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CAPÍTULO VI



 

 

Samantha estava deitada na cama e, atravé s da janela que dava para o pá tio, observava os jogos de luz e sombra o concreto em volta da piscina.

Por que Craig tinha ido a St. John? Por acaso fora ao encontro de Morgana? Teria combinado um encontro com ela na capital, quando entraram no hotel? Por acaso aquela pequena cena que se passara no terraç o fora apenas uma farsa, executada por Craig e Morgana com a intenç ã o de levá -la a pensar que nã o havia entre eles tanta intimidade assim? A rudeza de Craig com a ruiva, nã o teria sido apenas um fingimento intencional, a fim de ocultar a verdade?

Ela se voltou inquieta na cama, desejando poder desligar sua imaginaç ã o, como faria com um aparelho de tevê. Lembrou-se de que o sofrimento nã o havia chegado ao fim. Nã o tinha o menor direito de imaginar onde ele se encontrava, só porque nã o estava a seu lado naquele momento. Craig nã o precisava ficar grudado nela o tempo todo.

Fechou os olhos e adormeceu, só acordando ao ouvir algué m bater de leve à porta do quarto.

Era Jeremiah, que lhe dizia que um certosr. Barry desejava lhe falar ao telefone. Ela poderia atender na extensã o, na sua sala de estar.

— Obrigada. — Tonta de sono, Samantha consultou o reló gio e viu com grande surpresa que eram quinze para as cinco. Tinha dormido mais de duas horas. — O sr. Craig já voltou de St. John? — Ela perguntou, seguindo Jeremiah até a sala.

— Nã o, senhora, ainda nã o — ele disse, retirando-se.

Samantha sentou-se no divã e atendeu o telefone.

— Olá, Lyndon. Ainda bem que telefonou, eu lhe devo desculpas.

— Sem dú vida, mas nã o podemos conversar sobre isto pelo telefone. Nã o pode vir até o hotel? Tomaremos um drinque, jantaremos e você poderá se explicar.

— Estarei aí dentro de meia hora.

— Eu a espero na recepç ã o.

Samantha colocou o telefone no gancho e, levantando-se, se espreguiç ou. O sono, embora povoado com imagens de Craig e Morgana, tinha lhe feito bem. Ver Lyndon e lhe explicar por que nunca lhe contara que era casada com Craig Clifton seria mais saudá vel do que permanecer em casa, tentando imaginar onde ele se encontrava.

Pô s um vestido de algodã o azul-turquesa, estampado com folhas azul-escuro, adquirindo em uma butique da moda em St. John. Os ombros e o colo ficavam expostos, a saia era ampla e franzida.

Assim que ficou pronta, David a levou numa espé cie de jipe, sem portas, fabricado na ilha com peç as importadas de outros paí ses.

O sol ainda brilhava, mas o cé u estava cheio de nuvens carregadas e as palmeias nã o se moviam. Nã o soprava o menor vento, o que era raro. O ar parado e a umidade criavam uma atmosfera de intranquilidade, uma calma suspeita antas da tempestade.

Lyndon estava à sua espera na ampla recepç ã o do hotel. Usava calç a de linho e camisa do mesmo tecido. Cumprimentou-a com certa distâ ncia e nã o sorria.

Sentaram-se uma mesa no terraç o, entre o edifí cio principal do hotel e a grande piscina. Muitos dos hó spedes estavam sentados ou em pé conversando e bebericando. Os garç ons passavam por entre as mesas, com as bandejas cheias de bebidas. Em um lado do pá tio alguns rapazes, vestidos com calç as brancas e vistosas camisas de algodã o, colocavam seus instrumentos no lugar.

— É uma orquestra muito conhecida — explicou Lyndon a Samantha. — O jantar será servido à americana, aqui no pá tio. Você vai ficar, nã o é?

— Sim, se você quiser. — Samantha tomou um gole da bebida que ele tinha pedido. — Lyndon, o fato de você ser enviado para cá a fim de entrevistar Howard Clifton nã o passa de uma coincidê ncia, nã o é mesmo? Quero dizer, você nã o sabia que eu estava aqui.

