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CAPÍTULO IX



CAPÍTULO IX

 

Infelizmente, Miranda não foi ao mosteiro no dia seguinte. Diaz foi despachado antes que qualquer objeção fosse levantada e, quando Miranda desceu, encontrou Lucy instalada nos joelhos de Juan, comendo melão fresco em seu prato. Nem Valentina nem sua mãe estavam por ali, mas havia um homem mais velho, que Miranda ainda não conhecia, sentado do lado oposto da mesa, rindo das estrepolias de Lucy. Achou que devia ser o pai de Valentina, e confirmou sua suposição quando Juan fez as apresentações.

— Não quer se juntar a nós, señorita? — perguntou o sr. Vargas sorrindo, demonstrando claramente não sentir a mesma aversão da esposa pela jovem inglesa, tão informalmente trajada.

Miranda hesitou, olhando para Lucy.

— Eu... bem, obrigada. Não esperava encontrá-la aqui, Lucy. Lucy, que teve de descer dos joelhos de Juan enquanto ele fazia as apresentações, encolheu os ombros pequenos.

— Sabia que tio Juan queria me ver hoje — declarou, com segurança. — Acho que Diaz cometeu um erro ontem, não é, tio Juan?

Juan olhou-a, com gentileza.

— Digamos, um mal-entendido, chica. Mas não se preocupe; agora está aqui, si?

Lucy sorriu e Miranda suspirou. Ontem tinha sido uma exceção. Hoje teria que competir com Juan, novamente, e Lucy era bastante feminina para preferir a companhia de um homem à de uma mulher.

Miranda aceitou o café e respondeu educadamente às perguntas do sr. Vargas sobre a Inglaterra. Contou que, além de Lucy, não tinha mais ninguém no mundo; que morava num pequeno apartamento em Chelsea; e que era secretária de um financista. Obviamente, suas respostas chocaram o velho fidalgo, mas ele tentou não mostrar seu espanto pela solidão de Miranda.

Quando disse a Juan que queria enviar uma carta à Inglaterra, ele se espantou:

— Oiga, não vai embora, señorita, vai? — perguntou, tão horrorizado, que até Lucy levantou os olhos. E Miranda se sentiu grata pela ansiedade que leu nos olhos dela. Mas não pôde ter certeza se era pela partida da tia ou por medo de ter que ir embora.

— Não — respondeu, balançando a cabeça para Juan. — Para... para ser sincera, pedi a meu chefe mais uma semana de licença. Don Rafael disse... isto é, ele achou que não faria objeções se eu pudesse ficar mais uns dias, señor.

— Eu? — Juan fez um gesto de recusa. — May, no! Sabe que é bem-vinda aqui, señorita.

— Obrigada. — Miranda deu um suspiro de alívio e Lucy continuou a comer o melão.

O sr. Vargas tomou o resto do café e olhou para Juan.

— Rafael ainda está por aqui, Juan? Pensávamos que já tivesse voltado à Cidade do México!

Miranda tentou não demonstrar interesse pela resposta de Juan.

— Mamãe não quer deixá-lo ir, don Carlos. Enquanto ele estiver aqui, ela tem esperanças de... persuadi-lo, no?

O sr. Vargas parecia preocupado.

— Será possível? — exclamou. Depois, fez um gesto de desculpa para Miranda. — Sinto muito, señorita, estou sendo pouco polido. Perdoe-me! Juan e eu falaremos sobre isso em outra ocasião, hein, Juan?

Juan inclinou a cabeça e o homem mais velho se levantou.

— Desculpem-me, sim? Preciso procurar minha esposa. Sem dúvida, nos veremos novamente, señorita.

Miranda sorriu, ele a cumprimentou e foi embora. Depois que se afastou, fez-se silêncio por algum tempo. Até que Juan fez um comentário surpreendente:

— Não... não me inveja, no, señorita?

— Como? Não estou entendendo...

— Acha que vai ser difícil a vida com Valentina, si?

Miranda enrubesceu.

— Nunca pensei nisso, señor.

— No? — Juan encolheu os ombros de modo europeu. — Mas eu estou pensando muito. Acha que Valentina gosta de Lucy?

Miranda fez um gesto de desamparo com as mãos.

— Señor, isso nada tem a ver comigo!

Juan franziu a testa, tirando a casca do melão com a faca.

