Fico contente em saber. Coragem e humor enfeitam uma mulher tanto quanto um colar de pérolas!

— Pérolas? — Hiriz perscrutou o rosto do sheik. — Pérolas são para noivas!

— É mesmo? — ele indagou, enquanto olhava intensamente para Diane, como se quisesse entender por quê, de repente, ela assumira aquela atitude de flerte com ele. Diane temia que Khasim descobrisse a verdadeira causa.

— No meu país, pérolas simbolizam lágrimas — Diane ex­plicou. — Por isso, muitas noivas evitam usá-las no casamento. — Sorriu para Hiriz. — Espero vê-la dançar. Usa mesmo um rubi no umbigo? Como consegue isso?

— Hiriz dança desde criança, — O sheik parecia se divertir e, dirigindo-se à jovem árabe, prosseguiu: — Hoje à noite, irá dançar para a estrangeira e para mim. Estou precisando mesmo de distração depois do problema com o poço. — Em seguida, com ar de quem havia feito uma descoberta, voltou-se para. Diane e acrescentou, referindo-se a Hiriz: — Ela é graciosa como uma gazela, não é mesmo?

— Meu amo fala com sinceridade? — Hiriz se aproximou mais e ergueu a mão, como se fosse acariciá-lo no rosto, mas ele deteve o gesto, segurando o pulso dela e analisando o es­malte que usava nas unhas.

— Por que usa essas coisas, Hiriz? Parece que está com as mãos sujas de sangue.

— E para ficar bonita...

— Não gosto disso — disse ele, ríspido. — Você já é bonita naturalmente, não precisa ficar se borrando de pintura desse jeito. Acho melhor se pintar menos daqui por diante.

Hiriz fez beicinho, mostrando-se amuada.

— Faço isso para agradar a meu amo. Vivo para você e faço tudo o que lhe dá prazer!

A garota inclinou-se e encostou o rosto na palma da mão dele. Khasim fez uma rápida carícia, num gesto ausente, como se ela fosse um gatinho pedindo atenção. Ao mesmo tempo, olhou para Diane, que observava a cena em silêncio. Nesse momento, seus olhares se encontraram.

— Em que está pensando? Que mistério oculta atrás desses olhos azuis? Será que vou conseguir desvendá-lo?

— Olhos azuis não possuem mistério algum. Olhos escuros é que são misteriosos e escondem segredos.

— O dia e a noite... — ele murmurou. — E como o céu. Quando a gente olha para aquele azul infinito, não consegue ver as estrelas que a luz esconde é como o mar. Ninguém descobre o que há na profundeza do oceano sem arriscar a própria vida. Tudo o que é azul encerra um certo perigo!

— Sempre ouvi dizer que os árabes podem escrever provér­bios de significados profundos em cada pedra do deserto e que podem também decifrar enigmas nas areias.

— Em parte, isso é verdade, Diane. Quer que eu mande chamar nosso adivinho para que leia seu destino na areia?

— Pensei que você fosse dono do meu destino... — replicou ela, irônica.

— Ah... Agora peguei você. — Ele a fitou, com um brilho tão fascinante no olhar que Diane não pôde resistir. —■ Despertei sua curiosidade feminina, não foi? Aposto como quer saber o que a vida lhe reserva e que está escrito em enigmas na areia!

— Isso seria tolice, sheik Khasim. Como se eu não soubesse o que me espera! Já deixou bem claro, sem precisar ter lido na areia!

— Mesmo assim... — Ele se levantou bruscamente, fazendo com que Hiriz caísse nas almofadas do chão ao lado do divã.

Caminhou até a entrada da tenda, abriu a cortina e chamou Achmed. Assim que ele apareceu, o sheik disse-lhe alguma coisa em árabe. Depois, virou-se para dentro e ficou olhando as duas moças, com um sorriso sinistro, como se avaliasse o contraste entre elas. Aproximou-se da mesinha ao lado do diva, pegou um charuto na caixinha de madeira e acendeu-o. Hiriz continuava reclinada nas almofadas e emburrada.