— De fato, nã o sabia. Nã o sabia nem mesmo que você tinha saí do da revista até alguns dias atrá s, quando telefonei para o escritó rio à sua procura. Lá ningué m soube me informar onde você se encontrava e entã o telefonei para o seu apartamento. Sua amiga Thea se mostrou muito reservada e disse que nã o tinha a menor idé ia de onde você estava e de quando regressaria. Ela se recusou a me dar o endereç o de seus pais, mas me lembro de você ter dito certa vez que eles moravam em Epping. De nada adiantou, pois nã o sei o nome deles. Pelo menos, assim me apareceu. Sempre supus que Lewis fosse o sobrenome do seu marido. Claro que foi uma tolice de minha parte, pois nos dias de hoje as mulheres nã o adotam o nome do marido quando se casam. Nã o foi o que aconteceu com você — ele observou, em tom acusador.

— De fato. Lyndon, eu tinha minhas razõ es para nã o usar o nome dos Clifton. Nã o queria que pensassem que eu tinha conseguido o emprego só porque me casei com Craig. Nã o suporto esse tipo de favorecimento.

— Entendo perfeitamente. O que nã o entendo, poré m, é porque você nã o me disse nada a respeito do seu marido. Julguei que fô ssemos amigos. Eu jamais teria traí do a sua confianç a.

— Acontece que eu nã o tinha tanta certeza assim. Sinto muito se magoei você.

— Estou mais decepcionado do que propriamente magoado. Gosto de você, Sam, e começ ava a pensar que nó s dois poderí amos ser mais do que simples amigos, sobretudo quando você me contou que tinha consultado um advogado em relaç ã o ao divó rcio. Agora sei que você nã o levará isso adiante. O velho Clifton foi bastante firme a esse respeito. Você nã o tem a menor chance de pedir um divó rcio e conseguir trê s milhõ es de dó lares, a exemplo do que aconteceu com Ashley Collei, e logo em seguida me fez um sermã o, dizendo que nã o gosta de jornalista que fazem perguntas pessoais. A ú nica coisa que fiz foi perguntar se o boato que eu tinha ouvido era verdadeiro.

— Eu sei. Ele me contou — disse Samantha, olhando para o cé u, agora coberto por nuvens escuras e baixas. — Será que vai chover?

— A chuva pode despencar de um momento para outro, mas vejo que estã o começ ando a servir a comida. Vamos enfrentar a fila e conseguir uma mesa sob a marquise, do outro lado da piscina — sugeriu Lyndon, levantando-se.

Eles nã o conseguiram chegar até o grupo de hó spedes que já se serviam nas mesas compridas cheias de pratos apetitosos: frango grelhado, costeletas, presunto com abacaxi, bifes de caç arola, arroz e pã o fresco. Antes que pegassem seus pratos, a tempestade desabou com violê ncia.

A chuva inundou o pá tio, obrigando todo mundo a se abrigar debaixo da marquise, que, aliá s, nã o oferecia a menor proteç ã o, pois o vento soprava com forç a, ensopando todos. Os relâ mpagos cruzavam o cé u, imediatamente seguidos pelo estrondo dos trovõ es.

— Nã o faz muito sentido ficarmos aqui — disse Lyndon que conseguira encher dois pratos. — Vamos para um lugar mais abrigado.

Na companhia de outros hó spedes que tinham tido a mesma idé ia, eles saí ram correndo pelo pá tio, quase tropeç ando nos mú sicos da orquestra que procuravam proteger seus instrumentos. Foram para o bar, que tinha uma sala grande e cheia de mesas e cadeiras. O gerente veio se desculpar pelo mau tempo e anunciar que o jantar seria servido no salã o ao lado, que a orquestra tocaria na pista de danç a, ao lado da sala de jantar, e que a comida era oferta do hotel. Gritos e aplausos acolheram esta ú ltima novidade.

Nã o houve a menor possibilidade de Samantha e Lyndon discutirem assuntos pessoais enquanto comiam, pois um casal inglê s, em lua-de-mel, sentou-se à mesa deles.

Assim que terminaram de almoç ar foram para a sala de estar, que estava vazia naquele momento, e só entã o foi possí vel conversar.

— Você disse que ouviu um boato de que Craig iria se divorciar. Quando isso aconteceu? Você já estava em Antí gua? — perguntou Samantha.

