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CAPÍTULO IV



 

 

O Sí lfide ancorou na ampla baí a, na entrada do porto de Gustavia, capital da ilha francesa de St. Barthelemy, conhecida afetuosamente pelo nome de St. Barts. Os Wallis, juntamente com Samantha, foram até a costa no veloz Zodí aco.

Os tetos vermelhos das casas da cidadezinha brilhavam sob o sol quente do meio-dia e contrastavam com as colinas muito verdes que rodeavam o porto. Este estava repleto de iates, barcos e escunas, carregando e descarregando mercadorias.

A influê ncia francesa predominava em Gustavia. Todo mundo falava francê s. Os carros que se deslocavam pelas ruas estreitas da capital, congestionando-a, eram franceses. Em um cruzamento dois guardas conversavam, vestidos com uniformes franceses; nas lojas viam-se perfumes, cristais e jó ias de Paris.

Apó s almoç arem em um pequeno restaurante na beira do cais, Samantha e Pamela decidiram que iriam explorar a ilha, enquanto Ken e John fariam algumas compras para o iate. Combinaram encontrar-se em um restaurante muito conhecido, numa colina de onde se avistava o porto, alugaram um carro e partiram.

A estrada subia pela colina e passava por belas casas, com jardins floridos. A á gua do mar parecia mudar de cor, à medida que elas subiam. Uma flotilha de barcos a vela, que tomavam parte numa corrida do clube de iatismo local, deslocava-se pelo mar.

Apó s numerosas curvas, a estrada penetrou a mata. Chegaram a uma encruzilhada, dobraram à esquerda e deixaram para trá s cercas feitas de pedras empilhadas, lembranç as dos dias em que aquela regiã o tinha sido intensamente cultivada, produzindo aç ú car, algodã o e tabaco.

Ao chegarem à baí a de Corossal entraram numa aldeia que parecia ter sido transportada pedra por pedra do litoral da Bretanha. Algumas mulheres, apesar de descalç adas, usavam os toucados tradicionais que seus ancestrais tinham trazido da Franç a, há muitos e muitos anos.

Pamela e Samantha observaram um grupo de mulheres tecendo chapé us de palha, ao lado de folhas de palmeiras, que tinham sido postas a secar ao sol durante duas semanas e das quais se faziam també m cestas e esteiras. O chã o da sala onde trabalhavam era feito de pinho, polido por vá rias geraç õ es de pé s descalç os que passaram por lá. Uma cortina florida ocultava a entrada de um quarto. Em um dos cantos estava pendurada uma rede. As galinhas entravam e saí am da sala.

Crianç as de pele clara e olhos azuis olhavam atravé s das janelas, cheias de curiosidade diante da presenç a dos turistas. Por detrá s de suas cabecinhas loiras surgiam os hibiscos em flor.

Apó s comprar dois chapé us, Samantha e Pamela voltaram até a encruzilhada, seguindo pela estrada da esquerda, que ia dar na baí a de laSainte Jeanne. Encontraram uma praia em forma de meia-lua, toda sombreada por palmeiras, e nadaram um pouco, antes de dar uma espiada nas aldeias vizinhas.

O sol se punha quando regressaram a Gustavia, indo diretamente ao hotel aonde tinham combinado encontrar Ken e John. Os dois já estavam no terraç o, tomando um drinque. De lá tinha-se uma vista panorâ mica do porto e dos vá rios iates e barcos. O mar estava uma verdadeira piscina e o valor do dia ainda pairava no ar, bem como o perfume das vá rias flores que enfeitavam os jardins.

— Acho que estou conseguindo enxergar o Sí lfide daqui — disse Pamela. — Parece que há outro iate ancorado bem perto.

— É o iate azul ­— informou Kent. — Ele estava chegando quando John e eu fomos a bordo, hoje à tarde, levar nossas compras.

— Você nã o viu quem o manobrava? — perguntou Samantha, tentando demostrar pouco interesse, mas tremendo interiormente.

— Um sujeito algo, muito bronzeado. Parecia estar sozinho.

— Você falou com ele? — indagou Pamela.

— Nã o. Ele també m nã o nos dirigiu a palavra. Estava ocupado demais em ancorar e recolher as velas. O iate é o Falcã o Azul.

