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O Jardim das Acácias 7 страница



— Por que diria tal coisa, Sabrina? — Os olhos de Ret se estreitaram em duas fendas prateadas. — Douglas nã o vai poder compará -la com a linda Nadi. Ele julga as pessoas pela voz. e, acredite ou nã o, nisso você leva vantagem sobre ela!

— Pare! — Sabrina recuou tã o bruscamente que nã o viu Brutus deitado a seus pé s. Tropeç ou no cachorro, perdendo o equilí brio, e caiu de costas na areia. Surpresa, ficou deitada por alguns segundos. Entã o, viu o sol desaparecer, como se uma nuvem tivesse passado por ele. Mas era Ret, que tinha se inclinado sobre ela prendendo-a contra a areia, num beijo cruel e decidido.

Tudo aconteceu rapidamente e terminou antes que ela pudesse lutar. — Sua feiticeira! — Havia raiva na voz dele. — Nã o sei qual é o seu segredo, mas, cada vez que chego perto de você, fico tentado a quebrar esse gelo. Gostaria de,.,

Sabrina nã o lhe deu tempo para dizer o que gostaria de fazer. Empurrou-o com forç a pelos ombros e levantou-se de um salto. Ret també m ficou em pé e olharam um para o outro, como dois combatentes.

— Se me tocar novamente, contarei tudo ao sr. Saint-Same. Nã o pense que vai me fazer de boba!

— Está com medo dos meus beijos? Tem medo de gostar deles? Sei que nã o costuma ser beijada com frequê ncia, e há em você uma inocê ncia selvagem que faz um homem,.. — Ret passou a mã o pelos cabelos, e havia um brilho estranho em seus olhos. — É uma loucura! Você é magra como um caniç o, tem olhos enormes e nã o faz nada para agradar um homem.

— Nã o quero esse tipo de atenç ã o. Acha que, só por que é bonito e

tem esse charme estudado, nã o há uma mulher que nã o caia a seus pé s. Parece pensar que uma moç a como eu devia desmaiar de gratidã o por receber um olhar mais interessado. — Pois eu preferia ser atirada desses rochedos do que ter algum caso com você!

— Nossa, como fica violenta quando está brava, — Ret deu uma risada e endireitou o lenç o no pescoç o. — Fico imaginando o que aconteceria, se eu sofresse um pequeno acidente e tivesse que ficar aos seus cuidados. Quem sabe, se ficasse desamparado e à sua mercê... Sabrina ignorou a observaç ã o e calç ou as sandá lias.

— Venha, Brutus'.

Começ ou a subir a trilha. Podia ouvir Ret vindo atrá s dela e, ao chegar ao alto, ofegante e com uma atitude defensiva, virou-se para encará -lo.

— Me deixe sozinha, por favor!

— Por favor? Você tem medo de mostrar quem é na realidade. Sabrina, e eu estou disposto a acabar com essa pose de santinha.

— Está sempre fazendo ameaç as. No outro dia...

— Lembro muito bem o que eu disse. Mas será muito mais excitante descobrir por mim mesmo por que você se recolhe nessa casca, quando um homem se aproxima. Gostaria de poder ensiná -la que é muito melhor nã o se esconder.

— Ret, seu problema é que tem que estar sempre provando a si mesmo que é irresistí vel. Nã o se conforma em ver uma coisinha sem graç a como eu...

— Sabrina, você é como uma flor selvagem que cresce perto da praia. Parece frá gil, mas tem muita coragem e forç a. E daquelas mulheres que enfrentam batalhas para cuidar dos feridos, que morreriam para defender os direitos dos necessitados. É uma garota e tanto, e um homem poderá ver muito em você, se tiver chance para olhar.

Ret falou aquilo com uma estranha suavidade. Por um instante traiç oeiro, Sabrina ficou comovida. Por que nã o confessar? Precisava ouvir de algué m que nã o era uma pessoa inexpressiva. Seus olhos procuraram os de Ret, mas, quando ele deu um passo à frente, ela recuou.

— Sabrina! — Foi quase um gemido. — Por que nã o acredita em nada do que digo. O que terei que fazer para...