— Exatamente. Foi na noite da minha chegada. Fui com alguns hó spedes daqui até aquele hotel perto do porto. Conversei com alguns canadenses que se encontravam lá e lhes disse por que estava aqui. Eles, pelo jeito, conheciam a famí lia Clifton muito bem e um deles disse que a mulher de Craig Clifton estava tentando se divorciar.

— Por acaso foi uma mulher quem lhe disse isso?

— Foi, sim. Isso tem alguma importâ ncia?

— Como ela era? Alta e ruiva?

— Sim. Você a conhece?

— É Morgana... Morgana Taylor — murmurou Samantha. — Eu devia ter imaginado! Ela nã o tem feito outra coisa, a nã o ser trazer problemas para Craig e para mim.

— Como assim?

— Eles se conhecem há muitos anos e houve uma é poca em que se murmurava que iriam se casar. Craig, no entanto, casou-se comigo e Morgana ficou ressentida. Quando estamos juntos Morgana aparece, ela o monopoliza e me faz sentir… bem, para falar a verdade, Lyndon, ela me faz sentir uma intrusa.

— Ela a faz sentir como se você fosse a outra e eles, o casal feliz. Ficaram muito felizes se você sumisse.

— Exatamente. E isso me dá vontade de fugir...

— E agora ela anda espalhando boatos a seu respeito... Samantha, você deveria saber que um boato é quase sempre divulgado por algué m que está tentando descobrir a verdade. Nó s jornalistas, agimos assim o tempo todo. Desconfio de que essa tal de Morgana Taylor gostaria que você se divorciasse de Craig ou vice-versa. Ela, no entanto, nã o sabe ou nã o está segura do que está acontecendo entre você e ele. Eu també m nã o sei como estã o as coisas entre você s, apesar do que o velho Clifton disse. Você me contou que estava pensando em se divorciar, quando está vamos em Londres.

— Mas isso foi antes que... — Samantha se interrompeu, mordeu o lá bio e evitou o olhar inquisitivo de Lyndon.

— Antes do quê? O que foi que aconteceu? Aquele sujeito fez algum tipo de pressã o para que você continue casada com ele?

— Nã o, nã o fez a menor pressã o. Nó s simplesmente decidimos pô r um ponto final em nossa separaç ã o.

— Para agradar ao velho, de tal modo que a famí lia Clifton dê ao mundo uma impressã o de felicidade, quando ele se aposentar?

— Oh, nã o, ele nã o tem nada a ver com isso — apressou-se a dizer Samantha, mas Lyndon nã o parecia estar muito convencido. — Você precisa tomar cuidado, Lyndon. Ser repó rter de um jornal está começ ando a afetá -lo. Está se tornando cí nico.

— Talvez. O fim de sua separaç ã o aconteceu com tamanha rapidez... Nã o se passou nem um mê s desde que almoç amos em Londres e nessa ocasiã o você me disse que tinha consultado um advogado, pedindo orientaç ã o sobre a possibilidade de um divó rcio. Agora me diz que a separaç ã o chegou ao fim. Tudo isto está me parecendo fá cil demais para nã o ser o resultado de uma combinaç ã o. — Lyndon encarou Samantha com insistê ncia e, num gesto de quase irritaç ã o, afastou o cabelo da testa. — E como foi que você veio parar aqui? Seu marido a convidou?

A pergunta surpreendeu Samantha. Ela estava a ponto de negar e lhe dizer que Howard Clifton a convidara quando percebeu claramente o que Lyndon deduzira dessa informaç ã o. Certamente pensaria que, pelo fato de ter sido convidada pelo sogro para vir a Antí gua e Craig ter aparecido logo apó s, Howard Clifton havia tramado tudo.

A separaç ã o tinha chegado ao fim pelo menos por alguns dias para agradar ao velho e criar uma falsa impressã o de harmonia.

— Fui convidada, sim — ela afirmou, consultando o reló gio. Eram quase nove horas. Será que Craig já tinha voltado? — Preciso ir andando, Lyndon?

— Ele sabe que você veio me ver?

— Nã o. Ele foi até St. John, mas já deve estar de volta. — Samantha se levantou. — Vou pegar um tá xi na frente do hotel. Provavelmente o vejo amanhã, quando for fazer as fotos. Vou pedir a Carla que o convide para almoç ar conosco.