Samantha olhou para a baí a, mas era impossí vel ver o Sí lfide, pois o sol quase tinha se posto.

Mais tarde, apó s um delicioso jantar no elegante restaurante do hotel, voltaram para o iate e ela viu o Falcã o Azul a pequena distâ ncia, ancorado naquelas á guas calmas que refletiam a luz da lua. As janelas do camarote estavam iluminadas, mas nã o havia sinal de quem quer que fosse a bordo.

Na manhã seguinte o iate ainda estava lá, tranquilo e aparentemente deserto. Samantha foi com John a bordo do Zodí aco, a fim de comprarem pã o fresco.

Um sujeito algo, bronzeado... Nã o tinha a menor dú vida de que Craig se encontrava no iate. Aquela noite ele tinha dormido a apenas alguns metros de distâ ncia e o fato de estar tã o pró ximo a atormentou, todas as vezes em que ela acordou durante a noite. Por que ele viera? O que estava fazendo em Gustavia? Por que nã o tinha ficado em Antí gua? Por acaso a estava seguindo? Ou era apenas coincidê ncia o fato de ter ancorado tã o pró ximos ao Sí lfide?

Naquela hora tã o matinal as ruas estreitas da cidade estavam tranquilas e o ar era fresco. Eles sentiram o cheiro gostoso e inconfundí vel do pã o fresco e em breve encontraram uma padaria. Compraram vá rios pã ezinhos e duas dú zias de croissants, recé m-saí dos do forno.

Assim que terminaram as compras, voltaram para os cais, onde tinham amarrado o Zodí aco perto de alguns degraus. De repente surgiu diante deles um sujeito alto, com cabelos lisos e negros. Vestia uma camiseta de mangas curtas, que moldava seu peito amplo e musculoso.

Samantha estava para descer os degraus, carregando o pã o, mas deu um passo atrá s e olhou ansiosamente à sua volta, como se estivesse procurando um lugar para se esconder.

— Olá, Samantha — disse Craig com a maior calma, nem um pouco surpreendido, como se tivesse plena certeza de que a encontraria naquele exato lugar e naquele exato momento. — Pelo que vi, você assaltou uma padaria — ele comentou tirando os ó culos escuros.

— É longe daqui? Esse pã o está cheirando bem.

Aquele encontro sú bito a tirou do sé rio e Samantha nem sequer sabia como descrever o caminho que levava à padaria. Sua boca e seus lá bios estavam secos e atravé s de sua fina camiseta o pã o quente, apertado de encontro ao peito, começ ava a incomodá -la. Nã o conseguia tirar os olhos de Craig, sem saber o que dizer. Todo o seu corpo tinha profunda consciê ncia da presenç a poderosa daquele homem, do tom amorenado de sua pele queimada de sol, do brilho de seus olhos, de suas pernas musculosas, pois ele usava uma bermuda. Percebeu vagamente que John indicava o endereç o da padaria.

— Obrigado — disse Craig, entendendo a mã o. — Meu nome é Craig Clifton e sou do iate Falcã o Azul.

— John Wallis. Vimos seu iate ontem. Você també m estava em Charlestown, na ilha de Nevis, nã o?

— Estava, sim. — Craig olhou de soslaio para Samantha, que ainda se mantinha em silê ncio e nã o conseguia descer os degraus em direç ã o ao Zodí aco, pois ele barrava a passagem. — Nã o vi você s por lá — acrescentou, olhando para John.

— É que fomos passar a noite em outra ilha. O mar estava muito agitado, no porto de Charlestown.

— Nem me diga! O Falcã o Azul jogou como nunca e nã o consegui pregar o olho a noite toda. Ainda bem que tudo aqui está mais calmo e consegui descansar um pouco. Pretendem partir hoje?

— Sim, apó s o café da manhã.

— Vã o para muito longe?

— Para o lado francê s da ilha de St. Martin, à enseada dos Pinhos. Parece ser um bom lugar para se ancorar.

— Sim, já ouvir dizer. També m me contaram que lá é um bom lugar para se nadar e mergulhar. Provavelmente vamos nos encontrar.

