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CAPÍTULO IV



 

 

Nos dias que se seguiram, Harriet descobriu que tinha muito que fazer para encher o tempo. Pela manhã foi até Rochelac e, alé m dos suprimentos necessá rios, como pã o, leite, carne e ovos, comprou també m tintas e pincé is e pano para fazer umas cortinas. O ú nico cô modo que tinha cortinas era o salon, mas elas estavam desbotadas e puí das e, alé m disso, a mobí lia nova pedia algo melhor. Seria muito trabalhoso costurá -las a mã o, mas Susan poderia ajudar, enquanto Harriet pintava as paredes.

Esperava que André aparecesse, para lhe agradecer pela mobí lia, mas ele nã o o fez. Contrariada, sentiu que isso a aborrecia. Queria que viesse.

No fim da semana, a casa estava começ ando a melhorar de aparê ncia. As paredes brancas da cozinha foram enfeitadas com algumas gravuras baratas, que Harriet encontrou numa feira em Rochelac, e o armá rio da cozinha ficou melhor, pintado de amarelo. Um par de tapetes de lã deu calor ao chã o de pedra e o lampiã o, pendurado do teto recé m-pintado, fora polido e estava brilhante.

Aconteceu o mesmo no salone em cima, no quarto, embora Harriet tivesse desistido de fechar as janelas outra vez, O só tã o era o ú nico lugar inexplorado da casa.

Com a casa em ordem, Susan estava á vida por explorar os arredores. Elas tinham visitado apressadamente Beynac-et-Cazenac e havia ainda muitos castelos pelos arredores. Das muralhas do Castelo de Beynac era possí vel ver todo o vale da Dordogne e Harriet planejara visitar Castelnaud, que ficava em frente aBeynac, alé m do rio.

— Talvez a gente deva visitar o castelo antes. Quero dizer, se uma cadeia americana de hoté is está tentando comprá -lo, como monsieur Laroche disse, ele deve ser interessante, nã o? — sugeriu Susan, enquanto lavava os pratos.

— Deve, sim. Esses velhos proprietá rios sabiam o que estavam fazendo. Sempre construí am seus castelos em lugares apropriados tanto para fortificaç ã o quanto para uma bela visã o do panorama — respondeu Harriet, notando com satisfaç ã o que suas pernas começ avam a ficar bronzeadas.

— De qualquer maneira, gostaria de conhecê -lo — insistiu Susan, e a tia deu de ombros.

— Nã o há razã o para que a gente nã o vá. Na verdade, ia sugerir que fô ssemos para Cahors, mas podemos ir lá um outro dia.

— Você nã o se importa? — Susan enxugou as mã os.

— Por que me importaria? Alé m disso, acho que vai estar muito quente para viajar e Rochefort fica só a alguns quilô metros adiante de Rochelac. — Harriet sorriu.

As duas saí ram e se dirigiram ao carro. O Fiat estava quente, depois de ter ficado no sol por algumas horas, e Harriet baixou todos os vidros antes de entrarem no veí culo.

Ela vestia short, o que fazia suas pernas parecerem mais longas, e uma camiseta sem mangas, cor de laranja, que valorizava o bronzeado de seus braç os. A seu lado, Susan, vestida també m de camiseta e short, reclamava de sua falta de curvas.

— Será que um dia vou ter um corpo como o seu? Eu nã o queria ter o cabelo dessa cor! Queria ser morena, como você.

— As ruivas aparecem muito mais. E, claro, você vai crescer. Todos nó s crescemos. Só nã o se esqueç a de que é melhor ser magra que gorda — confortou-a Harriet, com um sorriso.

— Algumas meninas, lá na escola, tê m o corpo muito bom. Jennifer Lewis já usa sutiã — disse Susan, torcendo o nariz.

— Ela é alta? — Harriet ligou o carro.

— Da minha altura... um metro e cinqü enta e pouco, mais ou menos.

— E quanto é que ela tem de quadril?

— Nã o sei. Acho que o mesmo que de busto. Todos os rapazes ficam atraí dos por ela. Eles me chamam de ossuda — declarou Susan com um suspiro.

— Você nã o deve se preocupar com isso, querida. Você vai ter lindas curvas, vai ver só. — Harriet estava se divertindo.