— Nã o haverá nem fotos e nem almoç o — ele disse, muito seco.

— É mesmo? E por que nã o?

— Fui posto de lado por seu marido, quando ele me trouxe para o hotel. Ele disse para eu me arranjar com as fotos do arquivo do jornal e que nã o queria que eu voltasse à casa de seu pai. — Lyndon rui. — Como ele é mais forte do que eu em mais de um sentido, nã o discuti! Ele pode fazer com que eu perca meu emprego. Voltarei para Londres amanhã à tarde. — Eles tinham chegado à porta do hotel. — Samantha, por que nã o volta comigo? Tenho certeza de que todo mundo vai gostar de vê -la novamente na revista.

— Mas já nã o trabalho mais lá. Você deve saber que a direç ã o deu ordens para reduzir o corpo de editores. Eu fui cortada.

— Você foi posta na rua? — exclamou Lyndon, olhando-a sem acreditar no que acabara de ouvir. — Mas me disseram que você pediu demissã o!

— Nã o. Fui ví tima das medidas de economia.

— Que medidas de economia? Ningué m mais da revista foi despedido!

— Mas Marilyn Dowell, a editora-chefe, disse o contrá rio, comunicando que tinha recebido ordens diretamente de... — Samantha arregalou os olhos e entendeu pela vez o significado do que ia dizer. — Marilyn disse que recebeu ordens superiores para fazer cortes em sua equipe...

— E agora você sabe quem estava por trá s dessas ordens, nã o é? Samantha, você foi manipulada e enganada por um velho muito astuto ou, possivelmente, pelo filho dele. Por que ficar aqui? Volte comigo para a Inglaterra amanhã.

— Nã o, nã o posso. Agora preciso ir. Adeus, Lyndon. Foi tã o bom vê -lo novamente!

Ela se afastou rapidamente e tomou um tá xi. Tinha parado de chover e o cé u se limpava. À medida que o tá xi subia pelas colinas ela viu a lua surgir no horizonte.

À porta da casa Jeremiah surgiu diante dela, como que por um passe de má gica.

— Sabe aonde está o sr. Craig? — ela indagou.

— Ele disse que iria dar um passeio pela praia e talvez nadasse em seguida. Eu o avisei para tomar cuidado. A tempestade, com toda certeza, deve ter deixando o mar agitado e...

Samantha se retirou, sem ouvir o que Jeremiah dizia. Deixou a bolsa em cima de uma cadeira, saiu de casa e se dirigiu aos degraus que levavam até a praia. Postes colocados a pequenos intervalos iluminavam o caminho, mas assim que ela pisou na areia macia da praia ficou confusa com as sombras das palmeiras, que se agitavam ao vento, e nã o conseguiu ver ser Craig andava ou nã o pela beira do mar.

As á guas refletiam as luzes dos postes, bem como a lua que despontava. Samantha procurou distinguir uma cabeç a ou um braç o fendendo as á guas. Nã o conseguiu avistar ningué m. Percorreu lentamente a praia, olhando à sua volta, com a esperanç a de ver Craig, e aos poucos a raiva começ ou a se atenuar, dando lugar à ansiedade. E ele tivesse ido nadar e, encontrando dificuldades inesperadas, tivesse se afagado?

Quando chegou ao final da praia parou de andar, pois nã o queria subir pelos rochedos. Voltou apressada para o lugar de onde viera, sem saber se gritava ou nã o pelo nome de Craig. Desistiu, pois ele nã o conseguiria ouvir sua voz, abafadas pelo barulho surdo das ondas que morriam na praia. Durante todo esse tempo nã o tirava os olhos das ondas e da sombra das á rvores. De repente Craig surgiu diante dela, vindo da cabana pequena onde estavam guardadas as pranchas de windsurfe.

— Estava à sua procura! — ela exclamou, assustada. — Onde é que você andou?

— Estava no mar.

— Jeremiah me disse que avisou você de que nã o seria prudente nadar hoje à noite. Como nã o conseguiu encontrá -lo, cheguei a pensar que... Oh, nã o suporto pensar nisso! — ela murmurou, estremecendo.