Craig olhou mais uma vez para Samantha, acenou brevemente para John e se afastou em direç ã o à cidade.

— É esse o Clifton com quem você se casou? — perguntou John, descendo os degraus juntamente com Samantha.

— Sim.

Samantha transpirava e nã o se sentia à vontade. O suor escorria por sua pele e seu coraç ã o batia descompassadamente.

— Acha que ele seguiu você até aqui?

— Nã o sei — ela disse, acomodando-se no bote.

— Mas entã o a presenç a dele é uma coincidê ncia muito grande — observou John, ligando o motor.

O barulho e a distâ ncia tornavam a conversa difí cil. Samantha sentiu um certo alí vio quando borrifos de á gua do mar caí ram sobre sua pele, aliviando-a.

— Você o viu? — perguntou Pamela, assim que ela subia a bordo do iate. — Ele saiu de seu iate logo apó s a partida de você s.

— Sim, estivemos com ele. Está vamos voltando quando ele chegou. — Samantha colocou as compras sobre um banco.

— E o que foi que ele disse? — indagou Pamela, sem disfarç ar a curiosidade que sentia.

— Apenas alô.

— E você, o que respondeu?

— Nada, quer que corte este abacaxi para você?

— Sim, por favor. — Pamela abriu uma gaveta e tirou dela uma faca afiada, entregando-a à amiga. — Você nã o o cumprimentou?

— Nã o... nã o consegui dizer nada. — Pegando a faca, Samantha começ ou a descascar a fruta. — Ele disse a John que provavelmente nos veria na baí a dos Pinhos. Pamela, será que de lá eu consigo ir até o aeroporto, nas proximidades de Phillipsburg?

— Acho que nã o, a menos que você disponha de um carro. A julgar pelo mapa, a baí a dos Pinhos é um lugar muito afastado e a maior parte das pessoas só consegue chegar lá por meio de barco. — Pamela estava pondo a mesa na pequena sala e olhou-a, intrigada. — Por quê? Está pensando em nos deixar?

— Creio que sim, se formos para um lugar onde haja um aeroporto. Sabe para onde Ken pretende ir, apó s deixar a baí a dos Pinhos?

— Ele falou em ir a Anguilla, onde pretende passar uns dois dias. Lá mora um antigo colega de escola, que tem um hotel.

Pamela começ ou a pô r á gua fervente na cafeteira e logo em seguida sentou-se.

— Você voltou a ficar perturbada, só porque o viu — murmurou.

— Nã o imaginei que Craig fosse me seguir e nã o sei por que fez isso.

— Ora, vamos! É claro que sabe por que ele a seguiu! Quer vê -la e conversar com você. Samantha, você nã o pode viver fugindo desse homem. Se ele nos seguir até a baí a dos Pinhos, pretendo convidá -lo para jantar conosco.

— Oh, nã o! Por favor, Pamela. Será muito constrangedor.

— Constrangedor para quem? Por acaso está preocupada com o fato de Ken, John ou eu nos sentirmos constrangidos só porque você e Craig, apó s dois anos de separaç ã o, estã o novamente juntos? Pois nã o precisa se preocupar. Conhecemos muitos casais que nã o vivem mais juntos mais ainda continuam amigos e apreciam a companhia um do outro. No que nos diz respeito, Craig é uma pessoa interessada em iatismo, que provavelmente tem muitas idé ias a trocar conosco e que, talvez, posso nos dar conselhos e informaç õ es a respeito da navegaç ã o nestas ilhas. Nó s certamente nã o ficaremos incomodados em tê -lo conosco.

Samantha nã o disse nada e começ ou a cortar o abacaxi em fatias.

— Alé m do mais, gostarei muito de conhecer um homem que manobrou seu iate sozinho, debaixo da maior tempestade, só para alcanç ar sua mulher... — prosseguiu Pamela. E fez uma pausa, como se quisesse proporcionar a Samantha a oportunidade de dizer algo, mas ela permaneceu num silê ncio obstinado. — Se por acaso ficar constrangida com a presenç a dele, você pode ir para a praia, ou até mesmo a outro iate. Pelo que li, a baí a dos Pinhos parece ser um verdadeiro paraí so tropical; belas praias, palmeiras e coqueiros, á guas claras e profundas... Com tudo isso deve haver muitos iates por lá.