— Verdad? Posso... discordar, señorita.

— O que quer dizer? — Miranda não entendia nada.

Juan olhou para Lucy que tinha acabado de comer o melão e olhava para eles com os olhos bem abertos.

— Vaya, Lucy. Vá brincar. Quero falar em particular com sua tia, si?

— Ah! Não posso ficar, tio Juan? — perguntou, de modo cativante. — Não escutarei, prometo.

Juan sorriu ao ouvir isso.

— No, chica. Só cinco minutos. Mire, pode levar meu relógio e contar os minutos, no?

Miranda ficou horrorizada quando ele tirou o luxuoso relógio de ouro do pulso e estendeu-o à menina, mas Lucy estava encantada. E afastou-se, satisfeita.

— Ahora, señorita, estamos sozinhos. Podemos conversar.

— Sim, señor? — Miranda estava preocupada.

— Si. — Juan afastou seu prato e estendeu a mão para pegar uma das mãos de Miranda. Ela ficou tão atônita que não a retirou imediatamente. Juan sentindo-se encorajado por sua falta de reação, disse roucamente: — Señorita, o que diria se lhe confessasse que a acho... encantadora?

Miranda retirou a mão, apertando-a contra a palma da outra que linha ficado no regaço.

— Eu... eu não consigo imaginar por que está me dizendo essas coisas, quando sua noiva pode aparecer a qualquer momento!

Juan sacudiu os ombros.

— E se eu não me importar com o que Valentina vir?

Miranda prendeu a respiração.

— Não entendo, señor.

Os olhos de Juan mergulharam nos seus.

— Não mesmo, señorita? Acho que entende sim. — Fez uma pausa. — Miranda. É um belo nome, no? Miranda... Cueras! Não lhe parece que soa melhor ainda?

Miranda ficou em pé. Estava tremendo.

— Acho... acho que está me provocando, señor. Se... se é tudo o que tem a dizer, vou procurar Lucy...

— Ah, Lucy! -— Juan recostou-se na cadeira. — Querida e pequena Lucy! Não gostaria de resolver os problemas dela e os seus ao mesmo tempo?

— Señor, penso realmente...

— Si. Pense! — Juan levantou-se, aproximando-se dela com decisão. — Pense, Miranda. Não está me levando a sério, temo. — E, embora ela tivesse se afastado, ele pegou-lhe ambas as mãos, segurando-as firmemente com os dedos úmidos. — Quis dizer exatamente o que disse, querida. Acho que estou apaixonado por você.

Miranda quase se engasgou, e com um esforço desesperado libertou-se, pondo a larga tampa de vidro da mesa entre os dois.

— Señor, não sei qual é seu jogo...

— Jogo? Não é jogo, Miranda. Quero me casar com você.

— Não está falando sério!

Estou. Estou. Não consegue ver que estou dizendo a verdade? Miranda agarrou-se a qualquer coisa e disse: —- Está fazendo isso por Lucy. É Lucy que quer realmente.

Juan encolheu os ombros.

— Admito... que me importo com a criança. Mas o casamento é mais... muito mais do que fazer bebês, no?

O rosto de Miranda ferveu.

— Eu... — Sentia a língua amarrada. — Sinto muito...

— Sente? — Juan franziu a sobrancelha. — Por quê?

Miranda sacudiu a cabeça com ar de desalento e, naquele exato momento, Carla apareceu no pátio, vestida em seus trajes de montaria: Sua expressão estava fria como sempre, mas Miranda ficou pouco à vontade só de imaginar que ela podia ter ouvido o final da conversa. Claro que não demonstrou nada quando se dirigiu ao irmão:

— Valdez está esperando no saguão, Juan — avisou-o, secamente. — É melhor ir falar com ele. Parece que um lince desceu das montanhas por causa das chuvas e matou alguns animais.

Juan soltou uma praga e olhou pesarosamente para Miranda.

— Quê fastidio! Muy bien, falarei com ele. Espere por mim, Miranda.

A sorte quis que Juan ficasse envolvido com os problemas da hacienda o resto da manhã. E, na hora do almoço, dona Isabella estava ansiosa por permitir que Lucy almoçasse com Miranda em seu quarto. A menina não estava entusiasmada. Queria devolver o relógio de Juan, mas dona Isabella o viu e pegou-o, garantindo a Lucy que o devolveria sem falta.