— Aquele menino... Paul... ele nem me notou! Estava muito ocupado, olhando para você. Você acha que ele ficou atraí do por você?

— Oh, cé us! Ele só estava se mostrando, Sue.

— Mas ele gostou de você, notei isso. E por que nã o? Você atrai os homens, como o mel à s abelhas.

— Ora essa Susan! Você é muito crianç a para estar fazendo esse tipo de observaç ã o. Credo! Está falando igualzinho a...

Calou-se abruptamente, compreendendo a insensatez do que quase chegara a falar, mas Susan nã o ficou decepcionada.

— É verdade, mamã e dizia isso mesmo. Uma vez perguntei a ela por que você nã o tinha se casado, e ela disse... ela disse que você era do tipo que nã o se contentava com um homem só.

— É mesmo? — Harriet retraiu-se.

— Espero que você nã o se ofenda. Harriet conseguiu dar-lhe um sorriso vago.

— Claro que nã o — negou, virando o carro numa curva especial-; mente perigosa, embora ficasse ferida ao saber que sua irmã tinha interpretado o nú mero de seus admiradores como prova de instabilidade dela.

Voltando a atenç ã o para a estrada, viu que nã o teriam de atravessar Rochelac. Nos arredores da vila havia um sinal empoeirado, indicando que o caminho para o castelo era por uma picada, onde cabia um carro de cada vez. Harriet parou incerta e olhou em volta. Entã o disse:

— Nó s bloquearemos o caminho, se entrarmos por aqui. Só Deus sabe o que farei, se encontrar outro veí culo.

— Vamos a pé. Nã o deve ser longe — sugeriu Susan imediatamente, abrindo a porta.

— Está bem. Mas tenho que estacionar fora da estrada. Vou deixar o carro embaixo daquelas á rvores, para nã o esquentar muito. .

O caminho ia por uma descida, durante um curto trecho, antes de virar uma subida í ngreme, logo depois do curso estreito de um rio. As margens tinham uma vegetaç ã o espessa, com tufos de flores, e o perfume das ervas recendia no ar. Depois de olhar por um momento, Harriet exclamou:

 

— É o nosso rio, tenho certeza. Olhe! Nã o é a nossa casa? — Ela apontou um pouco mais adiante.

— Nossa! É mesmo. Este deve ser um atalho para a vila. — Susan respirou com dificuldade.

— Acho que sim.

Continuando, elas chegaram a uma ponte, sobre o rio. O caminho terminava naquele ponto e Harriet se perguntava se o castelo ficaria no topo do outeiro que subiam agora. Estava muito quente, elas já caminhavam há mais de meia hora, mas nenhuma delas tinha vontade de voltar. Era uma aventura e Harriet parecia tã o determinada quanto Susan a chegar a seu destino.

Uma clareira entre as á rvores deu a elas a primeira visã o do castelo. Empoleirado no penhasco, com suas torres esverdeadas e o parapeito tingido com a cor dourada do sol, parecia, mais do que nunca, um castelo de verdade.

Respirando profundamente, elas pularam a vegetaç ã o rasteira e deram num caminho estreito, que corria em volta das muralhas do castelo. A vista dali era magní fica, abrangendo o casario da vila e o rio. À distâ ncia, dava para ver as torres de um outro castelo, apontadas para o cé u, e os vastos campos cultivados. O rio desaparecia embaixo do castelo, e Harriet tentava entender esse fenô meno, quando Susan exclamou, em voz baixa:

— Aquele ali nã o é Paul Laroche?

Harriet levantou rapidamente a cabeç a. Sim, era o filho de André, que vinha em direç ã o a elas, na estrada estreita. A nã o ser que se escondessem rapidamente, nã o havia como evitá -lo.

— Oi! Nã o sabia que í amos ter visitas. — Cumprimentou-as sem cerimô nia, com um sorriso preguiç oso iluminando suas belas feiç õ es.

— Nã o terã o. Só viemos dar uma olhada no castelo — declarou Harriet rispidamente.