— Eu queria que lessem o meu destino — ela falou, olhando para o sheik,

— Seu destino está escrito em seu rosto, doçura.

— Meu rosto agrada a meu amo? — Ela se ajoelhou e abraçou-lhe a perna esquerda, encostando a face no joelho dele.

Khasim apenas aceitou com indulgência o gesto, e Diane ob­servou a cena, com desdém. Como Hiriz podia ser tão servil assim e deixar tão evidente que adorava cada pedacinho dele? Na ver­dade, Diane não sabia o que era sentir-se sexualmente atraída por um homem, desejá-lo com tanto ardor que nada mais impor­tava a não ser pertencer fisicamente a ele. Para Diane, a atitude de Hiriz era degradante, e desprezava quem se rebaixava tanto... Ela jamais se ajoelharia assim aos pés de um homem.

Diane fitou o sheik com um brilho de orgulho nos olhos azuis e bastou encontrar o olhar dele para saber que Khasim lera seus pensamentos.

— Com o tempo, o ar do deserto vai fazer você ficar menos inibida — o cádi disse. — Ele afeta até os temperamentos mais frios. O gelo, por exemplo, quando exposto ao nosso clima, fatalmente derrete, e é o que vai lhe acontecer por mais que tente resistir. E a força da natureza!

É assim que gosta de ver uma mulher? Curvada a seus pés, obediente? Será que não fica enjoado de ter as mulheres a seu dispor, obedecendo cegamente ao seu menor gesto?

Ele lançou a Diane um olhar insinuante e se demorou nos lábios dela. Imediatamente, ela adivinhou os pensamentos do sheik. Era preciso fugir dali o quanto antes! Enquanto estivesse aprisionada naquela tenda, estava à mercê dele, e ela sabia muito bem o que Khasim pretendia. Detestava-o pela reação física que provocava em seu corpo. Era uma coisa tão estranha! Não podia lhe demonstrar esse tumulto interior, que acontecia cada vez que ele a olhava daquele jeito.

— Uma coisa é certa, estrangeira: de você, sei que não vou enjoar — ele respondeu.

— Isso é um elogio ou um aviso? — ela perguntou, erguendo o queixo, num gesto de desafio.

— As duas coisas. Você é inteligente o bastante para saber. Seu avô sempre a tratou como se fosse um rapaz, mas eu não a tratarei assim. Ele a ensinou a não demonstrar medo por mais apavorada que estivesse... Deve ter sido uma decepção para ele você não ter nascido homem.

— Antes tivesse! Se eu fosse homem, não estaria aqui agora, não é?

— Não, nas mesmas circunstâncias, é claro! — Ele riu. Nesse momento, um ruído na entrada da tenda chamou a atenção do sheik, e ele se virou para ver entrar um velho enrugado, que usava turbante verde, túnica e se apoiava num bastão talhado em forma de serpente. Ele se curvou diante do sheik, que respondeu com uma leve inclinação de cabeça e imediatamente puxou Hiriz, obrigando-a a se levantar,

— Vá, minha menina. — Khasim conduziu-a para fora da tenda. — Descanse um pouco, assim você dançará melhor hoje à noite.

— Quero ficar para ouvir o que o adivinho vai ler na areia sobre o destino da estrangeira- — Hiriz parou na entrada e olhou para ele, suplicante, —Não quero ser tratada como uma criança...

— Mas você é uma criança — ele replicou, empurrando-a de leve para fora. — Agora, vá embora e tire um pouco dessa pintura do rosto e das unhas.

Ele fechou a cortina da porta e virou-se para o adivinho.

— Só para a gente se distrair um pouco, gostaria que lesse nos grãos de areia o destino da estrangeira, Batouch. Ela está curiosa de saber o que o deserto lhe reserva.