— Ainda assim preferia que você nã o convidasse Craig. Nã o quero vê -lo. Nã o desejo nenhuma aproximaç ã o. Foi por isso que vim com você, mas nã o imaginei que ele me seguiria. Oh, por favor, Pamela, nã o o chame para vir a bordo hoje à noite. Por favor!

— Está bem, mas nã o posso falar por Ken! Se ele quiser convidar Craig, nã o posso fazer nada para impedir. Ele é o comandante e, neste iate, a palavra dele é lei, conforme você já deve ter notado.

— Notei, sim. Você sempre faz o que ele manda? — perguntou Samantha em tom de brincadeira.

— Só quando estamos navegando. Em terra a histó ria muda completamente de figura. O café está pronto. Chame aqueles dois!

Meia hora mais tarde, para grande alí vio de Samantha, o Sí lfide partiu, antes de Craig voltar ao Falcã o Azul. Tiveram mais um dia magní fico e, assim que se afastaram da ilha, viram a pouca distâ ncia as colinas muito verdes da ilha de St. Martin contrastando com o azul do cé u.

O clima perfeito, o fato de estar num iate confortá vel, sem nada a fazer, a nã o ser bronzear-se e tomar bebidas deliciosas, deveria acarretar paz de espí rito em Samantha, mas estava acontecendo justamente o contrá rio. Tinha voltado a ficar tensa, olhando toda hora para trá s, a fim de ver se nã o eram seguidos por um iate azul.

Passavam por alguns rochedos, um deles com a forma de um leã o em repouso, quando ela viu finalmente a vela branca pró xima à distante ilha de St. Barthelemy. Estremeceu e inclinou-se para frente, como se conseguisse com isso ver melhor.

— Tome... — Pamela lhe estendeu o binó culo. — Com isso você conseguirá enxergar o Falcã o Azul muito melhor.

Samantha a encarou. Havia uma expressã o zombeteira no olhar de Pamela e um sorriso no canto dos lá bios. John nã o fazia questã o de disfarç ar o quanto se divertia. Ken, por sua vez, també m olhava para ela, mas nã o parecia achar graç a na situaç ã o.

— Obrigada — ela murmurou, pegando o binó culo. Nã o havia dú vida de que o fato de Craig segui-los de uma ilha a outra divertia Pamela e John, mas ela nã o achava a menor graç a. Sentiu-se como se estivesse sendo perseguida por um caç ador. Logo mais, quando chegassem à baí a dos Pinhos, seria acuada em um canto e nã o poderia mais escapar. Cairia numa armadilha e seria obrigada a encarar seu inimigo.

Samantha levou o binó culo aos olhos e observou atentamente. Havia mais de um iate navegando aquela manhã, mas finalmente ela se fixou naquele que tinha velas brancas. Aumentando vá rias vezes pela poderosa lente do binó culo, o iate azul deslizava rapidamente pelas á guas.

Craig a seguia e, pelo visto, nã o poderia fazer nada para evitar encontra-lo.

Voltando para perto do leme, Samantha guardou o binó culo no estojo. Somente John estava lá. Pamela tinha descido e Ken se encontrava na popa, ocupado com alguma coisa. Apó s alguns segundos de hesitaç ã o, em que pensou cuidadosamente no que lhe diria, Samantha foi para junto dele.

— Quando você deixar a baí a dos Pinhos, nã o pode ir para Phillipsburg? — ela perguntou a Ken, um tanto insegura.

— Por quê? — ele indagou, com certa rispidez.

— Gostaria de tomar um aviã o no aeroporto que existe lá perto.

— Para onde quer ir?

— Para qualquer lugar onde exista um vô o para a Inglaterra, e o mais breve possí vel. Pamela disse que você provavelmente vai parar em Phillipsburg, apó s visitar Anguilla, e estava pensando se você nã o se incomodaria de ir para lá ainda hoje, de modo que eu possa partir.