Depois do almoço, Juan mandou buscar Miranda e Lucy para unirem-se a ele, no pátio.

Lucy ficou encantada, mas Miranda disse que estava com dor de cabeça e pediu à garota que apresentasse suas desculpas por não poder aparecer.

— Mas você estava bem há cinco minutos! — exclamou a menina, hesitando perto da porta onde Inez esperava para levá-la, já intuindo que o tio adotivo não ficaria satisfeito com a recusa de Miranda.

— Fiquei com dor agora mesmo! — mentiu Miranda, voltando o rosto. — Ficarei boa logo, se descansar um pouco.

Lucy hesitou mais um pouco, depois afastou-se encolhendo os ombros. Depois que ela saiu, Miranda suspirou aliviada e começou a andar pelo quarto, inquieta. Ainda não tinha decidido o que faria a respeito da proposta de Juan; ao mesmo tempo se repetia mentalmente que ele não tinha falado seriamente, pois já estava noivo e não desmancharia tão facilmente. Se fosse Rafael quem tivesse feito o pedido...

Apertou os braços contra o corpo, firmemente. Rafael! Isso nunca iria acontecer. Ele simplesmente não estava interessado nela dessa forma — ou de qualquer outra.

Olhou desesperançosamente pela janela, para o vale, como se concentrando seus pensamentos pudesse trazer a imagem de Rafael. Mas nenhum carro apareceu subindo a colina em direção à hacienda, e sentiu-se infeliz. Onde estava Rafael? Por que não vinha? Por que não lhe devolvia as roupas, pelo menos?

Voltou para o quarto e parou um instante, refletindo. Será que conseguiria ir até a casa dele sem que ninguém percebesse? Sabia guiar, mas era improvável que alguém lhe emprestasse o carro sem um motivo específico. Podia ir a pé — mas era muito longe e não queria voltar no escuro. Suspirou. Se houvesse telefones por perto! De repente, soltou uma exclamação. Claro! Por que não pensou nisso antes? Podia ir a cavalo! E como havia um estábulo atrás da hacienda, podia ir a cavalo até a aldeia.

Bateu as mãos. Mas como? Como entrar no estábulo? E se Carla ou outra pessoa estivesse lá? Mas não! Carla descansava à tarde, bem como sua mãe e sua irmã. E, sem dúvida, a sra. Vargas e a filha também descansavam. Juan estava no pátio com Lucy. Ninguém perceberia sua falta por uma hora ou um pouco mais.

Olhou para a camisa e a calça. Pelo menos para isso eram adequadas, pensou. Tirou uma fita da gaveta para prender o cabelo e, depois de passar rapidamente pelo espelho, saiu do quarto e desceu silenciosamente a escada.

Como esperava, a casa estava enervantemente quieta, e conseguiu alcançar o terraço sem ser vista, dirigindo-se ao estábulo. Um jovem nativo estava limpando alguns arreios e levantou os olhos surpreso ao ouvir os passos de Miranda.

— Buenos tardes, señorita — cumprimentou-a, polidamente. — Puedo ayudarle?

Miranda respondeu-lhe com o que pensava ser um sorriso encorajador.

— Eu... eu quero um cavalo — disse vagarosamente.

— Un caballo, señorita? Ah, deseja... ir a caballo?

Miranda ficou em dúvida e ele sorriu, batendo a mão numa sela esta vá ali perto. Depois fez o gesto de segurar as rédeas e ela anuiu.

— Sim. Sim, quero cavalgar.

O rapaz pareceu satisfeito por terem resolvido suas dificuldades, hesitou.

— É... permitido, señorita?

Miranda mordeu o lábio. Depois anuiu.

— Don Juan deu permissão — disse, cruzando os dedos atrás das costas.

A menção do nome de Juan foi suficiente para dissipar qualquer dúvida no rosto do rapaz e ela esperou que ele não fosse castigado por ter-lhe dado o cavalo. Mas por que deveria?, argumentou consigo mesma. Ia até a aldeia para ver Rafael, e voltaria antes que alguém percebesse sua falta.

A capela dos inocentes estava bem abaixo, agora, e além da capela podia ver as gastas ripas da ponte que fora tão sacudida na noite do temporal. Mais além, ao longo da margem do rio, viam-se os muros de pedra de uma casa de um só andar e seu coração alegrou-se. A casa de Rafael.