— Você ficou muito ansiosa? — Craig parecia bastante surpreendido.

— Claro que sim. — Só entã o ela ousou encará -lo. Sua pele e seus cabelos estavam molhados e refletiam a luz da lua. — Sempre fico preocupada quando você se entrega a esportes perigosos, como o mergulho e o esqui aquá tico.

— Pois você deveria mergulhar e esquiar comigo. Pelo menos ficaria sabendo de que se trata. Saberia o quanto sou cuidadoso, como nã o corro riscos e obedeç o a todas as regras de seguranç a.

— Mas como eu poderia ir com você? Nunca me convidou! Depois de certo tempo comecei a pensar que você no fundo, nã o queria que eu o acompanhasse a nenhum lugar e fiquei imaginando por que se casou comigo.

Samantha nã o tinha a menor intenç ã o de dizer aquilo a Craig. Pretendia acusa-lo de tê -la despedido da revista e declarar que nã o iria fingir que tudo estava bem apenas para satisfazer o pai dele. Comunicaria que, no dia seguinte, tomaria um aviã o para Londres e desta vez o deixaria para sempre. A raiva, no entanto, deu lugar à preocupaç ã o e à ansiedade. Só entã o percebeu o quanto o amava e como desejava que a separaç ã o tivesse realmente terminado.

— Nã o sabia disso — ele disse baixinho, dando um passo em direç ã o a ela. Seus olhos brilhavam como as gotas de á gua que lhe cobriam o corpo. — Você nunca me disse como se sentia e, passado algum tempo, comecei a pensar que, no fundo, nã o se importava comigo. Casou-se porque eu era um partido, como muitos de meus amigos e parentes viviam me dizendo. Enfim, você me quis porque eu sou rico. Até mesmo na cama, você nã o se abandonava inteiramente. Estava sempre se contendo, até me dar a impressã o de que nã o queria fazer amor. — Ele fez pausa para enxugar a á gua que escorria dos cabelos para o rosto e prosseguiu, num tom carregado de aspereza: — Você ainda se recusa a se entregar, a vir ao me encontro e hoje descobrir por quê. Esteve com Lyndon Barry hoje à noite, nã o?

Abalada pela acusaç ã o de que se casara com Craig unicamente pelo dinheiro e de que era uma mulher fria. Samantha o encarou, decidida a protestar, mas incapaz de fazê -lo. Queria lhe explicar que sua dificuldade para fazer amor, se prendia ao fato de estar convencida de que ele amava Morgana.

— Nã o é verdade? — ele perguntou, como certa brutalidade. — Você nã o foi ao hotel para ver Barry?

— Fui... fui, sim — ela gaguejou. — Fui vê -lo. Tinha de explicar por que nã o havia contado a ele que eu era casada com você e...

— Nã o precisa se desculpar. Apenas fico surpreendido por você ter voltado tã o cedo. Julguei que passaria a noite com ele.

— Oh!

Samantha ferveu de indignaç ã o. Sentiu í mpetos de esbofeteá -lo por aquele insulto e chegou a levantar a mã o. Subitamente tudo ficou claro e ela o enxergou como realmente era. Seu corpo estava banhado pelo clarã o da lua e ele a encarava numa evidente atitude de desafio. Aquele era o homem por quem se apaixonara havia quatros anos; o homem com que havia se casado e ao lado de quem passara momentos má gicos. Agora pretendia esbofeteá -lo por ter insinuado que ela andava dormindo com outro homem? O que estava acontecendo com eles? Por que brigavam daquele jeito?

— Acho... que você está com ciú me — ela declarou em tom de caç oada, da mesma forma como Craig costumava caç oar dela, todas as vezes que se opunha à sua amizade com Morgana.

Em vez de agredi-lo, Samantha estendeu o braç o e encostou de leve em seu peito.

— Pois nã o ouse duvidar! — Ela estava para retirar a mã o, mas Craig a impediu de fazer o menor gesto, dando um passo adiante. — Quando Jeremiah me contou que você foi, senti vontade de ir até hotel, dar um murro em Lyndon Barry e trazê -la de volta!

— Agora sabe como me sinto todas as vezes em que você está com a Morgana!

