Хелпикс

Главная

Контакты

Случайная статья





Capítulo VIII



Capítulo VIII

Nick ficou um bom tempo em silêncio, chocado com a pergunta.

— Quem lhe contou isso? — perguntou, finalmente, sem deixar transparecer emoção alguma em seu tom de voz.

— Donata. — Lauren não desviou os olhos do marido. — Você se casou comigo apenas para irritá-lo, não é? Será que esse pobre homem não pode nem morrer em paz?

— É sob esse prisma que você vê as coisas?

— E de que outra maneira poderia ser? E não adianta justificar-se. Ele pode ter pressionado sua mãe para que abandonasse seu pai, mas a decisão final foi exclusivamente dela.

— Acredito que não tenha passado pela sua cabeça me perguntar se eu já sabia que ele iria morrer em breve.

Lauren ficou completamente desconcertada. Realmente, nem de longe pensara naquela possibilidade.

— Mas você deveria saber. Donata não deu a impressão de tratar-se de um segredo.

— Talvez porque estivesse certa de que Vincenzo já havia me contado.

— E ele não contou?

— Não, não contou. Nem ele nem ninguém. — Nicholas soltou um suspiro e deu de ombros. — Você não acredita em mim, não é?

— Mas por que Vincenzo não disse nada? — Lauren perguntou, intrigada. — Você certamente voltaria antes, se soubesse.

— Aí está o ponto. Quanto mais tempo eu ficasse longe, melhor seria para o futuro de Vincenzo.

Lauren continuou olhando para Nick, até que não agüentou mais. Levantou-se e abraçou-o com força. Uma aliança muito forte os unia naquele momento.

— Eu o julguei mal, Nick. Estou envergonhada. Desculpe. p

Ele a beijou com ternura e acabaram fazendo amor ali mesmo, sobre o tapete grosso e macio. As roupas repousavam jogadas pelos quatro cantos do quarto. Depois de saciados, permaneceram ainda por um bom tempo deitados no chão, agarrados um ao outro.

Lauren repousou a cabeça sobre o peito forte de Nick e, fechando os olhos, tentou ouvir-lhe as batidas do coração. Sim, amava-o. Amava-o muito, por isso estava em Veneza, por isso sentia-se capaz de enfrentar os problemas que ainda atrapalhavam o relacionamento...

— Quando vai contar a ele? — murmurou.

— Contar o quê?

— Que você mudou de idéia.

— Como?

— Você mudou de idéia, não?

— Se você quer saber se vou abdicar de tudo em favor de Vincenzo, a resposta é não. Agora terei que agir mais rápido do que pretendia, mas é só.

— Mas pensei que você não odiasse mais o seu avô!

— Sim, mas isso não quer dizer que vou perdoá-lo por tudo o que fez.

O tremor que ela sentiu passar pelo corpo tinha origens exatamente opostas às das emoções que experimentara há instantes, no auge da paixão. Lauren levantou-se rapidamente e afastou-se do marido.

— Nicholas Brent, você não tem mesmo um pingo de decência e caráter. Ah, como eu o desprezo!

— Só porque não vou fazer o que você quer? — ele perguntou com um sorriso sarcástico. — Você pode fazer-me desejá-la como nunca desejei nenhuma outra mulher, mas jamais conseguirá comandar a minha vida, Lauren. Esteja certa disso.

— Querer... desejar... São as únicas palavras que você conhece, não é?

— Não há tanta diferença entre nós, meu bem. Não se iluda. Você também conhece o significado dessas palavras.

— Engano seu. Não sei mais o que desejo. Só sei que estou com vergonha de tudo isso.

Nick soltou uma gargalhada.

— Isso poderia ser até convincente se eu não tivesse uma boa memória para detalhes. E, pelo que me lembre, você não parecia nem um pouco envergonhada há alguns minutos. — Não havia o menor sinal de ternura no olhar que ele lançou sobre ela. — É melhor se vestir logo, cara, se não terei que ir contra os seus tão valorosos princípios e deixá-la envergonhada de novo.

Sem dizer uma palavra, Lauren dirigiu-se ao banheiro, batendo a porta com força. Debaixo do chuveiro, constatou que naquele momento estava tão distante do marido como nunca estivera antes.

Filippo Camon jantou com a família Di Saverani no domingo seguinte: Era um homem bonito e atraente, mas a Lauren pareceu muito sério, circunspecto demais. Com Nick, pelo menos, era sempre possível fazer alguma brincadeira ou rir de alguma piada, mas o noivo de Donata dava a impressão de nunca ter sorrido na vida.