Diane entendeu a ironia na voz dele e lhe lançou um olhar rancoroso. Enquanto isso, o adivinho já estava tirando do bolso da túnica uma bolsinha de couro. Aproximou-se da mesa ao lado do divã e despejou sobre ela o conteúdo da bolsinha, espalhando-o com o bastão em forma de serpente. Depois, virou-se para Diane e pediu, em francês, que ela passasse a mão na areia, espalhando-a como quisesse. Ela hesitou um pouco, mas, como o olhar dele era insistente, acabou dando de ombros e obedecendo. Diane percebeu que a areia tinha várias cores diferentes, como se fosse provinda de diferentes regiões do deserto. Uma porção era quase preta, outras rosadas e alaranjadas, em contraste com tons amarronzados. Era macia como veludo e lhe causou uma estranha sensação. O velho de turbante não tirava os olhos dela nem do sheik. Apesar de achar aquilo tudo uma besteira, ela sentia o coração bater, descompassado. Continuou traçando sulcos na areia com a ponta dos dedos, até que, de repente, a areia pareceu queimarem-lhe os dedos. Imediatamente, retirou a mão, refreando um impulso de mergulhá-la na tigelinha com água que viera acompanhando os bolinhos, segundo o costume árabe. Batouch fez um gesto com a cabeça, como se já soubesse o que iria acontecer, então se inclinou sobre a mesa e estudou atentamente os traços que Diane deixara. Depois, começou a falar baixinho, em árabe, e ela não podia entender nada. Diane fitou o sheik, que ouvia com atenção e seriedade o que o adivinho dizia. De repente, o velho apontou para ela, fazendo com que Diane estremecesse, nervosa. Começou a falar em árabe com ela, que olhou, aflita, para Khasim, esperando que ele tradu­zisse. Mas o sheik observava, compenetrado, o velho e, nesse momento, fez uma pergunta ao adivinho, que apenas apontou a porção escura da areia que ficara amontoada como se fosse uma pequena colina. Khasim balançou a cabeça, como se qui­sesse negar a afirmação do adivinho.

—• O que ele disse? — perguntou Diane, com um estranho pressentimento. — Mesmo que seja besteira, quero saber...

O sheik deu de ombros, antes de responder;

— Como você já disse, ele falou uma porção de besteiras e nada mais. Disse que um estrangeiro moreno entrou na sua vida, mas isso nós dois já sabemos, não é?

— Foi isso mesmo? —■ Diane não acreditava. Subitamente, lembrou-se de que o velho falara em francês com ela quando entrara ali e perguntou a ele o que tinha visto na areia que o deixara tão preocupado. O adivinho a observou, e Diane percebeu que ele entendera a pergunta... Já ia lhe responder, quando o sheik o interrompeu com uma única pa­lavra, e Diane percebeu que Khasim havia ordenado silêncio.

— Mas como você se atreve? — perguntou, furiosa. — Deixe que ele me responda, senão vou pensar que está querendo me esconder algo. Para que esse mistério, afinal? Foi você mesmo quem inventou de chamar o adivinho para que lesse o meu destino! Acho que tenho o direito de saber tudo o que ele viu nessa areia!

— Pois então fique sabendo! Ele viu um túmulo! Diane sentiu um aperto no coração.

— De quem?

— De quem acha que pode ser? — Ele olhou um instante para os olhos assustados dela, depois sorriu, com cinismo. — Meu, é claro.

— Seu? Não acredito! Como é possível isso, se Batouch es­tava lendo a minha sorte?

— Você está aqui comigo, não está? No meu acampamento, na minha tenda. Os nossos destinos se cruzaram, portanto é compreensível que Batouch tenha visto parte desse entrelaça­mento. É fácil de entender, não é?

— Vou perguntar a Batouch.

Ela fez a pergunta em francês, mas novamente o sheik o proibiu de responder.

— Contente-se com o que eu lhe disse — falou ele, com arrogância, depois se inclinou para frente e desmanchou o traçado que Diane fizera na areia.

Em seguida, virou-se para o velho e conversou com ele num tom mais gentil. O adivinho inclinou a cabeça e cuidadosamente guardou a areia na bolsinha de couro. Antes que saísse, o sheik deu-lhe algumas moedas. O velho agradeceu e saiu, não sem antes olhar mais uma vez para Diane.