— Verdade? Bien deixe-me mostrá -lo a você s. Ele normalmente nã o está aberto para turistas, você compreende, mas acho que podemos fazer uma exceç ã o, no seu caso, rí est-cepas? — disse ele, apreciando a bela figura de Harriet.

— Nã o estamos esperando nenhum favor. Susan, melhor voltarmos... — disse Harriet secamente, desapontada por ter andado tanto para nada.

— Nã o, espere! Quer dizer... por favor. Eu quero mostrá -lo a você s. — Paul segurou o braç o de Harriet, depois largou-o, enquanto a encarava interrogativamente.

— Será que nã o podí amos? Afinal de contas, andamos tanto... — Susan olhava para ela, pedindo.

— Este é um lugar privado... — Harriet suspirou.

— Por favor, nã o precisa fugir. — Paul interrompeu-a.

— Eu nã o estou fugindo! Está bem. Onde é a entrada?

— Eu mostrarei.

Paul sorriu outra vez e levou-as de volta por onde tinham vindo. Seguiram a muralha curva do castelo e, no momento em que viraram, o caminho abriu-se um pouco e tornou-se sombreado pelas á rvores. Mais adiante, chegaram ao jardim que fronteava a construç ã o: acres de relva, que tinha sido antes de um cetim aveludado, e que agora precisava de corte. Alé m do parque estendia-se o bosque, onde Harriet imaginou que os primeiros condes de Rochefort deviam caç ar veados e ursos selvagens, mas que, como o resto do lugar, tinha sido tristemente descuidado.

O castelo era maior do que ela esperava, com grandes portas de ferro dando para um pá tio interno. Janelas vazias e um ar de descuido dominavam a atmosfera, mas a beleza do trabalho na pedra continuava chamando a atenç ã o.

— O Castelo de Rochefort! Quatrocentos anos de histó ria, caindo aos pedaç os — anunciou Paul jocosamente.

— É tã o velho assim? — Susan ficou impressionada, mas Paul sacudiu a cabeç a.

— A maior parte da estrutura original foi reconstruí da no sé culo XIX, mas, durante a guerra, foi ocupado pelos alemã es e, infelizmente, saqueado. Meus avó s morreram durante a ocupaç ã o.

— Sinto muito. — Harriet fez-lhe um gesto simpá tico, enquanto pensava que, ao menos nisso, André tinha lhe contado a verdade. Mas Paul deu de ombros e entrou pelos portõ es de ferro.

— Espere aí! Nó s nã o vamos entrar — Harriet exclamou.

— Por que nã o?

— Ele está habitado?

— Somente a galeria. Pensei que você soubesse '— respondeu Paul, franzindo os sobrolhos.

— Que eu soubesse? Saber o quê?

— Que vivemos na galeria — disse Paul, espantado, e Harriet desejou que o chã o se abrisse sob seus pé s e a engolisse.

— Você mora na galeria? Que excitante! — disse Susan alegremente, sem as inibiç õ es da tia.

— Qual é o problema? Você nã o quer conhecer o castelo? — Paul lanç ava a Susan um olhar paternal. Em seguida voltou-se para Harriet.

— Nã o é isso... — começ ou ela, puxando o cabelo para trá s com mã o nervosa, quando um homem saiu de uma porta lateral da galeria e ficou olhando-os.

Era André. Ela nem precisou olhar para ele para sentir um aperto nos mú sculos do estô mago. Ele as reconheceu imediatamente, apesar de o sol bater em seus olhos, e começ ou a andar na direç ã o delas.

— Olhe, é papai! Será que ele sabe que você está com medo dele?

— Eu nã o estou com medo dele! — exclamou Harriet com indignaç ã o, mas André já estava junto deles e seus olhos se apertaram ao ouvir vagamente o que cochichavam.

— Este é um prazer inesperado. Algo de errado? Alguma reclamaç ã o, talvez? — observou ele, olhando para Susan, nã o para Harriet.

Ela estava embaraç ada por estar vestindo short e pela expressã o levemente irô nica de André. De calç a marrom e camisa de seda creme, ele parecia um pouco mais apresentá vel e ela se ressentiu pela interferê ncia dele.