— Mas você nã o tinha o menor motivo para sentir ciú me dela!

— Tinha, sim! — Samantha retrucou, se afastando e tentando, sem sucesso, livrar-se dele. — Sempre que ela aparece, quando estamos juntos, tenta monopolizar você e me fazer sentir que nã o sou desejada. E pelo que sei, você e ela tê m um caso há anos.

— E daí? — Craig apertou-lhe o pulso com toda a forç a, puxando-a brutalmente de encontro ao corpo. Samantha tentou se afastar, mas ele a imobilizou. Seu rosto estava bem junto ao dela e ele falou baixinho ao seu ouvido, enviando-lhe ondas de sensualidade por todo o corpo: — Pelo que sei, você tem um caso com Lyndon Barry há dois anos e vive com ele. Talvez ele seja a razã o por que procurou um advogado, com a intenç ã o de se divorciar de mim.

— Mas como... quem lhe disse que fui consultar um advogado?

— Nã o importa, eu sei. Por acaso pretende negar?

— Nã o — murmurou.

Ela tremia e teve de ser apoiar em Craig. Atravé s do leve tecido de seu vestido sentiu os poderosos mú sculos das coxas dele enquanto era amparada. Apoiava a mã o contra o peito de Craig e sua pele estava quente e molhada, incitando-a a acaricia-lo. O fato de estar tã o junto dele despertava desejo. Desesperada, tentou mais uma vez livrar-se daquela proximidade perturbadora.

— Craig, me solte! — murmurou. — Oh, por favor, me solte!

— Agora nã o. Só quando eu conseguir o que quero de você — ele murmurou.

Suas mã os começ aram a acariciar as costas de Samantha e ele a puxou para junto de si. De repente ela sentiu ele lhe abaixava o zí per do vestido.

— Você prometeu que nã o faria isso — protestou, mas sem grande convicç ã o e nã o se esforç ando para repelir Craig. Aquilo, de resto, nã o era possí vel, pois o desejo circulava por suas veias como chamas e ela queria unicamente se abandonar à queles impulsos selvagens que se apoderavam de todo seu ser. — Por favor! — suplicou Samantha, erguendo a cabeç a para encará -lo.

Seus lá bios se abriram e seus olhos se fechavam, num convite para que Craig a beijasse, embora tivesse a intenç ã o de lhe pedir para soltá -la.

— Por favor o quê? É isto que você quer que eu faç a, nã o? — Os lá bios viris roç aram os dela, enquanto ele lhe abaixava o vestido, que caiu a seus pé s. — Só prometi nã o fazer o que você nã o quiser que eu faç a — ele murmurou com a voz rouca de desejo, contemplando aquele corpo nu. — Eu te quero Samantha.

A seu toque os seios de Samantha pareceram desabrochar como um botã o de rosa ao calor do sol. A chama escura do desejo consumiu as frá geis defesas que ele havia levantando contra Craig. Abraç ou-o e cravou as unhas na carne macia de seus ombros, beijando-o com avidez.

Entregues ao calor da paixã o, foram-se deitando na areia e seus corpos se entrelaç aram. O luar se escoando pelas folhas das palmeiras, batia naquelas peles nuas. A alguns metros de distâ ncia as ondas se arrebentavam na praia. A areia, que nã o tinha sido atingida pelo mar, ainda estava quente e se assemelhava a um leito acolhedor, que abrigava aqueles corpos.

Craig a acariciou, procurando dominar-se, como se sentisse dificuldade em controlar o desejo de possuí -la. Ela reagiu com mais espontaneidade e havia també m uma certa violê ncia no modo como o tocava. A necessidade de possuir e ser possuí da era uma loucura temporá ria, uma fú ria deliciosa e que tudo consumia. Ambos se beliscavam, se arranhavam, se lambiam e se mordiam, numa tentativa desesperada de exprimir seus sentimentos. A posse foi uma sú bita explosã o de sensaç õ es há muito reprimidas.

Soluç ando de alí vio, com as lá grimas lhe escorrendo pelo rosto, Samantha ficou abraç ada a Craig e, lentamente uma sensaç ã o deliciosa começ ou a circular por seu corpo. Todas as suas tensõ es afrouxaram e ela jamais sentira isso. Queria ficar para sempre com a cabeç a apoiada nos braç os de Craig, sentindo os dedos dele lhe acariciando os cabelos, ouvindo o vento soprar atravé s das á rvores.