— Puxa, mas você é de uma audá cia! Está pedindo que mude os meus planos só para poder dar o fora em seu marido! Pois saiba que me incomoda profundamente ir para Phillipsburg hoje, só para satisfazê -la. E se soubesse que você só aceitou nosso convite porque queria fugir de seu marido, jamais teria permitido que pusesse os pé s neste iate!

— Desculpe... — disse Samantha, chocada. — Nã o sabia que você pensava assim.

— Pois agora sabe. Acontece que sou um homem muito antiquado. Acredito no casamento e nos votos pronunciados no altar. Nã o pretendo ajudar ningué m a rompê -los. Se por acaso seu marido vier para a baí a dos Pinhos quando estivermos lá, vou lhe pedir para deixar meu iate. Nã o pretendo leva-la nem para Anguilha, nem para Phillipsburg. Ficou claro?

— Perfeitamente — disse Samantha, dando-lhe as costas e com o rosto pegando fogo. Era a primeira vez que algué m a fazia sentir que sua atitude ao fugir de Craig, era desprezí vel. — Nã o se preocupe, Ken. Sabendo como você se sente, nã o tenho a menor vontade de permanecer em seu iate.

— Ó timo! — ele resmungou, indo de volta ao leme.

Samantha arrependeu-se de ter se aproximado de Ken, pedindo que ele modificasse seus planos. Daí a pouco ouviu passos que se aproximavam e viu Pamela a seu lado.

— Sinto mito, Samantha, Foi minha culpa. Nã o devia tê -la encorajado a vir conosco quando você me disse que nã o podia ficar em Antí gua, enquanto Craig estava lá. Devia ter percebido que Ken nã o concordaria com isso.

— Ken lhe disse que, se Craig nos seguir até a baí a dos Pinhos, ele quer que eu saia do iate?

— Disse, sim. Tentei convencê -lo do contrá rio, mas Ken nã o quis me ouvir. Acabou por concordar com minha sugestã o. Se Craig nã o for até a baí a dos Pinhos ele permitirá que você vá conosco até Anguilla. Lá poderá tomar um aviã o.

— Obrigada. Espero nã o ter provocado nenhum problema entre você e Ken.

— Bem, Ken e eu nem sempre concordamos com tudo. Ele encara a sua atitude de um ponto de vista exclusivamente masculino. Entende que você está sendo desleal e infiel ao homem com quem é casada e para ele isso é imperdoá vel. Nã o quer ter nenhuma participaç ã o nessa histó ria. Eu, poré m, entendo por que você fugiu. Foi para se proteger de uma pessoa que é muito capaz de dominá -la. Desta vez seu instinto a levou a fugir, a fim de mostrar sua independê ncia. Craig precisa entender que nã o pode dominá -la o tempo todo, se a quiser de volta. Nã o é o que você está tentando lhe dizer?

— Sim, creio que sim. — Samantha suspirou, olhando por cima do ombro. O iate azul agora estava bem mais perto, o suficiente para que se lesse o nú mero impresso no mastro. — Creio poré m, que nã o fui bem-sucedida. Ele vindo atrá s de mim.

— Samantha, admita que você o odiaria se ele nã o viesse. Reconheç a que, como a maior parte das mulheres, você gosta de ter um homem no seu encalç o. — Pamela começ ou a rir. — No fundo, acho que tudo isso é muito divertido. Até parece um daqueles filmes antigos e mal posso esperar a pró xima cena, que se desenrolará na baí a dos Pinhos!

Daí a uma hora o Sí lfide deitava a â ncora nas á guas verdes e transparentes de uma ampla baí a, protegida do mar por uma pení nsula coberta de coqueiros e palmeiras. Ao longo dela se estendia uma praia de areias brancas. Samantha ajudou a dobrar a vela, depois que ela foi arriada, e notou que havia vá rios iates ancorados lá, cheios de gente.

— Provavelmente sã o turistas que vieram de Phillispsburg passar o dia aqui ­— observou John. — Nã o gostaria de pescar comigo assim que tudo estiver em ordem? Poderemos pegar um peixe para o jantar.

Samantha concordou, pois aquilo lhe pareceu preferí vel a ficar à espera de que o Falcã o Azul entrasse na baí a. Daí a pouco ela estava sob as á guas, nadando rapidamente com a ajuda dos pé s-de-pato e observando com interesse os caranguejos, que se deslocavam rapidamente na areia do fundo.