— Você está entediado, Ret. é isso. Está cansado de viver cercado de garotas que estã o acostumadas a serem beijadas e elogiadas. Fica imaginando o que aconteceria, se me fizesse de idiota, mas pode ter certeza de que isso nunca acontecerá!

— Veremos, enfermeira. — Ret falou baixinho, e seus olhos brilhavam como prata. — Acho que está apaixonada por Douglas, mas depois que o vir com Nadi, vai ficar sabendo como ele é o tipo de homem de uma mulher só! Lembre-se: ele a amava antes de ficar cego. O rosto dela, cada gesto e sorriso, estã o gravados no cé rebro dele. Nadí está acima de qualquer imagem que ele faria de você... uma moç a que nunca viu!

Sabrina ficou olhando firmemente para e! e, tentando nã o mostrar suas emoç õ es.

— Você é dura na queda, nã o é '! Pois ouç a um conselho: nã o perca tempo nem toda essa emoç ã o represada com um homem para o qual você nã o é mais do que uma voz sem forma.

— Nã o se preocupe, sei ficar no meu lugar.

Virou-se rapidamente e foi embora. Dessa vez, ele nã o a seguiu. Sabrina pensou em entrar na casa por uma porta lateral, sem ser vista, mas eles estavam sentados no jardim!

Imediatamente, os ouvidos aguç ados de Douglas captaram o som da maç aneta da porta coberta pelas trepadeiras.

— Sabrina!

Ela ficou muito quieta por alguns segundos, mas acabou desistindo de se esconder.

— Essa é a minha enfermeira. Eu a chamo voixd'or, mas só comigo mesmo. Nunca tive coragem de dizer isso em voz alta, porque ela pode ser muito brava quando quer.

Voz de ouro!

Sabrina viu as sobrancelhas sedosas de Nadi Darre! se esguerem e os olhos verdes se Fixarem nela. Havia um brilho divertido neles, enquanto examinavam a camiseta suja de areia, os jeans ú mí dos e os cabelos cheios de areia.

-— O sr. Saint-Same gosta de brincar. — Sabrina usou seu tom mais profissional.

Nadi realç ava sua beleza impressionante com um conjunto branco de corte perfeito e um lenç o de seda turquesa atirado displicentemente sobre um ombro, — Muito prazer em conhecê -la, srta. Darrel. Já vi muitas fotos suas nas revistas e devo dizer que a admiro muito.

— Está interessada em moda? — Novamente, os olhos cor de esmeralda examinaram Sabrina de alto a baixo.

Foi Laura que veio em seu socorro.

— Meu bem. você esteve nadando e tenho certeza de que gostaria de se arrumar um pouco antes do chá. Corra para cima e vista algo bonito.

— Nã o.., nã o vou me demorar.

Quando chegou ao quarto, Sabrina ficou parada por alguns instantes, com as mã os no rosto. Sentiu um arrepio passando pelo corpo, quando a tensã o relaxou um pouco. A mulher que Douglas amava era linda, sensual e excitante. Seria perfeita, se tivesse um coraç ã o para fazê -lo feliz. Se conseguisse se dar, sem se importar com o fato de ele nã o poder vè -la.

Com um suspiro triste, Sabrina abriu a porta do guarda-roupa e levou um choque quando viu o vestido no cabide. Nã o era dela! Era cor-de-rosa forte, com um corte moderno e franzido. Encontrou um pedaç o de papel preso no decote.

" Lucille tirou as medidas de um dos seus vestidos e Charles me levou à cidade para comprar. Por favor, nã o fique aborrecida comigo. Queria muito lhe dar algo bonito. Laura. "

Sabrina sentiu um nó na garganta. Nunca algué m lhe havia feito uma surpresa tã o linda. Ficou tã o agradecida a Laura que seus olhos se encheram de lá grimas.

Depois de vestida, penteada e levemente maquilada, sentiu-se muito chique. O cor-de-rosa forte dava um brilho diferente a seus olhos e a pele parecia sedosa, valorizada pelo decote. Endireitando os ombros, desceu para o jardim, onde encontrou todos sentados à mesa do chá, que tinha sido arrumada sob uma á rvore.

Dirigiu-se a Laura e sussurou um agradecimento.