Lauren observou o casal na sala principal, depois do jantar. Nenhum dos dois demonstrava muita emoção ou entusiasmo por estarem juntos. Não havia dúvidas de que aquele casamento também havia sido arranjado pelo signor Di Saverani. No entanto, Donata não parecia infeliz... Bem, era problema dela, Lauren pensou. Já tinha muito em que pensar para preocupar-se com as tramas que existiam naquela casa.

Já havia dois dias que Nick não a tocava, embora não tivesse mudado o modo de tratá-la quando havia alguém por perto. Quando estavam sozinhos, pelo contrário, agia friamente. Houve momentos em que ela esteve prestes a dizer que não se importava nem um pouco com o que ele poderia fazer com o próprio futuro, mas o bom senso a impediu. Não seria verdadeiro.

Lauren abominava a idéia de passar o resto da vida naquele lugar, sem nenhum propósito ou objetivo a não ser servir ao marido. Um procedimento como o de Donata e sua mãe definitivamente não estava em seus planos. Mesmo com todas as modificações ocorridas no mundo, as tradições mais arcaicas ainda imperavam no Palazzo Ambrogio. Apenas com a morte do patriarca os antigos valores poderiam ser reciclados. Mesmo assim, não sem muito trabalho e esforço.

Agora que conhecia o estado do avô de Nick, não ficava difícil perceber que o velho estava mesmo muito mal. Todos os indícios levavam a crer que Donata tinha falado a mais cristalina verdade: Apesar da altivez, ele estava com os olhos encovados e os movimentos bem lentos. Lauren surpreendeu-se por não ter percebido antes aquela expressão cansada e o tom de voz ligeiramente trêmulo. Com exceção da entrevista na biblioteca, só o via na hora do jantar. Provavelmente o patriarca passara a se isolar mais e mais, à medida que a doença se agravava. Ele era por demais orgulhoso para mostrar em público a decadência em que se encontrava.

O signor Di Saverani estava sentado no sofá, ouvindo a conversa dos outros. De repente, como se decifrasse os pensamentos de Lauren, olhou-a e disse:

— Venha sentar-se ao meu lado. Tivemos poucas oportunidades de conversar, desde que você chegou.

Lauren obedeceu-o prontamente, sentindo o olhar de Nick acompanhar-lhe os movimentos.

— Conte-me.como você e Nick se conheceram. Não deve ter sido há muito tempo, não é?

— Foi no escritório do meu pai — ela respondeu, um pouco acanhada. — Cruzamo-nos na recepção... — Ao notar Nicholas prestando atenção, um diabinho a fez acrescentar: — Apenas um olhar foi suficiente para nós.

O velho fez uma expressão de incredulidade.

— Então por que se casaram em Roma e com tanta pressa? Por acaso seu pai não aprovava a união?

— Ele não tinha nem conhecimento do que pretendíamos fazer — Lauren teve que admitir, rezando para que Nick viesse em seu auxílio. — Tudo aconteceu de uma maneira um tanto... inesperada.

— Ah, já entendi. Uma espécie de aventura amorosa que se tornou mais séria do que pretendiam, não?

— Assim você me faz parecer um casanova, vovô — Nick comentou, com um sorriso cínico. — Lauren é uma pessoa muito especial, e eu sabia disso desde que a vi pela primeira vez. Apenas aproveitei e me casei com ela antes que mudasse de idéia.

— E você tinha dúvidas a respeito de Nick, minha filha?

— Algumas.

— Mas agora não as tem mais, não é?

— Não — Lauren respondeu, sabendo que era a única resposta que aquele homem queria ouvir no momento.

— É muito bom termos certeza de nossos sentimentos — o patriarca comentou, com alguma ironia. — O amor verdadeiro que os une será de grande valia quando tiverem que enfrentar momentos difíceis.

Lauren respondeu com um sorriso, tentando manter-se calma sob os olhares inquisitivos dos dois homens. Nick deveria estar se divertindo diante do desconforto que a situação trazia a ela.

O orgulho de Lauren teve de enfrentar outro teste quando ele lhe deu as costas logo após se deitarem na cama de casal.

— Não vejo muito sentido em trazer meu pai aqui para presenciar um casamento que não vai se realizar — ela disse, aproveitando-se da penumbra do quarto. — Quero voltar para casa, Nick.

Fez-se um breve silêncio até que ele falasse.

— Eu não posso detê-la. É você quem tem que tomar a decisão.

Aquilo não era o que esperava ouvir, ela reconheceu, sendo honesta consigo mesma. No íntimo, esperava que ele procurasse convencê-la a ficar.

— Quer dizer que você não me deseja mais, Nick? Ele suspirou e virou-se, passando a olhar para o teto.

— Eu ainda a desejo, mas estou cansado de tanta censura. Casar-me com você sem lhe contar toda a minha história antes foi um grande erro. Tenho que admitir isso. Eu deveria ter agido com mais bom senso.