Quando se cansou daquilo, Samantha nadou até a praia, deixou a má scara e os pé s-de-pato na sombra de uma á rvore e foi até o extremo da pení nsula, onde havia outra praia. Na outra margem de um pequeno curso de á gua encontrava-se a ilha de St. Martin, coberta de luxuriante vegetaç ã o tropical. Uma estrada muito estreita subia por uma colina. Para onde levaria? Nã o tinha a menor idé ia. Arrependeu-se de nã o ter consultado um mapa. Poderia ver se lá havia uma estrada que levasse a uma cidade onde pudesse conseguir conduç ã o para o Aeroporto Internacional, nas proximidades de Phillipsburg.

Suspirou e deitou-se de costas na areia. Mesmo que fosse até a ilha, como conseguiria chegar à cidade mais pró xima? Provavelmente teria de andar e nã o tinha a menor idé ia da distâ ncia. Mas será que ela queria realmente ir? Queria de fato continuar fugindo de Craig?

Deitando-se de bruç os, ela começ ou a desenhar letras na areia. Formou-se um nome: Craig... com um gemido Samantha encostou a cabeç a na areia, no lugar exato onde tinha escrito aquele nome que tanto a perturbava.

O que deveria fazer? Parar de fugir? Nã o tinha muitas opç õ es, se Ken Wallis nã o a queria mais a bordo do iate e se Craig viesse até a baí a dos Pinhos. Fora uma atitude infantil deixar Antí gua à s pressas.

Por acaso teria fugido, conforme a sugestã o de Pamela, para testar Craig e ver se ele a seguiria? Pois bem, isso tinha acontecido. E o que provava? Seria uma demonstraç ã o de amor? Nã o, era apenas um indí cio de que ele se recusava a ser derrotado, quando duas vontades entravam em combate.

Samantha ficou muito tempo na praia, tentando decidir o que faria em seguida. Percebeu aos poucos que queria desistir de fugir e abandonar a Craig, fazer o que ele bem entendesse. Era preciso enfrentar o fato de que, apensar de tudo o que aquele homem tivesse dito ou feito, apó s dois anos de separaç ã o ainda estava apaixonada por ele e queria ficar onde ele estivesse. Se pelo menos pudesse fazer algo em relaç ã o a Morgana Taylor!

A sombra das palmeiras se tornou mais comprida e Samantha percebeu que o sol se punha por trá s das colinas de St. Martin. Tudo estava mergulhando no mais absoluto silê ncio. Nã o se ouvia nenhum barulho, a nã o ser o das olhas agitadas pelo vento e o eterno murmú rio da á gua. Um estranho receio de ter sido abandonada naquele lugar tã o isolado se apoderou de Samantha e ela se levantou à s pressas. As colinas agora estavam escuras e á gua tinha reflexos dourados e avermelhados.

Subiu à s pressas o pequeno morro que separava uma praia da outra. Seus pé s doí am, pois pisava em conchas afiadas, meio enterradas na areia.

Finalmente chegou à outra praia. A baí a estava diante dela e ao longe viam-se as colinas envoltas nas brumas. Os iates de Phillipsburg tinham partido, o mesmo acontecendo com o Sí lfide. Um ú nico iate estava lá, ancorado, e sua quilha azul refletia os ú ltimos raios do sol... Samantha sentiu a excitaç ã o se apoderar de seus nervos. Craig, tã o há bil em caç ar nas florestas de seu paí s, estava a sua espera de sua presa. O que aconteceria agora?

Soprou uma rajada de vento fresco e Samantha estremeceu. Nadaria até o pequeno barco que se via à beira da praia ou ele viria até ela? Lembrou-se da má scara e dos pé s-de-pato, mas nã o conseguiu encontra-los. Quando volto à praia percebeu que o barco se aproximava.

Craig veio remando e, ao chegar à praia, saltou.

— Estava à sua espera — ele disse com a maior calma. — Está pronta para subir a bordo?

 — Sim — ela murmurou, um tanto desapontada.