— Está muito bonita — sorriu a sra. Saint-Same. — Quando vi essa cor, tive certeza de que ficaria bem em você.

— Fiquei... feliz e emocionada. —  Depois, como se tivesse sido tocada, Sabrina virou-se e viu Ret olhando fixamente para ela. Ele nã o disse nada, mas seus olhos repetiam o que tinha falado na praia.

Quando tomou coragem de olhar para Douglas, percebeu algo selvagem em sua expressã o. ele estava sofrendo; nã o uma dor fí sica que ela podia controlar, mas uma dor muito mais pessoal.

O criado chegou trazendo um carrinho com bolos e sanduí ches e Laura começ ou a servir o chá, iniciando uma conversa elegante e agradá vel.

Todos falaram, mas muito pouco foi dito. Havia uma alegria superficial e uma verdadeira torrente de emoç õ es ocultas, que Sabrina nã o conseguia deixar de sentir, sentada ao lado de Ret — que nã o perdia oportunidade de encostar a perna na dela, sempre que ia pegar um docinho ou um pedaç o de fruta —, tinha vontade de gritar para quebrar aquela tensã o quase palpá vel. Laura estava sendo gentil demais com Nadi, como se a moç a fosse somente uma visita. A velha senhora se recusava a acreditar que Douglas ia querer ver a ex-noiva novamente em Snapgates... muitas vezes.

Entã o, aconteceu o que era de se esperar naquele ambiente de nervosismo. Douglas estendeu a mã o para pegar a xí cara e esbarrou nela. No mesmo instante, Sabrina já estava com o guardanapo na mã o. Nadi afastou as pernas, num gesto elegante, e tudo talvez ficasse por isso mesmo se Laura nã o tentasse se culpar pelo acidente.

— Foi minha culpa, querido. Coloquei a xí cara muito perto de sua mã o e enchi mais do que devia.

— Pelo amor de Deus, Nan! — Uma sú bita palidez, tomou conta do rosto de Douglas. — Sou cego como um morcego e todo mundo sabe disso! Sou um perigo pú blico, quando estou com pessoas civilizadas! Devia ser alimentado na boca com uma colher, igual à s crianç as. Desculpe, Nadi. Espero que nã o tenha sujado seu vestido.

— Nã o caiu nem uma gotinha, querido. — Ela tocou o rosto de Douglas com intimidade e Sabrina, limpando o chá, quase deixou cair o vaso de flores.

— Pobre Sabrina — disse Ret, num tom divertido. — Ela sempre fica com o trabalho pesado. Cuidado com seu vestido, menina. Nã o vai querer estragar esse tecido tã o bonito.

— Deixe tudo como está, Sabrina — Havia rispidez na voz de Douglas. — Chame uma das empregadas para cuidar disso! Ja lhe disse antes que...

— Está tudo limpo — Sabrina falou, num tom despreocupado.

— É muito eficiente, enfermeira — disse Nadi. Bem, afinal acho que você s sã o treinadas para nã o perder a calma.

— É por isso que a mantenho aqui. — Douglas parecia querer dar vazã o à irritaç ã o, e Sabrina sabia que ele ia descontar nela, em vez de ferir a mulher que amava. — Ela é muito boa para manter o leã o sob controle.

— Vocè costuma perder o controle muitas vezes, querido?

Nadi pegou a mã o de Douglas e Sabrina deu graç as a Deus por poder sair dali. Pediu outra xí cara na cozinha e teve vontade de nã o voltar à mesa, mas sabia que nã o podia fazer isso. Nadi logo adivinharia por que havia fugido.

Quando voltou, todos estavam sentados sob os jacarandá s. O tom

violeta das flores favorecia ainda mais a beleza de Nadi.

— Estou muito interessada no vodu - ela dizia, — Ret prometeu me levar para ver os danç arinos do rogo. Quero ver o má ximo possí vel enquanto estiver aqui.

— Quanto tempo pretende ficar? — A mã o de Douglas estava firme, enquanto acendia o charuto,  sem errar. Nã o importa o que estivesse sentindo, conseguia se controlar perfeitamente.                                             

— Umas trê s semanas. Quando sair deste paraí so, vou para a Fló rida, posar com casacos de pele. Imaginem só! Acho que vou morrer naquele calor, mas a Vogue achou que seria uma bela ideia fazer as fotos no meio dos laranjais.