Deus meu, será que ele imaginou que viemos espiá -lo? Se ela soubesse o que ia encontrar, teria ficado a uma boa distâ ncia de Rochefort. Será que ele era o caseiro do castelo? Se fosse, isso explicaria como Paul sabia tanto a respeito da construç ã o. Seria ele o dono de sua casa, ou será que, como alguns criados, referia-se à propriedade como se fosse sua, quando na realidade pertencia ao Estado?

— Nó s querí amos conhecer o castelo. Ê bonito, nã o é mesmo? Gosto daquela cú pula engraç ada ali. O que é? Uma chaminé? — Susan perguntou, curiosa.

— É a torre do sino. Anos atrá s, no tempo da Revoluç ã o, havia muita pobreza na vila. Meus ancestrais mantiveram o que se chamava de " casa da sopa", onde se servia um prato de sopa e um pedaç o de pã o a quem viesse. Mas isto nã o impediu que a populaç ã o depois perdesse a cabeç a e invadisse tudo. Afortunadamente para mim, o filho de um desses meus antepassados fugiu para a Inglaterra — disse ele com um sorriso.

Harriet quase nã o prestou atenç ã o em nada, depois que ouviu as palavras " meus ancestrais"... Seus ancestrais! Isso queria dizer que ele era o atual conde de Rochefort?

— Há alguma coisa incomodando seus olhos, srta. Ingram? Paul a examinava enquanto ela apertava os lá bios, com raiva.

— Nã o. É o sol que está muito claro. Só isso.

— Talvez você aceite tomar um cá lice de vinho conosco e, depois, se quiser, Paul lhe mostrará o que sobra do castelo — sugeriu André.

Mas, embora Susan parecesse animada, Harriet sacudiu a cabeç a.

— Receio que a gente deva voltar. Nã o podemos nos demorar muito, deixei o carro mal estacionado — replicou brevemente, sem prestar atenç ã o ao desapontamento de Susan.

— Você veio de carro?

André a olhava carrancudo e ela pensou que ele realmente acreditava que elas tinham vindo ali de propó sito. Odiou-o por essa suprema arrogâ ncia e disse a primeira coisa que lhe veio à cabeç a:

— Está vamos, na realidade, indo para Cahors... — declarou, esperando que Susan nã o a contradissesse. Assim, ao menos, teria a satisfaç ã o de saber que o havia confundido. Mas as coisas nã o acabaram aí.

— Você nã o estava indo na direç ã o errada, se ia para Cahors? Você deve pegar a estrada para Bel-sur-Baux, nã o para Rochelac.

As faces de Harriet ficaram vermelhas quando André apontou o seu erro.

— Grata pela informaç ã o, monsieur— agradeceu rí spida e, com uma breve saudaç ã o a Paul, teria ido embora, se André nã o se colocasse à sua frente.

— Você precisa voltar para tomar alguma coisa conosco, uma outra vez — insistiu ele, com a expressã o dos olhos escondida pelas pá lpebras semicerradas.

Harriet ficou imaginando se ele sabia quanto ela o desprezava.

— Nã o quero incomodar — retorquiu secamente.

— Nã o será incô modo nenhum. Pouca gente nos visita, atualmente. Harriet estava agradecida por Susan ser muito jovem para notar

as nuanç as da conversa, mas Paul os olhava curioso, com muito interesse.

— Você nã o agradeceu a monsieur Laroche pela mobí lia! — falou Susan subitamente e Paul a olhou, indignado.

Monsieur Laroche! — Paul a imitou jocosamente e Susan olhou para ele, magoada e surpresa.

— O que há de errado...

Monsieur Laroche! — disse ele outra vez, fazendo uma careta para Harriet.

Era a gota que faltava. Segurando o braç o dela, Harriet fez Susan voltar-se e retomaram o caminho por onde tinham vindo.

— Um momento.

A mã o de André, fechando-se na carne de seu antebraç o, obrigou-a a parar. Harriet largou Susan abruptamente e voltou-se, olhando para André com espanto. Ela nã o sabia o que fazer primeiro.

Queria libertar seu braç o dos dedos fortes dele e confortar Susan, ao mesmo tempo. Lanç ando a André um olhar furioso, disse:

— Nã o fique olhando desse jeito, Susan, ningué m vai comer você. Voltou-se para olhar André outra vez e, depois de uma guerra de

forç as, ele soltou o braç o dela, seus lá bios apertados numa linha fina. Paul tinha desaparecido.