No entanto, a égua parecia não ter pressa de chegar e recusava-se a ser esporeada. Hesitou à beira da água e por um instante Miranda pensou que ia receber outro banho indesejado. Mas o animal parou e ficou cheirando o ar, como se estivesse decidindo o que ia fazer em seguida.

A raiva e a impaciência fizeram Miranda acreditar que seria melhor tentar descer da sela. Pensou que guiaria a égua pelo resto do caminho. Mas um dos pés ainda estava no arreio quando o animal recomeçou a andar e, embora tentasse subir novamente, Miranda perdeu o equilíbrio e caiu pesadamente no chão. A queda a fez perder o fôlego, e seu peso obrigou o animal a reduzir o trote novamente. Mas ato antes que Miranda sentisse uma dor terrível no quadril.

Com um grande esforço, tentou livrar o pé do arreio e ficou parada por algum tempo tentando recuperar o fôlego. O animal caminhou alguns metros, comendo capim, indiferente à situação da moça; quando se sentiu capaz, Miranda ergueu-se nos cotovelos e tentou alô sucumbir às lágrimas de dor e frustração. Não havia ninguém por perto a quem pudesse pedir ajuda e, ao tentar ficar em pé, confirmou suas piores suspeitas. Obviamente machucara a perna de alguma forma e a cada passo sentia uma dor aguda na coluna. Outra tentativa vã de montar provocou mais lágrimas e, com o rosto tenso, virou-se decididamente em direção à casa de Rafael, deixando a égua de lado.

A casa parecia deserta e o seu coração batia ansiosamente. Sala, escritório, cozinha — tudo vazio. Ele devia estar no quarto, o que significava que seus maiores temores tinham fundamento. Tropeçou pelo saguão abrindo portas — banheiro, armário de vassouras, um quarto com duas camas, e uma delas estava ocupada. Ficou parada na porta, incerta, escutando a respiração pesada. Estava resfriado e ela pôs as mãos trêmulas nos lábios. Oh, Deus, pensou desesperadamente, como poderia ajudar alguém nessas condições?

— O que está fazendo aqui, señorita?

O tom frio fez Miranda apoiar-se na perna machucada.

— Raf... Rafael! — gaguejou, mal percebendo que o chamara pelo nome. Olhou o rosto magro como se não pudesse acreditar nos próprios olhos; depois olhou de novo para a cama. — Eu... eu pensei que fosse o senhor!

Rafael puxou-a para trás e fechou a porta atrás deles.

— Perguntei o que estava fazendo aqui, señorita — repetiu ele, friamente.

Os lábios de Miranda tremiam.

— Eu... eu vim vê-lo. Pensei que devia estar doente. Não recebemos nenhuma palavra...

Rafael estreitou os olhos e deu alguns passos no saguão, obviamente esperando que ela fizesse o mesmo. Ao ver que permanecia imóvel, aproximou-se, com o rosto zangado.

— Tinha trabalho para fazer, señorita — disse, impaciente. — Como vê, há um homem doente naquele quarto. Rodrigues tem recebido uma enchente de doentes desde o temporal.

Miranda fez um gesto de aquiescência. Não devia ter vindo. As costas doíam-lhe horrivelmente por ficar numa só posição por tanto tempo, e não tinha idéia de como voltaria à hacienda. Quanto a capturar a égua... Começava a sentir dor em algum lugar perto das têmporas que parecia penetrar em sua nuca. Percebendo que devia dizer alguma coisa, disse:

— Então está tudo bem, não é? — E inclinou-se para um lado. Rafael a olhava curioso. Talvez só agora tivesse percebido que tinha gotas de suor na testa e que seu rosto estava pálido e cansado. Pôs a mão em sua testa e ela tentou não fugir do toque. Seus dedos estavam frios, mas ele adivinhou que a cabeça dela queimava.

— Sagrada Maria! — vociferou, roucamente. — Está doente?

Miranda moveu a cabeça com dificuldade por causa da dor.

— Eu... o cavalo... estava tentando desmontar e... e ele se afastou... — E, pela primeira vez na vida, desmaiou aos pés dele...

Quando recuperou a consciência, estava deitada em lençóis finos de algodão numa das camas estreitas que vira antes. Havia outra a seu lado mas estava vazia e lembrou-se do quarto com as camas que vira ao procurar Rafael. Alguém tirara suas roupas e o corpo estava descansado, leve. Ainda sentia dor, mas era algo suportável, comparado com o que sofrera antes. Tentou mover as pernas e teve vagas sensações de dor.