— As mulheres sã o capazes de tudo pela moda — comentou Ret, num tom arrastado. — Nã o posso imaginar nossa enfermeira tendo paciê ncia de posar desse jeito. E entã o, Sabrina? Está muito quietinhia aí, como Alice na festa do chapeleiro louco. O que tem a dizer sobre vison misturado com laranjas?

— Estou certa de que a srta. Darrel ficará maravilhosa. Acho que cada um de nó s veio ao mundo com um propó sito, e a moda e tã o importante para algumas pessoas como o conforto para os doentes. Tudo é parte da vida, e a vida tem muitas facetas.

- Que filosó fico!

Oh, Deus, o que Ret estava fazendo? Havia em sua voz uma sugestã o de intimidade que podia dar aos outros uma impressã o errada. Há poucos dias, estava cheio de ó dio, ameaç ando escrever a Londres para conseguir informaç õ es dela. Agora, flertava com ela abertamente, na frente dos outros, como se existisse uma amizade mais forte entre eles.

— Garanto que a enfermeira Muir sabe do que está falando — disse Nadi. — Ela parece muito inteligente e capaz. Eu ficaria totalmente perdida no quarto de um doente.

— Minha querida Nadi — Ret interrompeu —, qualquer um ficaria curado na hora, só de ver você.

Imediatamente,   houve um silê ncio constrangedor, quebrado apenas pelo canto das cigarras, como fazendo eco aos nervos de Sabrí na, Ret nã o era o homem mais sensí vel do mundo, mas, pelo menos, podia se esforç ar um pouco para medir as palavras. Douglas parecia nã o ter prestado muita atenç ã o ao que o primo tinha dito, seu rosto era uma má scara impassí vel. O ú nico movimento que fez foi levar o charuto à boca. Nadi o observava, com os olhos verdes muito brilhantes,

— Vejo que consegue fazer tudo muito bem, querido. Se eu nã o

soubesse que você ..,

— É só uma questã o de prá tica. No iní cio, eu ficava todo queimado. Enfim, sã o as, pequenas coisas que se tem que superar, para passar a vida toda na escuridã o.

Douglas falou num tom claro e decidido, como se dissesse a Nadi que estava conformado com a cegueira e que nã o arriscaria a vida por um amor incerto Sabrina quis abraç á -lo, confortá -lo, dizer que ele era, um homem valente. Nenhuma mulher, nã o importava o quanto fosse bonita e desejada, tinha o direito de pedir a um homem para se submeter a uma operaç ã o que podia matá -lo. Era um amor estranho e egoí sta, quase pagã o, como se Nadi preferisse sacrificá -lo.

O olhar de Sabrina voltou-se para a outra. Parecia nã o haver qualquer falta naquela beleza. Os cabelos escuros tinham reflexo avermelhados, a pele era lisa e cuidada e a boca cheia, cuidadosamente pintada. Os olhos verdes e as pernas elegantes, o corpo sinuoso contribuí am para lhe dar um aspecto quase felino. Era uma mulher desejá vel sob todos os pontos de vista e fazia lembrar um gato de raç a. Gostava de ser acariciada, cuidada e mimada, mas em troca só daria sua beleza.

— Você ficou mais gentil do que era, Douglas — murmurou ela,

— Talvez tenha ficado um pouquinho mais paciente. Hoje em dia nã o sinto vontade de me atirar no pescoç o das pessoas. Meu mundo mudou nesse aspecto. Estou conformado a viverei numa noite sem fim.

— Querido... — Havia uma ponta de tristeza na voz de Nadi. — Será que minha presenç a nã o desperta lembranç as que o magoam? Cuidado. Douglas, vai se queimar com o charuto!

— Sabrina! — Um brilho de desamparo apareceu nos olhosdele, mas

desapareceu imediatamente.