Tantas vezes ela havia ficado assim, apó s fazer amor com Craig, nos primeiros tempos de casamento... Isso fora antes de Morgana entrar em cena e, com resultado, Samantha começ ou a reagir mal aos beijos e aos toques de Craig, fechando-se em si mesma.

Nã o, sua relaç ã o com ele nunca fora tã o boa quanto aquela noite.

Ela jamais se sentira tã o completa, como se todas as suas â nsias tivessem sido completamente satisfeitas. Mas por que se sentia assim?

Simplesmente pelo fato de ter-se abandonado inteiramente, sem temer as consequê ncias, por nã o ter conseguido controlar a paixã o, que pusera abaixo todas as suas barreiras.

Durante alguns momentos Samantha experimentou uma grande liberdade de corpo e alma, como se o fato de fazer amor com Craig a tivesse feito abandonar uma prisã o à qual se condenara a viver para sempre, desde que se havia separado dele.

Mas eles estavam juntos apenas para manter as aparê ncias durante alguns dias, possivelmente uma semana, e em seguida regressaria a Londres, se quisesse. Craig nã o a amava como ela desejava ser amada. Se amasse, teria pedido para ficar ao seu lado para sempre. Agora mesmo ele a tinha usado, tratando-a como a mulher a quem amava, mas como a um objeto sexual. Toda a alegria e o prazer que experimentara se esgotaram, dando lugar à revolta. Empurrando-o, Samantha sentou-se. Craig fez o mesmo e seu braç o nu encostou no dela. A jovem o repeliu, receosa de voltar a sucumbir mais uma vez à s atraç õ es daquela pele bronzeada, com o cheiro do mar daquelas coxas musculosas e da magia contida em seus dedos.

— O que há? — ele perguntou.

— Você se aproveitou da situaç ã o. E agora, o que vou fazer?

— Eu me apoderei daquilo que me pertence — ele disse com um toque de arrogâ ncia, deslizando a mã o pelas coxas dela. — E també m lhe dei algo — acrescentou, em um tom provocador. — Você nã o pareceu se importar... E se entregou com uma liberdade de que eu nunca presenciei. Foi bom, bom demais, e haverá muito mais, se você quiser, mas nã o aqui e sim na cama. Poderemos dormir juntos.

— Nã o, nã o! — Ela se afastou, pois queria evitar a todo custo a tentaç ã o, e levantou-se. — Nã o posso suportar que você me toque! — declarou, à beira da histeria.

Samantha se vestiu à s pressas e, num gesto nervoso, tentou fechar o zí per.

— Samantha, meu amor! — Craig estava de pé e se aproximava.

— Nã o! — Ela pegou as sandá lias e saiu correndo em direç ã o aos degraus.

— Samantha, volte aqui! — gritou Craig, mas ela nã o parou.

Estava decidida a fugir dele, temerosa do poder que aquele homem tinha sobre sua pessoa. Subiu rapidamente os degraus, entrou na casa e foi correndo para sua suí te. Lá chegando, foi diretamente até o quarto de vestir, escancarou as portas dos armá rios e tirou as malas e os vestidos aos soluç os.

— O que você está fazendo? — Craig entrou no quarto e bateu a porta com toda forç a. Ele també m tinha corrido, estava ofegante. Seus olhos fuzilavam.

— Nã o está vendo? — replicou Samantha, arrumando as malas à s pressas. — Vou embora!

— Agora! — ele perguntou, caminhando para perto da cama, em cima da qual estava a mala.

— Sim, agora. Nã o posso fazer o que você me pediu. Nã o posso ficar e fingir que está tudo bem, sobretudo se você pretende se aproveitar da situaç ã o para fazer amor comigo. Eu me recuso a ser tratada como um brinquedo.

— E para onde pretende ir a esta hora da noite? Para o hotel? Naturalmente vai se encontrar com Barry? Pois saiba que nã o admito! Você pertence a mim e nã o a ele!

— Nã o é verdade! — ela protestou, cometendo o engano de encará -lo.