— Será que teria adiantado?

— Não sei. Isso só você pode responder.

— É um mundo tão diferente! Quase arcaico!

— Então fique e me ajude a mudar isso. — É o que você planeja fazer?

— Gradualmente. Não haverá casamentos arranjados para os nossos filhos. Tenha certeza disso!

Nossos filhos? A simples idéia de tê-los a enchia de ternura. Se o amor podia crescer entre duas pessoas, era óbvio que a existência dos filhos poderia acelerar o processo.

— Você nem considera a possibilidade de mudar de idéia quanto à herança?

— Não posso. — A resposta de Nick veio rápida e decidida. — De uma maneira ou de outra, o fato é que minha mãe sacrificou a vida por um objetivo. Se eu desistir de tudo agora, todo seu esforço e sacrifício não terão valido nada.

— Eu nunca tinha analisado o problema por esse aspecto. — Ela fez um pequeno silêncio, tentando avaliar as conseqüências do que iria dizer em seguida. — Está bem, Nick. Eu vou ficar.

Ele a abraçou com força.

— Não vai se arrepender, querida.

Henry Devlin chegou sozinho na terça à tarde, contando que Carol havia ficado para tomar conta do escritório.

— Eu não sei o que pensar a respeito de tudo isso — admitiu, segurando a mão da filha. — Você está feliz?

Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça.

— Você não estaria aqui se eu não estivesse feliz, papai. Vão ser dias um tanto agitados. Haverá uma grande festa na quinta-feira para comemorar o noivado de uma prima de Nick e o nosso casamento religioso. Na sexta, viajaremos para Rivaga, no Veneto, para a cerimônia., que se realizará no sábado. Quando você tem que ir embora?

— No domingo. É um pouco difícil me acostumar com a idéia. Você sabe, há pouco tempo éramos um pelo outro... Você morava comigo e nem sonhava em se casar.

— Eu sei, papai. Desculpe por ter mentido sobre a viagem. Espero que você não tenha brigado com Carol quando ela lhe contou tudo.

— Bem, nós tivemos uma pequena discussão, mas agora está tudo bem novamente.

— Papai, espero que você e Nick sejam bons amigos.

— Esse é um pedido muito difícil de ser atendido, tratando-se do homem que tratou minha filha como uma qualquer.

— A culpa não foi apenas dele. Eu lhe dei todas as chances de pensar o que quisesse sobre mim.

— Não há desculpas para tudo o que aconteceu, mas, para o seu bem, tentarei passar por cima desses fatos.

— Você já veio a Veneza antes, papai? — ela perguntou mais tarde, quando já estavam confortavelmente instalados na gôndola que os conduzia ao palácio dos Di Saverani.

— Sim. Estive aqui uma vez, mas faz muito tempo. Eu vinha muito à Itália antes de você nascer. Sua mãe e eu passamos nossa lua-de-mel aqui.

— Então você fala italiano!

— Falava. Não tive muitas oportunidades de praticar nestes últimos vinte anos.

A beleza e a grandiosidade do Palazzo deixaram Henry Devlin boquiaberto. Lauren levou-o imediatamente ao quarto que lhe havia sido reservado. Assim que trancou a porta, começou a contar-lhe toda a história. Ele ouviu em silêncio até que ela terminasse.

— Continuo com a sensação de que vou acordar daqui a um ou dois minutos e descobrir que tudo isso não passou de um sonho.

Quantas vezes ela já tivera aquela mesma sensação!

—Mas não é sonho, papai. Tudo isso agora faz parte da minha vida.

— Ser senhora de tudo isto. Como você se sente a esse respeito?

— Nervosa.

— Mas Nick faz com que isso valha a pena?

— Claro — ela respondeu depressa, sem ter certeza de estar realmente dizendo a verdade. — Eu estou me adaptando.

— Nick também?

— Acho que sim. Daqui a quinze minutos o chá será servido na sala principal. Se não quiser descer, poderei mandar servi-lo aqui mesmo. Você terá oportunidade de conhecer todos no jantar.

— Eu posso descer agora.

A família já estava reunida quando Lauren e o pai entraram.

Assim que os viu, Donata aproximou-se. Lauren fez as apresentações, orgulhosa pela desenvoltura do pai, que cumprimentou a todos no mais fluente italiano.

— Não se preocupe comigo -- ela disse alguns minutos depois, quando Cristina Laurentis se desculpou por continuar conversando em italiano. — Já está na hora de eu começar a entender alguma coisa do que vocês dizem.

— Zio Vittore vai ficar encantado — a mãe de Vincenzo comentou com um sorriso. — Hoje à noite, no jantar, todos nós falaremos nossa língua. Ninguém se importará se você cometer alguns erros. O seu pai poderá corrigi-la quando necessário.