Sabrina encostou o cinzeiro em sua mã o e ele deixou cair a ponta do charuto. Calmamente, ela pô s o cinzeiro sobre a mesa e sentiu Laura olhando para ela com uma mensagem silenciosa e desesperada: " Por quanto tempo isso vai continuar? Essa moç a está torturando meu neto! "

— Como se sente vivendo numa escuridã o tã o completa? — perguntou Nadi, sem perceber que estava sendo terrivelmente cruel.

Sabrina desejou que Douglas gritasse com a outra como costumava, à s

vezes, fazer com ela. Em vez disso, duas rugas iró nicas apareceram no rosto moreno.

— As flores tê m um perfume mais intenso, o sabor da comida e do vinho é mais acentuado e a mú sica tem um significado maior. Acho que um cego consegue apreciar melhor as boas coisas da vida.

— Oh, Douglas! — Nadi deu uma risada rouca. — Você nã o me engana. Um leã o nã o esquece da arena onde lutou contra todos os animais. Nã o venha me dizer que ficou domesticado de repente. Está se forç ando a ser dó cil, querido, e eu...

— Sim, Nadi? — A voz de Douglas tinha se suavizado e estava quase perigosa. — Está pensando numa volta ao passado? Esqueç a, meu bem. Está terminado para sempre! Meu mundo nã o é mais o que conhecemos juntos. Agora, está limitado a esta ilha, e meu desafio é conhecer cada centí metro dela. Nã o insista em me fazer lembrar de coisas que gostaria de esquecer o mais rá pido possí vel.

Com essas palavras, ditas quase com rudeza, Douglas levantou-se e pegou a bengala com um gesto decidido, como querendo mostrar sua total dependê ncia dela, e saiu andando pelo jardim, afastando-se da casa. Enquanto o observava, Sabrina sentiu um aperto no coraç ã o. Estava ansiosa por ir atrá s dele, mas achou que preferia ficar sozinho.

— Brutus devia ir com ele! — disse Laura, virando para ela, preocupada. —- Onde esta o cachorro?

— Deve ter ido a praia. O sr. Saint-Same assobiará para chamá -lo, assim que chegar aos rochedos.

— Tem certeza?

— Tenho. Por favor, nã o fique preocupada. Sabe muito bem como ele odeia isso.

— Tenho verdadeiros pesadelos quando Douglas sai assim, sozinho. Tenho a impressã o de que vai rolar pelos degraus, que vai cair do alto dos rochedos.

— Nã o consigo suportar isso — sussurrou Nadi, e um tremor visí vel passou por seu corpo. — Douglas costumava ser tã o forte e capaz, fazia os outros homens parecerem bonecos perto dele.

— Ele ainda e forte, srta. Darrel — disse Sabrina, cheia de calma e firmeza. — Está se saindo maravilhosamente bem. De certo modo, talvez seja ainda mais astuto e decidido. Seus sentidos estã o mais aguç ados e...

— Você nã o o conheceu antes de ficar desse jeito! — A outra interrompeu, quase com desdé m. — Nunca foi parle do mundo em que ele vivia. Era tudo excitante, dramá tico, havia sempre algo acontecendo, Douglas conhecia muitas pessoas e dominava todas elas. O que pode saber sobre como ele era? Douglas a teria feito sair correndo de medo,

de olhar para você!

— Acredito que sim, srta. Darrel. Mas, como ele é agora, o sr. Saint-Same aterroriza a senhorita. Ele nã o está desamparado, mas a deixa sem saber o que fazer. Nã o é só um par de olhos que faz um homem,

— Verdade'. ' — Nadi arqueou as sobrancelhas. — Nã o imaginei que fosse uma autoridade em homens.

Sabrina corou. Sabia que nã o era pá reo para uma mulher sofisticada como Nadi, mas nã o tinha pensado em nada disso para defender Douglas.

— Bem — Ret olhou para o reló gio —, acho que é hora de levá -la de volta para o iate. Está ameaç ando chuva e a estrada nao e muito segura com os temporais que costumam cair aqui.

— Quero me despedir de Douglas...

— Por favor, deixe-o em paz, — Laura falou, com sú bita autoridade.

— Nã o foi fá cil para ele encontrá -la novamente. Se dependesse de mim, eu a proibiria de voltar a Snapgates outra vez. Vá com Ret e deixe Douglas sossegado! -

Nadi ficou olhando fixamente para Laura e depois virou-se para

Sabrina.