Teve a sensaç ã o de que suas pernas nã o a sustentavam ao vê -lo queimado de sol, praticamente nu, nã o fosse pelo maiô, exibindo um corpo atlé tico e perturbador.

— Você me pertence, sim! — insistiu Craig, avanç ando em direç ã o a ela. — Ainda usa a alianç a que lhe dei e continua sendo minha mulher, aos olhos da lei. Isso nã o mudou e nã o vai mudar, a menos que eu decida. Você nã o irá a lugar nenhum hoje à noite. Vai ficar aqui.

Movendo-se com uma agilidade que a tomou de surpresa, Craig agarrou a mala, virou-a e todas as roupas se espalharam pelo chã o. Juntou-as, jogou-as dentro do guarda-roupa e fechou as portas.

— Você nã o vai sair — ele reafirmou, com arrogâ ncia.

— Mas você nã o pode me obrigar a ficar. Nã o há como me obrigar, se eu me recusar. Posso ir sem as minhas roupas. Preciso apenas da minha bolsa. Oh, onde será que ela está?

Samantha olhou à sua volta, um tanto confusa, e lembrando subitamente onde tinha deixado a bolsa, abriu a porta do quarto e saiu correndo pelo corredor.

Dirigiu-se à s pressas para o vestí bulo. A bolsa nã o mais se encontrava onde havia sido deixada. Sem ela nã o poderia partir. Tomada de profundo desâ nimo, voltou lentamente para o quarto. Nã o poderia passar a noite em um hotel de St. John e muitos menos voar para a Inglaterra sem dinheiro e passaporte.

Teria de esperar até o dia seguinte, na esperanç a de que Jeremiah tivesse guardado a bolsa. Agora estava cansada e emocionalmente exausta para pensar em tomar uma atitude.

Quando ia entrar na suí te cruzou com Craig, que usava uma elegante calç a preta e um sué ter cinza. Ele parou, assim que a viu.

— Como? Ainda nã o foi embora? — indagou, com profunda ironia.

— E nem vou. Nã o consigo encontrar minha bolsa. Eu a deixei sobre uma cadeira no vestí bulo, antes de ir para a praia, e sem ela nã o tenho condiç õ es de partir. — Samantha endireitou os ombros, levantou o queijo e o encarou fixamente. — Nã o tinha a intenç ã o de passar a noite com Lyndon, conforme você imaginou. Isso jamais aconteceu entre nó s. Nunca tivemos um caso e nem eu quero — ela concluiu, em atitude de desafio, como se estivesse fazendo uma declaraç ã o de guerra.

Craig, muito tenso, encarou-a com ar de suspeita durante um momento e, aos poucos, foi relaxando.

— Está bem, acredito em você. Desculpe pelo que disse ainda há pouco. — Ele fez uma pausa e seus olhos começ aram a brilhar novamente. — Nã o pedirei desculpas pelo que aconteceu na praia. Eu a desejei e você també m me desejou. Isso vem acontecendo entre nó s desde que nos encontramos no aeroporto.

— Nã o, nã o é verdade...

— É verdade, sim. Por que acha que a segui quando você foi velejar com aqueles seus amigos? Você é minha mulher, Voltei a encontrá -la, apó s dois anos de separaç ã o, e queria fazer amor com você. É uma reaç ã o natural e primitiva, se quiser, mas nã o me envergonho dela. — Craig estendeu a mã o, como se quisesse tocá -la mas mudou de idé ia. — Está bem, está bem! — disse, irritado. — Você nã o precisa se afastar desse jeito. Nã o pretendo tocá -la novamente. Nã o pode partir sem a bolsa? Espero que Jeremiah a tenha guardado num lugar seguro. Quer que eu vá perguntar aonde está? Creio que ele e Elena já se deitaram mas posso bater à porta do quarto deles, se for necessá rio.

— Oh, nã o! Por favor, nã o os incomode. Eu pego a bolsa de manhã. Conforme você disse, nã o irei a nenhum lugar à noite, a nã o ser para a cama.

— Por que nã o faz isso? — ele sugeriu. — O quarto será inteiramente seu. Encontrarei outro lugar para dormir. Boa noite.

Craig se retirou e fechou a porta.

 

 



  

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