Ela cravou os olhos em Khasim. Era impossível imaginar que alguém tão forte e com tanta vitalidade fosse morrer... Era algo que deveria deixá-la contente, entretanto um arrepio percorreu-lhe a espinha só de pensar nisso.

— Não fique assim. — Ele se aproximou e colocou as mãos cálidas nos ombros dela. — Essa história de adivinhação era uma brincadeira... Eu só queria que você se divertisse um pouco...

— Ainda bem que achou graça.

Ela tentou se libertar das mãos fortes, mas ele a segurou firme e, sem o menor esforço, fez com que Diane se erguesse, ficando bem perto dele. Então a enlaçou pela cintura com o braço esquerdo e com a outra mão ergueu a cabeça dela, forçando-a a fitá-lo nos olhos. Olhos escuros, brilhantes e sensuais, de cílios espessos. Ficou observando-a, até que o coração de Diane começou a bater mais forte. Ela quis fugir, mas isso apenas o provocou ainda mais. Num gesto rápido, o sheik a imobilizou e a pegou no colo, conduzindo-a até o divã, onde a colocou, como se fosse uma boneca. Ele riu baixinho, com o rosto bem perto do dela.

— Viu como é fácil, benzinho? O que é uma mulher diante de um homem?!

— Um homem? — ela repetiu desafiadoramente, apesar de seus lábios estarem trêmulos.

Diane estava apavorada, mas era orgulhosa demais para deixar que ele percebesse isso. Se Khasim não estivesse segu­rando suas mãos, ela o teria arranhado, mas ele a imobilizara apenas com uma mão. Com a outra, acariciava sua face e traçava o contorno da boca.

— Está bem, então... — Diane murmurou. — Se vai me vio­lentar, por que não o faz logo e acaba de uma vez com essa agonia? — Está tão ávida assim? — ele indagou, olhando-a de um jeito que a fez sentir-se nua.

— Sabe muito bem o que estou sentindo. Detesto você. Não suporto nem que toque em mim, seu bárbaro!

— Então acho que vou tocá-la um pouco mais, senti-la mais de perto — o skeik zombou, deslizando a mão pelo ombro de Diane até chegar perto dos seios que arfavam. — O pudor das virgens é sempre excitante...

— Você violentou muitas mulheres?

Ela tentava se manter afastada. Parecia não existir mais nada no mundo a não ser aquela tenda azul e a pele dourada daquele árabe, emanando um calor que era como se o corpo dele estivesse encostado no seu.

— Cuidado com essa língua, Diane, ou vou ter de fazer algo com ela!

Khasim chegou mais perto e encostou-se nela de leve, de um jeito provocante. O olhar dele estava diferente, e a respiração ofegante perturbava Diane. Ela não era tão inocente assim, a ponto de não saber o que estava acontecendo com ele...

— Você não se portaria assim com uma moça árabe! — protestou ela.

— É claro que não! — Ele riu. — Com você é diferente, minha querida. Quando quero algo, não permito que escrúpulos sem sentido atrapalhem.

— Sem sentido?! Está planejando arruinar minha vida e faia dessa maneira? Você não tem um pingo de compaixão... É do tipo que bate e exige que a mulher beije a mão que a espancou!

— Não tenho a menor vontade de bater em você, amorzinho! — Acariciando de leve o pescoço dela, continuou: — Nesse mo­mento, a única coisa que desejo é acariciar sua pele. Eu já havia esquecido o que é ter nos braços uma mulher pura, imaculada como a neve. Pode resistir, estrangeira, é mais excitante ainda... Quero variar um pouco, estou cansado de obediência servil.

— Seu monstro! Pervertido... Árabe desprezível!

— Continue... Desabafe. Assim, com o sangue quente, vai doer menos.

— Doer? — Ela arregalou os olhos, alarmada, ao perceber a que ele se referia.

— Sim, minha querida, todo prazer tem um preço...

— E... Acha que vou ter prazer com você?

— E isso tem alguma importância? — o sheik questionou, bem perto dos lábios de Diane. — Desde que eu consiga o que quero...