— Vejo que você s estã o fazendo tudo para protegê -lo, mantendo-o

fechado nesta casa. Pois saibam que falei com o dr. Williams antes de deixar a Inglaterra e ele quer examinar Douglas novamente. Acha que. depois desse perí odo de repouso, talvez esteja preparado para a cirurgia. Você é enfermeira! Será que nã o percebe que pode haver uma chance? Ou quer que ele fique cego para sempre?

— Nadi, pelo amor de Deus! — Ret pegou-a pela mã o e a fez levantar da cadeira. — Você me prometeu nã o fazer nenhuma cena e agora está se comportando desse jeito. Vamos, vou levá -la!

Sem uma palavra de despedida, Nadi pegou o casaco que estava no encosto da cadeira e saiu com Ret, deixando atrá s de si o silê ncio e a opressã o.

 

                                                         CAPITULO IX

 

 

As nuvens estavam pesadas de chuva e o vento forte fazia Sabrina quase perder o equilí brio, enquanto descia pelos degraus até a praia. O mar batia furiosamente contra as rochas, levantando nuvens de espuma. As folhas das palmeiras batiam umas contra as outras e as bananeiras balanç avam para frente e para trá s, como se fossem quebrar ao meio.

— Vá e faç a-o voltar para casa — tinha implorado Laura. — Vai cair uma tempestade e fico apavorada só em pensar nele, sozinho na praia. Converse com Douglas, minha filha. Ele a escuta porque você nã o está envolvida pessoalmente. Diga-lhe que nã o deve ver essa moç a novamente. Oh, meu bom Deus, ver. Como se diz isso tã o facilmente! E como pode ser doloroso! Vá, Sabrina, antes que fique escuro!

A essa altura, a sombra já cobria a entrada das cavernas e as ondas apagavam as pegadas na areia.

A praia parecia deserta. Sabrina ficou em pé perto dos rochedos, quase no mesmo lugar onde Ret a havia beijado há algum tempo. Assobiou, chamando Brutus, mas o vento forte abafou o som. O cã o nã o estava por perto. Franziu a testa, preocupada. Tinha olhado no estú dio antes de descer até a praia, e sabia que os dois estavam juntos.

Um raio cortou o cé u, indicando que a tempestade cairia a qualquer momento. Sabrina sentiu um arrepio de medo. Nã o havia como saber o que um homem infeliz podia fazer. De repente, lembrou de um dia em que tinha vindo procurá -lo e o encontrou se vestindo depois de um banho de mar, na grande caverna que dava para as gaierias do porã o.

Correu até lá. Estava vazia, mas encontrou as roupas que Douglas usara

durante o chá atiradas no chã o.

Era loucura nadar com uma tempestade daquelas se formando... mas ele nã o sabia! Nã o podia ver o cé u pesado e os raios alarmantes justamente porque nã o faziam barulho e eram como uma carga elé trica sendo atraí da pela á gua,

Sabrina correu até a beira do mar revolto, tentanto ver se ele estava perto dos recifes. As ondas pequenas batiam em seus tornozelos, mas estavam tã o fortes que molhavam a barra do vestido. Quase caiu, quando uma onda recuou com mais forç a, fazendo-a perder o equilí brio,

— Douglas! Douglas! Douglas!

O nome ecoou pela praia e depois foi abafado pelo ruí do das ondas, que cresciam cada vez mais,

— Douglas! Douglas! — Sua voz saiu num grito desesperado, pois

agora os ú ltimos raios de sol estavam morrendo e a praia estava

começ ando a ficar imersa numa estranha mistura de cinza e ouro,

totalmente vazia, a nã o der pela presenç a dela.

O que deveria fazer? Pensou em entrar no mar revolto para nadar atrá s dele. Será que conseguiria atravessar aquelas ondas violentas, que saltavam como golfinhos furiosos, lanç ando nuvens de á gua no ar?