Continuou deitada tentando calcular que horas seriam. Estava ainda claro, mas o sol logo iria se pôr. Uma sensação de medo tomou conta dela ao pensar que, a essa altura, todos já sabiam o que havia feito e a humilhação a fez sentar-se. Esse movimento doeu e estava lutando contra a vertigem quando a porta se abriu.

Rafael se encaminhou para a cama, e ela apertou o lençol contra o peito, sentindo-se enrubescer ao pensar que tinha sido ele quem a despira e deitara.

— Está melhor? — perguntou, parando ao lado da cama, olhando-a com olhos atentos.

— Muito melhor, obrigada. Eu... sinto muito ter causado tanto incômodo. Irei embora assim que me vestir.

Rafael balançou a cabeça, vagarosamente.

— Não vai a lugar algum, señorita — afirmou, num tom que não admitia dúvida. — Precisa de muitos dias de repouso completo. Teve sorte de poder recuperar-se tão depressa. Podia ter quebrado a espinha.

Miranda ficou incrédula.

— Mas não posso ficar aqui!

Seus olhos estreitaram-se, os cílios espessos velaram-lhe a expressão.

— Não?

— Não. — Moveu-se desconfortavelmente, ciente de que o menor movimento lhe causava dor. — Eu... ninguém sabe onde estou. E Lucy está na hacienda. Pensam que estou com dor de cabeça, que estou descansando...

— Está descansando, señorita — observou, sem humor. — Não se preocupe. Minha família foi avisada de seu paradeiro. Também foram informados de que não está em condições de andar, por enquanto. É desagradável, mas inevitável. — Seu maxilar se endureceu. — No que me diz respeito, até agora, parece não ter havido nada irreparável com suas costas, señorita. Porém os próximos dias confirmarão ou não meu diagnóstico.

Miranda suspirou profundamente.

— Sei. — Olhou para ele, os lábios assumiram um trejeito rebelde. -— Está muito zangado comigo?

— Zangado, señorita?

— Sim, zangado. — Miranda já estava ficando impaciente. — Fica aí parado, me dizendo friamente como estou e o tempo todo está me desprezando por ter me atirado em cima do senhor, sem ser convidada!

Rafael enfiou as mãos nos bolsos da calça.

— É uma paciente, señorita. Farei o que puder... como faria para qualquer pessoa em sua condição.

— Ah, obrigada! — Miranda apertava nervosamente o lençol, a voz sarcástica, querendo irritar-lo como ele sempre conseguia irritá-la. — E suponho que era apenas uma paciente quando me pegou e carregou até aqui e tirou minha roupa, não é?

— Não fique histérica, señorita. Não há mal algum no que fiz. Sou um médico. Já examinei muitas mulheres. Já fiz partos. Não é diferente de nenhuma de minhas pacientes.

Miranda soluçou.

— Eu sei. Foi o que eu quis dizer.

Rafael tirou as mãos dos bolsos e ela pode ver que estavam fechadas com força.

— Deve estar com fome, señorita. Vou lhe trazer algo para comer.

Lembrando-se de como planejara cuidar dele, Miranda sentiu-se envergonhada. Movendo a cabeça num gesto de negação, segurou-lhe o pulso com os dedos.

— Eu... eu sinto muito — gaguejou, olhando-o através dos olhos cheios de água. — Sinto muito. Sou uma imprestável! Sei que fez o melhor por mim. Não fique zangado comigo, por favor!

Rafael olhou para a mão que segurava seu pulso e uma expressão de tormento passou pelo rosto magro.

— Não estou zangado, señorita — declarou, com voz tensa. — Sei que sua intenção ao vir aqui foi a melhor possível, e aprecio isso. Mas agora é minha paciente e farei o que. puder para cuidar bem da señorita.

— Oh, Rafael! — O nome saiu sem querer. — Nunca pára de se defender? Nunca demonstra emoção alguma?

Os olhos dele escureceram, mas ela não teve certeza se foi por paixão ou raiva. Arrancou o pulso de sua mão e caminhou até a porta.

— Vou lhe trazer um pouco de sopa, señorita — afincou friamente e deixou-a.

 



  

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