Ela lutou desesperada mente para afastá-lo, mas foi em vão. Ele parecia ter uma força invencível. Murmurando alguma coi­sa em árabe, Khasim estreitou o abraço e, afinal, apossou-se dos lábios dela. O calor daquela boca incendiou Diane da cabeça aos pés. O tempo parou, e ela se sentiu consumir na chama que a envolveu... O beijo lhe despertou emoções e sensações que nunca imaginara existir.

Sentiu as mãos másculas desnudando-a e depois os lábios percorrendo sua pele nua... Ele estava invadindo sua intimi­dade, tocando-a como ninguém jamais o fizera.

Ela se contorcia sobre as almofadas, socava-o, arranhava-o e gemia, porém Khasim ignorava aquilo tudo.

Deu-se conta de que estava perdida... Ele a dominava fa­cilmente. Era como se estivesse afundando nas areias quentes do deserto. Aquela boca tinha um estranho sabor, tal como o perfume que emanava da pele dourada do skeik. Entretanto, continuou a se debater até ficar ofegante. Ele riu baixinho, perto da orelha dela.

— Agora chega! — Khasim exclamou, afastando-se. Ergueu-se um pouco, apoiou-se no cotovelo e, de olhos semicerrados, examinou-a. Diane ainda estava com os lábios en­treabertos, os cabelos espalhados e uma das mãos segurava com força uma mecha de cabelos dele.

— Não precisa me escalpelar... — Ela soltou seus cabelos e arregalou os olhos. O rosto dele ainda estava bem perto do seu. — Ah! O prazer de beijar lábios que nunca foram beijados! Diane ainda sentia o calor dos beijos do sheik. Odiou o fas­cínio que ele exercia sobre ela e o contato com o corpo dele... Bruscamente, Khasim se afastou e ergueu-se, ajeitando os ca­belos com uma das mãos.

— Arrume seu vestido — ordenou ele, virando-se de costas e pegando um charuto.

Ela obedeceu, trêmula. Olhou para as costas dele e teve vontade de fincar uma faca bem no meio delas.

— Odeio seu atrevimento! — ela exclamou, furiosa.

— Sem dúvida. — Ele deu de ombros e virou-se de frente. — É uma reação natural, mas com o tempo vai mudar. Dê graças a Deus porque a estou tratando com o mesmo cuidado com que trato uma potranca nova!

— Ora, obrigada! — Ela ajeitou os cabelos. — Nunca fui comparada a um cavalo!

— Sinta-se lisonjeada, estrangeira. Para um árabe, o cavalo é a criação máxima de Alá. Bonito, elegante, corajoso. Não há prazer maior do que cavalgar pelo deserto numa boa montaria.

— Nem mesmo os que você desfruta no seu harém? — Diane perguntou, com desprezo.

— Nem mesmo esses. ■— Riu. — Por acaso, está achando que seus encantos me seduziram?

— Não. Sei que fez isso só pelo prazer de me humilhar. E isso o que deseja, não é?

— Justamente!

Ele olhou mais uma vez para ela, inclinou levemente a cabeça e saiu da tenda. A fumaça do seu charuto ficou no ar, e a marca dos seus beijos ficou nos lábios dela. Diane suspirou, e um arrepio percorreu seu corpo. Precisava fugir logo.,. Hiriz tinha de ajudá-la! Diane acreditava que a garota teria coragem de fazer isso. Ela não gostara nem um pouco quando o sheik a mandara sair da tenda. Ficara com ciúme. Diane pensou de novo no estranho episódio com o adivinho, mas logo sua mente foi invadida outra vez pela preocupação com o perigo que corria aprisionada ali.

Não suportava a idéia de pertencer a um homem que só queria possuí-la por vingança! Encolheu-se no divã para se proteger. Ela não suportaria ser um objeto nas mãos desse homem, Tomara que Hiriz a ajudasse! Precisava escapar dali antes que o sheik fosse além dos beijos e das carícias... Aqueles lábios haviam queimado sua carne e deixado cicatrizes... E o que acontecera essa noite fora apenas um ensaio... Um ensaio que abalara o mais íntimo do seu ser.

 



  

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