Imagens terrí veis passaram por sua cabeç a, O grande pré dio de pedras cinzentas onde tinha sido criada, os hospitais em que tinha feito seu treinamento, as casas em que havia trabalhado... Naquela é poca, jamais poderia imaginar que um dia estaria naquela ilha. encontrando um homem que podia viver na escuridã o, mas que a tinha feito ver o sol. Sua vida nã o valeria mais nada se nã o pudesse vê -lo novamente. Tomando uma decisã o, tirou os sapatos, jogou-os perto da entrada da caverna e entrou no mar.

Sabia que teria que enfrentar a correnteza e os tubarõ es e que a tempestade ia cair a qualquer momento, mas precisava encontrar Douglas. " Nunca mais arrisque seu pescoç o por mim", ele havia dito furioso. Mas era tarde: ela já tinha arriscado o coraç ã o.

Começ ou a nadar, furando as ondas, mas sua forç a fí sica nã o era tã o grande como sua coragem; subitamente, foi atirada de volta à praia por uma onda mais violenta. Ficou deitada, sem respiraç ã o, como um pedaç o de alga jogado na areia. Sentia-se sufocada pelo desespero, pois sabia que nunca conseguiria chegar até Douglas e que ele ia continuar nadando sem parar, se Brutus nã o o guiasse de volta.

Tropeç ando, com o rosto molhado de á gua e lá grimas, Sabrina entrou na caverna e ficou sentada no escuro, apertando entre as mã os a bengala como se fosse uma varinha má gica que pudesse trazer Douglas de volta.

A praia estava completamente à s escuras no momento, a nã o ser pelo clarã o dos raios. Deve ter sido num dos intervalos de escuridã o que o homem e o animal saí ram da á gua. como dois espí ritos da natureza.

Sabrina enrijeceu o corpo e cada nervo entrou em alerta, quando ouviu um latido.

— Brutus? — Saiu correndo da caverna, à s cegas. — Douglas?

Mã os frias e molhadas a pegaram e novamente ela grifou o nome dele. Os dedos de Douglas a apertaram e tatearam seu corpo molhado.

-— Bobinha! — disse, rí spido. — Quem lhe pediu para vir me procurar? Quem a chamou? Agora, está molhada feito um peixe. Se pegar uma pneumonia, terei que ficar com mais esse peso na consciê ncia!

— Devia... devia ter adivinhado que ia descontar seu mau humor em mim —- gritou Sabrina, enquanto o vento rugia em volta deles e a maré subia, furiosa.

Brutus latia, excitado como se estivesse participando de uma brincadeira. Uma onda mais forte quase os atirou ao chã o. Com um palavrã o, Douglas arrastou-a para dentro da caverna. A á gua nã o chegava até lá e, no escuro, ele era sempre o senhor. Seguiu a direç ã o do som que o vento fazia quando passava pela caverna e logo se abrigaram da chuva e do vento,

— Brutus, já para dentro, rapaz!

O cã o latiu alegremente, balanç ando a cauda molhada perto de Sabrina, Um alí vio louco, cheio de gratidã o, tomou conta dela: riu e chorou ao mesmo tempo.

Douglas a sacudiu, violentamente.

— Nâ o se atreva a ficar histé rica! Nã o quero ter que esbofetear você. apesar de merecer.

— Nã o... nã o precisa. Nã o estou histé rica; só feliz por saber que você nã o está em perigo.

- Está tremendo de frio e toda molhada! Por todos os santos, Sabrina,

você é capaz de fazer as coisas mais malucas! Acha que sou crianç a? Conheç o essas á guas, e o cachorro estava comigo.

Sim, mas estava se formando a tempestade e você podia ser atingido por um raio!

— E o que importaria? — Douglas respirou fundo e subitamente puxou-a para junto do corpo molhado e musculoso. —- Sua burrinha dedicada! O que esteve fazendo para ficar ensopada deste jeito? Vamos, conte!

— Tropeç ando e nadando feito uma idiota. Ficando rouca de gritar, A maré subiu muito depressa e fiquei morta de medo. Sua avó me pediu para encontrá -lo. Sempre cuidei dos meus pacientes... nã o foi por minha culpa que Billy...

Parou, sentindo-se tonta, e depois fugiu dos braç os molhados de Douglas.

— Suas roupas estã o secas, monsieur, É melhor se vestir, antes de pegar um resfriado.



  

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