André parou de encará -la e, olhando para Susan, disse:

— Peç o desculpas por meu filho, Susan. Sinto que ele tenha crescido selvagemente, nestes ú ltimos anos. Nã o está acostumado com as gentis garotas inglesas.

— Nã o tem importâ ncia. — Susan apertou os lá bios. E, olhando incomodamente para a tia, perguntou: — Vamos?

Harriet estava para concordar, quando André falou outra vez:

— Já, já, Susan. Você vai na frente. Quero ter uma conversa particular com sua tia.

— Acho que nã o temos nada a dizer um ao outro... — declarou Harriet friamente, mas desta vez seus olhos captaram a expressã o penetrante do olhar dele. Com um gesto um pouco irritado, ela perguntou, assim que Susan ficou fora de suas vistas: — E entã o? O que quer me dizer?

Houve um silê ncio tã o longo, que parecia um presenç a tangí vel entre eles. Entã o, finalmente, André disse:

— Acho que é uma situaç ã o difí cil, Harriet, mas nã o ajuda muito ficar me tratando feito um leproso!

— Por que nã o? Ê o que você merece.

Depois de outro longo silê ncio, ele acrescentou:. .

— Você na verdade me odeia, nã o é, Harriet?

— O que você esperava? Que eu ficasse excitada ao vê -lo? Que tivesse esquecido o porco egoí sta que você realmente é?

André parecia surpreso com a raiva dela, que explodira outra vez. Os mú sculos de seu rosto se apertaram, uma veia pulsava na base de seu pescoç o, onde o decote da camisa revelava os ossos fortes de seu peito. Sua pele era morena e estava suada e Harriet lembrou-se de seu contato, da urgê ncia suplicante de seu corpo pressionando o dela, na maciez da cama...

— Se eu tivesse sido egoí sta, teria mantido você como minha amante! E meses, anos, talvez, se passariam, antes que você descobrisse a verdade!

— E acha que devo lhe agradecer por isso? — Harriet tremia incontrolavelmente.

— Nã o. Claro, nã o é gratidã o o que você sente.

— É só isso o que você queria me dizer?

— Nã o. Se possí vel... eu gostaria de me explicar... Explicar! Ela deu um passo para trá s.

— O que é que você pode explicar? Ora, deixe-me em paz! Olhou-o e o que viu a fez corar reveladoramente. A í ris escura de

André revelava um descré dito que ele nã o se esforç ou por esconder; entã o seu olhar desceu acintosamente pelo corpo dela, demorando-se com insolê ncia descuidada no perfil revelador de seus seios, claramente delineados contra o algodã o fino da camiseta.

— Nã o me olhe desse jeito! — Harriet estava chocada e embaraç ada.

— Que jeito? — Nã o havia calor na voz dele agora e ela teve de juntar toda a sua coragem para continuar:

— Como... se estivesse... Despindo-me!

— Nã o seria a primeira vez, nã o é mesmo, ché rie? — balbuciou André cruelmente e, sem parar para medir as conseqü ê ncias, ela esbofeteou o rosto dele.

Por um momento, pensou que André fosse retribuir o gesto. Ele fez um movimento involuntá rio, mas em seguida controlou-se, as feiç õ es enrijecidas.

— Você se divertiu? Isto nos torna iguais — acrescentou ele.

— Nada poderia nos igualar. Você é um... um...

— Porco egoí sta, eu sei. Muito bem, Harriet, eu entendi.

Harriet suspirou, sentindo subitamente toda a sua agressividade desaparecer. Baixou a cabeç a, com uma sensaç ã o esquisita de derrota, considerando a traiç ã o do corpo sobre o espí rito. Será que nunca se livraria daquele homem?

Ao som dos passos dele se distanciando no caminho, levantou a cabeç a e sentiu um nó na garganta. A vontade de correr atrá s de André era praticamente irresistí vel. Sentiu uma fraqueza terrí vel dominá -la e, fechando os olhos, rezou silenciosamente: Oh, Deus, nã o faç a isso comigo!

 

 



  

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