— Mas eu também sei pouco italiano — o sr. Devlin protestou. — Acho que a senhora terá que corrigir os dois.

— Nós todos vamos ajudar — Donata declarou, com os olhos cheios de vivacidade. — Vai ser muito divertido.

— Parece que vocês estão se divertindo por aqui. — A voz de Nick fez com que todos se voltassem. Dirigiu-se imediatamente à poltrona onde o sogro estava sentado. — Fico contente por ter chegado a tempo de participar do casamento. Lauren ficaria muito desapontada se não viesse.

— Eu não poderia perder o casamento de minha filha por nada deste mundo. — Notava-se o esforço de Henry para responder com polidez ao homem que quase o mandara para a cadeia.

— Que bom você ter chegado mais cedo hoje, Nick! — Lauren olhou para o marido. — Vincenzo também vem?

— Vincenzo não gosta de chá — Cristina explicou, quase se desculpando pela ausência do filho, apressando-se em servir algumas xícaras.

O jantar foi um suplício para Lauren devido à ansiedade quanto ao julgamento que a família faria em relação a seu pai. Mas Henry saiu-se muito bem, cativando os presentes com seu bom humor e desenvoltura. Aos poucos ela foi se acalmando. O signor Di Saverani contribuiu pouco para a conversa, embora ouvisse com especial atenção tudo que o sr. Devlin falava. Apenas quando seus olhos esbarravam em Lauren ou Nick traíam um lampejo de alguma preocupação.

Lauren desejava sinceramente proporcionar àquele homem toda a paz de espírito necessária nos seus últimos dias de vida. Por mais que tentasse, não havia jeito de fazer Nick mudar de idéia. Ele estava errado e sabia disso: assim mesmo pretendia ir até o fim com seus planos.

Recolheram-se cedo naquela noite. No quarto, Lauren escovava os cabelos distraidamente diante do espelho quando viu a imagem de Nick refletida. Ele se despia com movimentos ágeis e sensuais, revelando o corpo bronzeado e bem-feito. Parecia um deus grego, ela pensou. Só um simples olhar para aquele corpo lhe despertava tanto desejo que quase podia sentir cada centímetro da pele dele contra a sua. Era como se tivessem sido feitos um para o outro.

Quando se virou para pegar o pijama, Nick notou que ela o observava. Aproximou-se sem dizer nada, tirou-lhe a escova da mão e abraçou-a, fazendo com que se virasse para que pudessem se olhar de frente. Depois, cobriu-lhe o rosto de beijos, detendo-se por mais tempo em sua boca. Minutos depois a camisola dela caía sobre o carpete.

— Sabe, eu gostei de seu pai — Nick falou, muito tempo depois, quando já estavam deitados na cama, ela com a cabeça encostada confortavelmente no peito dele. — Nunca tive um contato maior com ele. Fico feliz por não tê-lo denunciado. Afinal, não é o primeiro homem a ceder a uma tentação.

— Ele sabe que teve sorte. Papai vai ficar muito aliviado quando tudo isso estiver devidamente encerrado.

— E você? Também acha que teve sorte? — ele perguntou depois de uma pausa.

— Neste exato momento, sim. — Ela deslizou suavemente o rosto nos pêlos do peito de Nick. — Eu me sinto realizada.

— Completamente?

— Bem, nem sempre a gente pode ter tudo o que quer.

— É, acho que não. Mas teremos que fazer o melhor com aquilo que possuímos. Você está tomando pílulas, Lauren?

A pergunta a pegou de surpresa, tanto pela maneira com que foi feita, assim de supetão, quanto pela própria preocupação subentendida.

— Bem... sim, estou — ela admitiu. — Eu não iria correr nenhum risco, não é?

— Claro. Mas não há mais motivos para continuar tomando.

— Você quer dizer que deseja que tenhamos filhos agora? — Lauren ainda não conseguia avaliar o quanto aquilo a deixava feliz e ao mesmo tempo confusa.

— O mais breve possível.

A idéia de criar uma criança num lugar que não era dela a assustava um pouco. Mas não podia negar que ter um filho com Nick era tudo o que mais desejava.

— Você me promete que não vai mais tomá-las?

— Prometo — ela respondeu, com o coração batendo mais depressa. Talvez o casamento estivesse começando a dar certo.

— Confio em você, meu bem.

Confiança era um passo importante no relacionamento deles, Lauren pensou, sentindo a mão de Nick acariciar-lhe os cabelos. Naquele momento, quase podia sentir que o amor podia florescer livremente.

 



  

© helpiks.su При использовании или копировании материалов прямая ссылка на сайт обязательна.