Por que? Afinal de contas, o que esperava? Uma recepç ã o mais quente, mais apaixonada? Mas por que Craig deveria agir assim, quando ela havia resistido a suas carí cias na praia de Antí gua?

— Quando foi que o Sí lfide partiu? — ela indagou, subindo no barco.

— Há uma hora. John me entregou sua bagagem. — Craig empurrou o barco para dentro da á gua e subiu sentando-se e começ ando a remar. — Por que você partiu com os Wallis?

— Eles me convidaram para fazer este cruzeiro antes de eu você viesse para Antí gua. Eu nã o quis perder essa oportunidade.

— Mas você nã o tinha a intenç ã o de voltar para Antí gua.

— Nã o.

— Por que nã o?

— Quando você chegou, eu disse que nã o poderia permanecer na casa de seu pai, enquanto você estivesse lá. E quando descobrir que Morgana també m estava lá, precisei partir. Oh, Craig, como pode fazer uma coisa dessa? Como foi convidá -la para se hospedar na ilha quando sabia que eu estaria lá?

— Ainda sente ciú mes dela?

Samantha nã o disse nada. Admitir que sentia ciú mes de Morgana seria reconhecer que ainda o amava, seria o mesmo que dizer que Craig ainda lhe pertencia. Ele, entã o, a acusaria de ser excessivamente possessiva. Samantha permaneceu em silê ncio, contemplando os ú ltimos clarõ es do sol por entre as nuvens escuras.

— Nã o convidei Morgana para vir a Antí gua — disse Craig. — Ningué m ficou mais surpreendido do que eu quando ela apareceu com Conrad na casa de papai. Farley me deu o seu recado — ele prosseguiu, mal conseguindo disfarç ar a irritaç ã o que sentia. — Fiquei furioso ao saber que você tinha ido embora. Tomei um aviã o para Antí gua apenas para vê -la e pô r um ponto final em nossa separaç ã o.

— Só que presumiu, como muita arrogâ ncia, que eu nã o concordaria. Apó s dois anos de silê ncio, sem me escrever, sem entrar em contato comigo, simplesmente imaginou que eu estaria encantada em prosseguir com o nosso casamento e que receberia você de braç os abertos. Nã o faltava mais nada! — Samantha se interrompeu e seu peito arfava de indignaç ã o.

Chegou a vez de Craig ficar calado; apenas o ruí do das á guas, quando os remos penetravam nela. O barco aproximou-se do iate azul e se encostou nele. Craig agarrou a pequena escada de corda que pendia da amurada do iate, a fim de impedir que o barco se afastasse.

— Suba — ele ordenou e Samantha obedeceu, pois nã o lhe restava alternativa.

Ele a seguiu, tirou os remos do barco, amarrou na popa do iate e foi para perto de Samantha.

Craig estava tã o pró ximo que ela conseguiu sentir o calor que desprendia daquele corpo. Sentiu subitamente vontade de cair em seus braç os e encostar a cabeç a em se peito. No entanto, em vez de estender a mã o e tocá -lo, ela deu um passo para trá s.

— Prepare algo para nó s comermos, enquanto iç o as velas. Em seguida partiremos.

— Para onde?

— Voltaremos para Antí gua. Teremos de navegar contra o vento e enfrentar uma corrente marí tima, mas faremos o percurso em umas dozes horas, se lanç armos mã o da vela e do motor.

— Mas está escuro — observou Samantha, olhando o mar, agora escuro. — Nã o poderí amos partir de manhã?

— Poderí amos, sim, mas quanto mais depressa eu voltar com você, melhor — ele respondeu de um jeito enigmá tico. Craig foi até a caixa de luz e ligou a chave. Imediatamente o camarote se iluminou.

— A geladeira está cheia de comida — observou, saindo para o convé s.

— Você poderia me dar uma explicaç ã o — disse Samantha, chamando-lhe a atenç ã o.

— Em relaç ã o a que?

— Poderia explicar por que quer estar comigo em Antí gua amanhã de manhã. Ah, é sempre a mesma coisa! Nunca me deu a menor satisfaç ã o e no entanto sempre esperou que eu entendesse por que você queria fazer determinadas coisas. Eu tinha que concordar com elas. Creio que você esperou demais...

Craig nã o disse nada e Samantha julgou que ele iria até o mastro a fim de iç ar a vela, sem dar sequer uma resposta à sua observaç ã o.

Ele, no entanto, hesitou e voltou a olhar para ela.

— Talvez eu tenha mesmo esperado muito coisa de você. Está bem, tentarei dar uma explicaç ã o. Quero que você volte comigo para Antí gua o mais cedo possí vel. Gostaria que ficasse lá durante alguns dias, possivelmente nã o mais do que uma semana, mas o suficiente para convencer os eternos curiosos de que a nossa separaç ã o chegou ao fim, de que nã o vamos nos divorciar. É capaz de fazer isso? Ou será que estou esperando demais de você, como de costume?

— Você... quer que eu finja que a nossa separaç ã o terminou?

— Já que você nã o deseja que ela termine, creio que terá mesmo de fingir.

— Quero saber no que isso implica, antes de concordar — ela declarou, olhando para o camarote.

Lembranç as dos momentos agradá veis que tinha passado com Craig naquele lugar se apoderaram dela de repente e Samantha quase chorou.

— Nó s poderí amos nos comportar como se ainda fô ssemos casados — disse Craig, um tanto vago, — Sairí amos juntos, farí amos tudo como antes.

— Como, por exemplo... dormir juntos? Antes de partir da casa de seu pai, notei que você se instalou no meu quarto sem mesmo perguntar se podia.

— Entã o é isso que está incomodando você! Mas se nã o dividirmos um quarto todo mundo vai supor que a nossa separaç ã o nã o chegou ao fim. Você nã o pode deixar de concordar com isso.

— De fato, nã o...

— Nã o precisamos fazer amor quando estivermos sozinhos no quarto. Nã o vou forç ar você a fazer nada que nã o queira.

Pode ter certeza disso. A ú nica coisa que peç o é um pouco do seu tempo.

— E depois?

— Poderá voltar para Londres, se quiser — replicou Craig, dando de ombros, como se aquilo pouco lhe importasse. — De qualquer maneira pense no assunto e me comunique a sua decisã o antes de chegarmos a Antí gua. Agora vou iç ar as velas.

Craig se afastou e Samantha foi para o camarote. Pegou a sacola, tirou o maiô ú mido e pô s a calcinha, uma camiseta, um sué ter e jeans, alé m de calç ar sandá lias de couro. De volta ao camarote principal, abriu a pequena geladeira, tirando um pacote de carne moí da. Em breve preparava alguns hambú rgueres e os punha para cozinha na frigideira.

Quando os sanduí ches ficaram prontos, o motor do Falcã o Azul funcionava à todo e o iate deslizava atravé s do oceano. Samantha levou a comida para o convé s, colocando-a sobre uma mesinha fixada no chã o perto do leme. Craig o manejava e o iate agora deixará para trá s a entrada estreita da baí a.

Voltando ao camarote, Samantha preparou duas grandes xí caras de café e as levou para fora. Sentou-se num canto, encarando Craig e comendo com grande apetite o sanduí che que havia preparado. As estrelas pareciam danç ar no cé u de um azul profundo, enquanto o iate oscilava. As colinas da ilha de St. Martin nã o passavam agora de formas negras e o mar apresentava reflexos prateados.

— A lua está surgindo — observou Craig e Samantha voltou-se para o Oriente. A lua surgia por entre as palmeiras da baí a dos Pinhos, iluminando aos poucos aquela fantá stica paisagem.

Nã o era a primeira vez que Samantha velejava com Craig à luz da lua e ala sentiu uma certa alegria de estar na companhia dele naquele momento. Encarou-o e percebeu que ele nã o tirava o olho dela.

— E entã o? — ele perguntou e Samantha nã o precisou perguntar o que ele queria.

— Está bem — concordou ela. — Permanecerei durante algum tempo a seu lado, na casa de seu pai.

— Obrigado.

De repente o vento enfunou as velas, quando o iate, deixando a baí a, entrou em mar aberto. Craig ficou muito ocupado, ajustando-as, e Samantha recolheu a louç a. Nã o era mais o momento de falar.

 

 



  

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